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TABELA 14 - RECEITAS PRÓPRIAS DE ALAGOINHAS 2001/2006 (R$)

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2001/2006 ?

Rec. Correntes (I) 41.294.490,45 47.484.000,00 55.088.056,55 67.007.353,87 76.914.000,00 92.167.200,31 123,19%

Rec. Tributária Própria 2.591.440,21 4.239.007,89 4.755.721,21 5.683.951,05 7.600.000,00 8.006.409,06 208,96%

Rec. Patrimonial 229.399,87 228.300,47 473.259,01 467.042,84 1.272.000,00 1.458.288,64 535,70%

Rec. Industrial+Serviços 4.007.443,49 4.774.735,71 5.568.928,44 6.033.099,87 6.565.000,00 9.064.062,94 126,18%

Outras Rec. Correntes:

Multas e Juros de Mora, Indenizações e Restit uições,

Receita da Dívida Ativa, Receitas Diversas

2.765.253,78 3.511.746,64 5.090.447,03 5.683.108,83 6.380.000,00 6.768.251,96 144,76%

Rec. Tributária + não

tributária próprias 9.593.537,35 12.753.790,71 15.888.355,69 17.867.202,59 21.817.000,00 25.297.012,60 163,69%

Fonte: elaborada pelo autor tomando por base as informações: STN/FINBRA 1997-2003; RREO e RGF Alagoinhas 2001-2006.

A receita industrial e de serviços é em quase sua totalidade composta pela arrecadação do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Alagoinhas (SAAE/ALA), autarquia municipal que presta os serviços denominados em sua nomenclatura. Sem possuir fins lucrativos, a referida autarquia criada na década de 60103 arrecada, mediante tarifa, valores cobrados em razão da

prestação do serviço de fornecimento de água, bem como coleta e tratamento de esgoto. Esses recursos, além de propiciarem a manutenção da estrutura existente, somam-se aos recursos da prefeitura, possibilitando o contínuo investimento municipal em saneamento básico, mediante manutenção e ampliação da rede de água e esgoto104.

Conforme informações prestadas pelo ex- gerente comercial do SAAE/ALA, o economista Manoel Messias, assim como a Prefeitura, o SAAE promoveu um amplo recadastramento dos consumidores de modo a intensificar a fiscalização e arrecadação, bem como ampliar a concessão de tarifas sociais à população carente. O Coordenador de Faturamento e Cobrança e Diretor Comercial interino do SAAE, Antonio Lino de Amorim Souza, acrescenta que, além do recadastramento, a autarquia reestruturou sua estrutura administrativa; reconfigurou procedimentos; bem como melhorou sua relação com os consumidores. Como resultado, Amorim aponta o crescimento mais expressivo das receitas nos exercício de 2005 e 2006, e

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Um dos poucos SAAEs municipais que sobreviveram ao “saldo de balanço neo-liberal” da década de 90, em que autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista mantidas pelo poder público passaram ao controle da iniciativa privada. Neste sentido, Pinho e outros (1997, p.15) apontam que a proposta neoliberal pregou, no âmbito dos municípios, a desregulação da esfera pública concretizada mediante “privatização de serviços urbanos considerados historicamente como de responsabilidade do Estado”, ao passo que propôs “a descentralização político-administrativa sem uma contrapartida financeira, ficando o município com o ônus das demandas sociais sem os recursos necessários para assumi-las”.

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Devemos apontar que as receitas do SAAE estão contabilizadas como industrial e de serviços, porque até 2002 est as foram contabilizadas como receita industrial, passando a partir de 2003 a ser incluída na categoria de receita de serviços.

que a projeção para 2007 prevê uma arrecadação de R$ 12 milhões, um marco histórico para o Município.

O aumento da arrecadação decorreu não apenas do aumento de tarifa, pois, segundo Amorim, “só tivemos um aumento de tarifa nos últimos sete anos”. Nesse sentido, explica que “no ano passado, a tarifa agora se tornou mais justa, inibindo o desperdício, pois quanto mais você usar mais você vai pagar. Antes não havia uma progressão, agora ela é por faixas, se você usar muito você vai pagar mais”. Em função da autarquia não visar lucro, além de manter sua estrutura “[...] o SAAE tem planejado expandir a rede de esgoto tratado com recursos próprios e convênios; quando o Prefeito assumiu era 0%, estando hoje em 8%, já chegando em breve em 30%”.

