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3 TEORIAS E DIMENSÕES QUE DEMARCAM A ÁREA DE AVALIAÇÃO

A área de avaliação possui autores brasileiros reconhecidos por sua postura em defesa da educação de qualidade e pela contribuição nas discussões complexas acerca do que se pratica em sala de aula enquanto avaliação. Buscamos analisar um pouco sobre as obras escritas por alguns autores como Esteban, Freitas, Hoffmann, Luckesi, Vasconcellos e Villas Boas com o intuito de investigar qual dimensão prevalece nas discussões acerca da avaliação.

Vale esclarecer que existem outros autores também conhecidos na área de avaliação, mas fizemos o recorte desses seis autores levando em consideração as várias escritas sobre o tema que mencionam tais teóricos brasileiros. Assim, buscamos descrever um pouco sobre a formação desses(as) autores(as) e suas contribuições enquanto estudiosos(as), pesquisadores(as) e escritores(as) de livros.

Ao analisarmos as obras dos autores supracitados, utilizamos aqueles/as que estudamos durante o Componente Curricular de Avaliação da Aprendizagem. E também levamos em consideração o sumário, as partes introdutórias dos livros e algumas informações que constavam “na orelha” dos livros. De forma geral, buscamos as descrições acerca das categorias e conceitos que tratavam a obra.

O autor mais citado entre os estudiosos da área de Avaliação é Cipriano Carlos Luckesi que é filósofo, Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia e doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É professor aposentado do departamento de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, escreve dentre outros temas sobre Filosofia da Educação, Didática, Educação e Ludicidade e Avaliação da Aprendizagem Escolar, tema em que se tornou especialista.

Figura 01: Cipriano Carlos Luckesi

Luckesi tem diversas obras publicadas dentre elas destaco os livros “Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições” (2011), “Avaliação da aprendizagem: componente do ato pedagógico” (2011), “Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceito e recriando a prática” (2005) e “Avaliação da aprendizagem escolar” (1995). Luckesi desenvolve uma abordagem em suas obras que predominantemente discute a avaliação da aprendizagem numa perspectiva das dimensões técnica e pedagógica, com destaque para a utilização de métodos e instrumentos e a intencionalidade do planejamento do trabalho pedagógico.

Uma das marcas importantes do autor é sua discussão sobre a pedagogia do exame. Trata-se de uma definição em que Luckesi afirma que as escolas têm praticado mais exames, focando na valorização desmedida das notas escolares, ao invés de investirem na investigação das necessidades e do reconhecimento da qualidade das aprendizagens. Também é defensor de que não se pode castigar os(as) estudantes por causa do erro, mas mediar a aprendizagem com oportunidade de reflexão sobre as construções de aprendizagem.

Outra autora muito conhecida e citada, considerada uma das maiores especialistas da área de avaliação é Jussara Maria Lerch Hoffmann que é graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escreveu livros como: “Avaliação Mediadora: uma prática em construção da pré-escola a universidade” (2010), “Avaliação mito & desafio: uma perspectiva construtivista” (1998), “Avaliar para promover: as setas do caminho” (2001), dentre outros.

Figura 02: Jussara Maria Lerch Hoffmann

Fonte: Site Editora Mediação

Hoffmann tem seu trabalho balizado pelas dimensões técnica e pedagógica. A autora defende em seus trabalhos a avaliação mediadora. Uma forma de avaliar que pressupõe um acompanhamento individual, personalizado sempre tendo o diálogo

como norte das relações de ensino e aprendizagem e baseado em critérios claros de qualidade. A autora também defende que o processo de avaliação não deve ocorrer ao final de ciclos de estudos, mas sim, ao longo das atividades desenvolvidas, especialmente com a utilização de registros escritos como o Relatório de Acompanhamento da criança, uma vez que a autora se especializou na área de avaliação na Educação Infantil.

Uma entrevista recente foi realizada com Hoffmann, publicada na Revista Teias (2018) em que a autora trata dentre outros temas, da influência da politica nacional de avaliação sobre as práticas avaliativas no cotidiano escolar e sobre as diferenças entre a avaliação mediadora e avaliação classificatória.

