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CAPÍTULO 3 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

3.5. TESTE DE HIPÓTESES

Face às correlações estatisticamente significativas que obtivemos entre as dimensões dos diferentes instrumentos de medida bem como resultados obtidos em estudos consultados, quisemos saber o valor preditivo das variáveis independentes (género, grupo etário e co- habitação) nos fatores protetores da saúde mental, BEE, BEP e religiosidade.

Após a validação dos cinco instrumentos de medida quanto à validade convergente, discriminante e de constructo, onde percebemos existirem itens com diferentes pesos facto riais, recorremos em seguida à verificação das nossas hipóteses tendo como ponto de partida o nosso referencial teórico. Assim, testamos as seguintes hipóteses.

Em relação à associação entre o género e o BEE, religiosidade, BEP e saúde mental verificámos que as mulheres apresentam maiores níveis de BEE, religiosidade, BEP.

No que diz respeito ao grupo etário, verificámos que no grupo ≤64 anos apresenta maior BEP e mais saúde mental. No que diz respeito à associação entre religiosidade e grupo etário não apresentou associação significativa. Assinalamos que o grupo que apesenta mais BEE, BEP, saúde mental e religiosidade são as pessoas que vivem sós.

H1 – Existe uma associação significativa entre o género e BEE nos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos do género masculino apresentam o BEE com os seguintes valores (M= 3.34; DP= 0.60; n=134) enquanto os indivíduos do género feminino apresentam os seguintes valores (M=3.41; SD=0.58; n=160). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas (4 fatores: pessoal, comunitária, ambiental e transcendental) procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação são válidos. Os resultados do teste (t(292)=-1.08, p<=0.001) mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que o género interfere no bem-estar espiritual. E dado que as mulheres apresentam uma maior média podemos afirmar que estas apresentam maior bem-estar espiritual do que os homens.

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H2 – Existe uma associação significativa entre o grupo etário e BEE nos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos do grupo etário ≤64 anos apresentam o BEE com os seguintes valores (M= 3.34; DP= 0.61; n=140) enquanto os indivíduos do grupo etário maior que 64 anos apresentam os seguintes valores (M=3.40; SD=0.56; n=154). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas (4 fatores: pessoal, comunitária, ambiental e transcendental) procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação são válidos. Os resultados do teste [t(292)=-0.89, p<=0.001) mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que a idade influencia o bem-estar espiritual. Dado que a média do grupo etário acima dos 64 anos é maior, podemos afirmar que as pessoas do grupo etário superior ou igual a 64 anos apresentam mais BEE do que as pessoas no grupo etário inferior a 64 anos.

H3 – Existe uma associação significativa entre “viver só” ou “viver acompanhado” e o BEE

Os indivíduos que vivem só apresentam o BEE com os seguintes valores (M=3.48;.DP=0.66; n=51) enquanto os indivíduos que vivem acompanhados apresentam o BEE com os seguintes valores(M=3.35; DP=0.57; n=243). Utilizámos o t-student uma vez que os pressupostos de aplicação se mostraram válidos. Os resultados do teste [t(292)=1.46, p<0.001] mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, o “viver só” ou “ viver acompanhado” influencia o BEE. Uma vez que a média do grupo “vive só” é maior do que a média do grupo que “vive acompanhado” podemos afirmar que viver só contribui para o desenvolvimento do BEE.

H4 – Existe uma associação significativa entre o género e a religiosidade nos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos do género masculino apresentam a religiosidade com os seguintes valores (M= 2.07; DP= 0.79; n=160) enquanto os indivíduos do género feminino apresentam os seguintes valores (M=2.56; SD=0.56; n=134). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas (atividade religiosa organizacional, atividade religiosa não organizacional e religiosidade intrínseca) procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação são válidos Os resultados do teste (t(292)=-5.91, p<=0.001) mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que o género influencia a religiosidade. Dado que a média das mulheres é maior

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do que a dos homens podemos afirmar que as mulheres expressam maior religiosidade do que os homens.

