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Reflexões sobre o equipamento urbano educação: o caso da Escola Municipal Prof. Mateus Viana. Bairro, João XXIII, em Caicó-RN.

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DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - DGEO CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

FÁBIO NUNES DOS SANTOS

REFLEXÕES SOBRE O EQUIPAMENTO URBANO EDUCAÇÃO: O CASO DA ESCOLA MUNICIPAL PROF. MATEUS VIANA. BAIRRO, JOÃO XXIII, EM

CAICÓ-RN.

Caicó/RN 2018

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REFLEXÕES SOBRE O EQUIPAMENTO URBANO EDUCAÇÃO: O CASO DA ESCOLA MUNICIPAL PROF. MATEUS VIANA. BAIRRO, JOÃO XXIII, EM

CAICÓ-RN.

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Centro de Ensino Superior do Seridó, como parte dos requisitos para obtenção do título de graduação em Geografia-Bacharelado

Orientadora: Profª. Drª. SANDRA KELLY DE ARAÚJO.

Caicó/RN 2018

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Santos, Fábio Nunes dos.

Reflexões sobre o equipamento urbano educação: o caso da Escola Municipal Prof. Mateus Viana. Bairro, João XXIII, em Caicó-RN / Fábio Nunes dos Santos. - Caicó: UFRN, 2018.

60f.: il.

Monografia (Bacharelado em Geografia) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó - Campus Caicó. Departamento de Geografia. Curso de Graduação em Geografia.

Orientadora: Drª. Sandra Kelly de Araújo.

1. A cidade de Caicó - Monografia. 2. Equipamento urbano fixo social - Monografia. 3. Escola - Monografia. 4. Entorno da escola - Monografia. 5. Estudante - Monografia. I. Araújo, Sandra Kelly de. II. Título.

RN/UF/BS-CAICÓ CDU 911:711

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______________________________________________ Profª. Drª. Sandra Kelly de Araújo (Orientadora) ______________________________________________

Profº. Drº. Iapony Rodrigues Galvão (Membro) ______________________________________________

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Para se chegar até a apresentação dessa monografia, passamos por várias etapas difíceis. Isso só foi possível com a ajuda, primeiramente, de Deus, dos professores, e de pessoas, aos quais, temos o prazer de citá-las em nossa pesquisa e agradecê-las.

Aos meus pais, João e Isabel, o meu muito obrigado, apesar das dificuldades, por me ter conduzido ao aprendizado do saber da vida.

À minha orientadora, Profª. Drª. Sandra Kelly de Araújo, com sapiência e o companheirismo de sempre.

Ao engenheiro civil, Flávio Cácio de Medeiros, registrado no Conselho Regional de Engenharia Arquitetônica (CREA/RN), matrícula nº 3293-D, pela parceria das discussões em torno do urbano de Caicó.

Ao corpo técnico da Escola Municipal Mateus Viana e os seus alunos, que tão bem nos receberam, respondendo a nossa pesquisa de forma sempre cordial. Brilhantes parceiros.

Aos meus colegas de curso: Alex, Sr. Manoel, Carlos e todos os outros, pelos bons e maus momentos que passamos juntos.

A todos os funcionários e bibliotecários do Campus, pela paciência que tiveram conosco.

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As cidades têm dimensão material, sendo as mesmas, formas espaciais, como também, dimensões de comportamentos, correspondendo às formas jurídicas e sociais. Assim sendo, os espaços urbanos apresentam-se de forma aberta as mudanças do mundo contemporâneo e do cotidiano, sendo detentores de vários significados. Entretanto, no seu interior, existem contradições, conflitos e diversidade de escolhas. Nesse sentido, essa monografia traz algumas reflexões sobre o ordenamento urbano em Caicó-RN, em seu processo de formação, uso e ocupação do solo e redefinição do espaço territorial, entre as décadas de 1970 até os dias atuais. Assim sendo, o objeto dessa pesquisa refere-se às Reflexões do equipamento urbano educação: o caso da Escola Municipal Prof. Mateus Viana. Bairro, João XXIII, Caicó-RN. Nesse contexto, destacaremos as questões do equipamento urbano fixo social, no caso específico, a escola. Além disso, propomos-nós caracterizar e identificar as pressões/impactos do objeto de pesquisa e mitigá-los, a fim de melhorar a estrutura física da referida escola e o seu entorno, levando conseqüentemente, a buscar criar um ambiente urbano de maior qualidade sócio-espacial, que beneficie estudantes, pedestres e condutores de veículos que transitam nesse local da cidade, melhorando o uso e a ocupação do solo urbano. O tipo da pesquisa é bibliográfico e de campo, o qual buscou instrumentos, como; literatura técnica e científica, as leis, as normas, as fotos, as ilustrações, questionário aberto, entrevista informal, visitas in loco, a delimitação do objeto de pesquisa, entre outros.

Palavras-Chave: A cidade de Caicó. Equipamento urbano fixo social. Escola. Entorno da escola. Estudante.

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Cities have a material dimension, being the same, spatial forms, as well as dimensions of behavior, corresponding to legal and social forms. Thus, urban spaces are openly presenting the changes of the contemporary world and the everyday, being holders of several meanings. However, inside, there are contradictions, conflicts and diversity of choices. In this sense, this monograph brings some reflections on the urban planning in Caicó-RN, in its process of formation, use and occupation of the soil and redefinition of the territorial space, from the 1970s to the present day. Thus, the object of this research refers to the Reflections of the urban equipment education: the case of the Municipal School Prof. Matthew Viana. Bairro, João XXIII, Caicó-RN. In this context, we will highlight the issues of fixed urban social equipment, in the specific case, the school. In addition, we propose to characterize and identify the pressures / impacts of the research object and to mitigate them, in order to improve the physical structure of said school and its surroundings, leading, consequently, to create a higher quality urban environment partner space, which benefits students, pedestrians and drivers of vehicles that travel in this place of the city, improving the use and occupation of urban land. The type of research is bibliographical and field, which sought instruments, such as; technical and scientific literature, laws, standards, photos, illustrations, open questionnaire, informal interview, on-site visits, delimitation of the research object, among others.

Keywords: The city of Caico. Fixed social urban equipment. School. Surroundings of the school. Student.

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Figura 1- Caicó. Eventos implantados a partir da década de 1970. 27 Figura 2 - Caicó. Entrada do bairro, João XXIII, pela passagem molhada. 37 Figura 3 - Caicó. Escola M. Prof. Mateus Viana. Desfile cívico de 07 de Set./2017. 42 Figura 4 - Caicó. Ausência de sinalização em frente à Escola M. Prof. Mateus Viana. 46 Figura 5 - Caicó. Calçada em frente à Escola M. Prof. Mateus Viana. 46 Figura 6 - Caicó. Lateral da calçada da Escola M. Prof. Mateus Viana. 47 Figura 7- Caicó. Ausência de estacionamento na frente da Escola M. Prof. Mateus

Viana. 47

Figura 8 - Modelo de ilustração padrão do M. da Educação no entorno de uma escola. 48 Figura 9- Modelo de ilustração de sinalização DENATRAN, em área escolar. 49

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Mapa 1 - Caicó. Localização da cidade. 2015. 25 Mapa 2 - Caicó. Localização da Escola Municipal Professor Mateus Viana 35

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Tabela 01: Caicó – População total, urbana e rural, entre 1970-2010 30 Tabela 02: Caicó – Bairros que compõem o perímetro urbano no ano de 2016 32

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ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AABB - Associação Atlética Banco do Brasil

CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística P.M.C. – Prefeitura Municipal de Caicó

SEMECE – Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte SUCAM - Superintendência de Campanhas de Saúde Pública EMPMV – Escola Municipal Professor Mateus Viana

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

TELERN - Telecomunicações do Rio Grande do Norte ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte LDB – Lei de Diretrizes de Base da Educação

ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social PPP - Projeto Político Pedagógico

