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Populaçao Negra Protestante Pentecostal de 10 ou Mais de Idade

TAXAS DE DESOCUPAÇAO/DESEMPREGO POR SETOR CENSITARIO SAO GONÇALO RJ

Ita bo rai Baia de G uana bara Nitero i Marica Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Cartograma 21 Neves São Gonçalo Ipiíba Sete Pontes Monjolos Taxa de desocupaçao baixa - 61,1% media baixa - 22,7% media alta - 4,4% alta - 3,0% Sem dec. - 8,6% KM 8 6 4 2 0

PROTESTANTES PENTECOSTAIS DE 10 ANOS E MAIS DE IDADE

TAXAS DE DESOCUPAÇAO/DESEMPREGO POR SETOR CENSITARIO SAO GONÇALO - RJ - 2000 Ita bora i Baia de G uana bara Nitero i Marica Fonte: IBGE - Censo Demografico de 2000, dados da amostra.

Para entendermos a distribuição da população por setor censitário, de acordo com as taxas de atividade, de ocupação e desocupação, calculadas em percentual, fizemos a classificação por quatro faixas de taxas da seguinte forma: baixa - estão os grupos de 0 a 25%; média baixa - estão os grupos de mais de 25% a 50%; média alta - estão os grupos de mais de 50% até 75%; e por fim a faixa alta – estão os grupos com taxas acima de 75%.

Conforme os cartogramas 16 e 17 que mostram as taxas de atividade das pessoas por setor censitário, é evidente a desvantagem dos pentecostais com relação aos católicos. Os católicos têm suas maiores taxas de atividade concentradas na terceira faixa (média alta) com 66,6%, sendo seguido da segunda com 25% e da quarta faixa com 6,0% de participação dos setores. Os setores com a menor participação são os da faixa baixa, que juntos aos sem declaração chegam a 2%.

Quanto aos evangélicos, esses se assemelham aos católicos na ordem de grandeza da distribuição por faixas da taxa de atividade dos setores. Apesar de terem a maior taxa de setores, 41,0% na terceira faixa, sua melhor participação, a primeira faixa, somada aos sem declaração, absorve aproximadamente 12,9% dos setores.

Entretanto, é necessário salientar que esse indicador, apesar de medir a participação efetiva das pessoas no mercado de trabalho, sofre influência direta das pessoas desocupadas/procurando trabalho. Assim sendo, se faz necessário que façamos uma análise das taxas de ocupação e desocupação/desemprego.

De acordo com os cartogramas 18 e 19 (taxas de ocupação), novamente nos deparamos com desvantagem dos evangélicos. Na primeira e na segunda faixas, os católicos têm menos setores ocupados que os evangélicos. Contudo, isso não implica desvantagem, pois as melhores vantagens comparativas estão mais adiantes, ou seja, as duas faixas de melhor otimização estão absorvendo mais católicos que evangélicos. Até mesmo na condição de sem declaração, ela é melhor entre os católicos.

Analisando os cartogramas 20 e 21 (taxas de desocupação/desemprego), mais uma vez, como era de se esperar, nossas hipóteses se confirmam. Os valores são mostrados inversamente: os maiores estão nas faixas mais baixas e decrescendo até as faixas mais altas. Dessa forma, a situação se confirma negativamente para os pentecostais.

Note-se que, para melhor entender nossa análise espacial, São Gonçalo foi dividido em duas partes: área central ou núcleo e área periférica. Esse conceito fora extraído dos trabalhos de Machado (1994) e Alkmim (2003), onde, ambos, fazem as análises espaciais referentes a seus trabalhos, valendo-se da teoria de construção das delimitações de uma região metropolitana, no caso específico a Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Machado, para demonstrar a difusão do protestantismo pentecostal no espaço intra-urbano, e Alkmim, para a construção da segmentação socioespacial dentro do estado do Rio de Janeiro,

ambos utilizam-se dos conceitos de subdivisão51 da região metropolitana, que é feita em

quatro faixas concêntricas, a saber: Núcleo; Periferia imediata; Periferia intermediária; e Periferia distante.

