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2. ESTRUTURA, FORMATO E ASPECTOS DA LINGUAGEM NO TEXTO

2.4 Os títulos da notícia: antes de tudo

Titular uma notícia, resumir em poucos caracteres do acontecimento que será relatado não é uma tarefa simples, ao contrário, é uma tarefa difícil e complexa, já que “os títulos jornalísticos anunciam e resumem as notícias. Despertam o interesse do público e comunicam o que há de mais importante na informação” (FONTCUBERTA, 1999, p. 91). Por mais que o lead resuma uma notícia, com a quantidade de informação

que estamos mergulhados, por vezes um título atraí, chama a atenção e faz com que o leitor mais desatento ou curioso invista alguns minutos de sua leitura no conteúdo daquela notícia.

A notícia, logo no começo, conforme Fontcuberta (1999, p. 92), não contavam com título. O título estava apenas naqueles que vendiam, anunciando a imprensa e as notícias. Os títulos começam a surgir mais como etiquetas propriamente ditos: eram simples enunciados, sem verbo, indicando o assunto e contribuindo para a ordenação das páginas e a classificação das notícias. Mas “os títulos, tal como os entendemos hoje, ocupando a largura e a altura das colunas do jornal, são fruto da guerra de Cuba de 1898 e, principalmente, da Primeira Guerra Mundial (GARST e BERNSTEIN, 1982, p. 91 apud FONTCUBERTA, 1999, p. 92). Para a autora o título também faz parte da narrativa de uma notícia.

Assim, o resultado de um título depende de diversos fatores, dentre eles o meio de comunicação, da orientação deste meio de comunicação, da localização da página, do texto, do gênero e outros. Como também existem os tipos de títulos, através de uma classificação em quatro fatores, propostos por Alarcos Llorach. Segundo o pesquisador, citado por Fontcuberta (1999, p. 95), os títulos podem ser classificados da seguinte forma: § Segundo a sua referência: objetivos (se resume o conteúdo da notícia);

subjetivos (procuram chamar a atenção).

§ Segundo a sua amplitude: grandes ou concentrados.

§ Segundo a sua concreção: completos ou explícitos (que captam o essencial da notícia); incompletos ou implícitos (que se limitam a uma parte da notícia). Esse tipo ainda se subclassifica, por seu turno, como: próprios ou normais (utilizam uma evidência lógica); figurativos ou anormais (utilizam figuras literárias).

§ Segundo a sua omissão ou elípticos (omitem elementos da frase ou alteram sua ordem): unimembres (quando o tema e a tese se unem num todo funcional); bimembres (quando o tema e a tese estão separados ou confrontados).

Desses quatro fatores originam alguns tipos de títulos, como: expressivos, apelativos, temáticos ou simplificadores, informativos (FONTCUBERTA, 1999, p. 97). Em seu ensaio, especificadamente feito sob a análise de títulos de jornalismo impressos diários, Joaquim Douglas (1966) traz, mesmo em nossos tempos, reflexões sobre a importância do título em uma notícia e em sua construção.

Segundo Douglas (1966), temos três tipos de títulos, sendo eles: título-assunto (o nome da editoria: geral, editorial, etc, funcionando como elemento de identificação do texto); título-fixo (quando englobam informações do mesmo gênero). Já o título-notícia é o que reconhecemos como o título da notícia, aquele que “procura atingir mais profundamente o leitor, constituindo-se, por si só, na notícia, em sua expressão mais simples” (DOUGLAS, 1966, p. 15). Comparando-o com o lead, o autor argumenta que o título se torna um “super-lead” pois é a condensação do lead de uma notícia.

Na concepção do autor, em sua época, uma das funções do título é anunciar a notícia e o leitor só sentirá interesse em uma notícia se o título instigar o leitor a ler a notícia na sua integralidade, visto que em um jornal impresso, geralmente, torna-se inviável ler todas as notícias de suas páginas. Para o autor é o verbo o elemento que dá força a um título e é através dele que um jornalista pode atingir seu objetivo. Outros pontos como o presente histórico, o uso da voz passiva, evitar a ambiguidade e repetições. Quanto a estrutura o autor ainda alerta para alguns pontos, explicitando aqui os pontos que ainda podem ser relevantes quando estudamos notícias na internet, como:

• Uso de ponto: evitar o uso de ponto, exceto quando se há abreviações

• Uso de ponto e vírgula: usado quando existem dois pensamentos, equivalente a duas sentenças

• Uso de dois pontos: o uso se dá quando existem duas frases que estão ligadas entre si, é quando a segunda frade é conclusiva ou explicativa em relação a primeira. É empregado, também, quando é citada alguma frase de uma fonte.

• Uso de vírgula: se torna desnecessária e em geral não é utilizada. Admitindo o uso em casos indispensáveis o entendimento.

• Uso do ponto de interrogação: exprime, normalmente, uma dúvida.

• Uso do travessão: não deve ser utilizado, mas se usado não constitui um problema. • Uso de parênteses: algo inserido no Brasil em 1959 e indicavam tempo e local dos

acontecimentos. Porém não devem ser utilizados nos títulos, pois provoca uma interrupção brusca na leitura.

• Uso de aspas: São usadas para identificar citações ou marcar palavras alheias ao idioma e outros casos, como títulos de obras, nomes de navios, de provas esportivas e outros.

• Uso do ponto de exclamação: sua utilização é condenável já que palavras e expressões, presentes no título, devem ter força suficiente para dar ao leitor a ideia exata dos fatos.

• Uso de reticências: Não devem aparecer nos títulos, pode indicar imprecisão ao título ou alguma insinuação. O uso é usado em algumas notícias pitorescas. • Uso de numerais: Recomendado o uso por trazer uma ideia de precisão.

Assim, um título faz parte do contexto de uma notícia, não é escrito isolado ou mesmo sem pensar na sua repercussão. Depois de entendermos a construção de um título e do lead nos mais diversos meios, é preciso situar que a notícia depende, em todos esses meios, da linguagem que é empregada.