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1. INTRODUÇÃO 12

2. CONTEXTO DAS CIDADES BRASILEIRAS 15

2.1. O CONTEXTO DAS CIDADES DO NORDESTE BRASILERO 17

2.2. ORDENAMENTO TERRITORIAL: EQUIPAMENTOS URBANOS, FIXOS E

FLUXOS 18

2.3. EQUIPAMENTO URBANO FIXO 19

2.4. LEGISLAÇÃO E NORMAS QUE REGEM O TEMA 21

3. CARACTERIZAÇÃO E FORMAÇÃO DO ESPAÇO TERRITORIAL DE

CAICÓ 24

3.1. CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO CAICOENSE 26

3.2. TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO URBANO EM CAICÓ, NAS DÉCADAS DE

1970/1980/1990 27

3.3. TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO URBANO EM CAICÓ ATUALMENTE 30

4. CARACTERÍSTICAS DO BAIRRO JOÃO XXIII: LOCALIZAÇÃO,

DELIMITAÇÃO E ALGUMAS REFLEXÕES 35

4.1. OS DIREITOS DOS CIDADÃOS AO EQUIPAMENTO URBANO FIXO, ESCOLA 37 4.2. PARAMETROS DE INCLUSÃO, BARREIRAS E ACESSIBILIDADE ESPACIAL

NO AMBIENTE ESCOLAR 39

4.3. IMPORTANCIA EM MANTER EQUIPAMENTO URBANO FIXO ESCOLA E

SEU ENTORNO ORGANIZADO 40

4.4. A PRÁTICA ESPORTIVA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO INTEGRAL DO ALUNO/ENSINO APREDIZAGEM DA ESCOLA MUNICIPAL PROF. MATEUS

VIANA 42

4.5. A AUSÊNCIA DE SINALIZAÇÃO NO ENTORNO DA ESCOLA MUNICIPAL

PROF. MATEUS VIANA 44

5. CONCLUSÃO 50

REFERÊNCIAS 53

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1. INTRODUÇÃO

Inicialmente, comunicamos que não temos a pretensão de esgotar o tema a ser abordado, mas trazer algumas reflexões acerca das cidades, pois, o tema é atual e complexo, necessitando de estudos e pesquisas dos mais variados profissionais, a fim de amenizar as contradições, conflitos e diversidade de escolhas que existem no interior de uma cidade.

As literaturas indicam que os problemas atuais das cidades já eram conhecidos de nossos antepassados, num indicativo forte de que nas cidades sempre houve problemas. Por sua vez, estes continuam na atualidade e em alguns casos até foram ampliados. Levando-se em consideração as características de um pais ou região, esse processo começou a ocorrer com maior intensidade depois da II Guerra Mundial (1939-1945) nos países da América Latina, devido a industrialização e a urbanização.

O Brasil, com as devidas especificidades, não foi exceção a esse contexto. Iniciava-se em 1950 o intenso processo de industrialização e urbanização, uma vez que o país era essencialmente rural, produtor de produtos agrícolas. Tal processo acarretou mudanças radicais na estrutura urbana das grandes cidades brasileiras, gerando problemas sociais, econômicos e ambientais que afetaram diretamente a vida da população. Os migrantes oriundos de lugares variados, como cidades médias e pequenas, bem como do campo, procuravam as cidades grandes, pois estas aparentemente podiam lhes oferecer uma oportunidade de emprego e, consequentemente, dias melhores.

As cidades se organizam segundo sua posição dentro da hierarquia urbana e, por possuírem uma localização privilegiada, destacam-se, por sua importância econômica, uma maior população e o grau de desenvolvimento. Dessa forma, exercendo uma função polarizadora sobre as outras em sua volta. O processo de urbanização brasileira é caracterizado pelo surgimento das cidades-pólo, estas, como estão despreparadas, sofrem pelos graves problemas de uso e ocupação do solo desordenado, que são evidenciados nesses centros urbanos e que causa problemas de toda ordem para as populações.

Levando-se em consideração as devidas proporções, o processo migratório convergiu também para a região do Seridó, mais precisamente para Caicó-RN, tal fato é proporcionado e consolidado até a década de 1960, quando verificou-se nesta região grande importância econômica para o Estado potiguar, pois a cotonicultura, ou seja, cultura do algodão mocó ou Seridó, principal produto da economia seridoense na época, apresentava expressivos resultados

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econômicos, face à boa qualidade do produto e, consequentemente, boas condições de comercialização.

Entretanto, em 1970, dá-se a queda do preço do produto em função da concorrência com as fibras sintéticas de outros mercados, além da falta de incentivos governamentais e vontade política para superar a crise. Desta feita, a economia caicoense e da região entra em crise, causando o fechamento das usinas que comercializavam o algodão. Essa situação provocou um alto índice de desempregados no campo e nas cidades vizinhas de Caicó/RN, verificando-se, na citada década e nas duas seguintes um pequeno, mas, contínuo fluxo migratório para Caicó. Nesse sentido, o IBGE, registra o aumento da população urbana e diminuição da população rural, tal fato, ocorre devido à relevância da urbe como cidade importante da região do Seridó, principalmente, no que diz respeito aos serviços públicos aqui instalados.

No âmbito do Rio Grande do Norte, a cidade de Caicó é considerada uma cidade relevante e, como outras cidades desse nível, têm uma organização espacial em que se evidencia o centro e, em seu entorno, a periferia. Nesse sentido a cidade sofre com os problemas urbanos que são comuns à grande maioria das cidades brasileiras de médio e grande porte, seja pela falta de um melhor saneamento básico, de uma boa pavimentação das ruas, de bairros bem delimitados, de escolas e postos de saúde de boa qualidade.

Assim, com essa monografia, apresentamos para discussão um estudo acerca do seguinte tema: Reflexões sobre equipamento urbano educação: o caso da Escola Municipal Prof. Mateus Viana. Bairro, João XXIII, em Caicó-RN. O objetivo da mesma é trazer reflexões sobre a questão do equipamento urbano fixo social, no caso, a Escola. Notadamente, um tema dessa importância está atrelado ao ordenamento urbano da cidade, em seu processo de formação/redefinição do espaço territorial e o uso e ocupação do solo, Nesse contexto, foi possível identificar, analisar, caracterizar e compreender os pressões/impactos a serem mitigados. Numa escala temporal, recorremos ao processo dinâmico do crescimento urbano da cidade de Caicó/RN, nas décadas de 1970, até os dias atuais.

A importância em realizarmos uma pesquisa dessa natureza, justifica-se, primeiro, pela necessidade do bacharel em Geografia de lidar com temas da realidade urbanística das cidades e de Caicó, estes profissionais, estão diretamente ligado ao aprendizado do curso de geografia-bacharelado, buscando entendimento de conceituações como dos fixos e dos fluxos. Além disso, constatou-se no objeto da pesquisa a necessidade de ampliação e reparos em sua estrutura física interna, como também, a sinalização adequada no entorno da escola. Dessa forma, o equipamento urbano fixo necessita de monitoramento constante, pois, no caso em questão (a

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escola), os usuários são crianças. Esses aspectos, se considerados, ajudarão em muito a formação dos estudantes e a locomoção em segurança de todos no entorno.

Como embasamento, a pesquisa utilizou à literatura técnica e científica, as leis, as normas, as fotos, as ilustrações, questionário aberto, entrevista informal, visitas in loco. Quanto à delimitação da área do objeto de pesquisa, foram utilizadas, as malhas digitais do IBGE, imagens do Google Earth e o uso da ferramenta de software livre do tipo, DATUM SIRGAS 2000. Entre outros.

Seguindo uma estrutura lógica, essa pesquisa encontra-se estruturada em 4 capítulos: O primeiro apresenta uma introdução à temática em questão.

O segundo apresenta uma fundamentação teórica sobre a cidade, ordenamento territorial, legislação e normas.

O terceiro refere-se às tendências de crescimento urbano em Caicó, nas décadas de 1970/1980/1990, até os dias atuais. Nele, retratemos como se deu a forma de crescimento urbano da cidade.

O quarto aborda um estudo sobre o objeto de pesquisa, nele, caracterizamos e delimitamos o bairro, João XXIII, bem como, o equipamento urbano fixo social: escola, dando ênfase aos impactos referentes à falta de uma quadra de esportes na formação integral dos alunos, como também, a falta de sinalização no entorno dessa escola.

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2. CONTEXTO DAS CIDADES BRASILEIRAS

A civilização contemporânea é marcada por um processo acentuado de movimentos migratórios das suas populações que buscam o bem estarem de vida. Conseqüentemente, a cidade e o urbano são sempre alvos de debates e discussões. Nesse sentido, SANTOS (1996:69), afirma que, “O urbano é frequentemente o abstrato, o geral, o externo. A cidade é o particular, o concreto, o interno. Não há o que confundir”. Pela sua importância no contexto mundial as cidades têm dimensão material, que são as formas espaciais, como também, dimensões de comportamentos, que são as formas jurídicas e sociais. Diante desses aspectos, observa-se uma gama imensa de intelectuais dos mais variados campos científicos interessados no assunto.

