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Mapa 1 Caicó Localização da cidade

3.3. TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO URBANO EM CAICÓ ATUALMENTE

As consequências do fluxo populacional à cidade de Caicó são inevitáveis. Logo, configura-se a ampliação nas taxas de crescimento populacional, determinando o aparecimento dos bairros periféricos. Nesse sentido, ver a tabela 01, que segundo, IBGE (1970 a 2010), os números indicam o crescimento populacional de Caicó, no período de 1970 a 2010.

Tabela 01 – Caicó. População total, urbana e rural, entre 1970-2010

ANOS TOTAL URBANA RURAL

1970 1980 1991 2000 2010 36.521 40.028 50.658 57.002 62.727 24.538 30.793 42.801 50.624 57.464 11.983 9.235 7.857 6.378 5.263 Fonte: IBGE: 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

Os dados da tabela 1 indicam que entre os anos de 1970 e 2010, houve um aumento da população total na ordem de 71, 7%, destacando-se a ampliação da população urbana e o decréscimo da população rural, fatos esses que já foram citados e tem explicação na crise do algodão, com reflexos que influenciaram na dinâmica populacional da urbe, na estrutura produtiva e na organização espacial da cidade caicoense.

Como já descrito anteriormente, a nova configuração espacial é fruto também de um processo de periferização, ou seja, foi levada em consideração a espacialidade anterior dos antigos bairros, haja vista que se fazia necessário adequar-se à nova realidade espacial. Assim sendo, evidencia-se a falta de um planejamento urbano na referida cidade, pois, em sua área periférica ocorreram doações e invasões de terrenos, ampliando e fazendo surgir novos bairros. Desta feita, pode-se inferir que tem ocorrido a expansão do perímetro urbano citadino, seja com a formação de novos bairros, como também, com a ampliação dos já existentes, devendo ressaltar que esse processo é acompanhado pela geração de graves problemas, como a segregação socioespacial de algumas áreas que passam a ser marginalizadas e menos atrativas que outras, como o citado caso do bairro João XXIII, o nosso objeto espacial de estudo.

Diante da questão urbanística de Caicó, e observando que a referida cidade tem mais de 20 mil habitantes, ainda de acordo com a determinação do Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257, de 2004), se faz necessário que o ente municipal viabilize um plano diretor condizente e de acordo com as necessidades da cidade em prol da população. Nesse sentido:

Plano Diretor é o instrumento básico da política municipal de desenvolvimento urbano (artigo 182, §1o). Cabe ao Plano Diretor cumprir a premissa constitucional da garantia da função social da cidade e da propriedade urbanas. Ou seja, é justamente o Plano Diretor o instrumento legal que vai definir, no nível municipal, os limites, as faculdades e as obrigações envolvendo a propriedade urbana. Tem, portanto, uma importância imensa. O Plano Diretor deverá explicitar de forma clara qual o objetivo da política urbana. Deve partir de um amplo processo de leitura da realidade local, envolvendo os mais variados setores da sociedade. A partir dessas premissas pode-se estabelecer o destino específico a que se quer dar às diferentes regiões do município, embasando os objetivos e as estratégias. A cartografia dessas diretrizes corresponde a um macrozoneamento, ou seja, a divisão do território em unidades territoriais que expressem o destino que o município pretende dar às diferentes áreas da cidade (Brasil, 2004, p. 41). Diante da citação, percebe-se claramente a urgente prioridade de implantação de um plano urbanístico para Caicó, uma vez que necessita ter a capacidade de revisar, atualizar e planejar a dinâmica espacial citadina, a fim de melhorar a dinâmica territorial fragmentada existente na cidade.

Dessa forma, devem-se organizar os bairros, dando a eles a estrutura devida nos serviços e equipamentos urbanos que existem e os que vão ser construídos, haja vista que, o referido plano diretor caicoense, teve sua origem em 2006, num escritório de advocacia, nesse sentido, BRITO (2016:40), indica que:

Segundo informações fornecidas pelo Secretário Municipal de Planejamento e Articulação Institucional e pelo vereador Jose Rangel de Araújo, o referido Plano diretor foi elaborado de acordo com o plano diretor de um município de porte médio da Região Sul do Brasil.

Diante disso, podemos questionar se as características desse plano atenderam as necessidades urbanísticas da cidade em questão, pois, como evidencia a citação anterior, não existiu uma equipe técnica para elaboração do projeto, uma vez que o mesmo foi fortemente baseado num plano elaborado para uma cidade do sul do Brasil. Ademais, poderia se questionar a falta de discussão com a população para saber as suas reais necessidades.

Equidade é o que se espera dos entes públicos em relação à comunidade e que toda a população possa ter acesso aos equipamentos e serviços urbanos que o poder público possa oferecer, seja para a população carente que corresponde à maioria da população, seja para a população mais abastada, que corresponde a uma minoria. Assim, tentar proporcionar um território organizado, com os equipamentos urbanos funcionando e quem sabe, atenuar e acabar com a segregação espacial.

Diante do exposto e de acordo com Secretaria Municipal de Tributação e Finanças da Prefeitura Municipal de Caicó (2016), podemos apresentar a tabela 02, que trata dos bairros da referida urbe, na sua composição do perímetro urbano, esta, mostra a nova configuração espacial, onde se configura a formação de novos bairros e o a ampliação dos já existentes.

