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taxa designada na respectiva tabeliã.

As transferências de quartos quando forem indicadas pela direcção, são sem encargos de qualquer ordem para o doente.

Quando solicitadas pelo doente, este pagará apenas, a importância da desinfecção quando houver mais de um quarto vago sem pretendentes ; quando porém houver pedidos a mais, isto é, quando houver pretendentes que estão à espera de vaga para serem internados, o doente que solicita a mudança, além da desinfecção pagará a título de indemnização a importância de y$oo. 23.0 —Todos os doentes são responsáveis

pelos danos causados nos móveis e utensílios do Sanatório.

24.0 — É formalmente proibido lavar qual-

quer peça de roupa nos pavilhões ou chalets. Só na lavanderia se deve fazer esta operação, após a

desinfecção prévia, quer a roupa seja de doentes ou de pessoas sãs que os acompanhem.

Não é também permitida a saída para fora do Sanatório de roupa que não tenha sofrido a desinfecção.

25-°— Os doentes em tratamento não podem

ocupar-se de qualquer trabalho por mais ligeiro que seja, mesmo a título recreativo. Todos os objectos que se encontram nos quartos dos doentes, como ferros de engomar, objectos de costura, etc. serão apreendidos e entregues ao doente só à sua saida. Pelo mesmo motivo é proibido tocar piano, sem prévia autorização do médico de serviço.

26.0 —Não é permitido cortar plantas, apa-

nhar rosas e outras flores. Os doentes que desejem tê-las nos seus quartos durante o dia, devem requisitá-las previamente ao gerente.

27 - ° — A direcção reserva-se o direito de

despedir os doentes que não cumpram o presente regulamento.

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No livro do regulamento distribuído a cada doente, vão vários gráficos, onde o doente regista as temperaturas, peso e pulso.

76 TRATAMENTO SANATORIA!.

As temperaturas e o pulso são tirados ás 9, 12, 3, 6 e 9 horas; o peso é tirado todas as semanas.

São dos mais lisonjeiros os resultados obti- dos no tratamento dos doentes, no Sanatório Sousa Martins.

Na ocasião da minha visita havia 48 doentes. O pneumotórax é muito empregado como meio de tratamento, usando um ou outro doente vários reconstituintes.

0 clima — Da região, a-pezar da altitude que

se encontra, tem sido ultimamente prejudicado pelos nevoeiros.

Durante a minha estada lá, houve um dia que o nevoeiro era de tal modo intenso que não se via a alguns metros de distância.

Disseram-me que quando construíram o sana- tório os nevoeiros eram raríssimos, e estes mesmo eram formados nas regiões marítimas e arrastados pelo vento ao longo dos vales para esta região ; mas depois que se arborizou este local, o vapor da água tem sido mais e mais frequente.

O Sanatório é pouco apoquentado pelo vento ; o que mais frequentemente o vem visitar é o vento E.

Trouxe as impressões mais lisongeiras do Sanatório Souza Martins.

É director clínico o sábio tuberculogista por- tuguês Dr. Lopo de Carvalho, sem dúvida uma das glórias da nossa terra, sub-director o Dr. Amândio Paul, cujos conhecimentos e inteligência são conhecidos de toda a gente.

E digno de todo o elogio o conforto e o asseio, no sanatório ; porem sem desdouros para o sanatório, numa descrição imparcial como estou fazendo, algumas faltas posso enumerar como sejam :

i * — A ausência dum médico efectivo no Sa- natório, sendo o serviço de vigilância dos doentes feito por um enfermeiro.

- 2." — A permissão aos doentes de fumarem, embora somente numa sala reservada para esse fim,

3.0-—A presença no mesmo pavilhão de

homens e senhoras, embora em pavimentos dife- rentes, em que todos frequentam os mesmos divertimentos, tornando-se por isso impossível evitar os fliris e colóquios.

4-° — Os quartos dos homens serem servidos por enfermeiras.

São faltas que deveriam ser corrigidas, para tornar esta casa Sanatório modelo.

78 TRATAMENTO SANATORIA!.

Por aqui se vê que não é somente o clima que beneficia a tuberculose ; é preciso um conjunto de cuidados e um regímen a que o doente se tem de submeter, para que a cura da sua doença possa ser um facto.

Tudo isto se resume numa palavra «higiene

do tuberculoso»

O Sanatório tem uma grande influência na cura da tuberculose, mais pela higiene a que é submetido o doente, do que pelo clima.

Disse com elevado critério o meu ilustre pro- fessor Tiago de Almeida que a tuberculose é cu- rável em qualquer parte, onde haja um tratamento criterioso e inteligente.

Sergent chega a dizer o seguinte: pode dizer-se hoje que não há clima típico para a cura da tuberculose.

Tiago de Almeida entre vários, conta o caso dum colega cuja esposa era tuberculosa; impro- visou um sanatório numa casa dos arrabaldes do Porto, seguindo criteriosamente o regimen sana- torial, e ela fez a sua cura tão rapidamente como num Sanatório construído especialmente para esse fim.

São tantos os casos que seria impossível mencioná-los.

Um exemplo frisante sou eu mesmo, que contraindo a tuberculose pulmonar em 1914, com tendência para a forma granúlica, curei-me num espaço de tempo relativamente breve, sem nunca me haver retirado de minha casa em Vila do Conde, com o auxílio dum ilustre clínico cuja proficiência e dedicação já muito conhecida, nunca é de mais revelar; aquele mesmo que hoje me concedeu a honra de presidir a este trabalho; para êle vae a minha perdurável gratidão.

Pelo que fica exposto, conclui-se o seguinte : todo o tuberculoso precisa fazer a sua cura num sanatório ; se o doente está em condições de frequentar um sanatório construído para esse fim, será levado para aí ; senão estiver, (e é para este ponto que eu faço convergir todo este meu tra- balho) o médico improvisará um Sanatório na casa do doente e ele aí curará, obedecendo as regras instituídas pelo médico.

C A P Í T U L O IV

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