Alkmim, em seu trabalho, além de utilizar o conceito exposto acima, também faz uso do

Índice de Qualidade dos Municípios - IQM52, onde sugere que Niterói, segundo melhor com 0,69 ponto de classificação na lista (primeiro é o Rio de Janeiro com 1,0 ponto), juntamente com o Rio de Janeiro sejam considerados os pólos de referência no estado do Rio de Janeiro, tendo em vista que a eles os demais pólos estão interligados. Na lista do IQM, São Gonçalo é

o 36o colocado, com 0,2381 ponto.

As delimitações são formadas por semicírculos ou anéis concêntricos (entornos ou periferias), que se opõem em primeiro plano ao núcleo ou área central como referência ou ponto de partida, assim compreendido: núcleo – formado pela faixa litorânea, zona sul e zona norte;

periferia próxima – formada pelos subúrbios; periferia intermediária – formada pela zona

oeste, Baixada Fluminense, São Gonçalo e Magé; e periferia distante – formada por Itaguaí e Itaboraí, Alkmim (2003).

No núcleo estão concentradas basicamente as funções centrais, tais como: econômicas; administrativas; financeiras e culturais, e acima de tudo apresenta os melhores padrões de

51 Essa classificação é estabelecida pela Comissão Nacional das Regiões Metropolitanas e Política Urbana, IPEA/IBAM, 1976

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Esse indicador agrega amplo conjunto de dimensões e variáveis socioeconômicas e demográficas, resultando em um padrão recorrente da segmentação espacial para o estado.Elaborado pelo Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro, Fundação CIDE/RJ.

infra-estrutura e equipamentos urbanos, bem como maior valorização da terra. As outras

faixas53 apresentam-se hierarquicamente em condições inferiores ao núcleo.

Em todas as análises feitas a partir dos cartogramas expostos, foi apontado o miolo ou área central como sendo a que melhor preenche as condições estudadas. Tal fato já fora observado por Alberto Najar em Rio 40°, que, valendo-se dos microdados do Censo Demográfico de 1991 e dos indicadores de Rendimento Nominal dos Chefes de Domicílio e dos Índices de Qualidade Social, dentre outros, aponta aquele local como sendo o de melhor condição e maior concentração.

Concluindo nosso terceiro capítulo, temos a dizer que os resultados encontrados em nossa pesquisa, mostrados através de nossas tabelas, dos gráficos e dos cartogramas, nos levaram a entender o comportamento dos evangélicos pentecostais, confirmando assim nossas hipóteses e as literaturas.

53 Periferia Imediata – apresenta importantes centros de prestação de serviços de alcance regional, é imediatamente inferior ao núcleo; Periferia Intermediária – os centros de serviços, infra-estrutura e preço da terra são qualitativamente inferiores à Periferia Imediata; e Periferia Distante – apresenta condições concretas, hierarquicamente inferiores à Periferia Intermediária.

de tabelas e gráficos, corroborados com literaturas e trabalhos que venham a investigar o espaço urbano de São Gonçalo, explorando algumas das principais tendências desse período.

Vale esclarecer que, apesar do quesito religião fazer parte do questionário dos Censos Demográficos, estaremos manipulando para o presente estudo, o último período, 1991-2000, por ambos oferecerem comparativamente os mesmos níveis de desagregação da variável religião. Ver anexos 1 e 2 - Classificação da variável religião com os códigos das categorias para 1991 e 2000, respectivamente.

O Contexto Analítico – O Município de São Gonçalo

Segundo dados do IBGE, vale ressaltar que nesse município não existe área rural, ou seja, toda sua extensão é considerada urbanizada. De acordo com vários autores estudiosos da sociologia urbana, em virtude da grande concentração populacional, são nesses espaços urbanos onde se concentram as maiores carências sociais, principalmente nas periferias.

