2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA
2.2. COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE ALIMENTOS
2.2.1. Tendências do Consumo de Alimentos
O alimento sempre é fator estratégico para as nações, impérios e sociedades ao
longo de toda história. Na perspectiva de MEGIDO E XAVIER (1995, p.254), “o
alimento foi uma arma militar nos tempos de guerra, recompensa básica e única aos
escravos, motores dos sistemas produtores do passado. A luta pelo alimento levou
multidões a abandonarem o campo e venderem sua força de trabalho na revolução
industrial. O alimento tem sido a grande razão das lutas humanas essenciais na
história da humanidade”.
A alimentação exerce grande influência sobre o indivíduo, principalmente sobre sua
saúde, sua capacidade de trabalhar, estudar e divertir-se, sua aparência e sua
longetividade, SÁ, (1981).
GOODMAN & REDCLIFT (1991), o interesse contemporâneo em alimento não é
confinado ao prazer de consumo, mas estende-se em muitas direções: é a da
importância econômica, do sabor, da semiótica, dos perigos dos aditivos nos
alimentos e das políticas de segurança alimentar.
CASOTTI E THIOLLENT (1997); não tem dúvidas quanto a considerar o consumo de
alimentos uma questão social. Como as pessoas comem, como preparam a comida,
quando comem, com quem comem, o que usam no preparo, como se comportam
antes, durante e depois de se alimentarem, as regras e significados que permeiam
todos os aspectos relativos à prática de consumo de alimentos, são todos, com
certeza, questões sociais, mesmo reconhecendo todas as dimensões biológicas,
psicológicas, políticas, econômicas, culturais, dentre outras, que também estão
envolvidas.
Os produtos alimentícios são o campo onde se manifesta de forma mais clara
essa nova pluralidade de atitudes e comportamentos. Embora o apelo principal dos
alimentos seja a satisfação, eles precisam adequar-se aos valores estéticos e sociais
que orientam as diferentes culturas. Pois passam a ser escolhidos por camadas
crescentes da população em sintonia com o estilo de vida de cada consumidor
conforme sugerem KOTLER E ARMSTRONG (1998); SUPER HIPER (nov. 91);
SOLOMON, (1998).
Alguns aspectos como a desestruturação das refeições, demanda por produtos
elaborados, atratividade por produtos exóticos, atenção crescente aos aspectos de
saúde, aspectos de qualidade ambiental dos produtos e busca do prazer, entre
outros, são fatores que atuam com crescente influência nos padrões de consumo de
alimentos observados nos países europeus, MACHADO FILHO e NEVES (1996),
POPCORN e MARIGOLD (1997).
Algumas tendências são apontadas em relação ao comportamento do consumidor de
alimentos tanto por MOLLMANN (1998), CASOTTI E THIOLLENT (1997);
MOGELONSKY (1998); POLLACK (1997), POPCORN E MARIGOLD (1997)
destacam duas. Uma é a questão do tempo cada vez menor para preparar as
refeições, ou seja, a necessidade de um alimento rápido e conveniente e a segunda é
questão do alimento associado a saúde que tem despertado a atenção dos
consumidores em relação aos atributos nutricionais dos alimentos.
EM RELAÇÃO A SAÚDE, CONFORME OBSERVAM MOLLMANN (1998) E
MACHADO FILHO E NEVES (1996) QUE AUMENTA CADA VEZ MAIS O CONSUMO
DE FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES, PRODUTOS SAUDÁVEIS, FRESCOS,
COM MENORES TEORES DE COLESTEROL OU DE OUTRAS SUBSTÂNCIAS
INDESEJÁVEIS. HÁ UMA PREOCUPAÇÃO CRESCENTE COM A FORMA E
CONSERVAÇÃO FÍSICA. COMO CONSEQÜÊNCIA, PODE-SE CITAR O FORTE
IMPACTO NEGATIVO NO CONSUMO DE AÇÚCAR, SUBSTITUÍDO
CRESCENTEMENTE PELOS ADOÇANTES ARTIFICIAIS, OU OS IMPACTOS
CAUSADOS PELOS HORMÔNIOS NO SISTEMA AGRO-INDUSTRIAL DE CARNES,
E O COLESTEROL NOS SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS, SOJA E OVOS.
QUANTO AO TEMPO CADA VEZ MENOR PARA PREPARAR AS REFEIÇÕES,
MOLLMANN (1998), MOGELONSKY (1998) E FOOD MARKETING INSTITUTE
(1997) APONTA QUE NOS ESTADOS UNIDOS PESSOAS ESTÃO COMENDO
MENOS REFEIÇÕES (OU LANCHES) EM CASA, DEVIDO NÃO ESTAREM EM
CASA O DIA TODO. MUITAS MULHERES ESTÃO NO TRABALHO A MAIOR PARTE
DO TEMPO, AS CRIANÇAS GASTAM MAIS TEMPO NAS ESCOLAS OU OUTROS
LOCAIS FORA DE CASA, CONFORME GRÁFICO 2.
