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3. MÉTODOS

3.4 TESTES E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

3.4.1 Escala de Ansiedade de Hamilton

A versão brasileira da HAM-A82, trata-se de um entrevista semiestruturada que compreende 14 itens e instruções de avaliações explícitas, distribuídos em dois grupos, cada qual com 7 itens, sendo o primeiro grupo relacionado a sintomas de humor ansioso, e o segundo relacionado a sintomas físicos de ansiedade, possibilitando a obtenção dos escores parciais, além do total.

Cada item é avaliado segundo uma escala que varia de 0 a 4 de intensidade (0= ausente; 2= leve; 3 = média; 4 = máxima). A soma dos escores obtidos em cada item resulta em um escore total, que varia de 0 a 56. Escores de 0 a 17 pontos caracterizam ansiedade mínima, de 18 a 24 pontos ansiedade leve, de 25 a 30 pontos ansiedade moderada e de 31 a 56 pontos ansiedade grave.

A escala foi desenvolvida para ser aplicada por um professional com treinamento em psicopatologia (psicólogo ou psiquiatra). Sua elaboração baseou-se no princípio de que quanto mais grave for a manifestação de uma patologia, maior será o número de sintomas característicos que se apresentam. Se o número de sintomas for relativamente alto, a contagem dos sintomas torna-se um instrumento quantificador útil, confiável e de boa validade. A escala foi elaborada para medir a gravidade do nível de ansiedade, sendo aceita como um excelente instrumento para

determinar a eficácia relativa de vários tratamentos. Desde 1959, data da elaboração da Escala de Ansiedade de Hamilton, ela é mundialmente uma das mais empregadas no meio psiquiátrico83.

3.4.2 Teste de Stroop de Cores e Palavras

O TSCP é uma medida de controle cognitivo que avalia a capacidade do sujeito em manter um objetivo em mente e suprimir uma resposta familiar comum a favor de uma menos familiar. Esta medida de atenção seletiva e flexibilidade cognitiva foi desenvolvida originalmente por Stroop84. A versão inicial do teste de Stroop consistia em três cartões brancos, cada um com dez linhas de cinco itens. O teste tem quatro partes: 1) o sujeito lê nomes de cores impressas a preto; 2) o sujeito lê nomes de cores impressas em tinta colorida, ignorando a cor da impressão; 3) o sujeito tem de nomear a cor dos quadrados; 4) é dado o cartão usado na segunda parte, mas desta vez o sujeito tem de nomear a cor em que as palavras estão impressas, ignorando o seu conteúdo verbal. A parte com maior interesse é o comportamento do sujeito quando deparado com palavras coloridas impressas em tinta colorida não coincidente. Stroop relatou que as pessoas normais podem ler palavras de cores impressas em tintas coloridas, tão rápido como quando as palavras são apresentadas a preto. No entanto, o tempo para completar a tarefa aumenta significativamente, quando o sujeito tem de nomear a cor da tinta, em vez de ler a palavra. Esta diminuição na velocidade de nomeação de cores é conhecida como o “efeito de Stroop”. A terceira tarefa produz uma grande interferência, pois o nome da cor dificulta o conteúdo verbal da cor da tinta. O procedimento de Stroop parece medir uma função cognitiva altamente superior e específica, isto é, a capacidade de alternar entre modos de resposta em conflito.

Várias versões do teste Stroop tem sido desenvolvidas com variações em números de cartões usados, números de itens por cartão e também versões computadorizadas85,86. O presente estudo é baseado em uma das versões mais utilizadas, o Victória Stroop Test. Esta versão apresenta algumas vantagens para sua utilização, como ser mais breve que outras versões que possuem um grande número de itens, pois há evidência de que testes com durações mais curtas podem ser melhores para identificar dificuldades de inibição de respostas uma vez que não

propicia o efeito da prática com a extensão da tarefa sendo sensível a desordens do lobo frontal85.

A versão Victória utiliza-se de três tarefas com 24 itens cada. É composto de três cartões contendo seis linhas com quatro itens: o primeiro composto de retângulos coloridos (verde, rosa, azul e marrom); o segundo constituído por palavras neutras escritas com as cores das tarjetas e o terceiro com os nomes das cores escritos em cores conflitantes com o da impressão. Solicita-se ao sujeito que a cada cartão apresentado, verbalize as cores impressas de cada cartão o mais rápido possível. Começa-se a contar o tempo logo após as instruções e registra-se o tempo que o sujeito leva para ler cada um dos cartões.

A pontuação é calculada com base no tempo necessário para responder por cada cartão. O sujeito é avaliado segundo a rapidez com que ele executa a tarefa e a quantidade de erros apresentados. O efeito da interferência é determinado pelo cálculo de tempo extra requerido para nomear as cores (da impressão) em comparação ao tempo requerido para nomear cores na primeira tarefa controle- cores das tarjetas.