H5 – Existe uma associação significativa entre o grupo etário e a religiosidade dos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos com idade menor ou igual a 64 anos apresentam os seguintes valores (M= 2.25; DP= 0.73; n=140) enquanto os indivíduos com idade superior a 64 anos apresentam os seguintes valores (M=2.34; DP=0.74; n=154). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação demonstraram-se válidos.

Os resultados do teste (t(292)= -1.08, p<=0.001) mostram que as diferenças observadas não são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que a idade não interfere na expressão da religiosidade.

H6 – Existe uma associação significativa entre o viver só ou viver acompanhado e a religiosidade nos indivíduos diabetes tipo 2

Os indivíduos que vivem só apresentam a religiosidade com os seguintes valores (M= 2.46; DP= 0.57; n=51) enquanto os indivíduos que vivem acompanhados apresentam os seguintes valores (M=2.26; SD=0.76; n=243). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização de um teste t-student uma vez que os pressupostos de aplicação são válidos.

Os resultados do teste [t(292)=1.74, p<=0.001] mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Uma vez que a média do grupo de pessoas que vive só é maior, concluímos que estes apresentam maior religiosidade do que os que vivem acompanhados.

H7 – Existe uma associação significativas entre o género e a saúde mental nos indivíduos com diabetes tipo2

Os indivíduos do sexo masculino apresentam os seguintes valores (M=2.89;DP=0.96;N=160) enquanto os indivíduos do género feminino apresentam os seguintes valores (M=2.34;DP=1.08;N=134). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização do teste de Mann-Whitney. Os resultados do teste [U=5605;W=1848;p≤0.001] mostram que as diferenças observadas são estaticamente significativas. Uma vez que a média dos homens é maior do que a das mulheres podemos afirmar que os homens apresentam mais saúde mental do que as mulheres.

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H8 – Existe uma associação significativa entre o grupo etário e a saúde mental dos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos com idade ≤ a 64 anos apresentam os seguintes valores(M=2.70;DP=1.09;M=140)enquanto os indivíduos com idade superior a 64 anos apresentam os valores (M=2.59;DP=1.02;N=154). Os resultados do teste t-student são [t(292)=0.86,p≤0.001]mostram que as diferenças são estatiscamente significativas. Uma vez que a média do grupo de indivíduos com idade≤64 anos apresenta uma média superior será de referir que apresentam mais saúde mental.

H9 – Existe uma associação significativa entre o “viver só” ou “ viver acompanhado” e a saúde mental e nos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos que vivem sós apresentam a saúde mental com os seguintes valores (M= 2.77; DP= 1.02; N=51) enquanto os indivíduos que vivem acompanhados apresentam os seguintes valores (M=2.61; DP=1.06; n=243). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação apresentaram-se válidos. Os resultados do teste [t(292)=0.98, p<=0.001] mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que as pessoas que vivem sós apresentam mais saúde mental do que as pessoas que vivem acompanhadas, dado que apresentam uma maior média.

H10 – Existe uma associação significativa entre o género e o BEP nos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos do género masculino apresentam o BEP com os seguintes valores (M= 2.53; DP= 0.47; n=160) enquanto os indivíduos do género feminino apresentam os seguintes valores (M=2.36; DP=0.44; n=134). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação apresentavam-se válidos. Os resultados do teste [t(292)=3.22, p<=0.001]mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que os homens apresentam mais BEP que as mulheres, uma vez que a média é superior.

H11 – Existe uma associação significativa entre o grupo estário e o BEP dos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos com idade ≤ a 64 anos apresentam o BEP com os seguintes valores (M= 2.48; DP= 0.44; N=140) enquanto os indivíduos com idade superior a 64 anos apresentam os

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seguintes valores (M=2.43; DP=0.48; N=154). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação mostraram-se válidos. Os resultados do teste [t(292)=0.86, p<=0.001] mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que as pessoas com ≤ 64 anos apresentam mais BEP do que as do grupo com mais de 64 anos, uma vez que a média é superior.