AS MUDANÇAS NOS MODELOS DE SE ALIMENTAR – MAIS FREQÜENTEMENTE
AS OCASIÕES DE ALIMENTAR E A ÁREA DE SE ALIMENTAR – ESTÃO LIGADAS
AS MUDANÇAS DA ROTINA COMPROMISSADA CONFORME OBSERVAM
POPCORN E MARIGOLD (1997) E MOGELONSKY (1998). A ALIMENTAÇÃO NO
CARRO TEM SE TORNADO UMA CATEGORIA PRÓPRIA ONDE VÁRIOS
ESTABELECIMENTOS COMO OS RESTAURANTES E SUPERMERCADOS ESTÃO
COMPETINDO PELOS “ESTÔMAGOS VERSÁTEIS” DOS CONSUMIDORES. AO
INVÉS DE FAZER O MARKETING DO ALIMENTO, ELES ESTÃO VENDENDO
SOLUÇÕES EM ALIMENTAÇÃO. MESMO QUANDO AS PESSOAS ESCOLHEM
COMER EM CASA, É MAIS DO QUE PROVÁVEL QUE PELO MENOS UMA PARTE
DA COMIDA JÁ ESTEJA PREPARADA EM ALGUM LUGAR POR ALGUÉM.
POUCOS, SÃO OS AMERICANOS QUE COZINHAM À “RISCA” COM UMA CERTA
Gráfico 2 – Ocasiões de refeições
FONTE: Roper Starch Worldwide, New York, NY apud MOGELONSKY, (jan, 1998., p.58).
33%
24%
19%
26%
18%
25%
17%
15%
7% 6% 6% 5%
3 ref eiç ões 2 ref eiç ões e
1-2 lanc hes
3 ref eiç ões e
1-2 lanc hes
2 ref eiç ões 1 ref eiç ão e
1-2 lanc hes
outros
Ocasiões de refeições
(pe rce ntua l de a dultos com ida de de 18 a nos e m a is ve lhos que
se le ciona ra m os m ode los que m e lhor de scre ve m se us há bitos de
a lim e nta çã o, 1985 e 1996
1985 1996
Na linha da conveniência, o mercado de comidas congeladas é o que mais
cresce no mundo: cerca de 25% nos últimos 5 anos, MOLLMANN(1998).
Outra tendência apontada por MACHADO FILHO e NEVES (1996) no consumo
de alimentos é que o consumidor, principalmente o europeu, estar se tornando cada
vez mais solitário. Esta tendência tem grandes implicações em relação aos hábitos
alimentares destes consumidores, como o tipo e a forma do produto a serem
consumidos, o local das refeições etc. Pesquisas mostram que nestas cidades com
grande porcentagem de residências singulares amplia-se fortemente o número de
restaurantes. A lógica é que as pessoas solitárias procuram a convivialidade, e com
isto tendem a realizar refeições mais vezes fora de casa.
Outro aspecto é referente a questão ambiental, onde tanto o consumidor europeu
como americano passam a ter cada vez mais preocupação por parte da sociedade e
da exigência no sentido do consumo de produtos ambientalmente corretos limpos e
seguros. Estes consumidores mais exigentes estão mesmos dispostos a pagar preços
diferenciados por tais produtos, conforme observam MACHADO FILHO e NEVES
(1996), INSTITUTO GALLOP (1996), BLUMENFELD E MONTRONE (1997),
GIANNELLONI (1998).
O processo de decisão de compra não é sempre predeterminado – ou explicito
, BUNN (1993, p.38).
Conforme observado por diversos autores, entre KOTLER e ARMSTRONG
(1998, p.108); SOLOMON (1998, p.270), eles ENGEL, BLACKWELL E MINIARD
(1995, p.134); os diversos estágios compreendidos neste processo, o esquema é
ilustrado na figura 3 a seguir:
O comportamento de compra não vai se restringir apenas ao ato da compra. O
processo de compra inicia-se muito antes de o consumidor ter-se decidido pela
compra e não se encerra na simples aquisição do bem ou serviço.
Figura 3– Estágios do processo de decisão de compra –
Fonte: ENGEL, James F., BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W. Consumer
behavior. 8. ed. USA. The Dryden Press, p. 134, 1995.
É importante ressaltar que nos modelos mencionados correspondem apenas
representações do processo, porque, como vários autores apontam, é muito provável
2.2.2 – ESTÁGIOS DO PROCESSO DE COMPRA E A COMPRA DE
No documento
ANÁLISE DOS RESULTADOS
(páginas 40-43)