Essa população, que vive nesse pequeno universo social urbano, é considerada como excluída e são “estigmatizados por todos os atributos associados com a anomia: como a delinqüência,

a violência e a desintegração” (Elias, 2000:7). Encontrando-se carentes de virtudes sociais,

educacionais e de outros vazios, eles encontram na religião, mais especificamente as evangélicas pentecostais, aquele ombro amigo que lhes leva esperança de vida digna, de ascensão social, além do conforto espiritual.

Referindo-se aos vazios dessa população, Maués assim registra: “É justamente esta carência,

que é traduzida muitas vezes pelo fiel como um vazio, que se pode encontrar como elemento muito importante no discurso dos que se convertem ao pentecostalismo protestante...”(Maués,

2002:53)

Com base nos levantamentos desses censos, procuraremos fazer algumas análises comparativas de aspectos demográficos, sociais e econômicos entre os evangélicos pentecostais com os católicos, tendo em vista que é desse grupo onde acontecem efetivamente as evasões, e tentar levantar as questões sociais urbanas desses religiosos pentecostais, uma vez que sob o olhar de vários estudiosos desse segmento já ficou comprovada a correlação

desses religiosos à pouca instrução, baixa renda, desemprego, submoradias, entre outros, conforme a seguir:

“Uma opção dos pobres – porque se propaga com maior intensidade entre eles, e

por meios institucionais igualmente pobres.” (Fernandes, 1992:14)

“As camadas sociais mais densamente atingidas foram desde o início as camadas

populares.” (Sanchis, 1997:123)

“... o crescimento pentecostal à sua ancoragem nas camadas de baixa renda. ...

atuais estudos corroboram o caráter multifacetado do pentecostalismo e indicam que sua diferenciação é cultural, étnica e de gênero.” (Oro, Semán, 1997:134)

“Los nuevos movimientos religiosos salen ahora fortalecidos y afianzan sus

opciones espirituales que se presentan como medios de salvación frente a la crisis moral y de representación de la sociedad civil, tanto como frente a la persistencia de la miseria, la pobreza, el alcoholismo, las drogas, y la violencia familiar y social en vastos medios populares de los diferentes países que los procesos de recuperación y ajuste económico no han logrado superar.” (Gumucio 1999:17)

“... pessoas de poucos recursos, sem acesso ao mercado formal de trabalho e aos

serviços de saúde, muitos provenientes do meio rural, e que, como valores, possuem anseios de ascensão social, cultivam uma “representação religiosa das doenças” e aderem à lógica cultural da reciprocidade no trato com os bens religiosos. Nas igrejas, essas pessoas encontram ambiente e serviços que prometem satisfazer suas carências e que estão sintonizados com seus valores.”

(Giumbelli, 2001:102)

“... los miembros más humildes de esas iglesias , trabajadores libres, algunos de

ellos ex-esclavos, encontraban allí un espacio único de reconocimiento a su dignidad, de acceso al aprendizaje de la lecto-escritura y de modelos para regular su comportamiento y cambiar su conducta aprendiendo las “buenas maneras” de la sociedad burguesa.” (Carozzi, 2001:118)

“Muitos crentes, com certeza, usam crenças religiosas como defesa contra os

infortúnios da vida, o medo da morte ou a consciência da miséria econômico- social em que vivem. Outros, porém, vêem na religião uma maneira de dar sentido à vida. Ou seja, a religião, para eles, não é efeito de “causa” alguma, psicanalítica ou outra. É um fato primário, original, que serve de fundamento aos sentidos precários e contingentes da existência humana.” (Costa, 2001:16)

“... falando a linguagem do povo e baseada nas palavras contidas na Bíblia,

procuram atingir o coração e a mente dos homens, mas geralmente as classes sociais mais pobres da sociedade, que as mais sofridas e carentes, são as que se deixam envolver de um modo geral.” (Barroso, 1996:279).

