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Terceiro período: as ideias pedagógicas no Brasil entre 1932 e 1969: predomínio da

Diante de um novo cenário que se aponta no desenvolvimento do Brasil com a modernização da agricultura cafeeira e o deslocamento da população para os grandes centros urbanos, decorrente do início do processo de industrialização e sob o impulso da acumulação capitalista gerada pela cafeicultura, alarga-se o espectro das chamadas “classe média”. Esta encontra apoio no movimento tenentista, que propunha reformas na estrutura de poder do País, entre as quais se destacam o fim do voto de cabresto, instituição do voto secreto e a reforma na educação pública. O movimento tenentista não conseguiu produzir resultados imediatos na estrutura política do País, já que nenhuma de suas tentativas teve sucesso, mas conseguiu manter viva a revolta contra o poder das oligarquias, representada na Política do café com leite, também conhecida como pacto entre as principais lideranças dos Estados de Minas Gerais e de São Paulo. No entanto, o tenentismo preparou o caminho para a Revolução de 1930, que alterou definitivamente as estruturas de poder no País.

Entre 1932 e 1947, observa-se o equilíbrio entre a pedagogia tradicional, representada pelos católicos, e a pedagogia nova, representada pelos escolanivistas. Ganha o primeiro plano a atuação de personagens comprometidos com o processo de renovação da educação, que pontificaram no movimento escolanovista: Lourenço Filho17 é tratado como o grande formulador das "bases psicológicas" desse movimento. Fernando de Azevedo 18teria sido mentor de suas "bases sociológicas" nas reformas do ensino. Anísio Teixeira19, por sua vez, é celebrado como o articulador das "bases filosóficas e políticas da renovação escolar".

A década de 30 se inicia por um clima revolucionário, afetado por problemas econômicos decorrente da crise de 1929, considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século 20 e que afetou as economias de todo o planeta durante os anos 30. O Brasil, que dependia muito da exportação de produtos agrícolas, especialmente o café, enfrentava sérias dificuldades. A industrialização brasileira começava a criar uma classe

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Lourenço Filho (1897- 1970) foi um educador e pedagogista brasileiro conhecido, sobretudo, por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova. Foi duramente criticado por ter colaborado com o Estado Novo de Getúlio Vargas. Sua obra nos revela diversas facetas do intelectual educador, extremamente ativo e preocupado com a escola em seu contexto social e nas atividades de sala de aula. Vida e obra, consultar SAVIANI (2007) – História das Idéias Pedagógicas no Brasil.

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Fernando de Azevedo (1894- 1974). Foi um professor, educador, crítico, ensaísta e sociólogo brasileiro. Promoveu a reforma da educação pública, considerada a primeira integrada no espírito da Escola Nova. Vida e obra, consultar SAVIANI (2007) – História das Idéias Pedagógicas no Brasil.

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Anísio Teixeira (1900-1971). Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova Vida e obra, consultar SAVIANI (2007) – História das Idéias Pedagógicas no Brasil.

operária, que lutava por direitos trabalhistas, e uma classe que emergia da industrialização ainda incipiente, que era contra a política econômica do País voltada quase integralmente para a agricultura. Os brasileiros lutavam pelo fim da dominação política da oligarquia cafeeira do fim dos anos 20. Almejavam uma democracia consolidada, eleições diretas para presidente, com o voto secreto de mais de 135 milhões de eleitores, liberdades e direitos garantidos por uma Constituição formulada por representantes escolhidos pelo povo, liberdade de organização sindical, economia diversificada e forte. Neste contexto, a insatisfação que tomou conta do povo brasileiro culminou com a Revolução de 30 e o Golpe de Estado protagonizado por Getúlio Vargas.

A Revolução de 1930 foi marcada pelo rompimento de décadas de revezamento entre paulistas e mineiros na presidência do Brasil e pelo golpe de estado planejado pela Aliança Liberal e por Getúlio Vargas, candidato derrotado na eleição presidencial e que impediu o presidente eleito de assumir o poder. Com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder (1930- 1934) é instituído o Governo Provisório. Uma das primeiras medidas do Governo Provisório foi criar o Ministério da Educação e Saúde Pública e indicar para a pasta Francisco Campos20, integrante do movimento da Escola Nova, que, já no primeiro semestre de 1931, baixa um conjunto de sete decretos, conhecidos como Reforma Francisco Campos.

