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A textualidade literária na História do Brasil: a crônica histórica do século XVI

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA OBRA E DO AUTOR

1.2 O ITINERÁRIO DA ESCRITA E EDIÇÕES DA “HISTÓRIA DO BRASIL”

1.2.3 A textualidade literária na História do Brasil: a crônica histórica do século XVI

Até o presente momento realizamos uma apresentação mais detalhada de Frei Vicente do Salvador e de sua História do Brasil. Essa exposição teve por objetivo principal resgatar traços e detalhes do autor e de sua principal obra, a fim de que sejam trazidos à luz e

17 Enquanto um subsídio a mais para a compreensão das impressões da História do Brasil de Frei Vicente do Salvador, sugerimos a leitura complementar da publicação de Guilherme Gomes da Silveira D'Ávila Lins (2011), que consta na publicação número 453 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Neste volume, o autor faz um breve apanhado sobre as várias impressões da História do Brasil e indica a recuperação de algumas partes perdidas desde que foi produzida, no ano de 1627. O autor em questão teoriza sobre fragmentos perdidos da

possam ser conhecidos pelo leitor, principalmente aquele que desconhece Frei Vicente ou teve pouco acesso às suas informações. Mais à frente, na parte final desta dissertação, mais especificamente no último tópico, já levando-se em conta a exposição mais completa da

História do Brasil, será realizada uma análise a partir do crivo da literatura brasileira, a fim de

demonstrar sua pertinência e pertencimento ao conjunto das obras literárias produzidas no Brasil, além de como esta questão foi tratada pelos críticos literários de nosso país.

Portanto, a exposição realizada, de caráter introdutório ao leitor, faz parte de uma abordagem crítica da obra de Frei Vicente que, como foi exposto no parágrafo anterior, complementa-se com o próximo capítulo desta dissertação. O resgate da obra tem por finalidade, principalmente, a demonstração de sua importância e pertencimento à literatura, mesmo que de teor embrionário, para que se complemente o caráter crítico desta pesquisa.

Dessa forma, optamos, por uma divisão metodológica e estrutural deste trabalho que considerou a recuperação de dados biográficos e composicionais do texto da História do

Brasil,

seguido da divisão que que trata da História no âmbito da literatura brasileira, em termos de ter lançado bases para a construção de uma literatura genuinamente nacional, além de suas releituras até os nossos dias, e um último capítulo que corresponde à atualização do texto original, acompanhada de explicações de detalhes importantes, vindo na sequência deste tópico, e uma última parte

Nesse sentido, a História do Brasil evidencia-se como um texto de grande importância para o repositório cultural brasileiro, principalmente por se tratar de uma escritura fundacional, em razão de ser um dos primeiros textos produzidos neste país, ainda no período colonial, por um autor nascido no Brasil. Embora alguns críticos literários não considerem os textos coloniais como literatura nacional propriamente dita, outros, contudo, reconhecem neles um material embrionário ou original, de que se serviu, posteriormente, a literatura, para lançar argumentos a favor da sua independência e, assim, satisfazer o desejo dos literatos de realçar sua distinção e sua originalidade na comparação com a produção literária europeia.

Ao tratar dos “textos de informação”, nomenclatura esta indicada por Bosi (1989) para referir-se aos textos do período colonial brasileiro, este autor e crítico literário diz que eles lançam condições primitivas para que, futuramente, desenvolva-se e aprimore-se a arte, principalmente na sua dimensão escrita. Segundo Bosi (1989),

[...] a pré-história das nossas letras interessa como reflexo da visão do mundo e da linguagem que nos legaram os primeiros observadores do país. É graças a essas tomadas diretas da paisagem, do índio e dos grupos sociais nascentes, que captamos as condições primitivas de uma cultura que só mais tarde poderia contar com o fenômeno da palavra-arte. (BOSI, 1989, p. 15).

Segundo Antonio Candido (2005) é possível aproximar a textualidade de Frei Vicente do Salvador da crônica histórica, gênero muito comum à sua época, principalmente desenvolvida pelos escritores portugueses, no contexto das grandes navegações. Neste sentido, ao referir-se a textos da época colonial brasileira, Candido aponta que:

As origens da literatura brasileira, ou das manifestações literárias do Brasil-Colônia, prendem-se ao quinhentismo português e mais diretamente ao seiscentismo peninsular. Do quinhentismo, com as duas tendências paralelas, classicismo renascentista e permanência da tradição medievalista, projetam-se no primeiro século de nossa formação o gosto da crônica histórica, o teatro popular e o modelo camoniano. [...]. (CANDIDO, 2005, p. 11).

