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PARTE I – CONTEXTO E CARACTERÍ STI CAS DO ESTUDO

2 1 O TABACO E AS S UAS CONS EQUÊNCI AS NA S AÚDE E NA ECONOMI A

O t abaco é consi derado a pr i nci pal causa de mort e pr evení vel no mundo. Esti ma-se que doenças decorrent es de seu uso ma te m a cada ano 6 mil hões de pessoas e cause m per das econô mi cas de cent enas de bil hões de dól ares e m t odo o mundo. A mai or part es dest as mort es ocorre e m paí ses de bai xa e médi a r enda e esti ma-se que est as di spari dades est ej a m au ment ando ao l ongo dos anos10. Se f or e m ma nti das as t endênci as at uai s, e m 2030 o t abaco ma tará mai s de 8 mi l hões de pessoas por ano, sendo 80 % das mort es regi stradas e m paí ses de bai xa e médi a renda10.

Exi st e m mai s de 4. 700 s ubstânci as quí micas pr esent es no f u mo do t abaco, das quai s pel o me nos 250 são consi deradas pr ej udi ci ai s à saúde e mai s de 50 são cancerí genas11. Tai s partí cul as cl assifi ca m- se e m duas f ases f unda ment ais: a parti cul ada e a gasosa. A f ase gasosa cont é m monóxi do de car bono, a môni a, cet onas, f or mal deí do, acet al deí do e acr ol eí na, enquant o a f ase parti cul ada cont é m ni coti na e al catrão. Ent re as s ubst ânci as pr ej udi ci ais à s aúde dest aca m-se o pr óprio al catrão - que cont é m mai s de 40 s ubst ânci as co mpr ovada ment e cancerí genas -, o monóxi do de car bono - que difi cult a a oxi genação sanguí nea, pri vando co m i sso os ór gãos e os si st emas do oxi gêni o e causando doenças co mo a at er oscl er ose - e a ni coti na - consi derada u ma dr oga psi coati va que causa dependênci a e acel era a frequênci a car dí aca, au ment ando o ri sco de hi pert ensão e outras doenças car di ovascul ares11.

O t abaco f u mado é f at or de risco para l euce mi a mi el ói de aguda, câncer de bexi ga, pâncreas, fí gado, col o do út er o, esôfago, ri ns, l ari nge, pul mão, boca, est ô mago e pescoço. El e t a mbé m está r el aci onado à i nfertili dade, part o pr e mat uro, bebês nati mort os, bai xo peso ao nascer e sí ndr o me de mort e súbit a do l act ent e12. Esti ma-se que, co mpar ando-se fu mant es e não f u mant es, o t abagi s mo au ment a de 2 a 4 vezes o ri sco de desenvol ver doença cor onariana, de 2 a 4 vezes o aci dent e vascul ar encefáli co, 23 vezes do home m desenvol ver câncer de pul mão e 13 vezes da mul her desenvol ver est e t umor13.

Já os pr odut os deri vados do t abaco que não pr oduze m f uma ça são responsávei s pel o s ur gi ment o de câncer de cabeça, pescoço, pâncr eas e esôfago, al é m de outras doenças bucai s e dent ais. Est es pr odut os

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ta mbé m causa m dependência, poi s cont ê m ni coti na14.

No Br asil, ao se analisar as pri nci pai s causas de mort es, obser va- se que as duas pri meiras s ão as doenças car di ovascul ares e as neopl asi as15, o t abagi s mo i mport ant e f at or de ri sco para a mbas16. Em 2010, ocorrera m 1. 136. 947 mort es no paí s, sendo 326. 371 ( 28, 7 %) mort es r el aci onadas às doenças do aparel ho circul atóri o e 178. 990 (15, 7 %) causadas por neopl asi as ( BRASI L, 2012). Em uma análise mai s diret a no Br asil, esti ma-se que e m 2002 ocorrera m cerca de 200. 000 mort es causadas pel o t abagi smo1 7,

Côrrea, Barret o e Passos18 conduzira m u m est udo de pr eval ênci a sobre a mort ali dade atri buível ao t abaco e anos pot enci ais de vi da per di dos e m 16 capit ais brasil eiras. Const at ara m que e m 2003, das 177. 543 mort es de adult os co m i dade aci ma de 35 anos, 13, 6 % f or a m atri buí vei s ao t abagi s mo. Esse t ot al r epresent a 18, 1 % de t odas as mort es do sexo masculi no e 8, 7 % de t odas as mort es de mul heres nessas ci dades. As quatro pri nci pais causas de mort e atri buí veis ao t abagi s mo fora m obstrução cr ôni ca das vi as aéreas ( 18, 2 %), doença i squê mi ca do coração ( 18, 2 %), câncer de pul mão ( 15, 2 %) e doença cerebr ovascul ar (13, 2 %). O us o do t abaco causou quase u ma e m cada ci nco mort es de ho mens e u ma e m cada dez mort es de mul heres.

Consi dera-se que os gast os r el aci onados ao t abagi s mo di vi de m- se e m duas cat egori as: os custos t angí vei s e os i nt angí veis. Os pri mei r os agr upa m- se e m gast os co m assi st ênci a à saúde (ser viços mé di cos e hospit al ares e gast os co m me di ca ment os), per da ou r edução de pr odução devi do à mort e e adoeci ment o, aposent adori as pr ecoces e pensões, i ncêndi os e outr os aci dentes, pol ui ção e degr adação do a mbi ent e, pesqui sas r el aci onadas ao t abagi s mo e i nvesti ment os em e ducação e m saúde. Já os cust os i nt angí vei s r el aci ona m- se a mort e dos f u mant es e fu mant es passi vos, al é m do s ofri ment o dos f u mant es, não f u mant es e seus fa mili ares, os quai s não pode m ser cal cul ados por estudos11.

Em r el ação às i nt er nações, Pi nt o e Ugá19 conduzira m um est udo vi sando cal cul ar os cust os diret os de i nt er nações por doenças t abaco- rel aci onadas e m 2005 no Si st e ma Úni co de Saúde ( SUS) para t rês gr upos de doenças: neopl asia, aparel hos circul at óri o e respirat óri o. O tabagi s mo f oi r esponsável por 41, 2 % dos gast os t ot ais pagos pel o Si st e ma Úni co de Saúde co m doenças do aparel ho r espirat óri o e m i ndi ví duos aci ma de 35 anos, 36, 3 % das neopl asi as e 20, 2% das doenças car di ovascul ares. Est e est udo de monstrou que são gast os R$ 263 mi l hões co m i nt er nações e R$ 76 mi l hões co m qui mi ot erapi a,

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t ot ali zando u m mont ant e de R$ 339 mil hões de cust os at ri buí vei s ao tabagi s mo, ou sej a, 27, 6% dos cust os t ot ais dos pr ocedi ment os analisados para os três gr upos de doenças.

2. 2 - PREVALÊNCI A DE TABAGI S MO NO MUNDO E NO