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Utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no ensino de enfermagem

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.2 Utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no ensino de enfermagem

O ensino precisa caminhar lado a lado com a informatização, para permitir o estudo extraclasse e preparar o estudante para a realidade que irá encontrar no campo de prática, quando conhecimento e habilidades são necessários para lidar com situações análogas à realidade (GALVAO; PUSCHEL, 2012). O uso de tecnologias vem se constituindo parte importante do currículo em todos os níveis,

seja como apoio ao ensino presencial ou ao desenvolvimento de atividades a distância. Verifica-se que cada vez mais as organizações e instituições vêm usando métodos de comunicação eletrônicos e o desenvolvimento de competências em computadores e de habilidades para o acesso à Internet em busca de informações (GOYATÁ et al., 2012).

Diante dessa realidade, as oportunidades de ensino têm se tornado mais flexíveis no que se refere ao aprendizado individual e coletivo do estudante por meio da utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) (RODRIGUES; MOURA; TESTA, 2011; STRAND et al., 2013). As TICs são definidas como ferramentas para facilitar a comunicação, o processamento e a transmissão da informação por meios eletrônicos. Esta definição engloba o uso do rádio, televisão, telefone (fixo e móvel), computadores e da Internet (DAL SASSO et al., 2011). Constituem-se em ferramentas de apoio pedagógico para a construção e a aplicação de conhecimentos e que permitem propiciar um ambiente em que o estudante exerça ciclos de reflexão e de ação, os quais traduzem a interação entre o estudante e o ambiente virtual (GALVAO; PUSCHEL, 2012).

Globalmente, as TICs têm proporcionado resultados eficazes para os estudantes em geral. A adoção das novas tecnologias de informação e comunicação na educação trouxe mudanças significativas ao paradigma educacional tradicional promovendo novas formas de ensinar e aprender, induzindo novos comportamentos nos docentes e discentes, novas formas de relacionamento e na maneira de pensar e de produzir conhecimento (RODRIGUES; PERES, 2013).

Na enfermagem, esses achados não diferem, pois estudos apontam resultados favoráveis em diversos cenários do ensino, de forma a aumentar o acesso a métodos de aprendizagem baseados na Web (STRAND et al., 2013). Os estudos realizados por Gomes e Santiago (2008) e Cogo et al. (2007) destacam que a enfermagem vem acompanhado o processo de introdução das tecnologias computacionais na área da educação, promovendo inovações, na medida em que procura adaptá-las às suas necessidades, fazendo com que haja uma aproximação do aluno com os recursos tecnológicos.

O estudo de Tait et al. (2008), realizado no Reino Unido, defende uma proposta pedagógica associada a um layout agradável de um cenário de simulação para a realização de tarefas oferecidas pela Internet, para estimular o aluno a se imaginar no campo de atuação e desenvolver um plano de ação com base nas

necessidades apresentadas. Neste cenário de estudo, os autores utilizaram um caso hipotético com um vídeo e informações sobre o paciente. A atividade desenvolvida consistia em responder a uma situação problema, com o planejamento das ações de enfermagem. Este recurso educacional foi avaliado como de fácil utilização pelos estudantes e apresentou melhorias nas experiências de aprendizagem.

Outro estudo realizado nos Estados Unidos, no curso de enfermagem, mostrou que a utilização de um vídeo educacional para o planejamento e intervenções de enfermagem intermediadas pela Internet possibilitou aos estudantes uma forma prática de raciocínio lógico sobre várias situações problema. Após o término das atividades propostas, o aluno deveria participar de um chat, socializando suas dúvidas e experiências quanto à utilização desta nova modalidade de aprendizagem. Os achados do estudo mostraram resultados significantes quanto ao desempenho e capacidade de tomada de decisão dos estudantes a partir do que foi postado nos chats (SMITH; STONER, 2009).

