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Testagem do Uso das Estratégias de Aprendizagem

CAPÍTULO VI – O “ERRO”: FREQUÊNCIA E SUA ORIGEM

7. Metodologia de Ensino da Gramática

7.2 Modelo de Treino de Estratégias de Aprendizagem

7.2.3 Testagem do Uso das Estratégias de Aprendizagem

O treino de Estratégias de Aprendizagem envolvendo as diferentes componentes da língua, Ouvir, Falar, Ler e Escrever tem-se desenvolvido desde que foi criada a área de estudo sobre as Estratégias de Aprendizagem há cerca de trinta anos atrás. No entanto, em relação ao seu impacto sobre a Gramática, os estudos estão ainda numa fase inicial (cf. Oxford et al., 2007; Pawlak & Mickiewicz, 2009). Com efeito, Pawlak & Mickiewicz (2009: 44) resumem esta situação nos seguintes termos: “Despite such

undeniable accomplishments, there are some key areas in which language learning strategy research remains in its infancy and specialists are only beginning to make inroads, with grammar being a prime case in point.” Na essência, e assumindo o

113 Estratégias de Aprendizagem que permitem a aprendizagem e compreensão da Gramática da LE (cf. Anderson, 2005).

As Estratégias de Aprendizagem da Gramática foram amplamente descritas por Oxford et al (2007) e incidem sobre 3 eixos de tratamento da gramática na sala de aula. Num artigo intitulado “Grammar Learning Strategies and Language Attainment: Seeking a Relationship” Pawlak & Mickiewicz (2009: 3) resumem da seguinte forma

as propostas apresentadas por Oxford et al (2007):

(i) Estratégias de Aprendizagem da Gramática que refletem a aprendizagem implícita da LE que inclui o foco na forma (isto é, atendendo à forma e o seu sentido ou no sentido da mensagem). As estratégias consistem em identificar estruturas gramaticais problemáticas em relação ao sentido e comunicação; prestar atenção na fala de falantes proficientes na língua de aprendizagem e procurar imitá-las; isolar e ter em atenção a correção de frases incorretas, etc.

(ii) Estratégias de Aprendizagem da Gramática que promovem a aprendizagem explicita indutiva da LE (isto é, identificar padrões e regras gramaticais por meio de indução de dados gramaticais). As Estratégias de Aprendizagem da Gramática envolvem o trabalho em grupo e/ou discussões em grupo na descoberta dos padrões ou regras gramaticais; apresentação e testagem de hipóteses sobre o funcionamento da estrutura gramatical em análise; verificar com o aprendente mais proficiente do grupo a hipótese apresentada sobre o funcionamento da estrutura em análise é aceitável e correta, etc.

(iii) Estratégias de Aprendizagem da Gramática que promovem a aprendizagem explícita dedutiva (isto é, o emprego das regras

114 gramaticais apresentadas pelo professor em diferentes atividades e contextos). As Estratégias de Aprendizagem da Gramática incluem a antecipação do que vai ser abordado pelo professor de modo a identificar as estruturas gramaticais-chave a serem tratadas em aula; prestar atenção às regras a serem apresentadas pelo professor ou patentes no livro do aluno; memorizar a mudança do formato das estruturas; aplicar as estruturas apresentadas pelo professor em outros contextos (cf. Oxford et. al. 2007), etc.

No presente estudo, sob forma de questionário, são usadas Estratégias de Aprendizagem da Gramática referentes ao ponto 3 da descrição das Estratégias de Aprendizagens da Gramática feita por Pawlak & Mickiewicz (2009) mas propostas Oxford, et al (2007:129) (cf. anexo VIII).

O que se pretende, na essência, é saber quais as Estratégias de Aprendizagem que os estudantes tendencialmente mais usam e não propriamente avaliar a aplicação das Estratégias de Aprendizagem, pois cada estudante no processo de aprendizagem da LE aplica-as, mas não está consciente desse fenómeno. Dai que para Cohen (1998: 69), o essencial nesta questão consiste em “help learners recognize which strategies they already use, and then to develop a wide range of strategies, so that they can select appropriate and effective strategies within the context of particular language tasks”. Ou

seja, o importante consiste em ajudar os estudantes a terem consciência das Estratégias de Aprendizagem que já usam e, de seguida, propor-lhe uma gama variada de Estratégias de Aprendizagem que poderão usar em diferentes contextos de aprendizagem da LE.

Com efeito, se atendermos ao modelo ensino da gramática integrado na abordagem comunicativa de ensino de língua que este estudo adota e que se fundamenta

115 em Mhundwa (1998), o estudante já desenvolve algumas Estratégias de Aprendizagem como estar atendo à regra gramatical que o professor apresenta (dedução); produzir frases aplicando a regra gramatical; produzir um texto escrito em que aplica a regra gramatical em análise; oralizar a regra gramatical. Por isso, ao se propor o questionário com base neste procedimento, não se pretende verificar se o estudante aplica as Estratégias de Aprendizagem porque se demonstrou que as aplica, pretende-se sim saber quais Estratégias de Aprendizagem da Gramática que o estudante frequentemente tende a aplicar. Atendendo que a nossa população-alvo é constituída por indivíduos que têm o Inglês como LS e oficial no seu país, os questionários serão aplicados em conformidade com a proposta original em Língua Inglesa.

