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3. Uma ontologia para o processo de comunicação

4.2. TelEduc

O TelEduc é um ambiente de suporte ao ensino a distância desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) e pelo Instituto de Comunicação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

4.2.1. Recursos básicos de comunicação

Os participantes dos ambientes são agrupados nas seguintes categorias: administrador do sistema, formador (professor/orientador) e alunos. As interações ligadas à aprendizagem em si ocorrem mais intensamente entre os formadores e alunos.

Das funções comumente encontradas nos ambientes de comunicação, tem-se:

a) Mural: centro onde são “penduradas” as mensagens de interesse a todos no grupo;

b) Fórum de Discussão: idem ao conceito geral de fórum, local em que temas fomentados pelo formador são discutidos e apresentados em árvore;

c) Bate-papo (“chat”): idem ao conceito de bate-papo bem difundido nestas ferramentas;

d) Correio eletrônico: mensagens que são postadas de forma semelhante à manipulação de correios eletrônicos;

e) Grupos: neste caso, o conceito de grupos está mais relacionado ao conjunto de pessoas responsáveis por desenvolver um trabalho dirigido pelo formador. Importa esclarecer certa distinção da natureza do grupo no FACIO, que tem como motivação o tratamento de um tema;

f) Perfil: nesta parte o usuário configura suas propriedades no ambiente, por exemplo: foto, nome, correio eletrônico.

A figura 6 ilustra uma de suas ferramentas, o Fórum de Discussão.

Figura 6 – Fórum de discussão no Teleduc 4.2.2. Outros recursos de comunicação

Dentre alguns destaques percebidos no ambiente, vale comentar:

a) Diário de Bordo: nesta parte, os usuários registram suas anotações particulares. Caso queiram, eles podem compartilhar suas anotações;

b) Portfólio: nesta função, os usuários inserem suas produções, artigos, estudos e outros materiais produzidos no decorrer do curso. Aqui também os usuários podem compartilhar suas informações. A princípio, esta função também pode ser caracterizada como um recurso de gestão de conteúdo ou cooperação. O grupo classifica-a como comunicação pois ela se originou do correio eletrônico e sua concepção está voltada para comunicar e disponibilizar ao formador um trabalho concluído;

c) Intermap: outro destaque interessante do ambiente, ele busca apresentar graficamente visões das interações. O Intermap é uma ferramenta que disponibiliza relatórios sobre a participação dos integrantes nas interações realizadas nos “chats”, fóruns e correio. A figura a seguir apresenta duas visões na ferramenta, a primeira com visão estatística das interações e outro com uma visão do mapa de interações.

4.2.3. Argumentações e Justificativas

O Intermap (ROMANI, 2000) é uma ferramenta importante para avaliarmos as experiências deste grupo. Vale ressaltar que ela originou uma série de questões tratadas neste trabalho. A justificativa de uso do Intermap está pautada na necessidade de munir o formador sobre uma visão de como as interações estão ocorrendo no ambiente. Estas informações vão dar suporte às estratégias de avaliação formativa (OTSUKA, 2002), e com elas os formadores podem identificar dificuldades, pensar em mudanças de estratégia e aplicá-las no grupo. Por exemplo, com base em gráficos de barra ou mapas dos grupos, o formador pode identificar lacunas de colaboração, ou mesmo um indivíduo que precisa evoluir sua postura participativa e, assim, planejar as mudanças necessárias.

O enfoque dado à estratégia de visualização de informações é duplo, por um lado os recursos permitem munir os formadores com estatísticas, por outro, permitem que os aprendizes ampliem a visão do grupo com mapas de interações. As argumentações e justificativas, em geral, exploram mais o suporte ao formador.

Como justificativa para a concepção do Intermap, a autora comenta que apesar das potencialidades oferecidas pelas ferramentas em geral, a colaboração não acontece tão intensa entre os aprendizes, eles se voltam para a figura do professor. Ela relaciona este problema com as carências de âmbito social e afetivo. Com isso em mente, ela defende a exposição visual mais refinada das interações como um meio para ajudar a tratar essas dificuldades. Em alguns trabalhos isso é relacionado com o apelo social da teoria de Vygotsky.

Com base em discussões deste trabalho, vale discutir que o diário de bordo pode ser considerado um meio de fomentar a comunicação introspectiva, para utilizar o termo da ontologia, onde o usuário, pro meio das notas, pode conversar consigo mesmo. Ainda merece destaque a questão do compartilhar dessas notas. Isso pode ser caracterizado como uma estratégia compensatória para aumentar a consciência social e afetiva no grupo. Essa mesma interpretação pode ser dada para o emprego do portfolio, onde os usuários compartilham seus trabalhos com o grupo.

Os trabalhos pesquisados também permitem enxergar o esforço das evoluções graduais e contínuas que acontecem ao tentar aplicar as ferramentas. Percebeu-se que foram necessárias as avaliações providas pelos usuários, os ciclos de realimentação, aplicação, avaliação dos usuários e adequação. Tudo isso provocando o que os autores do TelEduc denominam ajustes nos parâmetros de interação (OEIRAS, 2002).

Ela ainda menciona em seu trabalho a dificuldade de se realizar à distância, atos como “se aproximar”, “perguntar”, “discutir”, “discordar”, “brincar”, fáceis de serem manifestados em situações presenciais. Ela referencia estes atos com a competência pragmática (MAINGUENEAU, 1998). Estas questões estão associadas com os atos de discursos, expostos na revisão teórica e formalizados na ontologia deste trabalho. 4.2.4. Comentários Finais

Os autores dos ambientes reconhecem as limitações envolvidas na comunicação mediada por computador para suporte à aprendizagem, eles apontam carências no volume de colaboração devido a perda do caráter afetivo e social. Para suprir isso, eles se utilizam das estratégias de visualização para dispor informações, sobretudo para os formadores, e assim provocar uma postura de avaliação formativa.

A princípio, as funções Diário de Bordo e Portfolio, por meio de seus recursos de compartilhamento, também podem melhorar o aspecto afetivo e social do ambiente. Com um apelo mais afetivo, o diário de bordo permite que outros vejam anotações de caráter mais particular. Já com o apelo mais produtivo, o Portfolio permite encontrar pessoas que possam debater certo tema ou ajudar em determinada tarefa. Com esses dois enfoques, esses recursos podem ser uma experiência concreta da busca do “par mais capaz” (VYGOTSKY, 1984).

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