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Texto 1: Design de identidade da marca

5.3 AS TRADUÇÕES

5.3.1 Texto 1: Design de identidade da marca

O primeiro texto traduzido, do livro Design de identidade da marca: guia essencial para toda a equipe de gestão de marcas, de Alina Wheller, aborda uma etapa do desenvolvimento de um projeto de Identidade visual: Fase 3 – Design de identidade (páginas 134 a 151).

O texto, originalmente escrito em inglês, foi traduzido para o português por Francisco Araújo da Costa pela editora Bookman em 2012. O livro detalha todas as etapas do projeto de design, desde a relação com o cliente até as estratégias de mercado, passando pelo processo de criação e desenvolvimento do material gráfico, tendo como foco principal a gestão de marcas. A parte traduzida para Libras é a Fase 3 do processo de design, que envolve o desenvolvimento do símbolo da marca, logotipo, e os diferentes materiais onde a assinatura visual

aparece. Detalha os aspectos estéticos e técnicos da escolha de cores, tipografia, som e animação da assinatura visual. Também aborda a importância de planejamento para a apresentação do resultado do projeto para os clientes e do desenvolvimento de testes para verificar como a marca é percebida pelo público. O texto inclui depoimentos de profissionais, exemplos de trabalhos e várias listas com recomendações ou sugestões de recursos gráficos para experimentação.

O texto em Libras foi utilizado nas disciplinas de Introdução à comunicação visual (1ª fase) e Artes I (3ª fase) do curso técnico em Comunicação visual do IFSC - câmpus Palhoça Bilíngue. Participaram do teste de leitura desse texto dez estudantes surdos. O conteúdo já vinha sendo trabalhado pelos professores mas o texto apresenta uma abordagem mais detalhada do processo de design de identidade visual e envolve detalhes técnicos da produção gráfica ainda não estudados.

O conteúdo é útil principalmente para orientar o trabalho projetual, no entanto alguns tópicos abordados são avançados para os estudantes em fase inicial de um curso técnico, e o texto foi usado para chamar a atenção para detalhes envolvidos na produção e para a importância de se manter e valorizar a identidade visual de uma empresa ou organização sempre que for desenvolvido um trabalho de comunicação visual. Aliás, o estudo e a discussão de questões que envolvem a identidade visual é pertinente nas diferentes disciplinas do curso de Comunicação visual, já que o profissional da área estará permanentemente envolvido com o tema em seus trabalhos.

A autora do livro, neste caso a emissora, é uma profissional conhecida e se apresenta no livro com fotos pessoais, um texto sobre suas atividades profissionais, informa o email pessoal para receber comentários e questionamentos sobre o livro, e um email para solicitação de palestras ou consultorias, além de divulgar seu próximo trabalho. Também apresenta sua intenção emissora na introdução do livro: “Eu quero que seja fácil entender os fundamentos e se inspirar nas melhores práticas, fácil aproveitar todas as oportunidades de agradar os clientes atuais e atrair novos, fácil construir valor de marca.” (WEELER, 2012, p. vi).

A função didática do texto, na tradução para Libras, é semelhante ao do texto em português, e para tanto alguns aspectos precisaram de uma atenção especial:

- O texto mostra muitos exemplos de trabalhos de identidade de marca, alguns conhecidos internacionalmente, como a Coca-Cola, outros, ainda que importantes para o público americanos, não são conhecidos pelos estudantes brasileiros. Todos os exemplos do livro

foram mantidos, mas alguns contaram com observações do tradutor. Em uma versão da tradução foram inseridos outros exemplos além dos mostrados no livro.

- Os estudantes não estavam desenvolvendo nas disciplinas um projeto de identidade de marca, portanto o texto não foi usado como um roteiro para as atividades, e sim como uma informação geral sobre os fundamentos do design de identidade de marca chamando a atenção para os aspectos técnicos que ao longo do curso os estudantes precisarão conhecer em mais profundidade.

- O conteúdo sobre o uso de sons nos projetos de identidade de marca, valorizado no texto, foi traduzindo em um vídeo separado, que os leitores poderiam optar por ler a partir de um link, indicado pelo intérprete.

O livro de formato 21,5 x 28,5 cm, capa dura, papel Couchê com brilho e impressão colorida possui um design caprichado. Na composição do texto foram utilizados recursos variados: elementos gráficos destacando a Fase do processo de design abordada, títulos coloridos, blocos de textos com tipos e tamanhos diferenciados, quadros com depoimentos ou recomendações, listas de palavras inspiradoras para exploração gráfica, linhas para separar as informações, negritos, imagens e legendas (Figura 28).