A avaliação classificatória implica “corrigir tarefas e provas do aluno para verificar respostas certas e erradas e, com base nessa verificação periódica, tomar decisões quanto ao seu aproveitamento escolar” (HOFFMANN, 1993, p.95).A autora avalia que na ultima década ocorreu uma proliferação de exames em larga escala de caráter politico institucional. Este tipo de politica educacional em avaliação acaba por influenciar o processo decisório das escolas referentes ao sistema avaliativo, o que acaba por reforçar a lógica classificatória.

Desta maneira, até mesmo as famílias sofrem influência, o que gera uma cobrança para que as escolas ofereçam experiências de competição e classificação. Sob o pretexto de que, em suas vivencias sociais futuras, os estudantes encontrarão ambientes de competição e classificação, a família passa a cobrar da escola uma preparação dos estudantes para este cenário durante a jornada escolar.

Quanto a avaliação mediadora se ocupa de “analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situação de aprendizagem (verbais ou escritas, outras produções), para acompanhar as hipóteses que vem formulando a respeito de determinados assuntos” (HOFFMANN, 1993, p.95).

A autora destaca o perigo existente na falta de entendimento sobre a superlativa diferença entre a avaliação mediadora e a avaliação classificatória que se distinguem tanto em termos de instrumentos e metodologias quanto em suas finalidades. Hoffmann expõe que a avaliação mediadora possui caráter mais exigente que a classificatória, pois, pressupõe acompanhamento personalizado, permanente e gradual dos estudantes, além de, utilizar instrumentos avaliativos diversificados, frequentes, gradativos e complementares, o que garante indicadores qualitativos capazes de subsidiar o fazer pedagógico para melhorar a aprendizagem.

Por outro lado, a avaliação classificatória em sua lógica do exame, faz uso de provas periódicas, atribuição de notas e médias com a intenção pura e simples de registrar índices de aprovação ou reprovação sem preocupação com a garantia das aprendizagens. Ainda assim, Hoffmann compreende que, existe sim um movimento de mudança nas práticas em avaliação, porém, tal movimentação eclode de forma tímida e incipiente, em ações pontuais em algumas escolas ou em ações isoladas de professores(as) no chão das salas de aula. Desta forma, a autora reforça a necessidade do aprofundamento das discussões sobre avaliação mediadora nas escolas, e especialmente na formação dos futuros professores nos espaços acadêmicos.

A pesquisadora Léa Depresbiteris também autora especialista em avaliação da aprendizagem foi uma pedagoga, Mestre em tecnologia educacional pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo. É autora de obras como: “O desafio da avaliação da aprendizagem: dos fundamentos a uma proposta inovadora” (1989), “Avaliação educacional em três atos” (1999) e “Diversificar é preciso: os atuais instrumentos e técnicas de avaliação da aprendizagem são funcionais?” (2009). Esta última foi escrita em parceria com Marialva Rossi Tavares.

Figura 03: Léa Depresbiteris

Fonte: Site da Universidade Federal do Mato Grosso

Depresbiteris tinha seu trabalho direcionado predominantemente às discussões da avaliação da aprendizagem na dimensão técnica. A autora se especializou em avaliação de sistemas de avaliação, instrumentos avaliativos e processos em avaliação da aprendizagem. Sua principal obra discutia as possibilidades de diversificação de instrumentos avaliativos, o que contribuiu muito para as práticas de docentes da educação básica.

A autora destacava a importância de que o(a) professor(a) considere como instrumentos avaliativos aqueles que, proporcionam um número maior e mais diversificado de informações sobre o trajeto percorrido pelo estudante na construção da sua aprendizagem, salientando que nenhum instrumento de avaliação é plenamente completo. Depresbiteris ressalta também que, os instrumentos tem por finalidade a coleta de informações referentes à aprendizagem que muitas vezes só é usado para fins de verificação. E avaliar exige mais, compreende estimar e subsidiar os processos de tomada de decisão para da melhor maneira intervir sobre o que está sendo avaliado.

Depresbiteris e Tavares (2009) afirmam que todo instrumento avaliativo, se ressignificado, é capaz de tornar explícito ao professor(a) as potencialidades e as limitações dos(as) estudantes, o que pode atender aos critérios de uma avaliação formativa, pois, o caráter formativo está no uso que é feito do instrumento e não no instrumento avaliativo propriamente dito.