Ressalta-se, contudo, as implicações em determinar a História do Brasil como um gênero específico, mais especificamente o da crônica, principalmente face à compreensão que possuímos desta classificação. Como se sabe, a crônica, enquanto um tipo de gênero textual literário, passou por transformações ao longo do tempo, levando-se em conta sua estrutura, finalidade e meio de disseminação. Por esse prisma, ao abordar o itinerário da crônica até o século XVI e considerar o elemento ficcional presente nela, mesmo levando em conta seu serviço à ciência histórica, Massaud Moisés indica que:

Situada entre os anais e a história, limitava-se a registrar os eventos sem aprofundar- lhes as causas ou tentar interpretá-los. Em tal acepção, a crônica atingiu o ápice depois do século XII [...] quando se aproximou estreitamente da historiografia, não sem ostentar traços de ficção literária. A partir da Renascença, o termo “crônica” cedeu vez a “história”, finalizando, por conseguinte, o seu milenar sincretismo. Não obstante, o vocábulo ainda continuou a ser utilizado, no sentido histórico, ao longo do século XVI [...]. (MOISÉS, 1967, P. 101).

Deixada de lado, de certa forma, após essa época, a crônica volta a ser utilizada a partir do século XIX, mas, agora, como um gênero bastante distinto daquele do século XVI, que se preocupa mais a dar cores a fatos cotidianos registrados na imprensa. Sobre isso, fala Moisés que,

Na acepção moderna, porém não a de crônica mundana (que se confunde com reportagem de ocorrências sociais da alta roda), a crônica entrou a ser empregada no século XIX: liberto de sua conotação historicista, o vocábulo passou a revestir sentido estritamente literário. Beneficiando-se da ampla difusão da imprensa, nessa época a crônica adere ao jornal, como a sugerir, no registro do dia-a-dia, a remota

sifnificação ante-histórica do anuário. [...] Crônica é para nós hoje, na maioria dos casos, prosa poemática, humor lírico, fantasia, etc., afastando-se do sentido de história, de documentário que lhe emprestam os franceses. (MOISÉS, 1967, p. 101- 102).

Podemos inferir das palavras de Massaud Moisés, portanto, que, ao determinar a História do

Brasil enquanto uma obra em sua configuração de gênero marcada pela crônica, é necessário

levar em conta o que este gênero representava no século XVI, ou seja, sua textualidade compreendida enquanto aproximada do registro histórico das anotações necessárias ao conhecimento do reino, mesclada de elementos ficcionais, possibilitando sua leitura enquanto literatura.

Bender e Laurito acompanham as reflexões de Candido (2005) e Moisés (1967) e falam a respeito dos escritos seiscentistas tanto de Portugal como do Brasil-Colônia, demonstrando a prodigalidade de textos produzidos à época das navegações e descobrimentos, indicando ser este o gênero mais propício para aquele tempo. Evidenciam as autoras, sobre este tema, o seguinte:

A data de 1434 é um marco não só para a História como para a Literatura Portugesa. E também para o Gênero crônica: o cronista – que já vinha desde a Idade Média – passa a ser um escritor profissional, pago para atrabalhar com a matéria histórica, matéria essa que deverá, de agora em diante, despojar-se do maravilhoso e do lendário, que se imiscuíam nos longos “cronicões” medievais, para ater-se aos fatos e à interpretação desses fatos. [...] A palavra crônica, no entanto, ainda que, posteriormente, viesse a abranger outros sentidos, permaneceu na língua portuguesa com o sentido antigo de narrativa vinculada ao registro de acontecimentos históricos. (BENDER; LAURITO, 1993, p. 12)

Para estas autoras, a produção escrita no Brasil, no período colonial, acompanhou a tendência de Portugal, obviamente por serem os filhos da metrópole os autores que escreveram em terras brasileiras. Portanto, para Bender e Laurito é o gênero crônica histórica que abrange os textos produzidos em solo colonial, nos séculos XVI e XVII, como se pode perceber:

A pré-história literária brasileira começa com uma crônica. Isso dizem os estudiosos. Com efeito, crônica, no velho sentido da palavra, é a Carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral, que relata ao rei D. Manuel os lances da descoberta do Brasil em 1500. Como a carta só chegaria ao destinatário tempos depois do evento, os acontecimentos relatados no momento mesmo da descoberta já se constituíam, por si, um registro do passado. […] No entanto, comporta-se também como um cronista no sentido atual da palavra – o de flagrador do tempo presente – na medida em que o seu relato é contemporâneo dos acontecimentos que narra. Caminha é o cronista do cotidiano do descobrimento, ou seja, do “hoje” de 1500. (BENDER; LAURITO, 1993, p. 12)