Referindo-se a essa população que procura as igrejas (templos) evangélicas em busca de conforto espiritual e de convívio social, Barroso acrescenta: “A platéia é constituída,

invariavelmente, por pessoas humildes e carentes de tudo, ...” (Idem:280).

A escolha de São Gonçalo

São Gonçalo se alinha correlacionalmente no ritmo de crescimento populacional total e por sexo nas mesmas proporções ao Estado do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana, da mesma forma acontece na distribuição da população por religião, haja vista, também, uma forte correlação linear positiva, conforme anexo 3 (Correlação linear entre as populações) e o anexo 4 (Distribuição relativa da população por religião).

Esse município, além de demograficamente assumir a posição de terceiro maior contingente populacional dentro do Estado do Rio de Janeiro, segundo os censos de 1991 e 2000, hoje, segundo o Tribunal Regional Eleitoral – TRE, politicamente está identificado como o segundo maior colégio eleitoral do Estado.

O Município de São Gonçalo concentra capital, infra-estrutura e força de trabalho. Nele se encontra boa parte das indústrias do estado, formando um parque industrial diversificado. Reúne, também, serviços especializados nos setores financeiros, comercial, educacional e de saúde, assim como órgãos e instituições públicas, entre outros. É atualmente formado por noventa bairros e cinco distritos distribuídos na seguinte ordem: São Gonçalo (Distrito-Sede), Ipiíba, Monjolos, Neves e Sete Pontes.

A população católica apostólica romana de 1991 para 2000 perdeu 10.652 adeptos, ou seja, teve um crescimento negativo da ordem de 2,4%. Para onde estaria indo essa população? A população evangélica pentecostal aumentou em 74.038 adeptos, um incremento de 105,8% no mesmo período. De onde estaria vindo essa população? A população não-católica apostólica romana, que em 1991 era de 42,3%, saltou para 50,7% em 2000. Dessa população, os evangélicos pentecostais representavam 21,2% e 31,9%, respectivamente aos anos de 1991 e 2000. Portanto, os evangélicos pentecostais cresceram de pouco mais de 1/5 para quase 1/3.

Congregando aproximadamente 6% da população do estado e cerca de 8% da Região Metropolitana (ver anexos 5 e 6), São Gonçalo, hoje, já faz parte da lista dos municípios mais

populosos do país, assumindo a décima sexta posição24, e constitui-se, também, num espaço de pressão social marcado por grandes contradições, pois o crescimento econômico não caminha junto com o atendimento das necessidades básicas da população.

Essas questões podem ser diagnosticadas no espaço a partir de graves problemas, tais como: a distribuição desigual dos serviços e equipamentos urbanos; a crescente demanda por habitações, marcada pelo aumento de submoradias e pela expansão de favelas; a intensa degradação do meio ambiente; e o conseqüente esgotamento dos recursos naturais.

O acelerado crescimento urbano do município não tem sido regulado por planejamentos que visem uma boa qualidade de vida para seus moradores e que demonstrem a preocupação com o meio ambiente. Mesmo quando existem, os procedimentos determinados, na maioria dos casos, não são considerados, para o que contribui a fiscalização deficiente. Como conseqüência, muitos são os problemas a serem enfrentados.

A forte pressão sobre o meio ambiente, exercida pela evolução de uma cidade do porte de São Gonçalo, não é surpreendente e nem mesmo exclusiva da Região Metropolitana da qual faz parte. O crescimento de grandes cidades, no mundo inteiro, tem a característica de destruir ou, pelo menos, dificultar a proteção de grandes áreas naturais. Entretanto, diversas formas de reverter, ou mesmo minimizar, esse processo já começam a fazer parte das preocupações dos governantes.

Metodologia de Análise e Seleção das Áreas

O Censo Demográfico é tido como sendo a base de dados mais importante para a avaliação das condições de vida da população, e no presente trabalho estaremos comparando esses dados em nível de distrito, município, região metropolitana e unidade da federação, selecionando variáveis e criando indicadores com maior capacidade de expressar as diferenças.

