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Ameaças e ameaçados: territórios em riscos a jusante da barragem da UHE Nova Ponte

Mapa 5. Bacia Hidrográfica de contribuição do reservatório da UHE Miranda Mapa revisto e atualizado em relação ao licenciamento do GPIH

3.4 Territórios vulneráveis na Área de Entorno

Para a realização desta análise foi utilizado o Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental (RADA, 2011), que renovou a Licença de Operação número 112, da UHE Miranda, validado em fevereiro do ano de 2012. Por meio de sua análise, serão destacadas temáticas que caracterizam a relação do GPIH com os territórios influenciados por ele. Intentou-se revelar se as ações compensatórias e mitigadoras efetivamente auxiliaram ou auxiliam na segurança das comunidades ribeirinhas e ambientes. Muitas informações e dados levantados neste subtítulo foram comparados com dados e informações obtidos em trabalhos de campo realizados nos anos de 2014, 2016 e 2017 e também de análise cartográfica e serão melhor apresentados no último capítulo.

O RADA é um instrumento previsto na Legislação ambiental atrelado a todo processo de licenciamento de um GPIH, para que se avalie se ele atendeu e atende as exigências para continuar a operar e seu parâmetro remete às licenças, prévia, de instalação e de operação.

Curiosamente nos itens de avaliação, previstos na legislação, percebe-se que a partir dos relatórios de renovação da LO, a empresa contratada pelo GPIH para a produção do Relatório, quase sempre utilizará o argumento de que os itens não são mais aplicados. É como se depois de iniciada a operação, definitivamente nada mais de vulnerável, arriscado e ameaçador viesse a manifestar nos territórios atingidos pelo grande empreendimento.

A leitura atenta destes relatórios produzidos por empresas contratadas pelo empreendedor, apreciados pelo poder público, identifica uma série de itens, em sua maioria,

milagrosamente, depois de instalado e entrado em operação, as vulnerabilidades socioambientais existentes com a implantação do GPIH, viessem a desaparecer. Isto é incompreensível uma vez que as próprias medidas compensatórias e mitigadoras, são provas de que haviam prejuízos socioambientais, devendo ser implementadas medidas e controle sobre os mesmos. Desta forma

pesquisas acadêmicas que ainda se ocupam e se ocuparam da área em estudo, terem identificado problemas socioambientais que contradizem os conteúdos dos relatórios apresentados pelo empreendimento. Depara-se assim com uma vulnerabilidade administrativa, que exemplifica um tipo de recurso de governamentabilidade, discutida no capítulo II, que fragiliza os territórios ameaçados pelo possível rompimento da UHE Nova Ponte, considerado nesta tese.

Para a elaboração e entrega do RADA, o empreendedor deve considerar minimamente uma estrutura prevista pelo órgão ambiental a quem deve ser apresentado para avaliação e parecer.

De acordo com o RADA que autorizou a continuidade de operação da UHE Miranda pela Cemig, é possível extrair quais os temas elencados pela legislação e as respostas apresentadas pelo GPIH. Estes temas possuem si os possíveis sinais de vulnerabilidades, riscos e perigos, mesmo que a empresa contratada para a elaboração considere o tema não aplicável, até porque ainda são temas ocupados por pesquisadores acadêmicos de todos os níveis, da graduação à pós-graduação, assim como de atividades universitárias extensionistas. Os quadros que se seguem foram organizados considerando os conteúdos do RADA, respeitando-se a ordem e estruturas constantes no referido documento.

Quadro 6. Aspectos ambientais Operação da Usina

Efeitos da variação do Nível da Água (N.A) do reservatório para quem vive na A.E Monitoramento da qualidade das águas do reservatório

