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4.1 RELATO DE INTERVENÇÃO

4.1.1 Oficinas

4.1.1.3 Terceira oficina: “carta de você faz bem a gente”

Tempo: 1 hora e 40 minutos

1º Passo: A turma foi dividida em grupos de seis alunos, os quais receberam um envelope contendo as cartas. Primeiro, houve uma leitura silenciosa; depois foi solicitado a um dos integrantes a leitura da carta em voz alta. Em seguida, discussão oral sobre o conteúdo das correspondências.

1. Quem escreveu a carta? 2. Para quem?

3. Quando?

4. Em que lugar se encontra o remetente e o destinatários das cartas? 5. Sobre qual assunto as cartas tratam?

6. O que mais lhe impressionou?

7. Em relação às cartas de Carlos Drummond para Zila, o que mais chama atenção? 8. Quais informações podemos ter sobre Câmara Cascudo e Mário de Andrade? As

cartas deles, na sua maioria, tratam sobre o quê?

2º Passo: Após a discussão, projeção por meio do Datashow dos livros dos quais foram retiradas as missivas: Cartas de Drummond a Zila Mamede, de Graça Aquino; e o livro Câmara Cascudo

e Mário de Andrade, organizado por Marcos Antônio de Moraes. No final, os alunos tiveram

contato com os livros físicos.

4.1.1.3.1 Relato

De acordo com o que foi planejado, entreguei para cada grupo um envelope contendo setes cartas. Após a conclusão da leitura silenciosa e em voz alta, passamos a discutir sobre o conteúdo.

Fotografia 6 – Alunos lendo as correspondências dos poetas

Fonte: Elaborada pela autora

Todavia, esclareci que iriamos discutir, por ordem, primeiro as cartas de Drummond para Zila, depois as cartas de Câmara Cascuda para Mário de Andrade. Falei também que as missivas seriam lidas numa sequência cronológica, de acordo com as datas em que foram escritas. E que, a cada leitura, seguir-se-ia uma discussão do conteúdo. Iniciei com uma explanação sobre a estrutura do gênero carta – elementos como remetente, destinatário, localização, data, saudação inicial e final. Nesse momento, eles chamaram a atenção sobre a música “A carta” – trabalhada na oficina anterior, que tinha essa estrutura de carta, mas que era uma canção. Vejamos um dos comentários deles: “Professora, aquela música cantada por Renato Russo e Erasmo era música com jeito de carta”; “Professora, a música “A carta”, de Renato Russo, parece ser uma carta mesmo, porque ela começa cantando ‘escrevo-te estas mal traçadas linhas meu amor, e no final ele diz “e para terminar, amor, assinarei do sempre, sempre teu...” Achei interessante essa observação deles porque remete ao conceito de intergenerecidade (KOCH, VANDA, 2012), quando um gênero toma emprestado caraterísticas de outro. Tal hibridização tem um propósito comunicacional. No caso de “A carta”, o que predomina é o gênero canção, mas os compositores Benil e Raul Sampaio utilizam a estrutura de outro gênero, carta, com um propósito artístico. Buscando usar uma linguagem mais simples, expliquei isso para eles.

Dando prosseguimento, pedi que cada grupo comentasse a respeito do conteúdo das cartas dos escritores e o que mais tinha chamado a atenção deles. Foi bastante produtivo porque a maioria quis participar. Quanto aos alunos tímidos e inseguros, incentivei a participação, direcionando a pergunta para eles. Faço sempre questão de incluir esses alunos, pois eles também têm um potencial e, muitas vezes, ficam se esquivando.

A partir dos comentários, constatei que realmente leram as cartas e tinham assimilado seus conteúdos, o que podemos confirmar por meio das falas: “Carlos Drummond diz que cada um é dono dos seus erros e acertos, então ele quis dizer que os poemas dela eram todos agradáveis, mas faltavam alguns ajustes e modificações”. “Eles trocavam ideias sobre poesia”; “Carlos Drummond fala dos poemas de Zila que são bonitos, sobre a amizade deles e também de suas famílias”, “Carlos Drummond elogiava muito os poemas de Zila e dava dicas sobre o que poderia melhorar, ele também dizia que o livro dela estava perto de ser lançado”; “Drummond fala pra Zila que recebeu O arado, e depois pede para ela mandar também para Bandeira”; “Drummond fala das poesias de Zila e também da seca e da fome no Nordeste”. “O poeta fala sobre a família dele para Zila e a consola por causa da morte da mãe dela. ” A discussão foi proveitosa porque cada um lembrava de um aspecto que foi abordado nas cartas, assim tínhamos a visão do todo.

Em seguida, pedi que comentassem sobre as cartas de Câmara Cascudo. O que mais chamou a atenção deles foi o aspecto cultural, como podemos comprovar em suas falas: “Ele fala muito da cultura nordestina, do sertão, do vaqueiro e cantadores”, “Ele fala muito de comida: tapioca, tigela de café, rapadura”, “De reza, vaqueiros e comidas”, “Fala que o lugar onde ele está não pode mandar fotografia, que está num lugar onde não tem luz elétrica, sem tecnologia”. Alguns alunos chamaram atenção para a forma inusitada de Cascudo se despedir de Mário de Andrade: “Professora, ele usa uma linguagem engraçada, ao se despedir na carta diz que “ele tenha três costelas partidas por um acocho”. Apenas um dos grupos mencionou que Câmara Cascudo também enviava poemas para Mário: “Ele também manda poemas para Mário. Manda ler, rasgar, publicar”.

Após isso, projetei, com ajuda do datashow, trechos das cartas lidas e discutidas e falei que se tratavam de cartas pessoais. As cartas de Drummond para Zila fazem parte do livro cujo título é Cartas de Drummond para Zila Mamede, organizado por Graça Aquino. Já as duas cartas de Câmara Cascudo fazem partem do livro intitulado Câmara Cascudo e Mário de

Andrade: cartas 1924 – 1944, organizado por Marco Antônio de Moraes. Comentei também

sobre a amizade entre Zila Mamede e Câmara Cascudo, que, inclusive, fez o prefácio do livro

O Arado.

Para finalizar, mostrei as diversas partes que compõem o livro, como capa e contracapa, orelhas, e em seguida entreguei à turma os dois exemplares disponíveis, para que eles pudessem ver e folhear.

Fotografia 7 – Projeção da capa do livro Fotografia 8 - Projeção da capa do livro

Fonte: Elaborada pela autora Fonte: Elaborada pela autora