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4.3 Procedimentos Metodológicos

4.3.3 Tempo 2: Ensino Fundamental

Os estudos de caso das sete crianças envolveram a participação das suas famílias e professoras. Nesta etapa, também se realizou um mergulho etnográfico com observações diretas registradas em diário de campo (e algumas filmagens), conversas com a professora, conversas e brincadeiras informais com as crianças, sempre visando à inserção da pesquisadora no universo cultural da instituição e a obtenção de informações relevantes. As observações foram realizadas desde o início da jornada escolar até a finalização O resumo dos procedimentos metodológicos do Tempo 2 consta na Tabela 7:

Tabela 7. Resumo dos procedimentos metodológicos Tempo 2

Procedimentos Mês – Início Mês - Fim Sessões

Observações em sala de aula Fevereiro Junho 20 em cada

escola. Conversas informais professoras e

crianças

No percurso de toda a

pesquisa. Várias.

Entrevista individual com cada criança Maio Maio Uma por cada

criança.

Diário de Desenhos Fevereiro Maio Três sessões por

cada criança.

Procedimentos Mês – Início Mês - Fim Sessões Uma em cada

contexto.

Escola de Bonecos Abril Abril Três: duas duplas

e um trio.

Conto 2 Maio Maio Três: duas duplas

e um trio.

Entrevista com pais ou responsáveis Junho Junho 1

Entrevista com professora Junho Junho 1

Os procedimentos específicos serão descritos a seguir. 1. Observações em sala de aula

Durante o primeiro semestre do ano letivo do EF, foram realizadas observações naturalísticas diretas e algumas filmagens, quando a professora permitia, na sala de aula. Foram registradas, ainda, todas as atividades propostas pelas professoras, durante o período de observação, em protocolo específico e em diário de campo. Estas observações foram realizadas pela pesquisadora duas ou três vezes por semana em cada turma, onde as crianças frequentavam o primeiro ano do EF, e com a ajuda de uma assistente de pesquisa devidamente treinada.

2. Diário de desenhos

No início do ano letivo no EF, entregamos um caderno para cada criança participante do estudo, no qual pedimos que desenhasse, ao menos uma vez por semana, suas vivências, ideias, impressões. Na instrução, falamos para a criança desenhar à vontade, fazer colagens, pintar, fazer desenhos ou histórias sobre a escola, professora, colegas, sua família, ou o que quisesse. As crianças ficaram com o caderno por três meses. Ao final de cada semana, a pesquisadora tirou cópia dos desenhos produzidos pelas crianças, e, uma vez por mês, conversou com cada uma sobre seu caderno. Isso foi feito ao longo do período de três meses, totalizando três conversas com cada criança. Essas sessões foram devidamente registradas em filmadora e gravadores digitais, e transcritas posteriormente na íntegra.

3. Atividades Semiestruturadas com as Crianças

Nesta etapa, realizamos um número maior de atividades semiestruturadas que permitiram a produção de significações mais diversas feitas pelas crianças em relação a

suas significações de si e a suas experiências em geral. Todas as atividades foram filmadas e posteriormente transcritas na íntegra.

4. Escola de Bonecos

Esta situação foi igual à realizada na EI, apenas alguns novos matérias foram introduzidos para ver se as crianças estabeleciam diferenças entre o contexto anterior, EI, e a escola de EF. Os materiais que se acrescentaram para o Tempo 2 desta situação foram:

1) Uma boneca de pano levemente sorrindo, que representa uma professora com a mesma cor da pele e do cabelo da professora das crianças do Ensino Fundamental (25 cm).

2) Cinco mesinhas das usadas no Ensino Fundamental.

A sessão foi iniciada trazendo para as crianças a professora do ano anterior, e depois introduzindo a nova professora do novo contexto de sala de aula. Pedimos para as crianças falarem dessa situação, explorando o que percebiam como bom, ruim, o que poderia mudar na nova escola e questões semelhantes.

5. Conversa individual com cada criança selecionada

Foram organizadas sessões individuais para brincar e conversar com cada criança. As crianças foram solicitadas a desenhar e conversar sobre o que mais gostavam e o que menos gostavam na sua escola, em sua professora, em seus colegas, nelas mesmas, e o que gostariam que mudasse ou não mudasse no ambiente escolar. Nosso objetivo foi explorar os processos de significação de si (produção de indicadores das Posicionamentos Dinâmicos de Si).

6. Contos

Esta foi uma atividade realizada em grupo com as crianças selecionadas. O grupo teve no máximo quatro e no mínimo duas crianças. Foram trabalhados dois contos, um conto que aprofundou uma situação de conflito decorrente de mudança (transição) na vida de uma criança, e o outro conto apresentou especialmente o assunto das significações de si.

No conto, pensar na personagem instiga a criança a encontrar, ou propor, saídas e soluções para conflitos que antes não foram considerados ou formulados por ela, gerando posicionamento diante de dilemas ou dificuldades imaginadas. O conto permite

considerar emoções, medos, expectativas, desconhecimentos, por parte das crianças. Possibilita, assim, explorar sentimentos e emoções que podem ser difíceis de pensar e elaborar, de forma direta, explícita e ameaçadora.

O primeiro conto: a personagem principal, Mini, passa por diversas experiências em seu processo de transição da EI para o EF (ver transcrição do conto no anexo 6). Mini é uma menina muito alta que está no jardim de infância e dentro de pouco tempo vai começar o EF. Ela sofre pelo seu tamanho e, também, seu irmão tem falado muitas coisas assustadoras sobre a escola e sobre o primeiro ano. Durante o conto, a pesquisadora conversa com as crianças sobre esses desafios e mudanças na vida do personagem (e também nas vidas das crianças participantes!), discutindo os problemas decorrentes das mudanças de escola, dificuldades, coisas boas, problemas e soluções. Este conto foi abordado em uma sessão.

O segundo conto: ―O S po é S po‖ M x V lthu js (v r tr ns r o no n xo 7). Aqui, o personagem principal (o sapo) se encontra à procura do que é especial nele mesmo. Os significados que propõe o texto sugerem que as crianças pensem em si mesmas, reconheçam o que lhes é próprio e valorizem suas particularidades. Este conto foi abordado em uma sessão de grupo e posteriormente em sessões individuais, com cada criança, focadas no reconhecimento de PDS.

Orientações para o trabalho a partir do conto com a criança:

 Leitura do conto (esclarecer dúvidas)

 Discussão com a criança sobre os eventos, situações, emoções, etc., relacionados ao conto.

 Explorar as falas emergentes no contexto, particularmente relacionadas ao tópico da pesquisa.

7. Entrevista com a Família

Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com a família da criança no término do semestre. Nesta entrevista, destacamos as ideias dos pais sobre o processo de transição de seus filhos, as suas expectativas em relação ao ingresso no Ensino Fundamental, as mudanças por eles percebidas nas atitudes das crianças, com o ingresso ao primeiro ano, entre outras. O roteiro da entrevista se encontra no anexo 8. Esta entrevista foi gravada em áudio e posteriormente transcrita na íntegra.

8. Entrevista com a Professora

Foi realizada uma entrevista semiestruturada com a professora, na qual destacamos as concepções sobre o processo de transição e as medidas por ela utilizadas, ou não, para facilitar a adaptação das crianças ao EF. Da mesma forma, a professora informou sobre as características pessoais de cada uma das crianças participantes do estudo. O roteiro da entrevista se encontra no anexo 9. Esta entrevista foi gravada em áudio e posteriormente transcrita na íntegra.