Figura 28 – Páginas do livro traduzido para Libras: Design de identidade da marca: guia essencial para toda a equipe de gestão de marcas

O texto foi traduzido para Libras em duas versões de design. Na primeira o vídeo não foi incrementado com animações, imagens, links ou outros recursos gráficos. Os títulos eram indicados pelo intérprete acompanhados do texto em português e as imagens do livro foram mantidas. Os destaques, notas e citações eram apenas indicados pelo intérprete e o glossário que complementa o texto foi disponibilizado no final. Esse vídeo foi lido em um player para vídeo escolhido pelos estudantes. Para essa escolha foram disponibilizados três player, entre os mais comumente utilizados: Windows Media player, VLC player e QuickTime (Figura 29).

Figura 29 – Exemplos de telas do vídeo em Libras sem uso de recursos específicos para leitura em língua de sinais

A outra versão foi elaborada com diferentes recursos gráficos como: variações na cor de fundo, variação de intérpretes, uso de zoom, uso de links, imagens, vídeos e animações. Para a leitura dessa versão foi utilizado o player específico para leitura em Libras, vbook (Fig. 30). Figura 30 – Exemplos de telas do texto em Libras no player vbook: barra de menus, variação de cor do fundo e zoom para indicar os títulos, links, vídeos secundários, animações e imagens integradas com a interpretação

Fonte: Texto 1, traduzido para Libras.

Para os testes de leitura, o texto 1 foi dividido em duas partes. Metade do grupo de estudantes leu a parte 1 sem o uso de recursos específicos, no player escolhido por eles, e a parte 2 do texto, que contém vários recursos gráficos inseridos no vídeo, no player vbook. A outra metade do grupo, ao contrário, leu a parte 1, na versão com recursos gráficos, no vbook e a parte 2 no player escolhido por eles. Chamaremos esses materiais de PARTE1-sem recursos, PARTE1-com recursos, PARTE2-sem recursos e PARTE2-com recursos.

Para observar como os leitores se comportaram em relação à cada parte do conteúdo ou cada recurso gráfico mostrado nos vídeos, também detalhamos, na linha do tempo do Elan, os tópicos abordados no Texto 1, os destaques com mudanças na cor de fundo, zoom ou variação de intérpretes, os links, as imagens e os textos em português que acompanharam os vídeos em Libras.

Os vídeos originais (PARTE1-com recursos, PARTE1-sem recursos, PARTE 2-com recursos e PARTE2-sem recursos) foram salvos lado a lado com o texto em português e um destaque em verde foi inserido no texto, indicando a parte que estava sendo sinalizada em Libras, para observar melhor como os recursos gráficos foram traduzidos para Libras (Figura 31).

Figura 31 - Texto em português e tradução para Libras. PARTE1-com recursos

Fonte: Organização do autor.

No software Elan, foram criadas as trilhas e feitas as anotações dos conteúdos e de cada recurso gráfico disponível ao longo dos vídeos em Libras. As trilhas (Figura 32) foram organizadas em: Destaques,

Imagens, Links, Legendas, Observações e Tópicos, conforme descrito a seguir:

- Destaques: nessa trilha anotamos cada momento que mostrava um efeito de zoom, indicando o título do livro, zoom e fundo laranja, indicando o título da parte 2, zoom e fundo verde, indicando o título dos capítulos, fundo vermelho, indicando o títulos dos quadros, diferentes tons de cinza indicando as linhas de quadros, um intérprete diferente sinalizando as notas (que no texto escrito aparecem em letra pequena nas margens do texto), e um intérprete diferente com fundo bege, indicando os textos em destaque.

- Imagens: nessa trilha anotamos cada momento em que aparece uma imagem do livro, uma imagem inserida pelo tradutor, uma foto de autor de citação ou uma imagem em movimento inserida pelo tradutor.

- Links: Essa trilha contém anotações dos momentos com links para glossários, link para exemplos visuais, link para páginas de outros sites e link para conteúdos complementares.

- Legendas: essa trilha inclui as anotações de legendas em português, quando ocorre datilologia, nome de autor de citação, título em português e endereço de link externo.

- Observações: Como o material é um protótipo e não passou por uma revisão final, utilizamos esta trilha para, ao longo da análise, registrar nossas sugestões de melhorias e as falhas cometidos durante a produção.

