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4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 Tecnologia Educacional

Neste início de século tivemos a oportunidade de vivenciar uma nova transformação cultural: a globalização, que ocorreu nas últimas décadas do século XX por meio das grandes mídias do jornalismo, rádio e televisão para uma sociedade conectada em rede em que os contextos sociais passam a ser vivenciados também por meio das tecnologias de comunicação pessoal, produzindo mudanças nos relacionamentos sociais, pessoais, profissionais, bem como novas formas de produção intelectual (COELHO; SILVA; ALMEIDA, 2011).

Assim, a globalização é um fato e, aliada aos avanços da tecnologia, permite que as informações circulem de uma forma muito rápida, trazendo profundas transformações na formação acadêmica e no mundo do trabalho. O desenvolvimento das competências para o uso das tecnologias educativas tem início no ensino escolar (COSTA et al., 2011).

Historicamente, a primeira década do século XXI está sendo caracterizada pela cultura midiática globalizada decorrente do uso intensivo de tecnologias educacionais, as quais possibilitam o desenvolvimento de um novo processo de formação profissional. Na enfermagem, esta mudança de paradigmas possibilita o preparo de um indivíduo crítico reflexivo, tornando-o apto a ser agente transformador da sociedade em que vive, devendo este profissional estar comprometido com os problemas da população e com a promoção da saúde dos indivíduos para o alcance da melhoria da qualidade de saúde. Vale destacar que projetos inovadores de educação na área de enfermagem devem estar harmonizados com critérios que favoreçam a compreensão do indivíduo na sua realidade profissional, no processo de aprimoramento, possibilitando maneiras criativas e reflexivas de pensar e fazer, tendo em vista o desenvolvimento pessoal, social e profissional do cidadão trabalhador (TREVIZAN et al., 2010).

Com isso, na sociedade em rede, espaços-tempos antes separados agora se interpenetram e passam a privilegiar uma cultura do conhecimento e, portanto, da

aprendizagem. Essa convergência exige novas formas da compreensão do processo educacional. Nota-se a substituição de um modelo de ensino tecnicista, em que se preparavam indivíduos para o desempenho de papéis, por uma prática pedagógica em que a apropriação dos conhecimentos se dá a partir de aprendizagens significativas, com o oferecimento de informações relevantes que possam ser relacionadas a conceitos existentes ou preexistentes na estrutura cognitivo-afetiva dos sujeitos, as quais acabam gerando novas aprendizagens e novos desenvolvimentos (LOPES, 2012).

Diante do mundo globalizado da informação não é mais possível privilegiar a memorização, mas a socialização, a construção coletiva do conhecimento, a tomada de decisão e a gestão compartilhada da informação. Nesse sentido, o processo ensino-aprendizagem requer a adoção de novos modelos e estratégias educacionais mais interativas e integrativas, que rompam as barreiras limitadoras do tempo e do espaço, permitindo a re-significação e a construção de novos modelos educacionais (LOPES, 2012).

A premissa básica da nova sala de aula constitui-se da interatividade, onde há uma configuração no novo paradigma de comunicação. No ambiente on-line, comunicar não é somente transmitir, significa tornar possível múltiplas possibilidades de intervenção. A escolha de estratégias de ensino para os Ambientes Virtuais de Aprendizagem demanda dos educadores uma postura crítica e criativa, para que haja um envolvimento por parte dos estudantes, favorecendo a tomada de decisão e a produção do conhecimento (ALMEIDA, 2013).

A integração das TICs no ensino pode ser mediada por AVA, que podem ser definidos como sistemas computacionais, disponíveis na Internet e em softwares, cuja função é oferecer suporte às atividades mediadas pelas TICs. Estes ambientes permitem a integração de várias mídias e recursos comunicacionais, e também possibilitam a disponibilização de informações de modo organizado, a fim de se atingir objetivos educacionais propostos. Auxiliam, ainda, no gerenciamento da participação do aluno no processo educacional, uma vez que os caminhos percorridos, as produções e as interações podem ser registrados (COSTA et al., 2009).