Serão utilizados os microdados dos censos de 1991 e 2000 disponibilizados pelo IBGE em CD e banco de dados do mainframe, acessados via linguagem de programação Statistical

Analysis System – SAS e alguns cálculos estatísticos executados através do aplicativo Excel. A partir dessas variáveis serão criados diversos indicadores - proporções e médias de ocorrência - agrupados em diversos blocos temáticos.

Com o objetivo de se fazer inicialmente uma exploração das principais tendências, as religiões foram agregadas a partir das classificações adotadas pelos Censos Demográficos de 1991 e 2000 (ver gráfico 5) em cinco grandes blocos temáticos a saber: Católicos Apostólicos Romanos; Evangélicos não-Pentecostais; Evangélicos Pentecostais; Outras Religiões; e Sem Religião.

G ráfico 5

P opulação por região de residência, segundo a religião - 1991/2000 66,7 55,7 64,8 54,2 57,7 49,3 5,2 8,6 4,9 8,1 6,4 10,9 7,5 13,4 7,8 13,9 9,0 15,6 6,2 6,2 6,7 5,2 5,1 13,7 15,8 14,9 16,7 21,3 18,7 6,9 0 10 20 30 40 50 60 70 R J 1991 RJ 2000 RM 1991 R M 2000 S G 1991 S G 2000 R egião e A no (% ) C atólicos R om anos N ão-Pentecostais Pentecostais O utras R eligiões Sem R eligião

Fonte: IBGE/D PE, C ensos dem ográficos 1991/2000, dados da am ostra

O bloco dos Católicos Apostólicos Romanos congrega todos aqueles que em 1991 responderam ao quesito como sendo pertencentes especificamente a essa religião. Para o ano 2000, além dos já citados, foram considerados também os Católicos Carismáticos, os Católicos Pentecostais, os Católicos Armênios e os Católicos Ucranianos.

No bloco dos Evangélicos não-Pentecostais, além de congregar todos aqueles que são chamados de protestantes da Reforma ou de Missão ou Históricos ou Tradicionais (Adventistas, Anglicanos, Batistas, Congregacionais, Luteranos, Menonitas, Metodistas, Presbiterianos, e outros), também inclui os evangélicos não determinados e os sem vínculo institucional.

Para o bloco dos Evangélicos Pentecostais foram agregados tanto os de Origem Pentecostal quanto os Neopentecostais (Assembléia de Deus, Congregacional Cristão do Brasil, O Brasil Para Cristo, Evangelho Guadrangular, Universal do Reino de Deus, Casa da Bênção, Casa de Oração, Deus é Amor, Maranata, Tradicional Renovada, Comunidade Cristã, Nova Vida, Comunidade Evangélica, Avivamento Bíblico, Cadeia da Prece, Igreja do Nazareno e outros), bem como as não determinadas e outras Pentecostais e os sem vínculo institucional. Este será o nosso objeto de estudo.

Outras Religiões – Nesse bloco estão concentradas todas aquelas religiões com pequeno quantitativo populacional sem representatividade estatística. Fazem parte desse bloco todas as Católicas (exceto as Apostólicas Romanas), tais como: Apostólica Brasileira, Ortodoxa e Ortodoxa Cristã, além das Neocristãs, Mediúnicas, Judaicas, Orientais, Não Determinadas e/ou Mal definidas; e

Sem Religião – É o bloco daqueles que se declararam explicitamente dizendo não ter vínculo com nenhuma religião. Essa categoria vem crescendo tanto ao longo dos tempos que seu quantitativo chega ao ponto de se tornar bastante significativo estatisticamente.

Evolução da População no Município

A população total de São Gonçalo saltou de 779.832 em 1991 para 891.119 em 2000, um aumento equivalente a 14,3% em nove anos ou a uma taxa média de crescimento geométrico anual de 1,5%. Os habitantes estavam distribuídos em 48,7% para o sexo masculino e em 51,3% para o sexo feminino, de acordo com o Censo Demográfico de 1991. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, essas taxas sofrem pequena variação, se mantendo quase iguais às anteriores. Entretanto, percebe-se que a população masculina sofreu uma queda de 0,5% caindo para 48,2%, sendo essa diferença absorvida pela população feminina, elevando sua taxa para 51,8% (ver anexo 6, 7, 8 e 9).