Com estas medidas resultou evidente a orientação do novo governo de tratar a educação como questão nacional convertendo-se, portanto, em objeto de regulamentação, nos seus diversos níveis e modalidades, por parte do governo central. (SAVIANI, 2011, p. 196).

Importante destacar que, dentre as sete medidas da Reforma Francisco Campos uma nos chama a atenção: o Decreto nº 19.941 que “introduziu pela primeira vez na história da Republica, o ensino religioso nas escolas oficiais.” (SAVIANI, 2011, p. 196). Vale ressaltar que até tal época não se externara ainda o conflito entre os católicos e os escolanovistas, que só emerge ao final do IV Conferência Nacional de Educação com a publicação do “Manifesto dos Pioneiros” (1932).

O texto do “Manifesto” anuncia como objeto “A reconstrução educacional no Brasil” justificando ser “impossível desenvolver as forças econômicas ou de produção sem o preparo

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Francisco Campos (1891-1968) defendia as posições antiliberais contra a atuação da jovem oficialidade militar, os "tenentes", que combatiam o governo federal pelas armas. , promoveu uma profunda reforma educacional em Minas Gerais a partir dos postulados defendidos pela Escola Nova. Articulador da candidatura Getúlio Vargas pela Aliança Liberal que pôs fim à República Velha, participou do Golpe de Estado de 1930. Com a posse do novo regime, assumiu a direção do recém-criado Ministério da Educação e Saúde e promoveu, então, a reforma do ensino secundário e universitário no País.

intensivo das forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e iniciativa que são os fatores fundamentais do crescimento de riqueza de uma sociedade” (SAVIANI, 2011, p. 242), ressaltando a desarticulação e a fragmentação das reformas anteriores, que denotam falta de visão global sobre o problema da educação e da determinação dos fins e de sua aplicação.

Tal falta de visão era evidente na resolução dos problemas da administração escolar, que era atribuída à deficiência da formação dos professores:

À ausência de uma cultura universitária que permitiria ao educador ter um amplo horizonte mental de modo que visse o problema educacional em conjunto, subordinando as questões pedagógicas ou métodos à questão filosófica, ou dos fins da educação. (SAVIANI 2011, p. 243).

Ora, se a educação está intimamente vinculada à filosofia de cada época, que lhe define o caráter, rasgando sempre novas perspectivas ao pensamento pedagógico, a educação nova não pode deixar de ser uma reação categórica, intencional e sistemática contra a velha estrutura do serviço educacional, artificial e verbalista, montada para uma concepção vencida (HISTEDBR, revista2006, p. 191).

Podemos concluir que a proposta da Educação Nova era organizar a escola como um meio propriamente social, propiciando vivências das virtudes e verdades, harmonizando os interesses individuais e coletivos.

No item “A função educacional”, o Manifesto destaca a importância na elevação da formação dos professores ao nível da universidade; equiparação da remuneração e das condições de trabalho dos professores dos diferentes graus.

Podemos considerar que o “Manifesto dos Pioneiros”, se não o primeiro, é um documento de política educacional, como um Plano Nacional de Educação, dada a profundidade que tratou dos temas da educação e das propostas para a superação das dificuldades e desenvolvimento de um sistema de educação comprometido com os princípios da laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeducação.