Muitos teóricos da avaliação concordam que a prática avaliativa deve sempre considerar o processo, mais que o produto, uma vez que a construção das aprendizagens ocorre em tempos, espaços e circunstâncias diferentes.

Outro autor conhecido da avaliação é Celso dos Santos Vasconcellos que é pedagogo, filósofo, Mestre em História e Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. É autor de livros como: “Avaliação: Concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar” (1993), “Avaliação: Superação da lógica classificatória e excludente – do é proibido reprovar ao é preciso garantir a aprendizagem” (1998), “Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação” (2007), “Avaliação da Aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis transformadora” (2010).

Figura 04: Celso dos Santos Vasconcellos

Vasconcellos direciona todo o seu arcabouço teórico para dimensão política da avaliação da aprendizagem. O autor entende que há um problema na avaliação tradicional praticada no âmbito escolar, e que a única forma de encontrar soluções para este, é buscar uma compreensão dos aspectos políticos que envolvem esta prática social. Assim, Vasconcellos traz em suas obras a ideia de que só a partir de uma perspectiva dialética, consciente e libertadora é possível romper com práticas que se alinham a interesses do sistema dominante. Que, por sua vez, utiliza o sistema formal de ensino para atender as demandas do mercado financeiro, causando injustiça social e exclusão.

Quando o autor trata da dimensão da práxis, defende que a avaliação prescinde de uma reflexão acerca da intencionalidade pedagógica. Ou o(a) professor(a) está a serviço efetivamente das práticas tradicionais ou vai em busca de novas práticas pautadas na inclusão de todos(as) para a aprendizagem. Neste sentido Vasconcelos (1993) pontua que o grande entrave da avaliação é o seu uso como instrumento de controle e discriminação social. Assim, o mesmo pontua que se faz necessário abandonar a postura equivocada da perspectiva fatalista de que o problema da avaliação está ligado às estruturas de poder, “é coisa do sistema”. Para, dessa forma, buscar reconhecer o problema dialeticamente, analisando-o em sua totalidade para conseguir coletiva e organizadamente construir um método de trabalho que partindo da prática, passe por uma reflexão e culmine na transformação de práticas tradicionais a práticas inclusivas de avaliação.

Para Vasconcellos, o caráter político da avaliação da aprendizagem está diretamente ligado ao fato da mesma constituir-se como um mecanismo seletivo de excelências, uma vez que dentro do sistema educacional funciona como um selo que dá amparo legal a seleção social, segregação legitimando interrupções nas trajetórias escolares, focando em resultados e certificações. Desta forma, sob o pretexto de neutralidade e objetividade, o sistema utiliza a avaliação como uma ferramenta para controlar as oportunidades educacionais, encobrindo assim, as desigualdades e a exclusão sob a falsa ideia de mérito, fruto de um esforço individual e da excelência das habilidades demonstradas pelo sujeito.

O pedagogo Luiz Carlos de Freitas é Mestre em Educação, Doutor em Ciências (Psicologia experimental) pela Universidade de São Paulo e Pós Doutor pela mesma Universidade tendo combinado estudo sobre teoria pedagógica em Moscou. O pesquisador é autor de obras como: “Avaliação educacional: caminhando pela

contramão” (2014), “Currículo e avaliação” (2003) em parceria com Claudia de Oliveira Fernandes, “Avaliação de escolas e Universidades” (2003), “Avaliação: construindo o campo e a crítica” (2002) e Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática (2012).

Figura 04: Luiz Carlos de Freitas

Fonte: Blog do Freitas

Freitas tem seu trabalho em avaliação balizado amplamente pela dimensão politica da avaliação da aprendizagem e também pela dimensão pedagógica. O estudioso ressalta a importância de um olhar mais criterioso em torno da dimensão politica da avaliação. O mesmo considera que em sua maioria os autores da área abordam a dimensão técnica, porém, existe uma gama de outros aspectos que perpassam essa temática, tais aspectos estão relacionados à condição de existência dos sujeitos envolvidos no processo e a questões políticas institucionais, estes interferem diretamente nos processos de tomadas de decisão que orientam as práticas. Sendo assim, são fundamentais para a formação do indivíduo e interferem sobremaneira em suas trajetórias de vida, tanto no âmbito escolar quanto nas vivencias sociais.