As experiências relatadas na literatura mostram que o desenvolvimento e a utilização de recursos educacionais da TIC têm causado impacto e oportunidades para o desenvolvimento da profissão de enfermagem. Entretanto, a incorporação de novas metodologias educacionais requer uma mudança de paradigma em saúde. Considera-se, então, que repensar na proposta didático-pedagógica significa o desenvolvimento de uma nova relação com o saber, implicando em mudanças na forma de conceber a interação do aluno com o objeto de conhecimento e a valorização da aprendizagem construída e reconstruída na experiência (GOYATÁ et al., 2012).

A utilização das TICs, em especial os AVAs na Enfermagem, é uma possibilidade pedagógica promissora e atraente. Esses ambientes favorecem o processo de construção do conhecimento e interação entre alunos, professores e tutores, enriquecendo o compartilhamento de ideias e permitindo uma aprendizagem dinâmica e colaborativa (COSTA et al., 2011).

As TICs devem ser avaliadas como ferramentas de otimização de processos, por exemplo, do cuidado em saúde, da educação permanente e desenvolvimento de pesquisa. Seu uso na enfermagem fornece instrumentos para melhorar o cuidado em saúde por vincular eletronicamente avaliações, intervenções e resultados para apoiar o processo decisório da prática do cuidar (DAL SASSO et al., 2011).

A implementação e utilização da TIC pode ser feita por meio de alguns recursos interativos de comunicação como as ferramentas síncronas e assíncronas. O termo “síncrona” refere-se à comunicação que ocorre em tempo real (telefone,

chat) e a assíncrona é quando a comunicação não ocorre em tempo real (e-mail,

fórum e lista de discussão). Essa modalidade de aprendizagem favorece o processo de ensino e, ao mesmo tempo, cria um ambiente de interação entre os participantes, tornando o aprender mais atrativo, estimulante e motivador (BARBOSA; DAL SASSO, 2009).

Nesse contexto, a incorporação das TICs no ensino permite ampliar o acesso à informação por meio da integração de múltiplas mídias, linguagens e recursos, o que possibilita o desenvolvimento de um processo educacional interativo, que articula teoria, prática e pesquisa (COSTA et al., 2009).

Entretanto, a eficiência de um AVA não reside apenas na sua complexidade e quantidade de ferramentas, mas na qualidade do material didático desenvolvido, na experiência do tutor no uso correto das ferramentas para envolver os alunos, mantendo-os interessados e motivados. Conceber, organizar e modificar um material didático de modo que seja adequado ao objetivo e objeto de estudo demanda conhecimento e dedicação (RODRIGUES; PERES, 2013).

Assim, a implementação bem-sucedida das tecnologias educacionais no ensino pode trazer como consequência respostas educativas inovadoras, uma vez que, na maioria das vezes, as tecnologias trazem resultados positivos no ensino. Para obtenção destes resultados positivos é necessário desenvolve-la e adapta-las de acordo com a finalidade para a qual se destina tal tecnologia, para que estas possam ter impacto sobre processos pedagógicos e seus resultados (KOCHA et al., 2010).

O uso das novas tecnologias na educação permite a flexibilização do ensino, tornando-o mais atual e dinâmico, permeável às solicitações e necessidades do contexto no qual o usuário está inserido. A criação de programas educacionais eficientes depende da forma como as novas tecnologias são empregadas no cumprimento de determinados objetivos. Além disso, é necessário aprender a utilizá- las de forma correta e adequada para o desenvolvimento de produtos educacionais voltados ao meio virtual (RODRIGUES; PERES, 2013).

Em oposição ao ensino presencial tradicional, a estrutura da organização social do ensino online é mais horizontal e não linear, aumentando de forma

considerável a possibilidade de comunicação diferenciada, diversificada (formas síncrona e assíncrona) e individualizada, promovendo a característica dialógica. Em contrapartida, para atuar de forma correta e eficiente na educação online, requer tanto do docente quanto do discente maior dedicação, fluência digital e domínio de novas técnicas (RODRIGUES; PERES, 2013).

Além da competência docente na utilização destas tecnologias, ressalta-se a importância da criação de novas formas de conteúdo, bem como o desenvolvimento de situações didáticas interativas que estimulem o processo educativo de forma a se obter êxito.

4.3 Processo Ensino-Aprendizagem em Ambientes Virtuais de Aprendizagem