3.4.3 Teste de trilhas

É um teste que avalia rapidez de processamento, flexibilidade cognitiva, busca visual, performance motora e funções executivas88. A parte A do TT é administrada no primeiro momento e composta de duas etapas. O participante é instruído a ligar em ordem crescente uma sequência de letras de (A-L) na primeira etapa e na segunda uma sequência de números (de 1 a 12) distribuídos em aleatoriamente, em uma folha de papel, o mais rápido que puder, sem levantar o lápis do papel e sem errar (caso erre, o examinador lhe avisa e pede que recomece o teste a partir de onde errou). O tempo utilizado para realizar a tarefa deve ser cronometrado. Já no parte B do teste, são dadas ao participante as mesmas instruções, entretanto agora ele deve ligar números (1-12) e letras (A-L) que estão dispostos aleatoriamente em ordem crescente alternadamente (1-A, A-2, 2-B, B-3, 3- C...). Antes de cada teste, há exemplos que treinam o participante para realizar a tarefa. A pontuação do TT A e B envolve a contabilização do tempo total utilizado para execução de cada teste e número de erros89.

3.5 PROTOCOLOS DE INTERVENÇÃO

3.5.1 Inscrição e randomização

Após a fase de recrutamento, os participantes selecionados foram randomizados aleatoriamente para comporem dois grupos: o grupo intervenção que recebeu a ETCC anódica e o grupo controle que recebeu a ETCC sham.

Todos participantes receberam o protocolo durante sete dias consecutivos seguido de uma sessão de manutenção uma semana após, ou seja, no 14º dia (Figura 3).

No dia 1, os indivíduos dos dois grupos foram entrevistados pelos psicólogos e realizadas as aplicações da HAM-A, TSCP e o TT a fim de obter uma referência de base para posterior avaliação de melhora dos níveis de ansiedade e desempenho cognitivo. Neste mesmo dia, receberam a intervenção ETCC anódica ou ETCC sham (grupo controle), cujos parâmetros serão descritos adiante.

Entre o segundo e o sétimo dia, os indivíduos continuaram recebendo o protocolo de ETCC.

Ao final do dia 7, foram realizadas novamente a aplicações das escalas e testes para posterior análise comparativas. Do dia 8 ao dia 13 houve uma pausa na aplicação do protocolo, sendo retomado no dia 14, juntamente com a realização dos testes e escalas a fim de posterior análise comparativa do efeito de manutenção da intervenção.

3.5.2 Cegamento

O cegamento foi garantido de modo que o participante não soube a qual grupo pertencia (ETCC anódico ou sham), uma vez que o equipamento em estado de funcionamento, não emite sinal sonoro. Além disso, o equipamento foi posicionado atrás do participante para que o mesmo não tivesse acesso aos parâmetros utilizados. Os psicólogos que realizaram a aplicação das escalas e testes antes e durante o protocolo também não tinham conhecimento de qual grupo o participante fazia parte.

3.5.3 Intervenção

A intervenção utilizada consistiu na ETCC anódica, com intensidade de corrente de 2,0mA e duração de 20 minutos, pelo período de sete dias consecutivos. Foi utilizado estimulador elétrico transcraniano alimentado por baterias de 9 volts. Para a estimulação anódica esquerda, o ânodo ficou posicionado na área F3 e o cátodo em F4 de acordo com o Sistema Internacional de Eletroencefalograma 10/20 que corresponde às regiões sobre o CPFDL esquerdo e direito, respectivamente. Esta montagem tem sido utilizada em vários estudos90,91.

Para o grupo controle foi utilizado ETCC modo sham, utilizando-se de uma corrente de 1,5mA durante 30 segundos sendo desligada logo após. Este método provou ser confiável para fins de cegamento em outro estudo92.

Foram adotadas algumas medidas para diminuir os riscos de efeitos indesejáveis. Os eletrodos que ficam em contato com o escalpo são revestidos por esponjas vegetais, as quais foram umedecidas em solução salina a 0,9% para facilitar a condutividade elétrica entre os eletrodos e diminuir a resistência da pele, bem como de efeitos colaterais indesejáveis como prurido ou irritação local. Além disso, foi realizado um aumento gradativo da corrente até se chegar em 2,0mA, com intuito principal de diminuir o risco de cefaléia e de tontura conforme realizados em outros estudos13,92.

Figura 3 – Localização dos eletrodos.

3.5.4 Monitoramento e seguimento

Os participantes foram monitorados quanto ao surgimento de efeitos colaterais para que o protocolo de intervenção fosse interrompido, caso apresentassem sintomas de dor, tontura ou caso o participante quisesse desistir a qualquer momento. Não foram relatados nenhum efeito colateral e necessidade de interrupção do protocolo.

Posteriormente, ao final do protocolo de intervenção (sete dias) foi realizado no sétimo dia nova entrevista psicológica para aplicação da HAM-A, TSCP e TT. O seguimento se deu no sétimo e décimo quarto dia.

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