Assim o artigo intitulado, Educação, Cidade, Memoria: nas entrelinhas do saber-aprender, de Eugênia Maria Dantas, (2000: 01-02), no qual, em seu relevante trabalho, a mesma mostra com clareza a relação de trocas que existe entre educação, cidade e memória. Dessa forma, ela afirma que, “A cidade é entendida como espaço pluridimensional e transdisciplinar, capaz de abarcar saberes que alimenta e reciclam a cultura e que, portanto, participa do imaginário, da representação da educação”.

Assim sendo, essa linha de raciocínio indica que o espaço urbano apresenta-se de forma aberta as mudanças do mundo contemporâneo e do cotidiano, é detentor de vários significados, mas também, apresenta no seu interior contradições, conflitos e diversidade de escolhas.

Quando interpretamos a crise da cidade dentro de uma visão histórica, logo constata-se que os vários problemas que atualmente vivenciamos nas cidades já foram também vivenciados no passado e, portanto, a questão não é novidade. Senão vejamos algumas passagens citadas por PINTAUDI (1999: 132-133):

Na Grécia, a polis ficava no alto da colina e aí moravam patrícios e clientes... enquanto a plebe, que não podia morar na cidade santa, construía suas casas ao pé da colina. Em Roma... a situação não era diferente: no monte Palatino... viviam patrícios e clientes ... enquanto os plebeus... habitavam os chamados asilos (Recintos fechados).

A sociedade medieval também produziu uma cidade, cujo espaço era indicativo de segregação e hierarquia. A sociedade capitalista, em seus primórdios, concebe seu espaço, associando-o ao tempo e ao movimento- é a noção de limites que se modifica, e a cidade se expande e atrai novos contingentes de população.

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Diante das considerações acerca do que seja cidade e de uma visão histórica a respeito das mesmas, podemos afirmar que os problemas atuais das mesmas já eram conhecidos de nossos antepassados, dando um indicativo forte de que as cidades sempre apresentaram problemas, estes continuam na atualidade, com características próprias do momento. Levando-se em consideração as características de um país ou região, esse processo começou a ocorrer com maior intensidade depois da II Guerra Mundial (1939-1945) nos países da América Latina, devido ao processo de industrialização. Conseqüentemente, o crescimento urbano das cidades.

O Brasil, com as devidas especificidades, não foi exceção a esse contexto citado acima, iniciando em 1950 o intenso crescimento de industrialização e paralelamente de crescimento urbano. Na década de 1960, o Brasil tinha um contingente populacional expressivo (50%) em área urbana. Já no censo do IBGE (2010), 85% da população estavam concentradas nas cidades brasileiras, geralmente, atraídos por desejos de melhorar a condição socioeconômica que nem sempre se concretizava e todo esse processo de crescimento das cidades acarretou mudanças radicais na estrutura urbana, gerando problemas básicos e de toda ordem, seja, surgimento da favelização urbana, os problemas de transportes, de saneamento, de educação e de saúde. A esse respeito, MORAIS, et al (2008: 94), diz que:

Este crescimento provocou nas cidades, que não estavam preparadas para isto, o acúmulo de infinidades de problemas. A expansão demográfica desenfreada unida à ausência de planejamento para receber esta expansão, refletiu-se em consequentes ampliação do perímetro urbano das cidades. Estas, na maioria das vezes, não possuíam legislações específicas para absorver este crescimento e não estavam preparadas para o aumento da densidade populacional na ocupação do solo, vindo a acarretar profundas modificações sociais e estruturais no espaço urbano.

Notoriamente, o cotidiano urbano brasileiro nas décadas de 1950 e 1960 é o espaço desumano dos cortiços, das favelas e dos bairros periféricos, lugares esses muitas vezes desprovidos de estrutura urbana e, em muitos casos, os serviços que o poder público oferece deixam muito a desejar. Nesse sentido, observa-se que esses lugares são habitados, geralmente, por uma parcela da população menos favorecida, desempregada e mesmo os que têm emprego não conseguem arcar com despesas básicas das suas famílias, como, por exemplo, pagar o preço do aluguel, em virtude de seu salário, quando existe, ser baixo.

Situações dessa natureza fazem parte do cotidiano das populações que não conseguem acompanhar a valorização imobiliária, que, através do processo típico capitalista de

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especulação, não deixa nenhuma margem de defesa para a população e, dessa maneira, não apresenta alternativas às classes populares, a não ser a buscarem sua fixação na periferia das cidades brasileiras.

2.1. O CONTEXTO DAS CIDADES DO NORDESTE BRASILERO

O contexto no Nordeste não foi diferente do restante do país. Progressivamente, num curto espaço de tempo, o processo de urbanização (entre as décadas de 1950 e 1980) também se fazia presente, uma vez que grandes quantidades de nordestinos migravam para o Sudeste (São Paulo). Posteriormente, outros migravam para as capitais nordestinas e até mesmo para cidades de porte médio do interior nordestino.

Esse processo foi acentuado em virtude da ampliação das relações capitalistas no campo, da substituição da lavoura por pastos, da mecanização da agricultura associado aos atrativos da cidade que são veiculados pela mídia. Assim, quase sempre essa movimentação ocorreu e ocorre em busca de melhores condições de vida e de bem estar do ser humano. Logo, reafirma-se que, essas migrações tiveram início em São Paulo, posteriormente, registra-se também um fluxo de migração interestadual (as fronteiras agrícolas e mineradoras), e intermunicipal.

Levando-se em consideração as devidas proporções e especificidade, o processo migratório convergiu também para a região do Seridó, mais precisamente para Caicó-RN, com esse fato sendo proporcionado e iniciado na década de 1960, quando verifica-se grande importância econômica da cotonicultura, ou seja, cultura do algodão mocó ou Seridó, um dos principais produtos da economia potiguar na época, apresentando-se com expressivos resultados econômicos, face à boa qualidade do produto e, consequentemente, boas condições de comercialização.

Posteriormente, em 1970, dá-se a queda do preço do produto em função da concorrência com as fibras sintéticas de outros mercados, além da falta de incentivos governamentais e vontade política para superar a crise. Assim sendo, a economia caicoense e da região entra em crise, causando o aviltamento e fechamento das usinas que comercializavam o algodão, essa situação provocou um alto índice de desempregados no campo e nas cidades vizinhas de Caicó/RN.

Diante da situação, o IBGE, aponta que na década de 1970 e nas duas posteriores houve um relativo aumento populacional, pois, em fins de 1970 a população rural era de 11.983 habitantes e a população urbana era de 24.538 habitantes. Em fins de 1980 a população rural era

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de 9.235 habitantes e a população urbana era de 30.793 habitantes, já em fins de 1990 a população rural era de 7.857 e a população urbana era de 42.801 habitantes. Desta feita, pode-se aferir que nessas décadas existiu uma decrescente da população rural e uma crescente da população urbana da referida cidade, principalmente nos anos de 1990.

2.2. ORDENAMENTO TERRITORIAL: EQUIPAMENTOS URBANOS, FIXOS E FLUXOS

É num contexto aqui problematizado, onde quase sempre boa parte da população fica à margem das tomadas de decisões sobre o urbano. Além disso, denota a falta de organização na dinâmica e organização da cidade, como também, mostra o despreparo de gestores para lidar com situações cotidianas que afeta diretamente a vida da população, seja com a proliferação de bairros periféricos e longínquos, situados cada vez mais distantes do centro da cidade, afetando diretamente o ordenamento territorial.

É primordial que o ordenamento territorial deva ser transformado em um planejamento que possa contemplar a totalidade dos agentes e dos segmentos sociais que constituem o espaço territorial e que integre as diversas instâncias (social, econômica, política, cultural e ambiental), fazendo parte do processo de produção do espaço. Nessa linha de raciocínio, NETO, (2007: 115), afirma que:

O ordenamento territorial tem por função a orientação para um planejamento integrado do espaço, contemplando uma ampla diversidade de elementos, sejam: físicos, humanos ou biológicos, que configuram o território. Esta concepção, derivada do ponto de vista teórico e prático, permite um tratamento integrador, objetivando a análise do planejamento e a gestão urbana das cidades. Em função disso, surge à necessidade de se planejar as atividades desenvolvidas no meio urbano. Tal exigência de ordenamento decorre da potencialidade de ocorrência de impactos ambientais, econômicos e sociais relacionados com o uso desses espaços.