Em nossa investigação foi constatado que no período 1991/2000, no Estado do Rio, bem como na Região Metropolitana e no Município, a população como um todo cresce negativamente para o grupo dos católicos e faz com que no grupo dos pentecostais a situação se registre em sentido contrário.

Isso nos traz algumas indagações, tais como: Por que a hegemonia católica (apesar de ainda ser o maior grupo religioso) estaria se reduzindo? Por que o leque de opções evangélicas estaria aumentando? Qual a justificativa do incremento dos Sem Religião? Poderiam as questões econômicas, políticas e sociais justificar tais tendências? Como se pode explicar a adesão a um sistema religioso particular (o pentecostalismo), diante de uma oferta tão grande existente no campo religioso?

Até aqui, com o objetivo de seguir acompanhando os resultados do Censo de 2000, divulgados pelo IBGE, para as análises feitas com a população evangélica pentecostal, não foram considerados os grupos 40 – Evangélicos Pentecostais Tradicionais Renovados e 41 – Evangélicos Pentecostais Não Determinados (ver anexo 2).

O fenômeno Pentecostal em São Gonçalo

Uma vez constatada a expansão do pentecostalismo, nos deixa curioso como essa população está sendo absorvida. Será que o número de templos cresce na mesma proporção? Essa

pergunta é respondida pelo ISER que, através do CIN-1992, realizou pesquisa25 para todos os

municípios que compunham a Região Metropolitana do Rio de Janeiro àquela época. Com o resultado apurado do triênio 1990/1992 foi registrado que cinco novas igrejas surgiram por semana, o equivalente à média de uma igreja para cada dia útil.

São Gonçalo também deu sua pequena contribuição para a expansão do fenômeno pentecostal não só com o aumento dessa população, mas também com o aumento das instituições religiosas evangélicas pentecostais com a Igreja Cruzada Profética Mundial Sinais e

Prodígios, fundada em 1970 por Leny Azevedo Brandão26, dissidente da Igreja Batista.

De acordo com o CIN-1992, o município contava com o total de 308 Instituições Evangélicas,

sendo 292 templos e 16 outras instituições27. O número de templos corresponde a 8,4% do

total de 3.477 para todo o estado. Esses 3.477 podem ser divididos em 1.355 (39%) para as Igrejas Históricas e 2.122 (61%) para as Igrejas Pentecostais. Para o triênio em questão

25 Essa pesquisa teve como fonte de dados o Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro: anos 1990, 1991 e 1992. 26

Fonte: Censo Institucional Evangélico – CIN/1992:31, realizado pelo Instituto de Estudos da Religião – ISER. 27 Instituições Filantrópicas, Organizações não-Governamentais - ONGs, Seminários, Institutos Bíblicos, Rádios, Livrarias, Editoras, Bazares, Jornais, Associações e Missões.

surgiram nada menos que 710 novas igrejas, ou 20,4%, correspondente a 1/5 do total do estado. Dessas novas 710 igrejas, 62 (8,7%) são igrejas históricas e as restantes 648 (91,3%) são predominantemente pentecostais.

Essa dinâmica não só acontece em nível de Instituições (igrejas e outros) ou de população, ela também ocorre com as denominações. Das 52 denominações pesquisadas pelo CIN, apenas 15 (28,8%) são de origem estrangeira, as 37 restantes (71,2%) foram criadas no Brasil.

Apesar de o protestantismo pentecostal ter começado pelo Pará e por São Paulo, o Rio de Janeiro, ainda de acordo com essa pesquisa, se destaca com o quantitativo de 30 denominações (ou 80,1%) fundadas aqui neste estado. As sete denominações restantes

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