Conhecimento e controle de assoreamento do reservatório

Área de Influência do Reservatório e Usina

Implementação do Plano Diretor do Reservatório

Fonte: CEMIG, RADA, 2011 Org.: Hudson Rodrigues Lima, 2016

Nos aspectos ambientais citados no quadro 6 implica, por exemplo, na identificação e riscos relacionados à operação da UHE que podem afetar a qualidade da água por meio do assoreamento do reservatório, assim como pelo uso e ocupação do solo da Área Influência e, nela,

como os relacionados, o fato de serem citados na legislação que regula tal tipo de empreendimento, deveria ser tema de observação constante dos entes envolvidos: empreendedor, poder público e comunidade atingida e ameaçada, até mesmo para ressaltar iniciativas bem sucedidas e/ou descrever o processos que permitiram a manutenção de qualidade ambiental. E mais, são temas que implicam prever algum tipo de gestão dos riscos que deles podem emanar. Para se ter um exemplo dos riscos sobrepostos que podem acometer a área de estudo e que podem desencadear resultados inesperados para a vida do rio e de outras espécies vivas, inclusive a do tipo humana que dele depende, utilizamos um aspecto físico, constante no RADA

A taxa de produção de sedimento da bacia do rio Araguari é relativamente baixa, da ordem de 250 t/km2/ano, sendo o percentual de finos da ordem

de 70%. Sendo sedimento mais fino, a retenção no seu reservatório de 1.120 hm3 é baixa, o que resulta uma vida útil de centenas de anos. Tais

informações são baseadas nos dados obtidos na estação de Capim Branco que foi operada no rio Paranaíba por cerca de trinta anos. Vale lembrar que a montante de Miranda fica o grande reservatório de acumulação de Nova Ponte (12.792 hm3) que retém o sedimento de granulometria mais grossa

transportado pelo rio Araguari, o que favorece a vida útil de Miranda. (CEMIG, 2011, p.45).

Desta forma, ao contar com a segurança da barragem da UHE Nova Ponte, o GPIH conta também, com a segurança em relação a assoreamento do reservatório da UHE

Miranda, local de estudo desta pesquisa. Ocorre que este aspecto citado, exemplifica possível efeito que uma tragédia com a barragem de Nova Ponte, pode significar imediatamente à sua área jusante. Sedimentos de granulometria grande serão carreados na onda de inundação que para além do entupimento do reservatório de Miranda, pode implicar também depósitos sobre as áreas sujeitas à inundação. Minimamente haveria a inviabilização do funcionamento da UHE Miranda, além de mortificar com lama a Área de Entorno, colocando fim a várias formas de vidas, entre elas a humana e também a história de vidas e seus sonhos.

Ainda sobre o conteúdo do quadro 6 ao relatar a relação da Área de Influência com o reservatório, indica que um Plano Diretor da UHE Miranda e seu entorno foi elaborado e finalizado em junho de 1997, quando da primeira Licença de Operação. No documento há a seguinte referência que auxilia o diálogo com a área de estudo desta tese,

... No caso do reservatório e da área de entorno, a atenção voltou-se para a ocupação das margens do lago, que à época já se materializava, sendo concluído que se esta continuasse ocorrendo de forma desordenada os impactos em termos físico-bióticos seria elevados. A este respeito o documento aborda que o empreendedor já vinha elaborando e continuaria agindo no sentido do monitoramento de aspectos físicos e mesmo bióticos, cabendo aos órgãos competentes fiscalizar a ocupação, tomando as medidas cabíveis. ... (CEMIG, 2011, p.49)

Apesar da exigência legal da elaboração de um Plano Diretor do Reservatório (PDR) ou Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial (PACUERA), o que se apurou em entrevistas realizadas com servidores municipais que trabalham com o planejamento e ordenamento territorial, foi que nas quatro prefeituras a situação é de desconhecimento de tal instrumento exigido do GPIH. Os profissionais que ouviram dizer sobre a existência do PDR, alegaram que era de difícil acesso quando solicitado ao empreendedor, assim como foi na obtenção de dados para esta pesquisa junto ao empreendedor.

Por sua vez, o argumento do empreendimento para não dar publicidade ao PDR era de que o mesmo estava desatualizado e que uma equipe estava por refazê-lo no formato de PACUERA e que depois de apresentado ao órgão ambiental, se aprovado, poderia ser divulgado. E enquanto há dificuldade de entendimento entre poder público e empreendedor na questão de execução de um PDR, verifica-se em campo uma ocupação desordenada da Área de Entorno, particularmente por adensamentos urbanos, potencializando as vulnerabilidades, riscos e perigos existentes e por não haver fiscalização e educação efetiva.

