• Nenhum resultado encontrado

Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino da Música

Capítulo I – Revisão de Literatura

2. Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino da Música

As tecnologias da informação e da comunicação abrem novas perspetivas à sociedade do futuro. Já hoje a informação, uma vez produzida, circula instantaneamente, pode ser recebida, tratada, incorporada em esquemas lógicos, científicos, transformada por cada um de nós em conhecimento pessoal, em acréscimo de compreensão, de sabedoria, de autoformação, em valor acrescentado para o mercado ou a sociedade, sempre na condição básica de conseguirmos permanecer numa atitude constante de “aprendizagem”. Vivemos hoje numa sociedade onde para além das Escolas, das Bibliotecas, dos Laboratórios, abundam “novas fontes” onde ir buscar conhecimento quer nas

12 “Para os professores, o modelo seis talvez represente o maior desafio. Os professores têm o poder de decidir se são sensíveis à gama de necessidades entre os seus alunos e pais e escolher como se posicionar em relação a estes outros…” (Creech, 2006, p. 373 - Tradução livre da autora).

13 “Para além disso, os tipos mais eficazes e positivos de parcerias de aprendizagem variaram com a idade dos alunos, anos de estudo, idade dos pais e idade e experiência dos professores.” (Creech, 2006, p. 371 - Tradução livre da autora).

14 “relação aluno-professor torna-se a díade primária e os pais tornam-se menos influentes”. (Creech, 2006, p. 371 - Tradução livre da autora).

15 “os resultados mais positivos foram associados ao modelo seis, caracterizado por responsividade e objetivos centrados na criança.” (Creech, 2006, p. 363 - Tradução livre da autora)

46

empresas, quer nos centros de investigação e experimentação, de estudo, de consultoria, de inovação e de desenvolvimento. (Livro Verde, 1997, p. 12)16

Segundo o estudo de Silva (2001) As tecnologias de informação e comunicação

nas reformas educativas em Portugal a introdução das TIC (Tecnologias de Informação

e Comunicação) nas escolas portuguesas no ensino regular foram introduzidas em cinco principais momentos:

I. Abrange toda a segunda metade do século XIX e início do século XX, é marcado pela escassez de meios, a que corresponde a adoção do método de ensino tradicional;

II. Iniciado com o Estado Novo, é marcado pelas ideias da Escola Nova e a descoberta do cinema educativo;

III. Iniciado na década de 1960, mas apenas com afirmação na década de 1980, é marcado pela definição de uma política nacional de introdução dos meios audiovisuais no ensino;

IV. Iniciado em finais da década de 80 e que percorre a primeira parte da década de 90, é marcado pela entrada da informática com o Projeto Minerva e pela última Reforma do século XX;

V. O quinto, em curso, está marcado pela proposta de utilização das TIC (nomeadamente do multimédia e da telemática) na nova Reorganização Curricular.

O desenvolvimento tecnológico e uma geração mais atualizada e informada levaram a que os professores se preocupassem em acompanhar esta nova era e, deste modo, atualizassem a sua forma de transmitir conhecimento (Faria, 2004; Morais, Miranda, Almeida, e Dias, 2001). Segundo Faria (2004), “diversos são os tipos de aplicativos que o professor pode escolher, dependendo dos objetivos da disciplina, conteúdo, características dos educandos e proposta pedagógica da escola.” (p. 58). Nos últimos anos, os professores têm experimentado várias tecnologias para poderem comunicar com os pais de maneiras mais inovadoras e eficientes. A integração da tecnologia pode ajudar as escolas numa comunicação mais rapidamente e eficaz (Margiotta, 2011).

16 Livro Verde, 1997. Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal. Missão para a Sociedade da Informação Graforim, ed., Lisboa.

47

No âmbito da música, a tecnologia vem sendo identificada como:

…a term that is broadly used and freely interpreted but is, paradoxically, loosely define. For example, Music Technology can be seen as something that is strongly connected to sound engineering, acoustics, electronic music and the digital world; but it can also be witnessed in mainstream school practice and in the home as a personal computer-based platform for supporting music composition and, to a lesser extent, music performance. 17 (Himonides e Purves, 2010, p. 1)

Deste modo, este termo aplica-se e descreve uma enorme variedade de equipamentos e programas de música, tanto para o mundo digital da escrita e composição como para a prática escolar através de plataformas de apoio ao estudo. O aparecimento dos computadores revolucionou a maneira como se produz, distribui e se ouve música. Existem inúmeros programas de manipulação e composição da escrita musical, como os mais conhecidos tais como o Sibelius, Audacity, Finale, MuseScore e etc. Assim como já existem softwares criados para facilitar e tornar a aprendizagem da música para as crianças mais lúdica, como o exemplo do software “O Pequeno Mozart”18. Este software

é um ambiente interativo que permite a criação de músicas, mesmo para as crianças que nunca tenham aprendido música pois não utiliza a escrita musical tradicional. O método de composição musical permite a criação de música tonal, que pode ser, depois, combinada com vários ritmos. A figura 7 apresenta a página inicial do programa.

