sanatorial em sua casa
8+ TRATAMENTO SANATORIAL
Cura de ar — Diz Sabourin que o doente deve ver a luz do sol, mas não deve ser visto por ela.
A cura far-se-há à sombra ; quando o tuber- culoso passeia ao sol, deve proteger a cabeça e os hombros com um guarda-sol.
A cura de ar deve fazer-se sempre, qualquer que seja o estado do tempo, com a condição do doente se proteger bem da chuva, do
vento, etc.
Durante a noite uma janela deve ficar cons- tantemente aberta, mas a janela só deve abrir-se depois do doente estar deitado.
A abertura das janelas deve efectuar-se de tal modo que o ar nunca vá directamente à cama do doente.
É preciso habituar-se o doente a dormir com a janela aberta; para isso, na primeira noite a janela é aberta cerca de 5 cent., na segunda 10 cent., na terceira 20 cent, e assim por diante até 45 ou 50 centímetros.
Os doentes bem aclimatados a esta prática deixam no inverno metade da janela aberta e no verão abrem geralmente toda a janela.
O doente deve ficar coberto suficientemente, com um vaso de água quente aos pés e um edredon na metade inferior do corpo ; pode assim apro-
veitar com toda a segurança a cura da noite, quer chova, quer faça vento.
O q u a r t o pode s e r aquecido durante a noite.
E conveniente cercar os pés da cama voltado para a janela com um biombo, para resguardar o leito de correntes de ar.
Esta higiene não se aplica somente aos tuber- culosos com um estado geral relativamente bom, mas ainda a todos os tísicos.
É o meio de escolha para a cura de aquele que é curável, e para melhorar os outros ; é ainda o processo de escolha para mitigar o sofri- mento dos infelizes tuberculosos avançados, já condenados á morte.
Cura de repouso — Abster-se de fadigas inte-
lectuais, 1er pouco e por distracção, correspon- dência familiar a menos possível, pequenos trabalhos manuais unicamente para se distrair, jogos tranquilos e não prolongados.
Proibir visitas longas e conversações em volta do doente.
O exercício físico deve ser regulado pelo médico, segundo os casos.
86 TRATAMENTO SANATORIA!.
doentes devem estar em relação com a reacção febril dos mesmos.
Está apirético todo aquele que a 36o, a 36°,5
pela manhã, não excede á tarde 3Ó°,8; de modo que todo o tuberculoso que tenha 37o á tarde, é
considerado como sub-febril.
Acima desta temperatura é uma febre vespéral. Isto regra geral, porque há variantes con- forme os doentes.
O máximo de temperatura é das 5 ás 7 horas da tarde.
O trabalho da digestão provoca em geral uma certa elevação de temperatura.
Partindo destes princípios gerais sobre a febre dos tuberculosos, o seu exercício físico pode regular-se da maneira seguinte :
1." — Os doentes totalmente apiréticos podem andar a toda a hora do dia ; a quantidade e a qualidade da marcha sendo ordenada pelo médico, sob a fiscalização do termómetro e da balança.
Porque mesmo, se com passeios bem regula- dos o termómetro acusa à noite uma ascensão, ou o doente diminui de peso sem outra causa piau sível, é preciso concluir que o exercício é exage- rado e é conveniente imediatamente restringi-lo.
somente deve passear, sobretudo de manhã, antes do almoço.
Este exercício será regulado pelo médico e os seus resultados serão fiscalizados pelo termó- metro e pela balança.
Se com o seu passeio matinal, o tuberculoso não tem mais febre à noite, se a alimentação sendo boa o peso do corpo aumenta, pode permitir-se a o s doentes um outro passeio, quer depois de almoço, quer entre as quatro e cinco horas.
É inutil imobilizar no leito o doente que faz a sua queda termométrica a 37o e abaixo pela
manhã, qualquer que seja a temperatura da noite.
Será muito melhor deitá-lo na chaise-longue à varanda, porque aí a sua febre baixará muito mais depressa que no quarto.
E preciso notar que o que regula a febre dos tuberculosos, não é o seu graù vespéral, mas sim o grau de temperatura matinal.
Os exercícios físicos dos tuberculosos devem llmitar-se ao passear, porque todos aqueles que necessitam o esforço dos membros superiores, estando estes muito perto do pulmão, teem grande acção sobre a caixa torácica.
