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4. UMA ONTOLOGIA PARA O DOMÍNIO DE PADRÕES DE QUALIDADE PARA MPS

4.2 Terminologia adotada na OMPS

Primeiramente, antes de apresentar a ontologia, é necessário estabelecermos precisamente alguns dos conceitos e termos que serão utilizados neste capítulo. Uma das fontes dos problemas que serão analisados está justamente na inconsistência de conceitos e terminologia, portanto é imprescindível que alguns destes conceitos sejam analisados individualmente, sejam definidos e recebam um termo adequado para ser usado de forma consistente no restante deste capítulo.

Um dos conceitos fundamentais na área de MPS é o conceito de Processo. Entretanto, o termo processo é utilizado de forma inconsistente nos modelos para MPS analisados. O termo processo é utilizado em alguns casos para designar o conceito de Processo, tal como adotado neste capítulo, e em outros casos para designar o conceito de Área de Processo, que também será adotado de forma específica neste capítulo.

O conceito de Processo, tal como adotado neste capítulo, é bem definido em [ABN01]:

“Um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas, que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas)”.

Esta definição está alinhada com vários usos deste termo na literatura sobre processo de software, tais como [PAU93], [KRU00], [SOM03] e [OMG08], e está também alinhado com ontologias relacionadas ao processo de software, tais como [FAL98] e [LIA05]. Dentre os vários aspectos presentes nas definições encontradas nestas fontes, a característica central que se repete em todas é a definição de que um processo é um conjunto de atividades. Neste capítulo, o termo processo será a partir de agora utilizado com este sentido, ou seja, será utilizado para designar o conceito de Processo acima descrito.

Outro conceito fundamental na área de MPS é o conceito de Área de Processo. O conceito de Área de Processo, tal como adotado neste capítulo, é designado na ISO/IEC 15504 e no MPS.BR pelo termo processo e pode ser traduzido como:

“Um enunciado de propósito do processo que descreve em alto nível os objetivos gerais a serem atingidos durante a execução do processo, juntamente com um conjunto de resultados que demonstrem a realização bem sucedida do propósito do processo”.

Apesar de esta ser a definição do termo processo na ISO/IEC 15504 e no MPS.BR, o termo processo não será mais utilizado neste capítulo com este sentido. O termo adotado neste capítulo para designar o conceito de Área de Processo será o mesmo termo adotado pelo CMMI, ou seja, utilizaremos o termo área de processo a partir de agora para designar o conceito de Área de Processo acima descrito. Isto tem a finalidade de evitar que os conceitos de Processo e Área de Processo sejam confundidos devido ao uso de uma terminologia ambígua. Cabe ressaltar que, apesar do uso de termos distintos, as definições apresentadas na ISO/IEC 15504 e no CMMI para este conceito

estão alinhadas, possibilitando assim a adoção desta terminologia neste capítulo. Isto pode ser observado na tradução do termo área de processo extraído do glossário do CMMI:

“Um conjunto de práticas de uma área que, quando implementadas coletivamente, satisfazem a um conjunto de objetivos considerados importantes para a realização de melhorias naquela área”.

Em resumo, trata-se da distinção entre “o que” deve ser feito versus “como” deve ser feito. Uma área de processo determina o que é esperado que seja feito em um processo para o atendimento de certos objetivos, mas não estabelece como isto deve ser feito. Já um processo descreve justamente como o trabalho precisa ser realizado em termos de atividades concretas.

Outro conceito que precisa ser definido claramente é o conceito de Resultado de Processo. O conceito de Resultado de Processo, tal como adotado neste capítulo, é designado na ISO/IEC 15504, na ISO/IEC 12207 e no MPS.BR como:

“Um resultado observável do sucesso do alcance do propósito do processo”.

Se considerarmos que o termo processo foi empregado nestes documentos com o sentido que aqui estamos nomeando de área de processo, podemos concluir que esta definição está alinhada com a definição do termo objetivo específico do CMMI, que pode ser traduzido como:

“Um componente obrigatório que descreve uma característica única que precisa estar presente para satisfazer a área de processo”.

Em resumo, este conceito define os elementos que compõem e detalham tudo que se espera que um processo realize para satisfazer uma área de processo. Logo, toda área de processo apresenta sempre um conjunto de resultados de processo que precisam ser observados para definição de um processo.

Tendo estabelecido estes termos, podemos discutir os problemas relacionados aos conceitos e a terminologia adotada nos modelos para MPS aqui analisados que buscamos evitar com o desenvolvimento da OMPS. Estes problemas podem ser resumidos em quatro categorias.

A primeira categoria diz respeito à sinonímia, ou seja, ao uso de termos distintos para designar um mesmo conceito. Alguns termos discutidos nesta seção exemplificam este tipo de problema. O CMMI utiliza os termos área de processo e objetivos específicos, enquanto a ISO/IEC 15504 e o MPS.BR utilizam os termos processo e resultado de processo para os mesmos conceitos.

A segunda categoria diz respeito ao uso de um único termo para designar conceito distintos em modelos distintos. O termo processo pode ser utilizado como exemplo. O termo processo é utilizado tanto para designar o conceito de Processo quanto para designar o conceito de Área de Processo.

A terceira categoria diz respeito ao uso de um único termo para designar conceitos distintos dentro de um mesmo documento. Isto acontece quando um modelo apresenta uma definição para um termo, mas usa o mesmo termo com outro sentido em outros pontos da documentação do mesmo modelo. Isto pode ser observado no MPS.BR. O MPS.BR apresenta uma lista de termos e suas respectivas definições no seu Guia Geral [SOF09]. Nesta lista consta o termo processo com a definição adotada neste capítulo. Entretanto, o modelo de referência do MPS.BR, o MR-MPS, utiliza o termo processo para se referir a um componente do modelo que não representa de fato um conjunto de atividades interrelacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas). O componente do MR-MPS apresenta as características do que aqui estamos chamando de Áreas de Processo, mas o MR-MPS utiliza o termo processo para designá-lo.

Esta categorização ilustra a situação atual e o problema observado, demonstrando também a necessidade de homogeneização da terminologia adotada na área de MPS. A análise aqui apresentada teve como principais objetivos identificar inconsistências, entender os conceitos envolvidos nos modelos para MPS e buscar a melhor terminologia possível para descrevê-los. Visando colaborar para a solução deste problema, este capítulo propõe a Ontologia de padrões de qualidade para MPS (OMPS).