17 “um termo que é amplamente usado e livremente interpretado, mas é, paradoxalmente, vagamente definido. Por exemplo, a tecnologia musical pode ser vista como algo fortemente conectado à engenharia de som, acústica, música eletrônica e mundo digital; mas também pode ser testemunhado na prática escolar convencional e em casa como uma plataforma pessoal baseada em computador para apoiar a composição musical e, em menor escala, a performance musical.” (Himonides e Purves, 2010, p.1 - Tradução livre da autora)

18 Pode obter-se o software a partir do link: http://www.imagina.pt/downloads/software e ver uma pequena apresentação em: https://youtu.be/4f05yyQhJOw

48

Figura 7 - Imagem de apresentação do software "O Pequeno Mozart" (Fonte: http://arca.imagina.pt/folhetos/pequeno_mozart.pdf)

49

A tecnologia nunca esteve tão acessível como nos nossos dias, é possível observar que quase toda a gente é portadora de um smartphone: “o telefone ‘ligou’ o planeta” (Guimarães, 2013). Para acompanhar esta evolução várias empressas começaram a desenvolver aplicações nas mais vastas áreas que pudessem ser acessiveis através do telemóvel. Na área da música não é diferente. Através de pesquisa foi possível encontrar aplicações que ajudam os usuários a treinar o ouvido como: Perfect Ear – Ear Trainer19,

My EarTraining20, Learn to read music notes;21 aplicações de escrita musical: Score Creator: compor/escrever & editar partituras22, Chaconne Music Compose23; entre

muitas outras; e um mundo vasto de recursos que poderão ser utilizados em prol da educação e desenvolvimento da motivação dos alunos. Existem ainda aplicações de apoio ao estudo individual como a app take724. Esta é uma aplicação inovadora que regista e analisa a performance e fornece feedback instantâneo, permite fazer loop e desacelerar determinadas passagens complicadas, oferece ainda uma orquestra virtual para praticar. A app é totalmente gratuita para usa-la é necessário descarrega-la e instalar-la.

É possível mencionar ainda as plataformas que são usadas por professores, alunos e/ou pais como ferramentas de apoio ao estudo individual como a plataforma Practice

Presto25 e o Google Classroom. A primeira é uma ferramenta de estudo e comunicação

direcionada para professores, enc. de educação e alunos de música. Esta permite criar modelos de atribuição de tarefas personalizadas adicionando vários tipos de arquivos para descrição e suporte; comunicação com os enc. de educação; receber uploads da prática dos alunos - "gostar" e / ou comentar; visualizar o quanto os alunos praticaram nos últimos 7 dias; os alunos recebem prémios pelos seus esforços da prática; chat com os alunos; criação de eventos; criar grupos; adicicionar livros (links); no entanto, só permite o upload de gravações audio. A plataforma tem que ser descarregada e, infelizmente, não é gratuita. Já o Google Classroom é um serviço da Google que pertence a um pacote de ferramentas gratuitas para a colaboração em sala de aula, o G Suite For Education. O Google

19 Poderá transferir a aplicação através do google play

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.evilduck.musiciankit&hl=pt_BR 20 Poderá transferir a aplicação através do google play

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.myrapps.eartraining 21 Poderá transferir a aplicação através do google play

https://play.google.com/store/apps/details?id=music.buddy.app 22 Poderá transferir a aplicação através do google play

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.sc.scorecreator 23 Poderá transferir a aplicação através do google play

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.philblandford.chaconne 24 Poderá descarregar a app em: https://www.take7music.com/

50

Classroom foi criado com professores e alunos para facilitar a comunicação da turma e

acompanhar o progresso dos alunos. Está direccionado para todo o tipo de turmas do ensino regular e permite aos professores poupar tempo, manter as suas turmas mais organizadas e melhorar a comunicação com os alunos. Contém ainda um canal para se poder entrar em contacto com os enc. de educação. Esta plataforma está disponível

online26 e dispõe também de uma aplicação a descarregar no Google Play, é totalmente gratuita, permite adicionar alunos com facilidade, criar turmar, partilhar materiais, personalizar tarefas, preparar com antecedência, partilhar feedback em tempo real, upload de vídeos e criar eventos.

Existem ainda professores de música que criaram plataformas de raiz e estudaram como é que estas funcionariam como ferramenta de apoio ao estudo individual como é o caso do estudo de Novo (2016) e Pinho, (2014). Estes têm objetivos como: criar rotinas diárias, instruir musicalmente os alunos, expandir o ambiente de aprendizagem, ampliação e transmissão dos conteúdos abordados em diferentes ambientes de aprendizagem. Ambos apresentaram resultados positivos na evolução e motivação dos alunos referindo que as plataformas funcionaram como um canal de transmissão de materiais relacionados com as aulas e o estudo, assim como foi criada uma ligação mais forte entre alunos, professor e encarregados de educação, possibilitando um maior acompanhamento no seu estudo diário e na preparação da aula seguinte. Os dois apresentam como limitações, dificuldades de gestão da plataforma e partilha de vídeos. Ambos os estudos utilizaram a plataforma wix.com, sendo esta caracterizada por ser um

site pesado graficamente (principalmente com aplicações externas, como por exemplo:

calendário, chat, youtube), o que com fraco sinal de rede cria dificuldades de navegação e gestão da plataforma. A partilha de informação muitas vezes era dificultada pelo restringimento do tamanho dos vídeos partilhados (max. de 15 min.).