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Capítulo III. A Liderança nas Organizações

3.2 Teorias da Liderança

As conceções acerca da temática da liderança tem evoluido ao longo dos tempos, surgindo diversas teorias que “(...) tentam explicar os factores envolvidos quer na emer- gência da liderança quer na natureza da liderança e nas suas consequências” (Bass, 1990, p.37). Desta forma, passaremos a descrever algumas teorias sobre a liderança que se apre- sentam por vezes como contraditórias, mas que revelam que o conceito de liderança é um fenómeno repleto de ambiguidade e de complexidade.

3.2.1 Teoria das Relações Humanas

O surgimento da Teoria das Relações Humanas foi um marco histórico na quebra de paradigmas aplicados à gestão e liderança dos indivíduos no interior das organizações, uma vez que estes eram comparados, pela Teoria Clássica Taylorista, a máquinas de ele- vada produção.

Este paradigma proporcionava resultados produtivos significativos para as organi- zações, menosprezando a autoestima, a motivação, os direitos e deveres humanísticos dos trabalhadores. Contrapondo esta teoria, a Teoria das Relações Humanas coloca em tese, variáveis psicológicas que influenciam o comportamento e o desempenho dos indivíduos, dando início a uma nova era pautada por conceitos humanísticos, focados no ser humano e no respeito da sua individualidade, e não nas tarefas que desempenha.

Assim reforça-se a importância da integração social, das emoções e perceções de cada ser humano nas organizações. A introdução e valorização deste fator no contexto organizacional trouxeram, segundo Costa (1996), novos técnicos, novos espaços de inter- venção e novas áreas de investigação que se preocupam com as necessidades e motiva- ções pessoais de cada indivíduo, bem como, com a liderança aplicada.

3.2.2 Teoria dos Traços da Personalidade do Líder

Durante muitos anos, a liderança foi estudada tendo por base o conjunto de carate- rísticas pessoais e inatas do indivíduo. Considerava-se que os traços de personalidade (intelectuais, sociais e físicos) eram aspetos determinantes dos potenciais líderes. Deste modo, surgiu a teoria dos traços de personalidade.

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Segundo Chiavenato (1999), referido por Firmino (2009), o líder deve possuir vin- te e um traços de personalidade, entre eles: inteligência, comunicabilidade, disponibilida- de para ouvir, responsabilidade, flexibilidade, criatividade, maturidade, curiosidade, con- fiança, perspicácia, visão de futuro, calor humano, otimismo, entusiasmo, habilidades humanas, empatia, mente aberta, espírito empreendedor, tolerância e impulso para a ação. Sergiovanni (2004) acrescenta que a personalidade dos líderes influencia, direta ou indiretamente, os objetivos e as conceções que definem uma organização.

Na opinião de Bilhim (2008) o critério da personalidade não é suficiente para de- terminar e identificar os líderes dos não líderes, nem os líderes competentes dos não competentes. Contudo, acredita na existência de alguma confirmação empírica na identi- ficação dos traços de personalidade que se associam ao processo de liderança.

Segundo Stogdhill (1948), citado por Bento (2008), os líderes não se tornam líde- res eficazes somente por possuírem um conjunto de traços de personalidade, uma vez que um líder com determinados traços de personalidade pode ser eficaz numa determinada situação e noutra não.

3.2.3 Teoria Comportamental

Para compreender a teoria comportamental, Chiavenato (2003, p. 328) diz-nos que esta, “(...) representa um desdobramento da teoria das relações humanas, com a qual se mostra eminentemente crítica e severa”. E acrescenta ainda que “para explicar o compor- tamento organizacional, a teoria comportamental fundamenta-se no comportamento indi- vidual das pessoas” (Idem, p.329). Subentende-se assim, que um líder é eficaz, não por possuir um conjunto de caraterísticas, mas sim por uma questão comportamental. Segun- do Learning (1993) esta teoria oposta à anterior, baseia-se essencialmente, naquilo que os líderes fazem e na relação desse comportamento com a sua eficácia. Salienta que “o com- portamento pode ser mudado e podem ser desenvolvidas novas capacidades e hoje em dia a liderança tem muito mais a ver com a forma como indivíduos são capazes de as usar, tirando o maior partido delas” (Idem, p.56).

3.2.4 Teoria Situacional

Segundo Hersey e Blanchard (1986), a liderança situacional foca-se essencialmen- te na otimização da relação entre líder e liderado, realçando a necessidade de existir um alinhamento entre a contingência dos colaboradores para o cumprimento das tarefas e a forma de ser, agir e liderar do líder. Os referidos autores acrescentam ainda que a eficácia do trabalho desenvolvido pelos liderados está diretamente relacionada com a capacidade do líder em se adaptar a novas situações, a outros ambientes e recursos, em diagnosticar o grau de maturidade do seu grupo de trabalho, para posteriormente relacioná-lo com tare- fas específicas que lhe serão atribuídas.

Esta capacidade de diagnosticar o nível de maturidade do seu grupo acabará por favorecer o seu desempenho enquanto líder, uma vez que através dessa apreciação, mol- dará, em si, o comportamento de liderança mais adequado a cada situação. Constatamos que na liderança situacional, não existe uma única forma de influenciar os liderados, pois o estilo de liderança adotado pelo líder varia consoante a maturidade, o objetivo e a situa- ção.

3.2.5 Teoria da Liderança Carismática

Na literatura sobre a liderança, Burns (1978) propôs dois modelos importantes que complementam a teoria da liderança carismática: a liderança transacional e a lideran- ça transformacional. Segundo Bilhim (2008), os diversos estudos, revelam preocupação apenas no que diz respeito à identificação dos comportamentos que distinguem o líder carismático do líder não carismático.

Contudo, demonstraram a existência de dois tipos de líder: O líder transacional, que orienta, motiva, clarifica o papel e as exigências das tarefas, guiando assim os seus colaboradores às metas previamente estabelecidas, ou seja, ao sucesso; e o líder transfor- macional que aumenta a moral e motivação dos seus colaboradores.

Day et al (2000) citados por Santos (2007, p.30) acrescentam que o líder transaci- onal tem como finalidade “focalizar-se nos objetivos da organização e ajudar a sua co- munidade a reconhecer o que é necessário fazer para os atingir”. Deste modo, o líder

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transformacional é aquele que origina mudança, transforma as atitudes e crenças dos seus colaboradores tornando-os conscientes das suas necessidades (Bass, 1985).

Cunha et al (2007) salientam que os líderes autênticos, reúnem caraterísticas ine- rentes à liderança transformacional. Em sua opinião aquilo que distingue os líderes autên- ticos dos transformacionais é a “capacidade para atuarem de acordo com valores e con- vicções pessoais profundas, para construírem a credibilidade e conquistarem o respeito e a confiança dos seus colaboradores” (p.312).