Na ótica de SOUZA, em sua obra, “Mudar a cidade” (2004:46) na qual ele retrata a questão do Planejamento e da gestão e nesse contexto, ele inclui com propriedade a participação popular nas decisões de como organizar o espaço. Dessa forma, ele afirma que:

Não menos que a própria gestão, ou seja, a administração dos recursos e das relações de poder aqui e agora, o planejamento – algum tipo planejamento – é algo de que não se pode abdicar. Abrir mão disso equivaleria a saudar um caminhar errático, incompatível com a vida social organizada, [...].

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Depois de ser definida a função do ordenamento territorial, se faz necessário a definição de equipamento urbano, seja ele, na modalidade fixo e/ou fluxo, Para a Associação Brasileira de Normas e Técnicas - ABNT em seu documento, Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 9284 (1986), nesse sentido, conceitua-se equipamento urbano, como sendo todos os bens públicos ou privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados.

O espaço geográfico é constituído por equipamentos urbanos, estes, podem do tipo fixo e fluxo, nesse sentido, Santos e Silveira, (2001), corrobora:

Os fixos caracterizam-se por serem instrumentos de trabalho e os objetos criados a partir deles. Já os fluxos são o movimento, de bens, pessoas serviços e informação. Ambos são indissociáveis e formam o par dialético no território.

Novamente e para corroborar com essa abordagem, a obra “O Espaço do Cidadão”, de SANTOS, (2007: 128), afirma que:

[...] Se a definição dos fixos vem da qualidade e quantidade (ou densidade) técnicas que encerram, a definição dos fluxos deriva da sua qualidade e do seu peso políticos. Tal oposição é necessária, Ela é, mesmo, indispensável [...].

O autor SOUZA, (2004: 231), também aborda essa questão, uma vez que, nela ele afirma que:

A chamada infraestrutura técnica compreende as diversas redes de abastecimento (água, energia elétrica domiciliar) as redes de esgotamento (sanitário e pluvial), a iluminação pública e o calçamento da malha viária. A infraestrutura social abrange equipamentos, tais como hospitais, postos de saúde, escolas, creches etc.

2.3. EQUIPAMENTO URBANO FIXO

O artigo, “Planejamento de equipamentos urbanos comunitários de educação: algumas reflexões”, do autor, Fernando Henrique Neves, (2015: 503), retrata os equipamentos urbanos comunitários como grandes potencial de ordenamento urbano, uma vez que, através deles, é possível criar ambientes de maior qualidade e uma coerente distribuição espacial. Para isso, as

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diferentes maneiras de planejamento para implantação desses equipamentos necessitam ser compreendidas, tanto em seus aspectos qualitativos como técnicos. Nesse sentido, o autor:

[...] explora diferentes critérios que podem ser utilizados para implantação de equipamentos urbanos comunitários de educação. São abordadas características do entorno, dimensionamento da capacidade, raio de influência, acessibilidade, circulação e a relação desses equipamentos com a sustentabilidade urbana. O artigo conclui ser fundamental o planejamento criterioso de equipamentos urbanos comunitários visando um melhor desenvolvimento do meio urbano e facilitar a gestão pública.

Os equipamentos urbanos sociais e/ou comunitários inseridos no cotidiano da comunidade podem ser objetos de estudos, a fim de entendê-los em seus diversos momentos e planejamentos, sendo de vital importância na dinâmica dos elementos urbanos e na morfologia urbana. Como já mencionado, esses equipamentos tem a função de dá suporte material para a prestação de serviços básicos de saúde, educação, esporte, etc.

Geralmente, esses serviços sociais e/ou comunitários são públicos. Entretanto, eles podem ser também da iniciativa privada (com as devidas autorizações legais e de acordo com a legislação em vigor) e, na falta e carências dos mesmos, podem causar transtornos de inclusão, acessibilidade e barreiras para a população.

Além disso, fazem-se necessário que esses equipamentos possam funcionar de maneira interativa com os demais serviços, inclusive com os equipamentos urbanos fluxos, pois na falta de integração e interação dos mesmos, tais serviços não vão funcionar corretamente, denotando a falta de cuidados no monitoramento da cidade e assim, a falta de eficácia do poder público em gerir a cidade.

Desta forma, à população mais carente e da periferia são os mais afetados pela falta desses serviços. Diante do exposto, NEVES (2015:504), diz que, “As possibilidade de interações sociais dos equipamentos urbanos são de fato, fundamentais para qualificar bairros ou regiões das cidades”.

Nos dias atuais são muito comuns os meios de comunicação focar na problemática dos equipamentos urbanos sociais e/ou comunitários. No caso específico da educação, podemos citar como exemplo, crianças sendo transportadas em transportes inapropriados; escolas sem boas estruturas físicas ou mal conservadas; escolas de difícil acesso; escolas sem sinalização adequada no seu entorno, escolas com acessibilidade dificultada por barreiras, entre outros problemas do dia-dia.

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Diante do exposto, infere-se que os municípios crescem desordenadamente, sem um planejamento urbano que possa dá respostas a essas questões. Entretanto, deve-se salientar que os gestores deveriam observar a Constituição Federal do Brasil, no seu artigo 182, da Lei Nº 10.257, de 2001, o qual afirma:

A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em Lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem o bem estar de seus habitantes.

Na implantação dos referidos equipamentos urbanos existem algumas premissas básicas que devem ser observadas para os mesmos possam funcionar adequadamente. Nesse sentido, MORAIS, et al (2008: 100), sugere três pontos:

Conservação e manutenção, incrementando e otimizando a prestação de serviços, aproveitando as instalações em sua total capacidade; Reestruturação dos edifícios e instalações a fim de oferecerem melhores serviços dentro do contexto dinâmico e implantando inovações; Produção de novas unidades, em localizações adequadas e dimensionadas para cobrir as necessidades ainda não satisfeitas, [...].

Como o autor ressalta, essas premissas são essenciais, mas também, devem-se observar as características e funções a que o equipamento urbano se dispõe, pois os mesmos são fundamentais na organização e qualificação do espaço urbano.

Portanto, com o passar dos anos a cidade vai ampliando e alterando o seu espaço territorial, consequentemente, essas mudanças além de exercerem substanciais influências na vida socioeconômica e ambiental da população, influenciam também no seu sistema de trânsito e transporte, enfim, no seu cotidiano de ir e vir, ou seja, na vida das pessoas. E daí, ressalta-se a importância dos equipamentos urbanos sociais e/ou comunitários nas cidades. 2.4. LEGISLAÇÃO E NORMAS QUE REGEM O TEMA

Diante do exposto, para tratar de tema tão complexo e de natureza tão ampla que envolve espaços territoriais, urbanos e nesse contexto, seja ele fixo e ou fluxo, tais ambientes impreterivelmente interagem com a população, assim, entre as muitas Leis e Normas que tratam do tema. Assim, citamos algumas; como a Lei Nº 10.257, DE 10 JULHO DE 2001,

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que, “Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências”. (BRASIL: 2001).

Diante da Lei exposta, ressalta-se que o Estado assegura em seu no Art. 1º, Parágrafo único, que:

Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. (BRASIL: 2001).

A referida Lei, no Capítulo III, do Art. 39 trata do plano diretor, relata que:

A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor, assegurando o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, a justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas, respeitadas as diretrizes previstas no art. 2º desta Lei. (BRASIL: 2001).

Vale ressaltar que a diretriz geral nº V, do art. 2º cita a seguinte premissa, “oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais”. (BRASIL: 2001). Como se constata e as Leis indicam, o urbano tem normas que regula e dá embasamento para que os municípios sejam organizados e, dessa forma, passem a oferecer serviços urbanos com mais qualidade.

A lei Federal 6.766/1979 – Capitulo II: Dos requisitos urbanísticos para loteamento, diz em seu artigo 4º e 5º:

Artigo 4º, Parágrafo 2º - Consideram-se comunitários os equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares.

Artigo 5º - O poder público competente poderá complementarmente exigir, em cada loteamento, a reserva de faixa “non aedificandi” destinada a equipamentos urbanos.

Decreto-lei nº 5.296/2004 para construção da cidade acessível. Ministério das Cidades. 2004.

Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação infantil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação básica Brasília: MEC, SEB, 2006. P. 36.

No arcabouço de importantes e necessárias normas acerca do tema, cito: a Associação Brasileira de Normas e Técnicas - ABNT em seu documento, Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 9284 (1986).

