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1. INTRODUÇÃO

2.2.1.2. Taipa

A técnica de construção em taipa é a técnica mais conhecida do nosso país. É uma técnica de construção monolítica com o objectivo de erguer uma parede, à base de argila e cascalho. De uma maneira geral, consiste na compactação de terra húmida num taipal, ou seja, numa cofragem de madeira. Este tipo de construção já não é muito usual e muitas das construções existentes já fazem parte do património mundial.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

27 Existe ainda quem acredite que esta técnica seja utilizada desde tempos

antigos no Oriente, sendo também ela uma arte do conhecimento do Império Romano. Existem, contudo, zonas onde a técnica de construção em taipa tem uma constante utilização, como por exemplo no norte de África.

Desde a idade antiga, devido às suas qualidades térmicas e também às suas qualidades como material incombustível, a taipa foi utilizada na arquitectura de fortificações por diversos povos, como por exemplo, na muralha da China, na cultura islâmica e na Península Ibérica, particularmente na região do Algarve, tendo sido os Mouros os responsáveis pela sua introdução nesta região.

Rapidamente, esta técnica foi estendida até ao Brasil pelos Portugueses, tendo maior influência no período colonial.

Até aos anos 50, em Portugal, esta era a técnica mais utilizada no centro e sul do país. Para demonstrar a resistência desta técnica existem exemplos centenários de construções em terra no nosso país como, por exemplo, os castelos de Alcácer do Sal e de Silves.

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Embora a terra esteja disponível hoje, como sempre esteve, não é possível a adaptação de um edifício em taipa a qualquer região. Trata-se de um material pouco resistente à água, por isso, é apenas adequado em regiões com baixa precipitação. É um material que dificulta as trocas térmicas, permanecendo quente no inverno e fresco no verão.

Em termos económicos é uma boa escolha, pois o material base utilizado é a terra, podendo depois ser combinada com outras técnicas ou materiais.

A taipa é um método que requer pouca quantidade de água e, por essa razão, esta técnica encontra-se com mais frequência onde a água não abunda.

A técnica de construção em taipa é uma técnica apropriada para climas moderados e áridos e é também económica em países desenvolvidos, se for empregue o equipamento adequado e a tecnologia mecanizada.

Existem dois tipos de aplicação de taipa, a taipa tradicional, também conhecida como taipa de pilão, que é uma técnica onde o solo é compactado com o auxílio de cofragens e pilões, e a taipa mecanizada que se caracteriza pelo uso de novas tecnologias nos seus métodos de aplicação.

As paredes construídas utilizando técnicas de construção em de taipa precisam de menos trabalho e material que aquelas construídas com outras técnicas, acrescendo do facto de que normalmente não é necessário rebocar estas paredes. Pode-se obter facilmente uma parede lisa em que se pode aplicar pintura directamente, devendo as paredes ser protegidas da chuva por uma cobertura. Caso contrário, deve-se usar revestimentos.

A compactação faz-se de forma manual com recurso a peças de madeira, designadas por pilões, maços ou malhos. Este processo de apiloar requer rapidez para que a compactação seja realizada com a terra na humidade correcta para que se obtenha a coesão desejada.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Figura 2.14: Pilões ou maços utilizados na taipa tradicional (Fonte: [13]).

Em Portugal, a construção em taipa é feita por camadas de 0,5 m de altura, 0,40 m a 0,70 m de largura e 2 m de comprimento. A terra é compactada em camadas de aproximadamente 10 cm, até preencher todo o taipal, este é posteriormente removido e reerguido para a camada seguinte. A forma de encaixe entre camadas na horizontal é recta ou inclinada para melhorar o travamento entre as camadas.

Figura 2.15: Taipa tradicional e pilão (Fonte: [14]).

Com o passar do tempo e com o uso das novas tecnologias, sentiu-se necessidade de melhorar o uso da taipa tradicional surgindo assim a taipa

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mecanizada. Em diversos países da Europa esta tecnologia tem vindo a ser resgatada e mecanizada, tornando mais eficaz os processos construtivos. Esta é realizada segundo os mesmos moldes da taipa tradicional diferindo apenas na qualidade e dimensões da cofragem e no meio de compactação. A cofragem pode ser movível ou amovível conforme as dimensões utilizadas, recorrendo a placas e perfis à base de contraplacado de madeira ou de metal. Esta selecção de materiais de cofragem e dimensões dependem da textura que se pretende obter na parede de taipa.

Este tipo de compactação é realizado através de um compactador pneumático, um pouco à semelhança dos compactadores utilizados na compactação de pavimentos. Devido a este facto, adquire-se uma optimização do tempo de construção, pois o tempo necessário para compactar a terra é mais curto do que quando utilizada a técnica da taipa tradicional. Em 1992 surgiram os pilões mecânicos de cabeça circular com um diâmetro de 70 a 150 mm.

Tal como na taipa tradicional, as fundações neste tipo de taipa têm sido executadas em betão armado ou alvenaria de pedra para evitar a ascensão de humidade por capilaridade.

Quanto às larguras mínimas das paredes de taipa existem diferentes recomendações sobre o assunto:

- Segundo Schroeder, as especificações alemãs, exigem que as paredes resistentes devem ter uma largura mínima de 36,5 cm e no caso de paredes de taipa a largura baixa para 32,5 cm;

- Segundo o CEPED10, após uma série de ensaios ao longo dos anos,

conclui que para uma mistura com aproximadamente 6% de cimento e pé direito até 2,80 metros, a largura poderá ser de 12 cm, atendendo às condições de resistência e estabilidade.

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31 Em sistemas de taipais mais sofisticados e uma compactação mediante a

utilização de meios mecânicos (compactadores eléctricos ou pneumáticos) existe a redução dos custos de mão-de-obra e fazem desta técnica uma opção relevante em países industrializados.

Esta tecnologia mecanizada para executar paredes de taipa em relação à construção tradicional com tijolos não é só uma alternativa viável do ponto de vista ecológico, mas também económico, especialmente naqueles países desenvolvidos onde, por razões climáticas, não há grandes requerimentos de isolamento térmico. No sudoeste dos Estados Unidos e na Austrália existem várias empresas que executam há anos esta técnica de construção.

Figura 2.16: Construção em taipa (Fonte: [15]).

Esta construção tem também vários inconvenientes como serem facilmente atacadas por roedores, a fraca estabilidade a esforços laterais provocados pelas cargas da cobertura, bem como serem facilmente degradadas pela água e humidade. Por este motivo não se utilizava esta técnica em construções de edifícios de grande dimensão.

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