Há uma certa idealização nos conteúdos documentais concernente à existência de sinergia entre empreendedor, poder público e população, mas que efetivamente não se materializa quando são ouvidos o poder público e as pessoas que vivem na Área de Entorno.

Quadro 7. Monitoramento da qualidade ambiental Monitoramento dos aspectos de qualidade das águas

Consolidação e interpretação dos dados de monitoramento da qualidade das águas Indicar os resultados das medidas ambientais adotadas

Efeitos da operação da usina

Avaliação da eficiência dos dispositivos e programas de controle implantados pelos concessionários (ex.: estação de tratamento de esgoto em vilas, povoados e cidades, ações de vigilância sanitária e epidemiológica, medidas profiláticas, etc.)

Descrição de eventuais conflitos de uso verificados e avaliação de prejuízos deles decorrentes e medidas adotadas

Monitoramento dos aspectos socioeconômicos

Avaliação da inserção do empreendimento na região como contribuição para a melhoria da qualidade de vida da população (responsabilidade social do empreendedor e sustentabilidade socioambiental local e regional)

Verificação, avaliação e correções dos efeitos sociais e econômicos derivados da implantação e operação do empreendimento, apresentando análise de evolução do quadro social e econômico da região de inserção do empreendimento

Na Área de Influência, os municípios afetados com destaque para cidades e povoados que tiveram dinâmica populacional e econômica alterada face a efeitos diretos e indiretos do empreendimento Na Área Diretamente Afetada, a observação por exemplo de população deslocada, relocação de trechos viárias, dentre outros efeitos, avaliando se houve estagnação ou dinamização

Monitoramento dos aspectos socioeconômicos

Na dinâmica populacional a observação do assentamento urbano e qualidade de vida, alterações na nucleação urbana original

Na dinâmica econômica, observação do comportamento da economia municipal em função da perda de recursos naturais (terra, mineração e paisagens), da renúncia da produção agropecuária e desativação de estabelecimentos industriais e comerciais, assim como algum benefício advindo do empreendimento por exemplo, a implementação de atividades turísticas ligadas ao reservatório e seu entorno

Observação nível de emprego e renda nos meios rural e urbano

Observação da participação absoluta e relativa do incremento da receita arrecadada pelo município face ao aumento de arrecadação propiciado pelo empreendimento e sua relação com eventuais políticas sociais e investimentos em infraestrutura impulsionados pelo GPIH

Verificação do aumento de despesa das administrações públicas municipal e estadual em função de serviços de atendimento a necessidades criadas a partir da inserção do GPIH

Verificação nas alterações de tradições culturais

Verificação de benefícios da geração de energia no nível local e regional, advindos do GPIH, na qualidade da energia e serviços energéticos, como o atendimento residencial urbano e rural, industrial e comercial, assim como para a atração de investimentos

Especificamente na Área Diretamente Afetada e Área de Entorno

Verificação da estrutura fundiária: concentração de terra, vínculo legal com a propriedade, evolução patrimonial e valor médio da propriedade ou estabelecimento

Observação do uso e ocupação do solo: mapa atualizado de uso e ocupação, incluindo processos erosivos, definição de áreas com uso restrito

Verificação dos usos da água no curso hídrico de aproveitamento pela usina: tipos de captação, finalidade, disponibilidade e demanda, condição de qualidade da água em relação ao tipo de uso Observação das atividades produtivas primárias: avaliação da viabilidade econômica das

propriedades/estabelecimentos/família e verificação de ocorrência de reorientação econômica (subsistência-comercial), destacando alterações significativas.