A reforma administrativa do SAAE, em 2005, teve como pontos principais, segundo Amorim, a instituição da Diretoria Comercial e coordenações, bem como mudança no organograma. O diretor aponta que apesar de haver potencial de arrecadação, o orçamento estava no limite devido à inadimplência, o que impedia o reinvestimento dos recursos no Município. Com a reforma, “foi mudado o foco”, repartindo-se as atribuições da Administrativa Financeira, as quais englobava as de planejamento comercial, contábil e administrativo. “A partir de então, a Diretoria Comercial foi incumbida de ter contato direto com os usuários, implementando ações junto a estes, que fez com que nossa arrecadação melhorasse”. Segundo o servidor, essas ações incluíram atualização do cadastro de usuários, diminuindo falhas no faturamento; padronização de procedimentos (pedidos de ligação nova, geração de processos, entre outras); substituição de hidrômetros velhos “pelo padrão novo, mais confiável para o SAAE e para o consumidor”.

Segundo Amorim, além das ações no plano técnico, foram implentadas ações para melhorar a relação com os consumidores. Nesse sentido, explica que “[...] nós somos o primeiro SAAE do Nordeste a trabalhar com a conta fechada, antes da Embasa inclusive, obedecendo os padrões do CDC [...]”. Acrescenta que caso haja um pico de consumo “[...] nó s notificamos o usuário do fato avisando que o consumo fugiu da média, todas as contas que fujam da média em 50% são automaticamente reavaliadas”. Para o diretor, todas essas políticas melhorando o serviço provocaram benefícios:

Havia uma inadimplência de 20, 22 até 24 %. Hoje, está em torno de 12% e alguns setores abaixo de 10%. Apenas 24 % dos usuários pagavam dentro do mês, e 76% pagavam em mais de 60 dias. Hoje, 56% pagam dentro do mês e 86% pagam em até 60 dias, e 2% pagam antecipado. Hoje a maioria dos usuários são adimplentes devido à mudança de política, inclusive com tratamento isonômico aos consumidores, não se corta ou se deixa de cortar a água de ninguém por ser amigo

ou adversário do Prefeito [...] inclusive, essa têm sido a orientação dada pela Diretoria com total apoio do Prefeito [...]. Hoje, o corte é o último caso, a gente dá uma notificação prévia na própria conta do usuário, fazemos campanha no rádio e carro de som, o que quebrou o estigma de só chegar para cortar a água, o que é uma agressão para o usuário, só fazemos a suspensão após notificação do usuário, apenas se a pessoa não buscar a regularização, efetuamos a suspensão.

A Diretora Geral do SAAE, Maria das Graças de Castro Reis, conclui que os resultados e suas causas tiveram como ponto inicial “a questão da estrutura administrativa da autarquia”. Para a gestora, a reforma: “foi o que levou a uma organização melhor do planejamento, da eficiência dos setores, hoje eles são divididos, cada qual sabe sua função, então isso possibilitou essa elevação da arrecadação. Eu acredito que esse foi um dos motivos, pois a partir daí que ocorreram os desdobramentos das ações [...]”.

Quanto ao grupo Outras Receitas Correntes, cabe destaque a atuação da SEFAZ/ALA e, subsidiariamente, das demais secretarias e autarquias do Município de Alagoinhas/BA, no que se refere à recuperação de receitas que, sob esta rubrica, inclui multas e juros de mora, indenizações e restituições, receita da Dívida Ativa, as quais proveram valores significantes e crescentes para a arrecadação do Município.

Santos e Ribeiro (2005, p.717) apontam que os municípios baianos apresentam baixa arrecadação per capita, e que quando se trata da arrecadação própria, “a situação fica dramática”. Esses autores afirmam que a baixa performance é decorrente da pouca produtividade fiscal dos municípios brasileiros, em especial daqueles que se localizam nas regiões mais atrasadas, nos quais os dirigentes municipais utilizam-se do instrumento tributário “como moeda de troca por favores políticos”. Para os autores, esse comportamento é incentivado pela quantidade de recursos oriundos das transferências do ICMS e do FPM; e que a pouca motivação para a cobrança de tributos reflete-se na inexistência de quadro de funcionários especializados para a função. A esses problemas, soma-se “[...] o baixo nível de atividade econômica da quase totalidade dos municípios baianos - a base comum é a atividade agropecuária, mesmo assim com um tipo de produção familiar”. Acrescentam, ainda, que se a atividade econômica já era muito concentrada na RMS, com a crise da cultura do cacau essa concentração se tornou mais intensa. Dessa forma, os municípios mais pobres pouco se beneficiam das transferências do ICMS, uma vez que 75% destas correspondem ao va lor adicionado no município. Por fim, Santos e Ribeiro entendem que toda essa situação ainda é agravada com “a desobrigação dos governos federal e estadual em relação às políticas sociais e mesmo as de infra-estrutura econômica”.

na realidade econômica, social e política da Bahia, o Município de Alagoinhas, ao longo de 10 anos, manteve um comportamento fiscal distinto do que poderia ser esperado de um município com suas características, pois não só o grau de dependência das transferências têm diminuído, como a receita própria mantém uma curva ascendente; comportamento que se repete, se utilizado o critério de receita per capita, pois o crescimento da arrecadação superou em muito o crescimento populacional, conforme observa-se na análise da tabela abaixo.