- Tópicos: Nesta trilha foi registrada uma síntese de cada parágrafo do texto traduzido, visando facilitar a observação da relação entre a ação dos leitores e o conteúdo abordado.

Figura 32 - Trilhas para detalhamento das características do texto traduzido

Fonte: Linha do tempo do software Elan, com anotações do autor.

Para estabelecer uma relação mais visual entre as ações dos leitores e os recursos oferecidos pelo material, construímos uma imagem, a partir da linha do tempo do Elan, com as anotações feitas ao longo de cada vídeo. Para conter todas as informações, a imagem elaborada é bastante larga, como mostra a figura 33, com 3 minutos da linha do tempo de um dos vídeos originais, que possui ao todo 30 minutos.

Figura 33 - 3 minutos da linha do tempo, com as anotações dos recursos utilizados no vídeo PARTE2-com recursos

Fonte: Linha do tempo do software Elan, com anotações do autor.

Na imagem da linha do tempo de cada vídeo, destacamos com cores diferentes as diferentes anotações. Depois reduzimos a largura da imagem para que pudesse ser comparada com os gráficos de navegação dos leitores (Figura 34).

PARTE 1-sem recursos. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 PARTE 1-com recursos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 PARTE 2-sem recursos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 PARTE 2-com recursos.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 Fonte: Linha do tempo do software Elan, compilados pela autora.

Legenda:

Esses gráficos foram relacionados com as ações dos leitores registradas nos gráficos de leitura, que mostram as mudanças de velocidade, avanços e retrocessos no texto, pausas, marcações de partes do vídeo e cliques em links ou em outros elementos, procurando responder a seguinte questão:

- É possível identificar ações relacionadas à alguma parte do conteúdo ou à algum recurso gráfico no texto, que ocorreram com um número significativo de estudantes?

Com a observação dos gráficos de leitura de cada estudante procuramos identificar como os leitores usaram os diferentes players. Tanto os players VLC player, Windows media player e QuickTime

quanto o vbook oferecem recursos para escolher a velocidade de reprodução do vídeo, mas apenas o vbook disponibiliza uma barra de velocidade sempre aparente, os outros oferecem a opção a partir de menus para configuração da reprodução. Também, apenas o vbook oferece ferramentas para marcação de partes do vídeo e uma barra de miniatura em vídeo que registra a passagem do tempo.

No questionário, disponibilizado depois da leitura, foi perguntado como consideravam sua proficiência em Libras, qual a opinião sobre a interface e como consideravam que tinha sido sua compreensão do texto. Outras questões abordavam os principais tópicos tratados no texto para avaliar a compreensão, questões em que era necessário buscar informações no texto, questões para identificar se compreenderam a estrutura do texto e questões que pediam suas opiniões sobre as ferramentas (Apêndice E). Depois da leitura das duas partes do texto também foi solicitado que dissessem qual interface preferiam para a leitura em Libras. Observando as ações dos leitores durante a leitura e ao responderem o questionário e suas respostas no questionário, procuramos elucidar as seguintes questões:

- Como consideram a dificuldade do texto em relação ao seu conhecimento de Libras? Consideram que possuem boa proficiência na língua mas não compreenderam o texto? Ou que mesmo com uma proficiência razoável compreenderam bem o conteúdo?

- Os estudantes leram o texto completamente?

- O tempo de leitura foi menor no texto com recursos específicos? - Os leitores imprimiram um ritmo próprio de leitura e aumentaram ou diminuíram a velocidade em diferentes partes do conteúdo?

- A ferramenta lápis contribuiu para que eles destacassem as partes mais importantes facilitando fazer uma síntese dos tópicos abordados e melhorando a compreensão do texto?

- A organização do texto com a presença da barra de menus facilitou a compreensão da estrutura do texto?

- A barra de miniatura em vídeo contribuiu para a localização de conteúdos no texto?

- Visualizaram o conteúdo dos links?

- O uso de links para glossários, exemplos e textos complementares foi considerado útil? Ou a localização no final do texto é preferida?

- É possível identificar ações que conduziram a resultados indesejados ou erros durante a leitura? O que provocou essas falhas?

- Como os estudantes avaliam as ferramentas e recurso gráficos disponibilizados?

- Qual player preferem para a leitura em Libras? O vbook ou o player que costumam usar comumente para visualizar vídeos?