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A Norma Brasileira, ABNT NBR 15287/2005, tem como objetivo estabelecer os princípios gerais para apresentação de projetos de pesquisa, nesse sentido:

As normas relacionadas a seguir contêm disposições que, ao serem citada neste texto, constituem prescrições para esta norma. As edições indicadas estavam em vigor no momento desta publicação. Como toda norma está sujeita à revisão, recomenda-se àquelas que realizam acordos com base nesta que verifiquem a conveniência de se usarem as edições mais recentes [...]. (2005:1).

Destaca-se também, a Norma Brasileira de Acessibilidade a edifícios, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, ABNT NBR 9050/2004.

Feita a fundamentação teórica sobre as cidades no que diz respeito ao ordenamento territorial urbano, da legislação e normas vigentes que tratam do tema. Agora passamos a pesquisar sobre as tendências de crescimento urbano em Caicó-RN, nas décadas de 1970, 1980, 1990 até os dias atuais.

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3. CARACTERIZAÇÃO E FORMAÇÃO DO ESPAÇO TERRITORIAL DE CAICÓ

Diante do que já foi exposto sobre a problemática das cidades, afirmamos que a urbe Caicó, objeto da nossa pesquisa, configurada territorialmente, como sendo relevante ao Estado do Rio Grande do Norte. Não sendo diferente de outras cidades de seu porte. Caicó, tem problemas históricos do uso do solo e de infraestrutura urbana, estes, são decorrentes de um continuado crescimento urbano espontâneo e de ações sem estratégia e pontuais que não resolvem a questão de planejamento e ordenamento urbano. Nesse contexto, encontra-se a problemática dos fixos e fluxos, onde ambos precisam caminhar integrados e interagindo em prol da organização da urbe e de sua comunidade.

É nesse contexto que apresentamos algumas características da cidade de Caicó, pois a mesma localiza-se na Microrregião do Seridó Ocidental, no Estado do Rio Grande do Norte, situado a aproximadamente 280 km de distância da capital do estado, Natal. Tem como limites: o Norte – Jucurutu e Florânia; o Sul – São João do Sabugi, Ouro Branco e Várzea (PB); a Leste – São José do Seridó; a Oeste – Serra Negra do Norte, São Fernando e Timbaúba dos Batistas. Segundo a contagem da população de 2010 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a extensão territorial Caicó é de 1.228,583 km2, sendo o 5º município do estado potiguar em área. De acordo com estimativas do IBGE, de 2017, a população era de 68.222 habitantes, sendo que desse total, não há estimativas da população residente na zona rural e zona urbana da cidade.

Ainda segundo o IBGE, o território caicoense, apresenta 76,3% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 93,9% de arborização em vias públicas e apenas 1,5% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio fio). Esses dados, quando comparado com municípios do estado e de municípios do Brasil, não são muito confortáveis. Quanto ao IDH - Índice de Desenvolvimento Humano (saúde, educação e renda) de Caicó, a cidade possui boa colocação, sendo o 4º IDH do Rio Grande do Norte quando comparado aos municípios vizinhos e do resto do estado.

Abaixo, no mapa 1, IBGE (2015, apud ARAUJO, 2015: 25), identificamos a localização da cidade, que tem uma latitude de, 06º 27’ 30” S e uma longitude de, 37º 05’52” W, possuindo uma altitude de 151 metros.

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Mapa 1 - Caicó. Localização da cidade. 2015

Fonte: IBGE. /Elaboração: Helena Costa. 2015.

Como mostra o mapa acima, as coordenadas geográficas de Caicó, oportunizam perceber que o referido município possui limítrofes com municípios em seu entorno. Além disso, há o estabelecimento de um constante fluxo intermunicipal entre todos esses municípios, dada a relevância caicoense no contexto espacial potiguar.

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3.1. CRESCIMENTO E FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO CAICOENSE

O processo de formação territorial de Caicó, assim como da Região do Seridó, foi formado com base na atividade da pecuária. Porém, no final do século XIX e o início do século XX, essa atividade começou a entrar em declínio, dado aos efeitos das secas que assolam a região, sobretudo, após os anos de 1877 a 1879, surge assim, a atividade econômica do algodão mocó ou Seridó, que perdurou até os anos 1970. A esse respeito, BRITO (2016: 34), afirma que, “[...] a cotonicultura foi fundamental para a dinâmica territorial do Seridó e, especificamente, bem rentável para Caicó”.

Na década de 1970, amplia-se a decadência da cultura do algodão em Caicó, devido a fatores como, alto custo de produção, o preço pouco compensador para o produtor, a baixa produtividade, as dificuldades com a obtenção de linhas de crédito, a ausência de investimentos em pesquisa e tecnologia, associado a presença de grandes secas. Para acentuar ainda mais esses problemas, na década de 1980, surgiu a praga do bicudo que dizimava plantações e dessa forma, encareceu o produto, com a compra de inseticidas para combater a referida praga. Segundo, MORAIS, (1999: 139: 140), “Esse conjunto de fatores foi decisivo para o declínio da cotonicultura no Seridó Potiguar, e também em Caicó, que não pôde mais concorrer com os baixos preços do algodão dos mercados de Minas Gerais e São Paulo”.

Ressalta-se também, que no contexto territorial do Rio Grande do Norte, mas especificamente no Seridó Potiguar, a estrutura de suporte da urbanização da cidade de Caicó, respalda-se na sua centralidade funcional dentro do território, na medida em que interage fortemente com os municípios do seu entorno, influenciando assim na dinâmica territorial dos mesmos.

Nesse contexto, a literatura indica que referida cidade tem porte médio. A sua cartografia é constituída pela área central e periférica, sendo esta última divida em bairros e conjuntos habitacionais. Observa-se também que, os espaços que compõem a área periférica possuem designação atribuída pelo poder público. Entretanto esses espaços não são delimitados oficialmente, configurando-se para o poder público e para população que as áreas de ocupação espontânea e os conjuntos habitacionais são reconhecidos como bairros.

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3.2. TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO URBANO EM CAICÓ, NAS DÉCADAS DE 1970/1980/1990

O crescimento e expansão urbana da cidade, ocorreu principalmente nas periferias, no final da década de 1970 e em especial nos anos 1980 e 1990. Isso se deve em parte à sua importância como centro polarizador de população, possivelmente, oriunda da zona rural e cidades vizinhas e até de outros Estados, diante do contexto histórico, surgiram alguns eventos de destaque para o crescimento urbano da cidade que a seguir apresentamos a figura 1, com as suas devidas localizações, Prefeitura Municipal de Caicó (2009, apud FARIA, 2010: 104)

Figura 1 – Caicó. Eventos implantados a partir da década de 1970.

Fonte: Ms. Carlos Eugênio de Faria. 2010.

Como mostra a figura acima, é notório constatar, nesse período, a criação de equipamentos urbanos públicos e privados em Caicó, destacando-se a criação de núcleos habitacionais como o Conjunto castelo Branco, o Conjunto Vila do Príncipe e Recreio. Destaca-se ainda, o Hospital do Sesp, a Associação Atlética Banco do Brasil, o Estádio Marizão, a Ponte José Josias Fernandes, entre outros, como a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM), Correios, Telecomunicações do Rio Grande do Norte (Telern), emissoras de rádio, transportes.

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Diante de processo, se constata que esses eventos deram impulso ao setor terciário da cidade, alavancando outros segmentos do comércio, como as concessionárias de automóveis, camelôs no centro da cidade, distribuidoras de gás, farmácias, lojas de tecidos, entre outros. Nesse sentido, afirma FELIPE, (1986, apud MORAIS, 1999: 127), “O terciário, (...), surge como uma especialização necessária e vital às cidades chamadas de centro regional, a ponto de ser essa atividade a força regionalizadora dos atuais centros regionais, no momento em que o centro prestador de serviços conjuga em torno de si outros espaços, outras cidades”.

No período pós-crise do algodão, em especial nas décadas de 1980 e 1990, a cidade de Caicó vê seu processo de urbanização tornar-se efetivo e com maior desenvoltura. Nesse sentido, MORAIS (1999:203), afirma que, “... a dinâmica espacial urbana de Caicó, tornou explícita a uma nova geografia da cidade (...). Essa nova espacialização urbana é marcada pelos processos de periferização, via ampliação e surgimento de novos bairros...”.

Diante do contexto, quando da visita in loco a alguns desses bairros, podemos distinguir algumas particularidades, principalmente no que se refere ao poder aquisitivo dos moradores, à arquitetura das residências e aos equipamentos urbanos existentes.