TRATAMENTO SANATORIAL
Higiene alimentar — O tuberculoso deve ter
uma alimentação abundante, substancial, mas não em excesso.
E preciso acabar com os velhos costumes de atafulhar o estômago de alimentos; a hiper- -alimentação cura a tuberculose dizia-se, mas isto é um erro, um erro crassíssimo que é preciso debelar.
A hiper-alimentacão pode conduzir á intole- rância gástrica e pode provocar diversos acidentes, hemoptises em particular.
Deve poupar-se religiosamente o estômago do tuberculoso ; e quantas diarreias, quantas intolerâncias gástricas não se arranjam com a hiper-alimentação ? !
Os tuberculosos que ppdem comer, devem fazer quatro refeições ao dia.
Segundo M. Sabourin :
i.° — O tuberculoso deve habituar-se a beber pouco quando come; menos se bebe às refeições, melhor se digere.
2.° — Muitas vezes basta substituir o vinho pela água às refeições, para ver desaparecer como por encanto numerosas dispepsias.
Para os tuberculosos não há um regimen especial.
A carne crua produz em geral grandes resul- tados, pode ser dada ao doente, sob a forma pilular em caldo quente; digére-se muito facilmente.
Há doentes que além das refeições usuais co- mem 150 gramas de carne crua, três vezes por dia.
Nem todos os doentes suportam porem a carne crua; é um alimento de primeira ordem como o óleo de fígado de bacalhau, mas é preciso que seja tolerada.
O pó de carne e sobretudo os ovos, o leite e a manteiga são alimentos de grande valor.
É preciso também notar que certos indiví- duos não podem suportar uma alimentação ordi- nária, e eles próprios criam regímenes que se é obrigado a respeitar; porque a primeira coisa para um tuberculoso é comer, embora moderada- mente, ainda que mesmo o seu regímen não esteja de acordo perfeito com os dados da química biológica.
O que é precizo sob o ponto de vista do regímen é encontrar para os tuberculosos a
fórmula alimentar que lhes convêm.
M. Malibran aconselha, no caso da conser- vação do apetite, o regímen seguinte:
No primeiro almoço — óleo de fígado de baca- l h a u se é berri suportado, dois ovos (ou duas
go TRATAMENTO SANATORIAL
gemas de ôvo), farinhas ou leite, pão, manteiga e mel.
No segundo almoço — Dois ovos, arroz, macar- rão, etc.; um só prato de carne qualquer, carne crua ou carne gelada e queijo, sendo indispensá- vel que um prato de farinha preceda o prato da carne.
Como bebidas—água, água e vinho, cerveja ou leite, segundo os casos.
Na merenda — repetição do primeiro al- moço menos óleo de fígado de bacalhau e os ovos.
Ao janfar-r-repffáç&a variada do almoço principal.
Medicação geral na Tuberculose Revulsão—pontas de fogo muito superficiais; evitar porem áplical-as no momento dos períodos febris e congestivos.
Fricções ligeiras sobre o tórax com essência de terebentina ou com água de colónia, fazer a seguir a esta fricção, uma fricção seca de flanela.
Loções frias muito rápidas, (15 a 20 segun- dos) com água a 20o ou 30o.
Recalcificação dos tuberculosos — Ferrier, ten- do notado que o organismo dos tuberculosos em evolução se descalcificava, e que ao contrário os tuberculosos que curam se recalcificavam, propôs este autor com bom resultado a recalcificação dos tuberculosos.
O médico deve dar para a cura da tubercu- lose, sais de cal (que devem ser sais insolúveis
pois os solúveis eliminam-se rapidamente), e impedir o organismo de perder sais de cálcio. Para realizar esta última condição, é preciso evitar as fermentações ácidas do estômago, e instituir um regímen muito severo, donde serão banidos os ácidos e os corpos gordos.
Pelo contrário usar batatas, cenouras, ervilhas, carnes magras (300 a 400 gramas por dia), carne crua de carneiro, peixe (arenque, salmão, etc.), frutas cozidas, doces não ácidos, etc.
Beber pela manhã e meia hora antes de cada refeição águas minerais bicarbonatadas cálcicas (Melgaço).
Tomar por dia 3 hóstias do seguinte composto :
Carbonato de cal. . . Fosfato tribásico de cal Magnesia calcinada . .