Mas não somente a carta inaugural do Brasil apresenta-se enquanto crônica histórica. Outros textos posteriores vão ser estruturados e elaborados a partir deste gênero, conforme indicam as autoras:

Outros cronistas portugueses redescobrem o Brasil, depois de Caminha, dando notícias da nova terra aos europeus e detendo-se, principalmente, no seu aspecto exótico e pitoresco e nas suas possibilidades de exploração. Entre eles, só para

citar alguns exemplos, Pero Lopes de Souza, Pero Lopes de Magalhães Gândavo e

Gabriel Soares de Souza. Analogamente a essa chamada “crônica leiga”, também existe a crônica dos missionários e religiosos, especialmente a dos jesuítas, como Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim ou José de Anchieta, que, tendo como finalidade principal documentar os passos da catequese, não podem deixar de dar notícias e tecer comentários sobre a terra e as gentes que nela habitam.

Todos esses autores estão fazendo a história de uma terra sem história (pelo menos, do ponto de vista do colonizador). E todos os seus textos, mesmo que não sejam assim explicitamente designados, são crônicas, no sentido histórico da palavra; textos que antecipam o advento e a existência de uma historiografia nacional, já fruto de reflexão crítica e apoiada em instrumento adequado. (BENDER; LAURITO, 1993, p. 13-14, grifo do autor).

Jorge de Sá, igualmente, aponta que os primórdios da literatura brasileira materializam-se por meio do gênero crônica. Para o autor, o texto de Caminha é um ótimo exemplo do que a crônica do século XVI significa, porque o escrivão de Pero Álvares Cabral “[...] recria com engenho e arte tudo o que ele registra no contato direto com os índios e seus costumes, naquele instante de confronto entre a cultura européia e a cultura primitiva”. (DE SÁ, 2005, p. 6). Com isso, Caminha transforma detalhes simples do cotidiano, aparentemente insignificantes, em matéria que será de interesse e apreciação de seu destinatário, a pessoa de El-Rei.

Para este autor, o que possibilita os textos coloniais serem classificados como crônica, são algumas características estilísticas, entre eles: a preocupação dos autores com o registro do circunstancial, recriado por meio de um estilo pessoal de escrita, em que se inclui a elegância para a atração da atenção do leitor; o seu contato direto coma realidade por meio da observação, que reelaboram de forma escrita; e a maneira solta da narrativa, sem envolver- se demasiadamente com o fato narrado, ao estilo noticioso. (DE SÁ, 2005). Tudo isso faz com que nossa literatura e, por conseguinte, os textos do período colonial, em razão de possuírem caráter fundante, seja filha da crônica, como afirma De Sá: “A história de nossa literatura se inicia, pois, com a circunstância de um descobrimento: oficialmente, a literatura Brasileira nasceu da crônica.” (SÁ, 2005, p. 7).

A partir das considerações desses críticos e historiadores literários, é possível dizer que a crônica histórica foi um gênero textual predominante nos escritos do período colonial

brasileiro, em razão de ser o gênero mais propício à realidade da época, marcada por uma série de descobrimentos e novas experiências que inflamaram os autores em razão das exuberâncias dos novos contextos e da necessidade de informar e prestar contas, ao reino, das suas atividades.

Podemos, portanto, a partir da análise realizada do gênero crônica histórica, postular que Frei Vicente do Salvador e sua História do Brasil inserem-se no rol dos cronistas do Brasil-Colônia. Nesse sentido, há na História uma infinidade de textos que destacam fatos da colônia, permeados de elegância estilística ou de ficção ou, ainda, outras estratégias para colorir as narrativas a fim de dar-lhes ênfase com o objetivo de conquistar a atenção do leitor. Assim, o excerto abaixo, retirado da História do Brasil e que versa sobre o ritual fúnebre de tribos indígenas brasileiras, pode ser considerado como um exemplo da diversidade e das possibilidades textuais tratadas por Frei Vicente do Salvador, em que o frade insere importância a fatos simples do cotidiano ou de costumes e procedimentos corriqueiros:

Assim que alguém morre, enterram-no embrulhado na mesma rede em que dormia, e a mulher, filhas e parentas (se as têm) vão presenteá-lo até a cova com os cabelos soltos caídos sobre o rosto e, depois, lamenta-se ainda a sua mulher por muitos dias. Mas, se morre algum chefe da aldeia, o untam todo de mel e, por cima do mel, o enchem de penas de pássaros de cores e lhe colocam uma carapuça de penas na cabeça com todos os demais enfeites que ele costumava trazer em suas festas. E fazem-lhe, na mesma casa e rancho em que morava, uma cova muito funda e grande, em que lhe armam sua rede e o deitam nela, assim enfeitado com seu arco e flechas, espada e chocalho, que é uma vasilha com pedrinhas dentro com que costumam tocar. E fazem para ele fogo ao longo da rede para se esquentar e colocam-lhe alguma coisa para comer em um vaso, e água em um pote e, na mão, uma canguera, que é um canudo feito de palmas cheio de tabaco. E, então, cobrem-lhe a cova de madeira e de terra por cima, a fim de que não caia sobre o defunto. E a mulher, por luto, corta os cabelos e tinge-se toda de jenipapo, lamentando-se do marido por muitos dias. E o mesmo fazem com ela as que a vêm visitar e, assim que o cabelo cresce até a altura dos olhos, o torna a cortar e a tingir-se de jenipapo para encerrar o luto, e faz sua festa com seus parentes e muito vinho. (SALVADOR, 1965, p. 92).