Para o autor, a década de 1990 ficou marcada pela efetivação de politicas públicas educacionais liberais em avaliação. Isto em certa medida superestimou a lógica classificatória dos sistemas de avaliação vigente nas escolas. Assim, segundo Freitas (2014) tais políticas conseguiram êxito em colocar na escola significativa parte das crianças em idade escolar, porém, não conseguem garantir qualidade da educação para todas as pessoas. Isto se dá porque, em linhas gerais, os teóricos liberais da escola admitem a igualdade de acesso, mas não aceitam a igualdade de resultados nos processos educacionais. Assim, a própria organização do trabalho pedagógico de forma seriada evidencia uma concepção de educação focada na seletividade pela homogeneização do tempo de aprendizagem. Desta forma, o

aceso é garantido, a igualdade de desempenho não, pois, os tempos de aprendizagem dos estudantes são heterogêneos.

Imbricada neste cenário está a avaliação que é utilizada para dar legitimidade a disparidade das trajetórias de sucesso ou fracasso dos(as) estudantes.Com a narrativa de que o esforço individual determina os rumos de suas jornadas escolares, e equivocadamente é apresentada a esses estudantes a falsa ideia de um processo meritocrático. Dizemos que é falsa porque mérito pressupõe igualdade de condições e não só de acesso. Freitas defende que é importante a ampliação do conceito de avaliação para garantir a inclusão de práticas avaliativas que sejam capazes de superar a lógica liberal que se restringe aos processos instrucionais de verificação de conteúdos com o objetivo de selecionar e excluir.

Tanto Freitas quanto Villas Boas defendem a concepção de avaliação formativa que diz respeito a um modo de avaliar que envolvem as aprendizagens de estudantes, docentes e da escola. Desse modo, alertam para os perigos da avaliação pautada na meritocracia.

Maria Teresa Esteban é Pedagoga e Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, Doutora em Filosofia e Ciências da Educação pela Universidade de Santiago de Compostela e Pós Doutora pela Universidade Nacional Autônoma do México. A pesquisadora escreveu livros como “Escola, currículo e avaliação” (2008), “O que sabe quem erra: Reflexão sobre avaliação e fracasso escolar” (2013), “Olhares e interface: Reflexões críticas sobre avaliação” (2010) em parceria com Almerindo Afonso e “Avaliação: Uma prática em busca de novos sentidos” (1999). Dentre outras obras.

Figura 05: Maria Teresa Esteban

A autora possui vasta experiência em sala de aula e com muita propriedade direciona suas pesquisas com um enfoque nas dimensões pedagógico e política. Escreve sobre a complexidade da avaliação da aprendizagem, sobre como a lógica classificatória que se baseia em ideias de mérito, julgamento, punição e recompensa permeiam a avaliação tradicional distanciando os sujeitos envolvidos nas práticas do cotidiano.

Desta forma as condições subjetivas deixam de ser consideradas nas relações de ensino e aprendizagem. A autora entende que o processo de avaliação não é unilateral, por isso demanda a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos. Numa ideia de avaliar com, ao invés de avaliar o outro. Isso porque é impossível avaliar numa relação em que um sujeito se torna objeto do outro, pois, avaliar é indagar e indagar-se de forma coletiva e compartilhada no qual todos constroem conhecimento.

No cotidiano escolar, para Esteban (2008),a professora enquanto avalia também é avaliada e desse modo se depara com as contradições da lógica avaliativa, especialmente porque a avaliação quando é classificatória mostra que é preciso classificar para ensinar e aprender, mas classificar não melhora o ensino, tampouco o aprendizado. Classificar pressupõe excluir, só que incluir é indispensável ao ensinar. Desta forma, a autora delimita que tal contradição se ancora na ambivalência da avaliação tradicional, que propõe medir para incluir em categorias de classificação, ao passo que os sujeitos que não se enquadram em tais categorias são excluídos. A estudiosa traz a discussão sobre como, a avaliação tradicional e sua lógica classificatória, anulam as possibilidades de compressão das potencialidades dos estudantes e as possibilidades de, através da análise correta dos resultados, reorientar o trabalho pedagógico na direção do desenvolvimento da aprendizagem.

