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Testes técnicos

No documento DENTRO (páginas 68-71)

Com os locais decididos o próximo passo era percorrer o guião, por cada cena, por cada espaço selecionado com o equipamento necessário para reproduzir aquilo que seria preciso para a época das rodagens. Com um grupo maior que aquele presente na altura da repérage, deslocamo-nos aos locais selecionados e percorremos o guião durante cerca de um mês antes da data prevista para as filmagens. Tentamos levar connosco as câmaras e as lentes que iriam ser utilizadas, bem como alguma iluminação para colocar nos locais. Utilizamos colegas nossos que nos forneceram a sua presença para serem stand-ins e mesmo para tentarem representar as ações que seriam pedidas aos atores.

Testar o comportamento da câmara era essencial, familiarizando-nos com as suas especificidades e entendendo as suas limitações para explorar os melhores métodos de solucionar cada problema e adaptar o local de filmagens consoante o que era preciso. Foram testados movimentos de câmara e enquadramentos tal como haviam sido pensados, e alguns improvisados que iam surgindo ao longo do tempo e eram postos à prova durante esse período. O seu intuito era perceber a sua funcionalidade na narrativa e perceber se tinham bases para se sustentar visualmente. Ensaiando alguns desses elementos, fui delineando uma lista de plano atualizada com cada ideia que era posta à prova e que mais tarde ao visualizar os testes feitos entre todos, decidi serem as melhores opções.

Para as filmagens noturnas, que constituíam a quase totalidade das cenas presentes no guião, era preciso iluminar certos locais, onde estava muito escuro para que as câmaras que tínhamos ao nosso dispor pudessem ser mais eficazes e capturar o look pretendido. A utilização de filtros para conferir à iluminação um aspeto visual que ajudava na narrativa foi também explorado, testando os tons vermelhos que seriam um ponto importante na cinematografia do filme. Quais as lentes a utilizar foi também um ponto muito explorado, devido ao aspeto que cada uma oferecia diferenciando todas ao nosso dispor, bem como entender como se comportavam quando aplicadas ao ambiente noturno da cidade. Após uma longa deliberação ficou decidido

57 que meios utilizar e quais os planos a filmar por cada cena, utilizando a planificação técnica feita previamente e atualizando-a para as filmagens.

Figura 49 – Teste da cena 8.

Um dos pontos principais neste período de testes era a forma como seria necessário trabalhar em equipa para obter os resultados desejados e como utilizar o material da melhor forma possível para tirar o máximo proveito deste. Chegamos à conclusão que seria necessário material adicional para algumas cenas a filmar. Sabendo aquilo que era preciso para cada cena formulamos uma lista de equipamento necessário a utilizar na rodagem da curta-metragem. Enquanto a maioria seria fornecido por parte da Universidade Católica, havia algum material que teria de ser recolhido exteriormente utilizando os fundos que tínhamos à nossa disposição. Consultando a diretora de fotografia e o operador de câmara, ficou acertado que o que seria essencial para as filmagens era um estabilizador gimbal para suportar a câmara, um ecrã Atomos

Shogun e um follow focus sem fios. Todo este material servia um propósito, o de fornecer

estabilização aos planos onde era necessário um movimento de câmara suave e seguro, bem focado nos atores e oferecendo tranquilidade ao tipo de plano necessário. Este tipo de planos seria necessário do ponto de vista narrativo, numa altura inicial da curta-metragem, onde o acompanhamento da ação deveria ser suave e sem grande instabilidade, de forma a transmitir o início, mais calmo, da noite entre os amigos. Desta forma era possível estabelecer uma relação e tornar mais evidente a instabilidade por que vão passar os amigos mais à frente na história, aí dispensando a utilização deste material.

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Figura 50 – Teste da cena 9.

Através do trabalho da produção e de contactos que eu próprio arranjei, foi possível arranjar o material necessário antes do período de filmagens sem grandes problemas, ainda que devido a custos que não seriam sustentáveis, foi impossível utilizar algum deste material quando chegou a altura de fazer testes técnicos nos locais de filmagem, o que depois se revelou algo problemático, pois a utilização de materiais como este requer um período de preparação antes de estar pronto a filmar, desde a sua calibração, à maneira de funcionamento e de coordenação entre os elementos da equipa responsáveis pela sua utilização. Não nos foi possível delinear métodos de trabalho com o equipamento, nem foi possível a pessoa encarregue da sua utilização, neste caso o assistente de câmara, criar uma habituação ao material, o que neste caso é essencial, devido ao carácter de precisão que implica o ato de focar a câmara em movimento. A sua utilização servia maioritariamente para os planos onde seria utilizado o sistema de gimbal para estabilizar a câmara e dessa forma, visto que se trata de uma câmara com foco manual, era necessário o seu foco à distância. Durante as filmagens este fator atrasou um pouco a sua duração em comparação ao que tínhamos pensado que seria preciso, em relação com a duração dos testes técnicos.

De qualquer forma a sua aplicação nas filmagens nunca foi posta em causa e concedeu-nos uma melhoria de resultados quanto ao aspeto técnico e visual que não aconteceria caso não tivéssemos este tipo de ferramentas ao nosso dispor. No entanto, com tudo o resto estávamos bastante familiarizados e confiantes que tínhamos a preparação suficiente para que a produção corresse da melhor maneira.

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Figura 51 – Teste da cena 4.

No documento DENTRO (páginas 68-71)