Tabela 02 - Caicó. Bairros que compõem o perímetro urbano no ano de 2016 ZONAS

URBANAS

BAIRROS

NORTE Boa Passagem, Vila do Príncipe, Recreio, Darcy Fonseca, Alto da Boa Vista, Samanaú, Salviano Santos, Serrote Branco, Conjunto Senador Dinarte Mariz e Raimundo Silvino da Costa (Raimundo Pretinho).

SUL Paraíba, e Soledade.

ÁREA CENTRAL Centro e Acampamento.

LESTE Penedo, Nova Descoberta, Conjunto Castelo Branco, Vila Altiva, Vila Doutor Carlindo Dantas, Itans, Canutos & Filhos, Maynard, Bento XVI, Santa Costa, e Conjunto IPE.

OESTE Barra Nova, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Walfredo Gurgel, Frei Damião, Adjunto Dias, Lula Januario, São Jose e Distrito Industrial.

Fonte: Prefeitura Municipal de Caicó, 2016.

A tabela 02 indica que, em 2016 o perímetro urbano de Caicó, contava com cinco zonas urbanas (Norte, Sul, Área Central, leste e Oeste) e 35 bairros, muitos destes bairros não existem oficialmente, ou seja, não existe lei de delimitação municipal, e assim causando confusão no espaço geográfico da cidade de Caicó-RN.

Os dados mostram que nos últimos 40 anos, houve um crescimento do perímetro urbano da cidade. Por sua vez, está foi acompanhada de alguns serviços e equipamentos

urbanos como, educação, saúde e transporte, entretanto, há que se reconhecer que essa expansão vem acarretando graves problemas para o ordenamento urbano da cidade, pois o município deixa a desejar e não dá a vazão adequada e a tempo da população mais carente, principalmente, nos bairros periféricos da cidade, que em última instância é quem mais necessita desses serviços do cotidiano da cidade. Nessa linha de raciocínio, BRITO (2016: 39), afirma que:

O processo de expansão urbana é acompanhado pela ausência de políticas públicas que valorizem todos os bairros da cidade, promovendo desenvolvimento territorial de forma simétrica no território caicoense como um todo. Isso ocorre por que as ações políticas são definidas, principalmente, pelos interesses dos agentes hegemônicos do mercado, e não conforme o bem-estar coletivo [...].

A prestação de serviços e equipamentos públicos urbanos advindos dos poderes competentes ainda deixa muito a desejar, pois apesar dos mesmos terem sido implantados com mais intensidade no período em estudo, constata-se que eles não acompanharam o ritmo de crescimento urbano da cidade.

Nesse aspecto, a tarefa primordial dos gestores públicos municipais é melhorar a gestão, monitorando os equipamentos existentes, criar critérios urbanísticos para mais e melhores serviços para os moradores, tendo em vista as péssimas condições de vida que se verifica em muitos bairros afastados do centro da cidade.

Nessas áreas periféricas da cidade as condições sócio-econômicas são precárias e excludentes, nesse contexto, recorremos a Milton Santos, que aborda com profundidade aspectos críticos e analíticos, que seguramente trará debates e reflexões sobre a sua própria condição de cidadão.

Desta feita, pode-se inferir que é impossível imaginar uma cidadania plena em que o componente territorial não esteja presente, a esse respeito, Milton Santos, (2007:130). Afirma que, “Num território onde a localização dos serviços essenciais é deixada à mercê da lei do mercado, tudo colabora para que as desigualdades sociais aumentem”.

A literatura indica que a infra-estrutura de serviços e equipamentos urbanos, seja ele, fixos ou fluxos, deve interagir a fim de melhorar a organização espacial da cidade e da sua população no que diz respeito ao saneamento básico, pavimentação de ruas, boas condições de moradia, transportes, hospitais de qualidade e escolas que dê formação integral aos cidadões. Nessa abordagem, SANTOS, (1988, apud LEIRIAS e FURQUIM, 2017), destaca que:

O espaço é resultado constante dessas interações entre fixos e fluxos, materialidade e imaterialidades, realidades palpáveis e virtualidades, razão e emoção, como diz o mestre, Milton Santos, Construções, edificações, como ruas, casas, edifícios, usinas, são localizáveis espacialmente, são passíveis de georeferenciamento. A princípio, podemos considerá-las como elementos espaciais fixos, que não saem do lugar, ou melhor, do local. Têm formas. Mas, como elementos espaciais construído pelas ações humanas são dotados de intencionalidades, logo, têm função. Nelas são exercidas atividades que justificam sua construção, atraem pessoas que utilizam meios de transportes por diferentes vias, potencializam, consomem e transformam energia, circulam capital, possibilitam circulação e contatos humanos, trocas de informação, de comunicação e podem produzir conhecimento.

Como a citação indica, na cidade existe a necessidade que tais equipamentos possam interagir, pois, só com a dinamicidade dos mesmos que vai proporcionar melhores serviços para a população. Assim sendo, o espaço urbano deve está aberto às mudanças e melhorias que a necessidade urbanística exige, seja ele fixo e ou fluxo, levando em consideração as contradições, conflitos e diversidade de escolhas da população.

Depois de ter estudado sobre a formação e a dinâmica espacial de Caicó, nas décadas de 1970 a 1990 e o momento atual, podemos agora apresentar no próximo capítulo, as algumas características do bairro João XXIII e a sua delimitação, os direitos do cidadão e as políticas voltada ao equipamento urbano fixo escola. E nessa linha, faremos algumas reflexões sobre o nosso objeto de estudo, a Escola Municipal Professor Mateus Viana.

4. CARACTERÍSTICAS DO BAIRRO JOÃO XXIII: LOCALIZAÇÃO,

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