H12 – Existe uma associação significativa entre “viver só” ou “viver acompanhado” e o BEP dos indivíduos com diabetes tipo 2

Os indivíduos que vivem sós apresentam o BEP com os seguintes valores (M= 2.52; DP= 0.48; n=51) enquanto os indivíduos que “vivem acompanhados” apresentam os seguintes valores (M=2.44; DP=0.46; n=243). Para avaliar se estas diferenças são estatisticamente significativas procedeu-se à realização de um teste t-sudent uma vez que os pressupostos de aplicação são válidos. Os resultados do teste [t(292)=1.14, p<=0.001] mostram que as diferenças observadas são estatisticamente significativas. Assim, será de referir que as pessoas que vivem sós apresentam mais BEP do que as que vivem acompanhadas.

3.6. SÍNTESE DO CAPÍTULO

Neste capítulo apresentámos a metodologia e os resultados relativos ao trabalho de campo. Uma amostra de conveniência de 294 sujeitos que aceitaram participar neste estudo. A aplicação dos instrumentos foi realizada num único momento. Os resultados comprovaram as hipóteses formuladas, revelando que as mulheres apresentam mais BEE (t(292)=-1.08, p<=0.001), religiosidade (t(292)=-5.91, p<=0.001) e BEP [U=5605;W=1848;p≤0.001] do que os homens. Enquanto os homens apresentam mais saúde mental [U=5605;W=1848;p≤0.001] do que as mulheres. Quanto ao número de elementos que co-habitam, verificámos que as pessoas que “vivem sós” são aquelas que apresentam mais BEP, BEE, saúde mental e

religiosidade. No que diz respeito ao grupo etário concluímos que as pessoas com ≤ 64 anos apresentam mais BEE, mais saúde mental. Enquanto o grupo de pessoas com mais de 64 anos apresenta mais BEP. No que diz respeito à religiosidade e o grupo etário

concluímos, para esta amostra, não haver relação entre a idade e a religiosidade.

Os resultados indicaram que os instrumentos obtidos são fiáveis e válidos para a população em estudo e com resultados equivalentes aos estudos originais relativamente aos conceitos que avaliam. As propriedades psicométricas testadas permitiram garantir a possibilidade da utilização das escalas para avaliar o bem-estar espiritual através da

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qualidade das relações que o indivíduo estabelece em quatro domínios da existência humana: consigo próprio, com os outros, com o ambiente e com o transcendente de uma forma dinâmica; para avaliar a espiritualidade e a religiosidade através da fé pessoal, paz espiritual e uma componente de prática religiosa (utilizámos este instrumento de medida para validação do constructo e não na construção do modelo estrutural final, uma vez que decidimos estudar a religiosidade e a espiritualidade de forma distinta); para avaliar três das principais

dimensões do envolvimento religioso tais como, atividade religiosa organizacional;

atividade religiosa não organizacional e atividade religiosa intrínseca; para avaliar a saúde

mental na população em geral e não somente nas populações com doença mental; para

avaliar o bem-estar psicológico através de seis domínios: auto-aceitação, relacionamento positivo com as outras pessoas, autonomia, domínio do ambiente, propósito de vida e crescimento pessoal.

A utilização destas novas versões dos instrumentos selecionados permitiu-nos caracterizar o BEE, a religiosidade, a saúde mental e o BEP das pessoas com diabetes tipo2 e a natureza das relações entre as variáveis.

Através do modelo de equações estruturais concluímos que o BEP é um reflexo direto

da saúde mental (β = 0.54;p <0.001) e do BEE (β = 0.50;p <0.001); existe uma relação inversa entre religiosidade e BEP (β = -0.17;p <0.001). Enquanto a saúde mental é reflexo direto do BEP (β = 0.54;p <0.001) e negativamente da religiosidade (β = -0.17;p <0.001). A

religiosidade afeta direta e negativamente o BEP ( β =-0.17;p <0.001) e a saúde mental (β=- 0.14; p<0.001) e positivamente o BEE (β =0.30; p <0.001).Para além disso, a religiosidade afeta positiva e indiretamente o BEP através do BEE (β =0.50; p <0.001).

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“A investigação, tal como na diplomacia, é a arte do possível” W. Q. Patton