Observação da infraestrutura: índice de atendimento de energia elétrica, destinação do esgoto e lixo, educação ambiental de responsabilidade do empreendedor imposta como condicionamento do licenciamento

Aspectos populacionais e qualidade de vida

Identificação de alterações significativas no número, padrão habitacional e na condição de ocupação dos domicílios (permanente e esporádica)

Conhecimento real da população total residente em caráter permanente: migração e suas causas, membros da família e inserção no mercado de trabalho, renda familiar, condições de saúde, redirecionamento e demandas para novos centros de referência, atividades de lazer

Conhecimento da população não-residente: atividades desenvolvidas, períodos de fluxo Conhecimento da organização social e política: organização interna da comunidade (coesão, conflitos, etc.), atuação de instituições representativas, participação da população nessas instituições, lideranças

Percepção da população quanto a benefícios, problemas e dificuldades relacionados ao GPIH Realização de consulta formal ao poder público municipal e demais órgãos atuantes na região de inserção do empreendimento, bem como às comunidades, produtores e famílias potencialmente expostos a interferências do GPIH

Monitoramento dos aspectos físicos e bióticos

Indicação de ações de monitoramento e controle de processos erosivos induzidos pelo deplecionamento do reservatório

Descrição da situação de áreas recuperadas após a entrada em operação da Usina

Descrever ações de manutenção das vias de acesso implantadas em função de implantação e operação da usina

Indicação das ações de monitoramento biológico desenvolvidas na Área de Entorno e de Influência da usina: programas de conservação executados, programas específicos para a fauna e flora às margens do reservatório, medidas de correção planejadas e executadas para as matas ciliares em torno do reservatório

Informação sobre a manutenção e execução do Plano de Manejo da Unidade de Conservação do Jacob, bem como sobre o processo de legalização da mesma

Comprovação da eficiência e eficácia do mecanismo adotado para a transposição de peixe e monitoramento das ações de manejo

Fonte: CEMIG, RADA, 2011 Org.: Hudson Rodrigues Lima, 2016

O conjunto de temas de cada subgrupo do quadro 7, expõe a amplitude e complexidade das vulnerabilidades e riscos dele oriundos. É possível identificar inúmeros temas que reconhecidamente merecem o cuidado de se ocupar dos mesmos para que os territórios, particularmente da Área de Entorno do reservatório, contem com ordenamento e gestão que possam assegurar não só aos seres humanos, mas todos os seres, segurança e direito à qualidade de vida.

Entretanto, ocupar-se de todas as temáticas organizadas no referido quadro não implica necessariamente a garantia de segurança e, lamentavelmente, o texto do RADA e da própria legislação, não contém de maneira explícita a questão da gestão dos riscos que envolvem cada temática e nem como gestá-los em caso de alguma anomalia e consequente desencadeamento de crise na barragem a montante do território em estudo.

Fica evidente o desafio para o poder público, empreendedor e comunidades ameaçadas, de imprimir em temas na envergadura dos listados no quadro, a questão da política de segurança e gestão das vulnerabilidades e riscos do próprio lugar, bem como dos outros tantos a serem desvendados e caso se some aos temas o perigo das águas do reservatório da UHE Nova Ponte, a montante, virem na forma de algum tipo de onda de inundação inesperada, como verdadeiro tsunami fluvial.

Na comparação de informações constantes no RADA analisado com outros trabalhos, particularmente em Flausino (2008), há indícios de incongruências de avaliações e pontos de vista

em seus valores médios, apresenta uma boa qualidade das águas, e, considerando o trecho avaliado, que a água é co

Em contrapartida Flausino (2008) basicamente alerta que o processo de purificação das águas, por meio de oxigenação natural, conta tão somente com o fluxo natural do antigo leito em profundidade do lago, e que a qualidade da água precisa melhorar em nome de sua potabilidade e consequente manutenção de vida aquática e terrestre.

É importante alertar para a necessidade de análise de discurso presente nos textos de relatórios. Observa-se no texto citado uma tentativa de expressar um sentido positivo das

realidade da qualidade da água do reservatório todo e, mais, o adjetivo de balneabilidade não pode significar que a água seja própria, também, para a dessedentação humana e de animais, bem como para o sustento dos vegetais. Assim, em análise cuidadosa dos relatórios seria possível identificar mais situações que mereceriam esclarecimentos, em nome da gestão e segurança dos sistemas vivos. Indicando que muito está por ser feito na qualidade dos relatórios para facilitar as ações efetivas do poder púbico, GPIH e comunidade atingida e ameaçada.