Nesta mesma época, a Escola Normal, reimplantada a partir da reforma paulista e após a primeira década republicana, vai perdendo o seu ímpeto reformador. Trazendo ainda a marca da força do padrão até então dominante, centrado na preocupação com o domínio dos conhecimentos a serem transmitidos, também precisa ser revista para atender a necessidade de formação de professores, de modo que possam, de forma mais eficiente e comprometida com as novas ideias, dar forças ao desenvolvimento do novo projeto de educação. Desta forma, são organizados os Institutos de Educação (1932-1939) concebidos como “espaços de cultivo da

educação, encarada não apenas como objeto do ensino, mas também da pesquisa” (SAVIANI, 2009, p. 145). Caminhava-se para o desenvolvimento e consolidação de um modelo pedagógico-didático que buscava se firmar como um conhecimento de caráter científico rumo à consolidação de um modelo pedagógico-didático, de formação docente, corrigindo as ineficiências e distorções das tradicionais Escolas Normais do passado. O “Manifesto” defendia a formação de todos os professores, de todos os graus, a nível superior e incorporado às universidades, além de remuneração equivalente para manter a eficiência no trabalho, assim como a dignidade e o prestígio próprio dos educadores.

Sobre os Institutos de Educação de São Paulo e Distrito Federal (carioca), tornam-se base dos estudos superiores de educação, são elevados ao nível universitário e incorporados à Universidade de São Paulo e do Distrito Federal, respectivamente. São organizados os cursos de formação de professores e dão origem à Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Os cursos de Pedagogia são, então, organizados no “esquema 3+1”,21 para

formação de professores das várias disciplinas e para a formação de professores para exercer a docência nas Escolas Normais. Este esquema previa três anos para o estudo das disciplinas específicas “cursos de matérias” e um ano para a formação didática. Porém, este modelo perdeu sua referência de origem, “cujo suporte eram as escolas experimentais às quais competia fornecer uma base de pesquisa que pretendia dar caráter científico aos processos formativos”. (SAVIANI, 2009, p. 146).

Em 1946, no então governo de Gaspar Dutra, foi aprovado o Decreto-Lei n. 8.530, em 2 de janeiro. Conhecido como “Lei Orgânica do Ensino Normal” (Brasil, 1946) mantém a mesma orientação no que se refere ao ensino normal,

Na nova estrutura, o curso normal, em simetria com os demais cursos de nível secundário, foi dividido em dois ciclos: o primeiro correspondia ao ciclo ginasial do curso secundário e tinha duração de quatro anos. Seu objetivo era formar regentes do ensino primário e funcionaria em Escolas Normais regionais. O segundo ciclo, com a duração de três anos, correspondia ao ciclo colegial do curso secundário. Seu objetivo era formar os professores do ensino primário e funcionaria em Escolas Normais e nos institutos de educação. (SAVIANI, 2009, p. 146).

Tais medidas centraram a formação docente, tanto no curso Normal quanto no de Pedagogia, no aspecto profissional, garantindo o desenvolvimento de um currículo voltado para o desenvolvimento de disciplinas com conteúdos culturais-cognitivos a serem

21 Entenda-se por 3+1 o desenvolvimento do curso em 3 anos de Bacharelado (conteúdos específicos) e +1 de

frequentadas pelos alunos e suspendendo a exigência se escolas–laboratório, que hoje chamamos de estágio.

Neste contexto, ideias inovadoras surgiram, como a fundação da Universidade com a função de criar ciência, transmiti-la e divulgá-la, mas não avançaram além da orientação da tendência liberal renovada progressista devido às condições objetivas como a própria formação dos professores.

Entre 1930 e 1947, podemos observar equilíbrio entre as concepções tradicionais (igreja católica) e modernas (pioneiros), o que posteriormente provocou a renovação das escolas católicas que, para sobreviver, tinham que atender à elite econômica e cultural. Neste período, de certo modo influenciada pelas novas ideias, a escola católica vai se inserindo ao movimento renovador. Mas como inserir a pedagogia nova sem abrir mão de seus objetivos religiosos? A saída encontrada pela Igreja foi assimilar a renovação pedagógica moderna sem abrir mão da doutrina católica “a luz de uma filosofia verdadeiramente católica de vida” (SAVIANI, 2001, p. 302).

O final dos anos 40 e início dos anos 50 foi marcado por grandes transformações principalmente no campo político. Após quinze anos da ditadura do Estado Novo e governo de Getúlio Vargas, tivemos eleições para a composição da Assembleia Constituinte e Presidente da República em dezembro de 1945. Passamos para o regime democrático e tivemos, em setembro de 1946, promulgada a quinta Constituição brasileira, que congregou princípios liberais e conservadores.