Destaca-se 3 particularidades nos seguintes bairros: Penedo e João XXIII. Assim, torna-se sintomático o perfil do bairro, Penedo – Zona Leste da cidade, que teve notória expansão nas décadas de 1980/1990, sendo notório que o setor habitacional atraiu parcela da classe média alta da população, verificando-se ainda nessa área, grandes concessionárias de automóveis (Nos anos citados: Santana Veículos e Itans Veículos. Nos dias atuais: Newtec, Serivel, Toyolex, Terrasal e Autobraz), um hospital particular (Hospital Tiago Dias), clínicas médicas, entre essas a Clínica de Olhos de Caicó Ltda.

É ainda no bairro Penedo Novo, que se localiza o Campus Universitário de Caicó, ou seja, o Centro de Ensino Superior do Seridó, unidade acadêmica ligada a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que foi construída em sua primeira etapa em maio de 1979, na administração do reitor, Domingos Gomes de Lima. Logo em seguida, ou seja, em 1980, efetivamente o campus começa a funcionar. Diante desses fatos, o bairro, Penedo teve uma grande ampliação das construções de residências e prédios comerciais. Quanto ao padrão arquitetônico do bairro, recorremos ao depoimento do engenheiro civil, Flávio Cácio de Medeiros, registrado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Norte (CREA/RN), matrícula nº 3293-D. Nesse sentido, ele afirma que:

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As edificações que surgiram neste período de estudo têm suas características predominantemente de acabamento entre o padrão normal e alto, levando-se em consideração as normas técnicas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. (Depoimento de Flávio cácio de Medeiros, em 01/07/2017).

Quanto aos equipamentos urbanos existentes, o poder público prima pela boa manutenção e os que ainda não existem, procura-se implantá-los o mais rápido possível. Dessa forma, em termos de melhoria e organização do território, esse bairro diferencia-se dos demais bairros da periferia.

Por sua vez, o bairro, João XXIII, situado na Zona Oeste da cidade, apresenta-se com a maioria de sua população sobrevivendo em precárias condições sociais, uma vez que a condição sócio-econômica do país contribui para essa situação. Quanto à arquitetura das edificações, nas duas últimas décadas, os pesquisadores, optam pela qualificação e fundamentação científica do Engenheiro Civil, Flávio Cácio de Medeiros, o qual afirma:

Levando-se em consideração as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, o bairro João XXIII, situado na Zona Oeste da cidade, possui residências, onde na sua maioria o padrão de acabamento encontrado é baixo, o que pode estar diretamente relacionado com a renda média da população que ali reside. (Depoimento de Flávio Cácio de Medeiros, em 01/07/2017).

No que diz respeito aos serviços e equipamentos urbanos existentes, verifica-se que os mesmos são escassos e de qualidade duvidosa. Por sua vez, o poder público deixa a desejar na manutenção e conservação dos mesmos.

Apesar da crise econômica provocada pela decadência da cultura algodoeira, a cidade de Caicó, tornou-se atrativa para o migrante oriundo do campo e também das pequenas cidades aqui da região, visto que, no contexto da região do Seridó e do Rio Grande do Norte, possui notória relevância e, possivelmente, os migrantes encontrariam alguns serviços básicos que já eram prestados a população da cidade. Desta forma, esses são possíveis motivos que levam o trabalhador do campo e cidades do Seridó, até Caicó, formando novos núcleos de ocupação, desprovidos de serviços e equipamentos públicos de boa qualidade.

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3.3. TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO URBANO EM CAICÓ ATUALMENTE

As consequências do fluxo populacional à cidade de Caicó são inevitáveis. Logo, configura-se a ampliação nas taxas de crescimento populacional, determinando o aparecimento dos bairros periféricos. Nesse sentido, ver a tabela 01, que segundo, IBGE (1970 a 2010), os números indicam o crescimento populacional de Caicó, no período de 1970 a 2010.

Tabela 01 – Caicó. População total, urbana e rural, entre 1970-2010

ANOS TOTAL URBANA RURAL

1970 1980 1991 2000 2010 36.521 40.028 50.658 57.002 62.727 24.538 30.793 42.801 50.624 57.464 11.983 9.235 7.857 6.378 5.263 Fonte: IBGE: 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010.

Os dados da tabela 1 indicam que entre os anos de 1970 e 2010, houve um aumento da população total na ordem de 71, 7%, destacando-se a ampliação da população urbana e o decréscimo da população rural, fatos esses que já foram citados e tem explicação na crise do algodão, com reflexos que influenciaram na dinâmica populacional da urbe, na estrutura produtiva e na organização espacial da cidade caicoense.

Como já descrito anteriormente, a nova configuração espacial é fruto também de um processo de periferização, ou seja, foi levada em consideração a espacialidade anterior dos antigos bairros, haja vista que se fazia necessário adequar-se à nova realidade espacial. Assim sendo, evidencia-se a falta de um planejamento urbano na referida cidade, pois, em sua área periférica ocorreram doações e invasões de terrenos, ampliando e fazendo surgir novos bairros. Desta feita, pode-se inferir que tem ocorrido a expansão do perímetro urbano citadino, seja com a formação de novos bairros, como também, com a ampliação dos já existentes, devendo ressaltar que esse processo é acompanhado pela geração de graves problemas, como a segregação socioespacial de algumas áreas que passam a ser marginalizadas e menos atrativas que outras, como o citado caso do bairro João XXIII, o nosso objeto espacial de estudo.

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Diante da questão urbanística de Caicó, e observando que a referida cidade tem mais de 20 mil habitantes, ainda de acordo com a determinação do Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257, de 2004), se faz necessário que o ente municipal viabilize um plano diretor condizente e de acordo com as necessidades da cidade em prol da população. Nesse sentido:

Plano Diretor é o instrumento básico da política municipal de desenvolvimento urbano (artigo 182, §1o). Cabe ao Plano Diretor cumprir a premissa constitucional da garantia da função social da cidade e da propriedade urbanas. Ou seja, é justamente o Plano Diretor o instrumento legal que vai definir, no nível municipal, os limites, as faculdades e as obrigações envolvendo a propriedade urbana. Tem, portanto, uma importância imensa. O Plano Diretor deverá explicitar de forma clara qual o objetivo da política urbana. Deve partir de um amplo processo de leitura da realidade local, envolvendo os mais variados setores da sociedade. A partir dessas premissas pode-se estabelecer o destino específico a que se quer dar às diferentes regiões do município, embasando os objetivos e as estratégias. A cartografia dessas diretrizes corresponde a um macrozoneamento, ou seja, a divisão do território em unidades territoriais que expressem o destino que o município pretende dar às diferentes áreas da cidade (Brasil, 2004, p. 41). Diante da citação, percebe-se claramente a urgente prioridade de implantação de um plano urbanístico para Caicó, uma vez que necessita ter a capacidade de revisar, atualizar e planejar a dinâmica espacial citadina, a fim de melhorar a dinâmica territorial fragmentada existente na cidade.

Dessa forma, devem-se organizar os bairros, dando a eles a estrutura devida nos serviços e equipamentos urbanos que existem e os que vão ser construídos, haja vista que, o referido plano diretor caicoense, teve sua origem em 2006, num escritório de advocacia, nesse sentido, BRITO (2016:40), indica que:

Segundo informações fornecidas pelo Secretário Municipal de Planejamento e Articulação Institucional e pelo vereador Jose Rangel de Araújo, o referido Plano diretor foi elaborado de acordo com o plano diretor de um município de porte médio da Região Sul do Brasil.

Diante disso, podemos questionar se as características desse plano atenderam as necessidades urbanísticas da cidade em questão, pois, como evidencia a citação anterior, não existiu uma equipe técnica para elaboração do projeto, uma vez que o mesmo foi fortemente baseado num plano elaborado para uma cidade do sul do Brasil. Ademais, poderia se questionar a falta de discussão com a população para saber as suas reais necessidades.

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Equidade é o que se espera dos entes públicos em relação à comunidade e que toda a população possa ter acesso aos equipamentos e serviços urbanos que o poder público possa oferecer, seja para a população carente que corresponde à maioria da população, seja para a população mais abastada, que corresponde a uma minoria. Assim, tentar proporcionar um território organizado, com os equipamentos urbanos funcionando e quem sabe, atenuar e acabar com a segregação espacial.

Diante do exposto e de acordo com Secretaria Municipal de Tributação e Finanças da Prefeitura Municipal de Caicó (2016), podemos apresentar a tabela 02, que trata dos bairros da referida urbe, na sua composição do perímetro urbano, esta, mostra a nova configuração espacial, onde se configura a formação de novos bairros e o a ampliação dos já existentes.