Na verdade, a opção da escolha do questionário como instrumento para avaliar a tendência de uso das Estratégias de Aprendizagem na ALE não constitui uma novidade e não é uma proposta inédita do presente estudo. Oxford (1996: 1) no seu artigo “Employing a Questionnaire to Assess the Use of Language Learning Strategies”

refere

que “

questionnaires are among the most efficient and comprehensive ways to assess frequency of language learning strategy use”. Ou seja, na avaliação da frequência do emprego das Estratégias de Aprendizagem os questionários tendem a ser mais produtivos e fáceis de interpretar e perceber.

Por outro lado, de forma a ter uma uniformidade na avaliação da frequência de emprego das Estratégias de Aprendizagens sobretudo as Estratégias Metacognitivas, este estudo baseia-se na investigação de Purpura (1999) intitulada “Learner Strategy Use and Performance on Language Tests: a Structural Equation Modeling Approach”.

Na sua pesquisa, Purpura (1999) procura entender quais os tipos de Estratégias de Aprendizagem que os aprendentes do Inglês LE usam nas provas de exames. Para o efeito, o autor cria dois tipos de questionários para avaliar o emprego de Estratégias

116 Cognitivas (Cognitive Strategy Questionnaires by Item Type) e do emprego das Estratégias Metacognitivas (Metacognitive Strategy Questionnaires by Item type). No total, foram criadas 80 questões divididas por igual número para as Estratégias Cognitivas e Estratégias Metacognitivas, respetivamente. No desenvolvimento do questionário das estratégias metacognitivas, o autor foi influenciado pelas taxonomias de Estratégias de Aprendizagem propostas por O´Malley & Chamot (1990), Oxford (1990) e Wenden (1991) entre outros. No final, baseia o seu estudo no modelo de processamento de informação humana de Gagné, Yenkovich & Yenkovich (1993) por dar uma resposta mais efetiva ao processamento cognitivo e metacognitivo simultaneamente.

O presente estudo socorre-se de cerca de 9 perguntas baseadas em Purpura (1999), sobretudo aquelas relacionadas com as Estratégias Metacognitivas. São consideradas Estratégias de Aprendizagem sobre a definição de objetivos da aprendizagem (Goal-Setting Process); planificação da aprendizagem (Planning Processes) e, por fim, avaliação da aprendizagem (Assessment Processes). Para cada estágio retiramos 3 Estratégias de Aprendizagem mais identificativas e distribuímos ao longo do nosso questionário no princípio com as seis primeiras perguntas e no fim as três últimas perguntas.

Mais uma vez, ao propormos estas 9 perguntas sob forma de Estratégias de Aprendizagem retiradas do estudo de Purpura (1999) no conjuntos das Estratégias de Aprendizagem da Gramática propostas por Oxford et al (2007), no presente não pretendemos avaliar se o estudante sabe aplicar as Estratégias de Aprendizagem, sobretudo as Estratégias Metacognitivas, mas sim verificar quais as Estratégias de Aprendizagem os estudantes universitários zimbabueanos usam com mais frequência.

117 Sumariando, neste capítulo procurou-se apresentar um percurso para o tratamento dos “erros” em Concordância Nominal revelados pelos estudantes

universitários zimbabueanos cuja sua frequência de ocorrência no corpus mostrou que estão relacionados com (i) Nome-Determinante; (ii) Nome-Adjetivo e (iii) Pronome Possessivo. No processo de ensino da gramática neste contexto procuraremos usar os fundamentos da gramática pedagógica, designadamente tratamento dos “erros” mais frequentes dos estudantes com base na abordagem comunicativa de ensino de LE e do treino de Estratégias de Aprendizagem.

Dito de outro modo: esta pesquisa irá constituir uma proposta de gramática pedagógica para os estudantes universitários zimbabueanos pela relação que faz entre as descrições gramaticais problemáticas dos estudantes zimbabueanos e os modelos de instrução: Abordagem Comunicativa de Ensino de Língua e Instrução Baseada nas Estratégias de Aprendizagem. A necessidade de instrução da gramática integrada na abordagem comunicativa de ensino de LE em conjugação com as Estratégias de Aprendizagem está no facto de poder facultar ao estudante a compreensão do processo de aprendizagem em que está envolvido e, para o efeito, o treino de Estratégias de Aprendizagem é incontornável para o sucesso deste objetivo (Cohen, 1998; Larsen- Freeman, 2001a).

Na tentativa de aferir o grau de compreensão da aprendizagem da Concordância Nominal, este estudo propõe testes de preenchimento de espaços em branco, embora nas fases do processo de ensino o estudante aplique a regra de Concordância Nominal na construção de um texto e em diálogos simulados na sala de aula. No que se refere às Estratégias de Aprendizagem propõem-se as Estratégias de Aprendizagem da Gramática de Oxford (2007) sob forma de questões e algumas perguntas (nove) referentes à definição de objetivos, planificação e avaliação da aplicação das aprendizagens

118 propostas por Purpura (1999), com a única intenção de verificar a frequência de uso dessas mesmas Estratégias de Aprendizagem. Isto porque de forma inconsciente o estudante usa-as e com o questionário pretende saber-se quais a que tende a recorrer com maior frequência.

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CAPÍTULO VIII – ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ENSINO

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