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CAPÍTULO 2 CERTIFICAÇÕES

2.2 TÍTULO DE UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL (UPF)

O Título de Utilidade Pública Federal (UPF) é outorgado pelo Ministério da Justiça às entidades que desenvolvem atividades intermediárias entre as áreas de atuação, próprias do poder público e do setor privado. Em outras palavras é, a entidade privada, sem fins de lucro, realizando serviços públicos de interesse da sociedade.

Para receber o título, a entidade precisa ser caracterizada como sociedade civil, associação ou fundação, constituídas no país com o fim exclusivo de:

• servir desinteressadamente à coletividade;

• adquirir personalidade jurídica;

• não remunerar os cargos de sua diretoria, conselhos fiscais, deliberativos ou consultivos;

• estar em efetivo e contínuo funcionamento nos três últimos anos respectivamente anteriores; e

• promover a educação ou exercer atividades de pesquisa científica, de cultura artística ou filantrópica.

De acordo com Gasparini73,servir desinteressadamente à coletividade

[...] significa que essas instituições não preconizam, como fim, uma porcentagem, participação, comissão ou lucro para posterior distribuição

73 GASPARINi, Diógenes. Associação de utilidade pública: declaração. Cadernos de Direito

a seus diretores, gerentes, administradores, sócios ou mantenedores. Seus serviços, no entanto, podem ser remunerados pelo que podem pagar, sem que essa cobrança a desnature como instituição de utilidade pública.

A vantagem que uma entidade carrega ao se tornar UPF é que, a partir desse momento, ela poderá:

• oferecer dedutibilidade do Imposto de Renda das pessoas jurídicas;

• receber subvenções, auxílios e doações;

• realizar sorteios com a prévia autorização do Ministério da Justiça;

• possuir um pré-requisito para obter o CEAS74 e;

• requerer a “isenção” da quota patronal devida ao INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social.

Da Declaração de Utilidade Pública, Paes75 afirma que esta:

[...] acaba sendo para muitas entidades um órgão de garantia de sobrevivência, já que consente a prática de rifas beneficentes, jogos e outras modalidades similares. Trata-se como o reconhecimento de que determinadas entidades desempenham uma função que precisaria ser desempenhada pelo Poder Público.

Inicialmente o título tinha apenas um caráter honorífico. Anos depois foi modificado para concessão e gozo de benefícios fiscais. Atualmente, passou a ser

74O CEAS é conhecido por ser o Certificado de Filantropia que a entidade recebe. Outorgado pelo

CNAS, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, às entidades que comprovarem o desenvolvimento de atividades de assistência social.

um dos pré-requisitos para instruir o pedido do Certificado de Entidade de

Assistência Social (CEAS)76. Todavia, faz-se necessário ressaltar que o título de

utilidade pública não garante a concessão de recursos públicos e nem mesmo de isenção tributária, o que se tem é, apenas, um pré-requisito.

Conforme a Lei nº. 91, de 28 de agosto de 193577 e sua regulamentação, o

Decreto nº. 50.517, de 2 de maio de 196178, para solicitar o título, a entidade deverá

providenciar a seguinte documentação:

• requerimento dirigido ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República solicitando a declaração de Utilidade Pública Federal;

• cópia autenticada do estatuto registrado em cartório: com cláusula que disponha que a entidade não remunere, por qualquer forma, os cargos de sua diretoria, conselhos fiscais, deliberativos ou consultivos, e que não distribui lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto. Caso a entidade seja fundação, a não remuneração dos diretores deve ser provada nos três anos anteriores ao requerimento do título;

• certidão de breve relato, que conste, resumidamente, o teor das alterações estatuárias averbadas, obtidas no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas; em que conste a data do primeiro registro do estatuto, bem como data e breve

76 BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) Resolução n° 177, de 10 de agosto de

2000. Diário Oficial da União, Brasília, n°. 157-E - Seção 1 – terça-feira, 15 ago. 2000.

77 BRASIL. Lei nº. 91, de 28 de agosto de 1935. Determina regras pelas quais são as sociedades

declaradas de utilidade pública. (Alterada pela Lei nº 6.639, de 8.5.1979). Rio de Janeiro, Diário

Oficial da União, quarta-feira, 04 set. 1935.

78 BRASIL. Decreto nº. 50.517, de 02 de maio de 1961. Regulamenta a Lei nº 91, de 28 de agosto de

1935, que dispõe sobre a declaração de utilidade pública. Brasília, Diário Oficial da União, terça- feira, 02 maio 1961.

teor das alterações estatuárias posteriores, de modo a comprovar a existência, há mais de três anos.

• Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) dos últimos três anos;

• cartão do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ);

• atestado de autoridade local (pessoas que possuem fé pública, como: prefeito, juiz de direito, promotor de justiça ou delegado de polícia) informando que a entidade esteve, e está, em efetivo e contínuo funcionamento nos três últimos anos, com exata observância dos princípios estatuários.

• cópia autenticada da ata de eleição da atual diretoria registrada em cartório, com CPF dos membros;

• qualificação completa dos membros da diretoria atual e atestado de idoneidade moral;

• declaração de requerente de que se obriga a publicar, anualmente, o demonstrativo de receitas e despesas realizadas no período anterior, quando subvencionada pela União; e

• relatórios circunstanciados dos serviços desenvolvidos nos três anos anteriores à formulação do pedido, separados ano a ano, acompanhados dos demonstrativos contábeis daqueles exercícios.

Como decorrência do reconhecimento de Utilidade Pública, a entidade assumirá a obrigação de prestar contas anualmente ao Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS/MJ. O relatório circunstanciado dos serviços prestados à

abril79, acompanhado da prova de publicação das demonstrações financeiras,

devidamente acompanhado do demonstrativo das receitas e despesas realizadas no período, ainda que não tenham sido subvencionadas. Caso o pedido seja negado, a entidade não poderá renovar o pedido antes de decorridos dois anos, a contar da data da publicação.