Tabela 02 - Caicó. Bairros que compõem o perímetro urbano no ano de 2016 ZONAS

URBANAS

BAIRROS

NORTE Boa Passagem, Vila do Príncipe, Recreio, Darcy Fonseca, Alto da Boa Vista, Samanaú, Salviano Santos, Serrote Branco, Conjunto Senador Dinarte Mariz e Raimundo Silvino da Costa (Raimundo Pretinho).

SUL Paraíba, e Soledade.

ÁREA CENTRAL Centro e Acampamento.

LESTE Penedo, Nova Descoberta, Conjunto Castelo Branco, Vila Altiva, Vila Doutor Carlindo Dantas, Itans, Canutos & Filhos, Maynard, Bento XVI, Santa Costa, e Conjunto IPE.

OESTE Barra Nova, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Walfredo Gurgel, Frei Damião, Adjunto Dias, Lula Januario, São Jose e Distrito Industrial.

Fonte: Prefeitura Municipal de Caicó, 2016.

A tabela 02 indica que, em 2016 o perímetro urbano de Caicó, contava com cinco zonas urbanas (Norte, Sul, Área Central, leste e Oeste) e 35 bairros, muitos destes bairros não existem oficialmente, ou seja, não existe lei de delimitação municipal, e assim causando confusão no espaço geográfico da cidade de Caicó-RN.

Os dados mostram que nos últimos 40 anos, houve um crescimento do perímetro urbano da cidade. Por sua vez, está foi acompanhada de alguns serviços e equipamentos

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urbanos como, educação, saúde e transporte, entretanto, há que se reconhecer que essa expansão vem acarretando graves problemas para o ordenamento urbano da cidade, pois o município deixa a desejar e não dá a vazão adequada e a tempo da população mais carente, principalmente, nos bairros periféricos da cidade, que em última instância é quem mais necessita desses serviços do cotidiano da cidade. Nessa linha de raciocínio, BRITO (2016: 39), afirma que:

O processo de expansão urbana é acompanhado pela ausência de políticas públicas que valorizem todos os bairros da cidade, promovendo desenvolvimento territorial de forma simétrica no território caicoense como um todo. Isso ocorre por que as ações políticas são definidas, principalmente, pelos interesses dos agentes hegemônicos do mercado, e não conforme o bem-estar coletivo [...].

A prestação de serviços e equipamentos públicos urbanos advindos dos poderes competentes ainda deixa muito a desejar, pois apesar dos mesmos terem sido implantados com mais intensidade no período em estudo, constata-se que eles não acompanharam o ritmo de crescimento urbano da cidade.

Nesse aspecto, a tarefa primordial dos gestores públicos municipais é melhorar a gestão, monitorando os equipamentos existentes, criar critérios urbanísticos para mais e melhores serviços para os moradores, tendo em vista as péssimas condições de vida que se verifica em muitos bairros afastados do centro da cidade.

Nessas áreas periféricas da cidade as condições sócio-econômicas são precárias e excludentes, nesse contexto, recorremos a Milton Santos, que aborda com profundidade aspectos críticos e analíticos, que seguramente trará debates e reflexões sobre a sua própria condição de cidadão.

Desta feita, pode-se inferir que é impossível imaginar uma cidadania plena em que o componente territorial não esteja presente, a esse respeito, Milton Santos, (2007:130). Afirma que, “Num território onde a localização dos serviços essenciais é deixada à mercê da lei do mercado, tudo colabora para que as desigualdades sociais aumentem”.

A literatura indica que a infra-estrutura de serviços e equipamentos urbanos, seja ele, fixos ou fluxos, deve interagir a fim de melhorar a organização espacial da cidade e da sua população no que diz respeito ao saneamento básico, pavimentação de ruas, boas condições de moradia, transportes, hospitais de qualidade e escolas que dê formação integral aos cidadões. Nessa abordagem, SANTOS, (1988, apud LEIRIAS e FURQUIM, 2017), destaca que:

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O espaço é resultado constante dessas interações entre fixos e fluxos, materialidade e imaterialidades, realidades palpáveis e virtualidades, razão e emoção, como diz o mestre, Milton Santos, Construções, edificações, como ruas, casas, edifícios, usinas, são localizáveis espacialmente, são passíveis de georeferenciamento. A princípio, podemos considerá-las como elementos espaciais fixos, que não saem do lugar, ou melhor, do local. Têm formas. Mas, como elementos espaciais construído pelas ações humanas são dotados de intencionalidades, logo, têm função. Nelas são exercidas atividades que justificam sua construção, atraem pessoas que utilizam meios de transportes por diferentes vias, potencializam, consomem e transformam energia, circulam capital, possibilitam circulação e contatos humanos, trocas de informação, de comunicação e podem produzir conhecimento.

Como a citação indica, na cidade existe a necessidade que tais equipamentos possam interagir, pois, só com a dinamicidade dos mesmos que vai proporcionar melhores serviços para a população. Assim sendo, o espaço urbano deve está aberto às mudanças e melhorias que a necessidade urbanística exige, seja ele fixo e ou fluxo, levando em consideração as contradições, conflitos e diversidade de escolhas da população.

Depois de ter estudado sobre a formação e a dinâmica espacial de Caicó, nas décadas de 1970 a 1990 e o momento atual, podemos agora apresentar no próximo capítulo, as algumas características do bairro João XXIII e a sua delimitação, os direitos do cidadão e as políticas voltada ao equipamento urbano fixo escola. E nessa linha, faremos algumas reflexões sobre o nosso objeto de estudo, a Escola Municipal Professor Mateus Viana.

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4. CARACTERÍSTICAS DO BAIRRO JOÃO XXIII: LOCALIZAÇÃO, DELIMITAÇÃO E ALGUMAS REFLEXÕES

O bairro João XXIII está localizado na zona oeste da cidade de Caicó-RN, nas proximidades do rio Barra Nova, entre os bairros, Paulo VI e Barra Nova. “O objeto de pesquisa, Escola Municipal Prof. Mateus Viana, localiza-se nas seguintes coordenadas geográficas, Latitude: 6º 27’ 57” Sul e a Longitude: 37º 6’ 38” Oeste. O bairro possui um relevo composto por altos e baixos. Segundo a Prefeitura Municipal de Caicó (2016), o referido bairro não possui delimitação territorial nem lei de criação. Alías, esse modelo funciona em boa parte dos bairros, quando não, os bairros não tem delimitações mas tem a lei de criação e vice-versa. O bairro tem um número de residências, num total de 1.422 imóveis e uma população de 3.585 habitantes.

Mapa 2 – Caicó. Localização da Escola Municipal Professor Mateus Viana

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É no contexto da nova redefinição do espaço territorial caicoense, que nasce o bairro, João XXIII, à margem do rio Barra Nova e a história mostra que o seu surgimento está atrelado as circunstancias do êxodo urbano e rural, dessa forma, ocorreu à vinda de populações das cidades circunvizinhas e do campo, a fim de oferecer melhores condições de vida para seus filhos, a partir da década de 1960.

Esse fluxo populacional, na sua maioria não tinha poder aquisitivo e escolaridade adequada para trabalhar em outros setores da economia com melhor remuneração. Conseqüentemente, essas pessoas eram encaminhadas para espaços territoriais mais periféricos da cidade, onde se destaca as diversas mazelas urbanas, tais como, a pouca ausência do poder público, os poucos e sucateados equipamentos urbanos sociais, sendo estes, fatores que contribui para os problemas de segregação socioespacial do referido bairro.

Pelo exposto, podemos indicar que o bairro objeto desta pesquisa se enquadra numa situação de segregação espacial, pois possui uma população bem carente e marginalizada socialmente, a esse respeito, FILHO, (2003, págs.104-105). Assegura que:

O estudo da cidade capitalista leva-nos a perceber que ela é extremamente desigual, ou seja, é constituída de segregações e fragmentações que se consolidam em sua paisagem urbana. Espaços diferenciados abrigam classes sociais desiguais. As classes dominantes, por seu turno, possuem maior poder de mobilidade no espaço urbano, o que leva a transformar mais fortemente esse espaço, enquanto as outras classes vão se organizando de acordo com as articulações que possuem manifestadas, principalmente, nas entidades civis de direitos do cidadão.