É nesse momento que a formação de professores sofre alterações. A aprovação do Decreto Lei nº 8.530, de 2 de janeiro de 1946, também conhecida como Lei Orgânica do Ensino Normal, apresentou uma nova estrutura para o funcionamento dos cursos de formação docente. Com a finalidade de:

1. Prover à formação do pessoal docente necessário às escolas primárias; 2. Habilitar administradores escolares destinados às mesmas escolas.

3. Desenvolver e propagar os conhecimentos e técnicas relativas à educação da infância. (Art.1º Decreto Lei nº 8.530).

Então, o ensino Normal foi dividido em dois ciclos. O primeiro, com duração de quatro anos, encarregou-se de dar o curso de regentes de ensino primário e correspondia ao ciclo ginasial do curso secundário. Seu currículo era centrado nas disciplinas de cultura geral, muito parecido com o estilo das antigas Escolas Normais. Já no segundo ciclo, com duração de três anos, a formação de professores primários funcionaria em Escolas Normais e nos Institutos de Educação, que contariam ainda com jardim da infância e escola primária e, anexo,

ministrariam curso de especialização de professores primários. Este segundo ciclo compreendeu também cursos de habilitação para administradores escolares e o seu currículo contemplava todos os fundamentos da educação introduzidos pelas reformas da década de 1930.

A formação docente centrava-se no aspecto profissional. O currículo era composto por um “conjunto de disciplinas a serem frequentadas pelos alunos, dispensada a exigência de escolas-laboratório” (SAVIANI, 2009, p. 147). Podemos observar que tal medida privilegiava a formação cultural-cognitiva em detrimento aos aspectos didáticos pedagógicos. Estes, representado pelo curso de didática era tido como mera “exigência formal para a obtenção do registro profissional de professor” (SAVIANI, 2009, p. 148). O mesmo ocorreu com o curso de Pedagogia:

O curso de Pedagogia, à semelhança do que ocorreu com os cursos normais, foi marcado por uma tensão entre os dois modelos. Embora seu objeto próprio estivesse todo ele embebido do caráter pedagógico-didático, este tendeu a ser interpretado como um conteúdo a ser transmitido aos alunos antes que como algo a ser assimilado teórica e praticamente para assegurar a eficácia qualitativa da ação docente. Consequentemente, o aspecto pedagógico-didático, em lugar de se constituir em um novo modelo a impregnar todo o processo da formação docente, foi incorporado sob a égide do modelo dos conteúdos culturais-cognitivos (SAVIANI, 2009, p.148).

A década de 1960 foi marcada por uma intensa experimentação educativa com predominância da concepção pedagógica renovada com a criação das escolas experimentais e vocacionais. A criação das escolas experimentais, instaladas em escolas da rede comum, constituíram projetos de renovação educacional, destinados a aplicar princípios psicopedagógicos cientificamente atualizados e orientações filosóficas compatíveis com o momento histórico em que tiveram existência. As escolas vocacionais22 buscavam a renovação do ensino e a formação de professores, renegando o behaviorismo e apostando na valorização de uma formação abrangente, que contemplasse todas as áreas do saber.

Em 1961, foi promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Lei nº 4.024, nossa primeira LDB, que entra em vigor no ano de 1962. De orientação liberal e caráter descentralizador, uma das principais medidas desta lei foi a instalação do Conselho Federal de Educação (CFE) para a elaboração do Plano Nacional de Educação, coordenado por Anísio

22 Para saber mais sobre as escolas vocacionais sugiro assistir o documentário “Vocacional – o Choque de uma

Teixeira, aprovado pelo CFE e, homologado por Darcy Ribeiro23, então Ministro da Educação. Porém, tais ideais não foram efetivados. Vivíamos uma época de crise de valores e temas tradicionais e de constituição de novas orientações. Os movimentos populares tomavam lugar no debate sobre o desenvolvimento da sociedade.