0,gr.20 0,gr.50 0,gr.5
92 TRATAMENTO SANATORIAL
A necessidade da adrenalina na assimilação da cal é um facto indiscutível.
Óleo de fígado de bacalhau — Não abusar deste
medicamento, nem em geral dos corpos gordos nos tuberculosos, afim de evitar complicações digestivas.
Nunca exceder 4 a 5 colheres de sopa por dia, abster-se completamente entre os tuberculosos dispépticos ou febricitantes (certos autores como Ferrier, proscrevem-no em todos os casos).
Medicação arsenical — O arsénio actuando
como tónico geral é um excelente medicamento para a tuberculose ; prescrever quer arseniato de soda em poção, quer licor de Fowler, os grâ- nulos de Dioscoride quer as injecções de cacodilato de soda.
Deve interromper-se a medicação arsenical 10 dias por mês.
O arsénio é contra-indicado nos tuberculosos apresentando perturbações gastro-intestinais ou hepáticas, e entre aqueles que tem hemoptises.
Medicação creosotada — É preciso empregá-lo
bações digestivas e períodos congestivos ; é abso- lutamente contra-indicada nas tuberculoses febris.
Sabourin dá-lhe muito pouco valor.
Tanino — O tanino na dose de o, g r'50 a
i 2r- por dia em hóstias, ou sob a forma de xarope
iodo-tánico, é um belo medicamento, quando é bem suportado pelo estômago.
Parece que, duma maneira geral, se deve pre- ferir ao tanino o tanigénio, que é melhor tolerado (o,sr-40 a o,er-6o por dia, em hóstias de o, Sr-2o).
Fósforo — As preparações fosforadas actuam
bem sob a nutrição geral dos tuberculosos. Pode empregar-se ou o óleo fosforado a i °/0
associado ao óleo de figado de bacalhau.
i
Óleo fosforado a i p . c , . . . 5 gramas Óleo de figado de bacalhau . . 995 gramas
(Duas colheres de sopa por dia)
quer o glicerofosfáio de cal em hóstias de o, sr- 25 a
o, sr,50 (2 a 3 hóstias por dia).
Opoterapia — Tem-se feito nestes últimos anos
94 TRATAMENTO SANATORIA!,
Não tem dado resultados positivos, mas parece ter uma acção favorável na tuberculose a opoterapia hepática — em razão das alterações quási constantes do fígado nos tuberculosos, e da importância deste órgão na luta contra as infe- cções e intoxicações ; é conveniente empregar o extracto de fígado, xarope hepático preparado com o fígado de bezerro.
Opoterapia supra-renal. — Para lutar contra a
hipotensão e a taquicardia, pó de cápsulas supra- renais ou a adrenalina em muito pequena dose — X a X V gotas da solução a ,0/00.
Outros medicamentos. — O ferro é algumas
vezes dado aos tuberculosos; é preciso dá-lo com muita prudência e em pequenas doses.
Nunca o empregar nas formas congestivas hemoptóicas.
As injecções de soro fisiológico e a água do mar que certos autores teem preconizado, podem provocar acessos febris e congestivos.
Se se quer usar, é preciso empregar em pequenas doses (50 c. cr uma vez por
semana) e reservá-las às formas tórpidas e apiréticas.
Medicação sintomática
Tosse — E preciso ensinar os doentes a tossir.
Quando a tosse dos tuberculosos resulta dum simples prurido da região traquio-brônquica, e que não é provocada pela necessidade de ex- pulsar um escarro, é preciso não deixar tossir ; só se tosse quando o escarro está prestes a ser expulso.
Cansiste nisto a disciplina da tosse.
Numerosos são os casos, comtudo, que é útil prescrever um medicamento, próprio para acal- mar a tosse do doente,
As inalações de vapor de água, adicionadas ou não de tintura de benjoin ou de eucalipto, tornam a tosse menos frequente e facilitam a expectoração.
Pode também empregar-se o ópio e os seus derivados (codeina, morfina, heroina), ou então a beladona que pode associar-se ao mei mendro.
Suores — O suor nocturno é muitas vezes
provocado pelo uso excessivo de antitérmicos; basta reduzir a dose, para ver a sudação diminuir.
A cura ao ár livre, as fricções com água de colónia conseguem moderar muitas vezes o suor.