O bairro tem características de Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS que na concepção de LAGO, (2004, p. 29), afirma que:

[...] Zeis são criadas no sentido de interferir no zoneamento das cidades, incorporando territórios que até então estavam fora das normas estabelecidas. As especificidades não se restringem às distintas ilegalidades presentes nessas áreas, abrangendo também a caracterização social dos moradores. Quando se observa in loco, verifica-se que o bairro tem uma morfologia que dificulta a locomoção, pois a infraestrutura das ruas é precária, sendo poucas pavimentadas. Nesse contexto, é notória a falta de saneamento básico, pavimentação de ruas (a grande maioria das ruas), falta de áreas lazer, os equipamentos urbanos sociais estão precarizados em suas estruturas físicas entre outros. Esse quadro indica uma situação degradante, pois, evidencia-se

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o grau de dificuldades que os moradores do bairro e por razões já descritas se submetem no seu cotidiano. A fisiologia da paisagem do bairro é nítida, seja, pela falta e pela baixa qualidade dos poucos equipamentos e serviços sociais existentes e que são dever do Estado e direito de todo cidadão.

Corroborando o contexto acima, na figura abaixo, na qual, mostra a entrada do bairro pela passagem molhada, demonstra que o referido Bairro é desfavorecido pela ausência de políticas públicas e, estas, quando existem são insatisfatórias para atender a demanda da população residente no bairro João XXIII.

Além disso, a referida figura também indica a falta saneamento básico, a falta de pavimentação das ruas, falta de rede de esgoto, entre outros serviços essenciais. Essas mazelas urbanas dificultam a acessibilidade espacial, conseqüentemente, criando barreiras que podem impedir o livre arbítrio de ir e vir da população.

Figura 2 - Caicó. Entrada do bairro, João XXIII, pela passagem molhada.

Fonte: Imagem da Internet, vista parcial do Bairro JoãoXXIII/Caicó –RN. 2015.

4.1. OS DIREITOS DOS CIDADÃOS AO EQUIPAMENTO URBANO FIXO, ESCOLA Diante dos pressupostos citados para a escola, um equipamento urbano fixo, faz-se necessário que os entes municipais e estaduais brasileiros assumam as suas responsabilidades, disponibilizando escolas de boa qualidade e inclusivas, sempre indicando que:

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Garantir o direito à educação para todos significa reconhecer e valorizar as diferenças, sem discriminação de etnia, credo, situação social ou das pessoas com deficiência. Nesse último caso, prevenir ou eliminar barreiras para promover acessibilidade significa um desafio ainda maior, pois, além da necessária transformação das concepções e práticas do ensino, é também fundamental adequar os meios pedagógicos e os espaços escolares. DISCHINGER, et Al (2009: 15).

A linha de raciocínio de DISCHINGER, leva-nos a refletir que dentre as necessidades dos usuários em relação ao referido equipamento urbano fixo, seja assegurada uma escola inclusiva, equitativa, levando em consideração que esses ambientes sejam planejados para assegurar acessibilidade universal e sem barreiras, na qual, prevaleça a autonomia e segurança de todas as pessoas que frequentam o local.

A legislação brasileira dispõe de um leque de leis, normas e outros instrumentos que tratam e orientam na definição da infra-estrutura das unidades de educação, nesse sentido, a Lei nº. 9.394/1996, que trata das Diretrizes e bases da Educação Nacional- LDB, orienta desde a educação infantil até o ensino superior. Nessa linha, BRASIL (2006:36), afirma que:

Na LDB/96, os recursos públicos destinados à educação devem ser aplicados na manutenção e no desenvolvimento do ensino público, o que compreende inclusive a aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino. (alínea IV do artigo 70).

Quanto às normas técnicas, elas sempre estão sendo atualizadas, a fim de melhorar a acessibilidade espacial, sempre observando as características da escola que é um equipamento urbano fixo. Nesse caso, se faz necessário que todas elas estejam preparadas para atender usuários com idades diversas, como também, atender aqueles que necessitam de cuidados especiais.

Por essa razão, a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, através da Norma Brasileira de Acessibilidade, disponibiliza a NBR 9050/2004, que trata da acessibilidade a edificações, mobiliário e equipamentos urbanos, sendo esse último item, destinado a espaços escolares com o intuito de melhorar a inclusão no ensino, eliminar barreiras que possam de dificultar a locomoção de pessoas e facilitar a acessibilidade no ambiente escolar.

(41)

4.2. PARAMETROS DE INCLUSÃO, BARREIRAS E ACESSIBILIDADE ESPACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR

No tocante a inclusão no ensino, DISCHINGER, et Al (2009: 21), indica que:

A constituição brasileira assegura, desde 1988, o direito à educação para todos, sem nenhum tipo de discriminação. A escola cumpre papel fundamental para escolarização de todos os alunos e deve atender as demandas dos alunos com deficiência que encontram barreiras de acesso para sua participação no ensino comum [...]”.

Diante do exposto pelo autor, pode-se inferir que, existe a necessidade de melhorias e adequação dos espaços escolares, como também no seu entorno, sempre se pautando pelas leis e normas vigentes, a fim de garantir a autonomia e independência no ir e vir dos alunos no dia-dia escolar.

Quanto às barreiras existentes no ambiente escolar e seu entorno, destaco que essas são de natureza física, podendo ser naturais e ou construídas, geralmente elas dificultam ou impedem a realização de atividades desejadas, como por exemplo, a presença de postes com localização precária, cadeiras e mesas em calçadas estreitas, assim, reduzindo a área de circulação dos pedestres, os desníveis entre calçada com rampa e a rua/avenida.

Dessa forma observamos que, esses outros obstáculos podem dificultar e até impedir o deslocamento de uma pessoa por mais que esteja em condições físicas ideais, quanto mais para uma pessoa que utiliza cadeiras de rodas para sua locomoção. Diante disso, BRASIL (2004:61), Afirma que:

[...] podemos conceituar barreiras como qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação.

No caso da acessibilidade espacial, o ente municipal tem como premissa priorizar a acessibilidade aos equipamentos urbanos, seja ele fixo e ou fluxo, levando em consideração que os usuários que utilizam tais serviços devem ter o livre arbítrio de ir e vir, independente da idade e da condição física de cada pessoa. A esse respeito, DISCHINGER et al (2009: 23), assegura que:

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[...] um lugar acessível deve permitir, através da maneira como está construído e das características de seu mobiliário, que todos possam participar das atividades existentes e que utilizem os espaços e equipamentos com igualdade e independência na medida de suas possibilidades.

4.3. IMPORTANCIA EM MANTER EQUIPAMENTO URBANO FIXO ESCOLA E SEU ENTORNO ORGANIZADO

No contexto citado, necessário se faz que a escola esteja preparada, afim de que os alunos possam ter uma formação integral e humanitária, onde, se faça presente ações que envolvam o cognitivo, o social e o físico. Para isto, é necessário ambiente propício, seja com uma estrutura física interna adequada, como também, o entorno da escola precisa está adequadamente sinalizado, podendo assim, proteger os usuários que geralmente são crianças e estão mais vulneráveis ao fluxo de veículos. Nessa linha, o Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN (BRASIL, 2000: 09), afirma que:

[...] as crianças fazem parte do grupo usuários mais vulnerável no trânsito, pelas suas características físicas e psicológicas: a capacidade de tempo e distância e a identificação da origem dos sons não estão plenamente desenvolvidas; a consciência da capacidade física não é precisa; e em muitos existe o atrativo de desafiar o perigo, ao mesmo tempo em que não consegue avaliar os riscos.

É na escola que se forma um território cíclico, onde todos os dias acontecem o encontro de pessoas que trocam conhecimentos, informações e até emoções. Por isso, esse ambiente escolar e o seu entorno deve ser de acolhimento e de segurança a todos que ali adentram e trafegam todos os dias. A esse respeito, o Ministério da Justiça, através do Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN (BRASIL, 2000: 09), explica a importância de sinalizar esses locais:

A circulação de pedestres e ciclistas constitui situação de conflito destes com os veículos. As travessias devem ser concentradas e organizadas de modo a diminuir os riscos, evitando a dispersão da atenção dos condutores. A escolha da localização e o arranjo das passagens dos pedestres e ciclistas são resultado de estudos prévio aprofundado. Da mesma forma, os locais de concentração e circulação de pedestres e ciclistas merecem atenção especial. Diante dos parâmetros de inclusão, barreiras e acessibilidade espacial no ambiente escolar e seu entorno, recorremos às literaturas consultadas, as leis, as normas, além de um

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