Nesse contexto, as estratégias educacionais apoiadas pelas tecnologias vêm dando suporte à educação, o que exige estruturas e recursos educacionais adequados ao novo cenário, bem como capacitação tecnológica e pedagógica dos

docentes e alunos para que possam atuar profissionalmente no mundo globalizado da informação, que requer habilidades para trabalhar na resolução de problemas práticos (LOPES, 2012).

Na área da educação, o uso dessas tecnologias é assunto constante na pauta de discussão entre os educadores, visto que oferecem novas possibilidades de aprender, por integrarem várias linguagens e recursos, superando, dessa forma, a categoria de simples auxiliares na aprendizagem para tornarem-se agente ativo do processo. Assim, é preciso ocorrer mudanças nos modos de comunicação e interação (COSTA et al., 2011).

No meio acadêmico, as estratégias de ensino-aprendizagem são determinadas pela relação objetivo-conteúdo, e referem-se aos meios para alcançar os objetivos gerais e específicos do ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir os objetivos e conteúdos (FOTHERINGHAM, 2013). O processo ensino-aprendizagem consiste no diálogo que se estabelece entre o professor e o aluno por meio dos quais ambos tornam-se sujeitos desse processo e crescem juntos, na contínua transformação do conhecimento. Para tanto, o ato de ensinar pode acontecer em torno de todas as relações vivenciadas pelos seres humanos, sejam estas estabelecidas em ambientes institucionalizados ou não. Além disso, o professor deve ser facilitador no ensino e não o detentor do conhecimento a ser transmitido (NEVES; SANNA, 2012).

O ensino no Brasil vem passando por transformações, uma vez que hoje o professor é visto como um facilitador e não apenas um transmissor de informações, tornando-se mais próximo de seus alunos e aberto ao diálogo. Especificamente na educação de ensino superior, essa transformação pode ser caracterizada pelo uso de tecnologias educacionais como uma forma de implementar e/ou ampliar os modelos pedagógicos de ensino.

A criteriosa seleção de tecnologias educativas pode promover maior aproximação com as necessidades de aprendizagem dos estudantes de enfermagem nas vivências em campo de prática e uma das maneiras de inserir as tecnologias educacionais no ensino é por meio das metodologias ativas de aprendizagem, que na prática se propõem a substituir a memorização e a simples transferência de informações e de habilidades, pela construção do conhecimento a partir da vivência de situações reais ou simuladas da prática profissional,

estimulando as capacidades de análise crítica e reflexiva do aprendiz (FONSECA et al., 2011; GALVAO; PUSCHEL, 2012).

Nesse sentido, observa-se o destaque da Enfermagem no seu envolvimento com a produção e busca de artifícios tecnológicos para auxiliar no seu cotidiano profissional, permeando suas atividades assistenciais, administrativas e educacionais. Na enfermagem brasileira, o desenvolvimento de programas de ensino mediado por tecnologias constitui uma tendência crescente e está vinculado às universidades com projetos de pesquisas dirigidos, predominantemente, à formação dos graduandos e educação em saúde da clientela (PADALINO; PERES, 2007; FONSECA et al., 2011).

Porém, embora muitas vantagens sejam associadas a tecnologias educacionais mediadas por computadores ou dispositivos similares, o uso da tecnologia da informação no sistema educacional deveria ser uma ferramenta complementar que ajuda, mas nunca substituirá os professores (SILVEIRA et al., 2010). A incorporação e o uso da tecnologia não podem ser de forma acrítica, pois a tecnologia por si só não é boa nem má, apenas deve ser adequadamente utilizada, pois não se pode prescindir dos aspectos éticos a ela inerentes (COSTA et al., 2011).

Assim, refletir sobre a utilização dos recursos tecnológicos como veículos de conteúdos pedagógicos propõe a concepção de seu uso como instrumento dialógico de interação e mediação de saberes e como forma de encontrar novos caminhos para o processo de aprendizagem, rompendo com a práxis do modelo tradicional (COSTA et al., 2011).

Neste sentido de mudanças torna-se necessária uma reflexão e uma busca de formas alternativas de estimular o interesse dos estudantes na construção do seu próprio conhecimento.

4.2 Utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no ensino de