Somando-se ao grupo que defende a avaliação como acompanhamento, como processo, Maria Benigna de Freitas Villas Boas é pedagoga, Mestre em ensino pela Universidade de Houston, Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas e Pós Doutora em Educação pelo Instituto de Educação da Universidade de Londres. É autora de livros como: “Compreendendo a avaliação formativa.” (2011), “Avaliação: políticas e práticas” (2006), “A avaliação na escola” (2007) e “Avaliação formativa: práticas inovadoras” (2011) entre outros.

Figura 06: Maria Benigna de Freitas Villas Boas

Fonte: Blog de Villas Boas

Defensora da avaliação formativa, que segundo a autora, caracteriza-se por promover a aprendizagem do(a) aluno(a) e do(a) professor(a), além de buscar o desenvolvimento da escola. Villas Boas tem seu trabalho lastreado nas dimensões técnica e pedagógica. Numa compreensão de que a escola realiza trabalho pedagógico que é muito mais abrangente que ensino e aprendizagem. A autora propõe a avaliação formativa como alternativa ao modelo tradicional e faz, também, discussões sobre processos avaliativos, instrumentos de avaliação, principalmente defendendo a utilização do portfólio.

Para a autora a avaliação já figura entre os temas mais debatidos no âmbito da educação brasileira, diversas pesquisas na área apontam um caráter classificatório, excludente, autoritário e punitivo. Este cenário traz a tona questionamentos para além da sua dimensão técnica que compreende procedimentos, elaboração, aplicação e uso de seus resultados. Villas Boas enfatiza a necessidade de entender a dimensão político-social da avaliação. Os processos avaliativos devem ser concebidos e conduzidos com o foco no desenvolvimento dos estudantes, professores(as), cursos e instituições na busca de práticas inclusivas e não excludentes. A pesquisadora questiona o modelo conservador de avalição que ocorre de forma unilateral de forma que só o(a) aluno(a) é avaliado(a) e somente pelo(a) professor(a) que ao final de um ciclo lhe atribui uma nota que define se o mesmo será aprovado ou reprovado.

A estudiosa diz que o processo avaliativo deve ser realizado de forma a permitir ajustes no fazer pedagógico, para melhor orientar os alunos(as) na realização de seu trabalho e auxilia-los na identificação de suas dificuldades para supera-las e assim, progredir em seu processo de aprendizagem. Esta concepção faz um contraponto à ideia de avaliação somativa que busca somente realizar um

balanço parcial ou total de conteúdos assimilados ou não por esses estudantes. Para Villas Boas (2007), a avaliação na concepção formativa requer mudança de atitude, quebra de paradigmas, no qual o erro do aluno não mais seja considerado uma falta que deve ser punida, mas sim, que este erro se caracterize como uma fonte de dados especialmente importante na orientação e reorientação do trabalho pedagógico.

A autora expõe também que diversos autores brasileiros defendem a substituição do paradigma da avaliação tradicional para o paradigma que busque uma avalição que atenda às concepções: mediadora, emancipatória, dialógica, integradora, democrática, participativa, cidadã, etc. Todas essas designações, para Villas Boas fazem parte da concepção de avaliação formativa que dá centralidade ao desenvolvimento do(a) aluno(a), do(a) professor(a) e da escola.

Todos(as) os(as) autores(as) citados neste trabalho foram selecionados a partir da contribuição na área da avaliação e da validação de suas ideias focadas na avaliação inclusiva e do combate às práticas seletivas, meritocráticas que secularmente são praticadas na escola. Desse modo, as seis personalidades descritas tem convergência na defesa da prática da avaliação que acolhe e incentiva a construção das aprendizagens, mesmo diante de equívocos, e reconhecem que o erro faz parte da construção dos conhecimentos. Também estão em pleno acordo de que a avaliação não implica apenas uma ação do avaliador(a) professor(a) para o(a) avaliado(a) aluno(a), mas trata-se de uma ação que envolve negociação e tomada de decisões entre os pares e que serve para melhorar não apenas as aprendizagens dos discentes, mas também dos docentes e de toda a equipe escolar.

Para desenvolver a avaliação é necessário conhecimento do contexto e

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