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pacientes internados em UT

4.4 T RABALHO DE C AMPO

Cuidados Éticos: A investigação foi concebida com base nos

cuidados éticos necessários para pesquisa com seres humanos preconizados pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996). Tanto a Direção do hospital como as Gerências de Enfermagem das duas UTIs já haviam autorizado a sua realização e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da UFG, Protocolo Nº 107/04 (Anexo A).

Criação do Grupo: Considerando que não havia nenhum trabalho com

grupos de familiares em desenvolvimento nas UTIs estudadas, o trabalho de campo começou pelo planejamento detalhado de criação e funcionamento de um grupo de suporte destinado ao atendimento de familiares de pacientes internados, que foi denominado Grupo de Apoio a Familiares (GRAF).

aberto, considerando a rotatividade de pacientes em unidades como a UTI, a alternância dos visitantes de um mesmo paciente e a freqüência dos encontros do grupo, que dificultavam a participação do mesmo familiar em várias reuniões grupais. Seu objetivo era contribuir para o acolhimento dos familiares de pacientes da UTI no hospital, oferecendo-lhes informações e suporte como cuidado de enfermagem.

O grupo foi coordenado pela pesquisadora e por uma coordenadora auxiliar com experiência em trabalho com grupos. Todo o processo de criação e realização do GRAF foi supervisionado por uma enfermeira especialista em Dinâmica de Grupo, que orientava as coordenadoras no trabalho de planejamento, execução e avaliação da intervenção.

Como nenhuma das duas UTIs possuía um espaço que pudesse ser usado para os encontros do grupo, o local escolhido para esse fim foi uma sala de aula localizada no corredor que liga as duas UTIs, para facilitar o acesso dos participantes. A autorização para uso da sala foi solicitada por escrito ao Departamento responsável, sendo prontamente atendida.

Divulgação do atendimento: Uma vez que a pesquisadora não

integra a equipe de enfermagem de nenhuma das duas unidades, foi necessário reforçar sua proximidade com as equipes de enfermagem das duas UTIs para divulgar o início do trabalho, solicitando colaboração no sentido de orientar os visitantes a respeito e convidá-los para participar do grupo. O atendimento também foi divulgado por meio de cartazes afixados dentro das unidades, em seus corredores de acesso e na portaria de entrada dos visitantes. Paralelamente,

as coordenadoras do grupo realizavam uma abordagem pessoal aos familiares que compareciam para a visita dos pacientes internados nas UTIs informando sobre o grupo e suas finalidades e entregando-lhes um convite impresso com indicações sobre os encontros.

Planejamento das sessões do grupo: Seguindo as recomendações

de Castilho (1998) sobre o tempo mínimo de uma hora para as sessões dos grupos de orientação, o GRAF foi planejado para dez sessões com duração de sessenta minutos, devendo ocorrer três vezes por semana (segundas, quartas e sextas-feiras) com todos os visitantes / familiares de pacientes que quisessem participar.

O horário planejado para os encontros foi o das 18:30 às 19:30 horas, tendo em conta diferentes aspectos: necessidade de facilitar a participação dos familiares no grupo, estabelecendo um horário próximo a um dos períodos de visita às UTIs para realizar as sessões; indisponibilidade de espaço físico adequado para a realização de um grupo no horário próximo à visita vespertina (14:00 às 14:30 horas); possibilitar a participação de familiares que trabalham em horário comercial (8:00 às 18:00 horas); e não atrasar o horário de retorno ao lar, visto que muitos utilizavam o transporte coletivo como meio de se locomover.

Coleta dos dados: Os dados foram obtidos no período compreendido

entre dezembro/2005 e abril/2006. A primeira sessão do GRAF aconteceu em dezembro de 2005, com a função de testar o atendimento. Considerando satisfatório o resultado desse primeiro encontro, os encontros seguintes foram agendados para janeiro e fevereiro de 2006. Foram incluídos no estudo somente

os encontros do grupo que contavam com a presença de pelo menos três familiares / visitantes, não importando se pertenciam à mesma família.

As sessões do GRAF foram registradas por gravação digital e ou anotações em diário de campo. Uma das coordenadoras se responsabilizava pela tarefa de liderar o grupo, enquanto a outra cuidava de registrar os acontecimentos significativos da sessão no diário de campo, de forma a enriquecer a posterior transcrição das gravações. Ao final de cada encontro, as coordenadoras discutiam suas impressões e percepções sobre os fatos ocorridos e fenômenos observados e, de modo consensual, preenchiam um check list (Apêndice B) identificando os fatores terapêuticos observados na participação de cada familiar.

O check list foi elaborado com base no Q-sort de fatores curativos ou terapêuticos de Yalom (1975, p. 65-70) para ajudar na identificação de alguns parâmetros indicativos da efetividade do grupo como elemento terapêutico para seus integrantes. Esse instrumento incluía todos os fatores terapêuticos contidos na relação de Yalom (1975), com exceção de dois (reedição corretiva do grupo familiar primário e catarse) cuja ocorrência é mais comum em grupos de psicoterapia do que em grupos informativos. As expressões apresentadas por Yalom para indicar a ocorrência de cada fator terapêutico foram traduzidas para o português pela própria pesquisadora. Cumpre destacar que, como não era objetivo do estudo, essa tradução não foi submetida à validação de especialistas.

Além dos registros grupais, a coleta de dados incluiu uma entrevista individual com alguns familiares participantes do GRAF, objetivando avaliar a utilidade do grupo para ajudá-los a enfrentar a crise vivida durante a estadia de

seu parente na UTI. Foram convidados para esta etapa familiares que compareceram a pelo menos uma sessão do grupo, que foram localizados posteriormente e aceitaram participar. A entrevista, do tipo semi-estruturada, foi norteada por roteiro específico (Apêndice C), construído com base no referencial teórico e nos objetivos desta pesquisa.

Considerando o interesse em obter uma perspectiva qualitativa da avaliação, o roteiro continha, além da identificação do sujeito, algumas questões abertas sobre sua opinião quanto à participação no grupo e uma solicitação para descrição de um fato ou fenômeno considerado pelo familiar como o mais importante ou significativo em sua experiência no grupo. A última parte do roteiro incluía uma lista com as expressões usadas para identificar os fatores terapêuticos, semelhante à do check list empregado pela coordenação do grupo, para que os familiares apontassem aqueles identificados como tendo ocorrido consigo. Porém, no roteiro das entrevistas, a linguagem usada nas expressões para ajudar na identificação dos fatores terapêuticos foi simplificada para melhor adequação à população alvo.

À medida que os familiares eram localizados e se dispunham a colaborar, as entrevistas foram agendadas para os meses de março e abril de 2006, em dia e horário combinado para atender aos interesses do familiar. Com a anuência do familiar, as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas pela pesquisadora. O encerramento da fase de entrevista ocorreu quando se constatou a saturação dos resultados obtidos, totalizando oito familiares entrevistados (BARDIN, 1979).