Outra situação, mencionada no início deste subtítulo, que gera dúvida sobre a eficácia efetiva dos relatórios apresentados pelos GPIH ao Poder Público e seus órgãos

fiscalizadores, s roteiros

previstos em Lei. Por exemplo, quando o roteiro legal prevê que o empreendedor deve descrever conflitos de usos da água e avaliar e descrever prejuízos e medidas adotadas, no stas realizadas na Área de Entorno, há incidência de reclamações de proprietários rurais no sentido de que em período chuvoso é reincidente bombas de água de poço artesiano serem danificadas por raios, tornando uma luta sem fim para conseguir reparação por parte do GPIH.

Outro exemplo são os relatos de pecuaristas no sentido da dificuldade de conseguir com que o gado bovino acesse com facilidade o reservatório para dessedentação, a exemplo do que ocorria no passado quando tomava água na beira do rio. Enfim, um trabalho mais específico sobre incongruências, como as exemplificadas, entre relatórios e realidade, deveria ter a atenção do poder público e serem colocadas como necessidades públicas em nome da gestão de vulnerabilidades e riscos.

Quanto a análise dos itens do quadro 7, relativos aos aspectos socioeconômicos, o RADA apresenta extenso texto com dados genéricos com base em publicações do IBGE, e algumas referências às estatísticas das prefeituras municipais envolvidas. No entanto o diálogo dos dados com a realidade específica em si das áreas afetadas pelo GPIH e suas demandas de soluções socioeconômicas e ambientais, de vulnerabilidade e de riscos, é precário. Os dados apresentados dificultam, principalmente a um leitor leigo, compreender e concluir sobre benefícios e malefícios que representam. Assim, novamente, uma produção documental administrativa, mais dificulta do que auxilia na solução de efetivas necessidades para melhorar a qualidade de vida das pessoas e ambientes no geral, em particular na Área de Entorno.

A Empresa autora do relatório contratado pelo GPIH pode argumentar que a análise genérica se deve ao fato de tentar referenciar à Área de Influência, no entanto, a demanda das comunidades e dos ambientes afetados é muito maior no ponto de impacto do empreendimento e assim, torna-se fundamental que conteúdos de relatórios, especifiquem melhor a análise, a avaliação e as ações voltadas principalmente para a Área de Entorno.

O relatório reconhece que a Área de Entorno ficou permanentemente afetada e alterada em suas relações socioeconômicas e ambientais, uma vez que 274 propriedades rurais (outros documentos citam 268 propriedades) foram parcial ou integralmente

inundadas. Reconhece ainda que nos estudos ambientais anteriores foi prevista a potencialidade do uso da AE para o turismo, lazer, recreação e irrigação. Isso se confirmou e a partir destes tipos de usos, novas vulnerabilidades e riscos somaram-se aos pré-existentes. As novas incertezas relacionam-se principalmente ao excessivo parcelamento das terras rurais, aos deslocamentos compulsórios ou não de pessoas, pressões psíquicas de pessoas que perderam suas referências e/ou no relacionamento com a chegada de outros grupos populacionais, alteração do uso do antigo rio para a condição de reservatório, reorganização do uso do solo para fins agrícolas e pecuários, dentre outras.

Todas estas e outras transformações territoriais reforçam a complexidade de avaliar o reflexo e apurar responsabilidades sobre os danos e perdas de pessoas, de outros seres vivos, das atividades econômicas, dentre outras. Mesmo que um GPIH reconheça os impactos definitivos na área atingida pelos seus interesses, sempre há uma intenção discursiva de que estas alterações sempre foram para melhorar. É certo que algumas pessoas veem assim a ocupação do território pelo empreendimento, mas uma condução isenta apresentaria também outros aspectos em que a população atingida e até mesmo o poder público sentem-se imobilizados para gerir as vulnerabilidades socioeconômicas e ambientais e

pios, encontramos no RADA

Foram três proprietários de estabelecimentos agropecuários que foram totalmente afetados pelo reservatório da UHE Miranda. Um primeiro comprou outra propriedade com os recursos da indenização. Sua propriedade totalmente inundada tinha 5,28 ha. Um segundo, cuja propriedade totalmente afetada tinha 52,87 ha, utilizou os recursos da indenização para pagar dívidas e o restante utilizou para consumo de bens e atualmente reside na propriedade do pai. As outras propriedades que