Vivíamos um período de trânsito24, isto é, de crise dos valores e temas tradicionais e

de constituição de novas orientações. O característico deste período é que a consciência popular se faz transitiva, permeabiliza-se aos desafios apresentados por sua história. (WEFFORT, Francisco C., 1967.)

A sociedade vivia contradições entre os velhos e novos temas, entre algo que se esvaziava e pretendia preservar-se: “a passagem da consciência mágica, própria da sociedade fechada, predominante nos meios rurais, para consciência transitivo-ingênua” (SAVIANI, 2011, p. 324). O processo de urbanização vinha apresentando outras formas de vida mais complexas provocadas pelo processo de industrialização e pelo movimento popular brasileiro de educação, “o maior esforço de democratização da cultura já realizado no Brasil”, desestruturado pelo Golpe Militar de 1964.

Com relação à formação de professores a Lei 4.024/61, não apresentou mudanças significativas no que antes fora determinado pela Lei Orgânica de 1946. A formação de professores continuou se processando em dois ciclos da escola normal de grau ginasial, preparando o regente do ensino primário, e na escola normal colegial, habilitando o professor primário. Preocupava-se com as áreas de formação geral em detrimento da formação específica, que enseja o “como ensinar”. Porém, esta formação geral estava longe de acompanhar a realidade que seus alunos estavam inseridos, como vimos anteriormente. As transformações sociais exigiam novas formas de ensino que pudessem dar conta dessas mudanças, da preparação do povo para a participação política, da valorização da cultura popular e da conscientização da população em relação às condições socioeconômicas do País.

O golpe militar de 1964, no entanto, interrompe violentamente todo este processo, já que exigiu adequações no campo educacional. Sobre influências da tendência liberal tecnicista, cuja ideologia é a de formar técnicos profissionais de forma rápida para atender ao

23 Darcy Ribeiro (1922- 1997) começa sua vida profissional como antropólogo. Posteriormente, ingressa na área

educacional, atingindo rapidamente o cargo de ministro da Educação, em 1962, durante o Governo João Goulart. Sua produção na área da educação e da cultura deixou marcas no País: criou universidades, centros culturais e uma nova proposta educativa com os Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, além de deixar inúmeras obras traduzidas para diversos idiomas. Foi responsável pelo projeto de lei que deu origem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), lei 9394/96.

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Em seu livro “Educação como Pratica de Liberdade”, Paulo Freire apresenta sua interpretação a respeito deste período e das forças políticas que disputavam o poder no início da década de 1960.

mercado de trabalho, o sistema educacional vai se adequar as exigências da orientação política e econômica do regime militar: inserir a escola no modelo de racionalização do sistema de produção capitalista. Assistimos no Brasil ao auge e ao declínio da pedagogia nova.

(...) ênfase nos elementos dispostos pela teoria do capital humano; na educação como formação de recursos humanos para o desenvolvimento econômico dentro dos parâmetros da ordem capitalista; na função de sondagem de aptidões e iniciação para o trabalho atribuída ao primeiro grau de ensino; no papel do ensino médio de formar, mediante habilitações profissionais, a mão de obra técnica requerida pelo mercado de trabalho; na diversificação do ensino superior, introduzindo curso de curta duração, voltados para o atendimento a demanda de profissionais qualificados; no destaque conferido à utilização dos meios de comunicação de massa e novas tecnologias como recursos pedagógicos; na valorização do planejamento como caminho para a racionalização dos investimentos e aumento da produtividade; na proposta de criação de um amplo programa de alfabetização centrado nas ações das comunidades locais (SAVIANI, 2011, p. 345).

Neste contexto, as experiências dos movimentos de educação e cultura popular são silenciadas sob a defesa dos princípios conservadores de instrução com marcos no tecnicismo. São organizados dois eventos pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES)25: o simpósio sobre a reforma da educação e o Fórum “A educação que nos convém”. Ambos explicitaram a visão pedagógica que iria prevalecer nos ano que se seguiram ao Golpe Militar de 1964, que veremos a seguir.

1.4 Quarto período: as ideias pedagógicas no Brasil entre 1969 e 2001: configuração da