Outro fator a ser levado em conta, e que marcará a composição da História do Brasil, diz respeito aos pressupostos coloniais no Brasil, porque eles são frutos de uma confluência e integração de aspectos contextuais e históricos próprios do século XVI e imediatamente posteriores. No que tange à formação do Brasil, há que se levar em conta todas as transformações por que passava a Europa, e mais especificamente o reino português, somado das consequências do encontro com o novo mundo, em razão do estranhamento ocasionado pelo confronto com o diferente inusitado, que cria uma instabilidade generalizada ao homem do velho continente. (HOLANDA, 2000).

Alguns desses novos elementos, tais como as descobertas das novas terras e de seus habitantes, irão marcar fortemente as relações entre o novo e o velho mundo, e suscitam uma corrida pela divisão e domínio dos novos territórios, o que desembocaria numa nova configuração da divisão do poder mundial. As nações europeias estavam fortemente agitadas pelas expansões territoriais promovidas pelas grandes navegações, além das trocas culturais com outros povos que isso proporcionou. Esse fator também impactou no desenvolvimento de novas relações econômicas, denominadas de mercantilismo, provocando uma exploração predatória das Colônias e seus habitantes. Os integrantes da nova sociedade em formação no Brasil, formados por uma mescla entre autóctones, colonizadores e negros, enraizaram-se e fizeram deste país a uma nova nação, que sofreu diretamente o impacto e as consequências destes movimentos pelo qual passou o mundo da época e por suas novas configurações.

No que diz respeito à arte ou à literatura, que mais nos interessa nesta análise, o Renascimento europeu, enquanto movimento multifacetário, assiste, paralelamente, ao desenvolvimento do Barroco, como uma consequência desta complexidade de mudanças, que, igualmente, marcou as produções artísticas, textuais e, acima de tudo, uma nova epistemologia que possibilitará a configuração de uma face bastante original no que tange ao homem ibérico. (OLIVEIRA, 2008).

Concomitantemente ao movimento renascentista, evidencia-se a Reforma religiosa motivada por Lutero e um movimento de resistência a ela, ou seja, a Contrarreforma. Este embate promoverá disputas ideológicas, intelectuais e, acima de tudo, será motivo de ódio e estopim de inúmeras guerras, não somente em continente europeu, mas também nas novas terras ultramarinas conquistadas. Especificamente no Brasil, este último aspecto, aliado ao desejo das grandes potências da época de abocanhar um quinhão do novo mundo, mostrar-se- á bastante evidente e será retratado por Frei Vicente em vários momentos da História do

Brasil, seja nos episódios das invasões holandesas no Nordeste brasileiro, seja na tentativa de

fundação de uma colônia francesa no Rio de Janeiro, pelo Almirante Nicolas Durand de Villegagnon, nas diversas insurreições das nações indígenas apoiadas por potências europeias, entre outros diversos casos citados na História.

Estes fatos históricos, entre outros, culminaram nos séculos XVI e XVII para a criação de uma mentalidade peculiar, que foi se constituindo vagarosamente. Frei Vicente do Salvador esteve imerso no bojo desse turbilhão de acontecimentos e ideias e foi influenciado por elas. O autor baiano não somente foi afetado por tudo isso, como assumiu posicionamento explícito, enquanto padre católico, patriota do Reino e amante inveterado do Brasil, expressando estes fundamentos em sua obra. (OLIVEIRA, 2008).

A compreensão dessas características fornece uma chave de leitura para a análise da

História do Brasil, sem a qual complica-se não somente o seu entendimento como também o

reconhecimento de sua importância para a historiografia brasileira, seja na literatura, como atestam os autores críticos apresentados ou mesmo em outras áreas do conhecimento, uma vez que outra característica da obra de Frei Vicente é a sua transversalidade temática. Assim, justifica-se o exercício, neste trabalho, de realizar uma breve apresentação de Frei Vicente do Salvador e da História do Brasil, em caráter de texto crítico.

Concluída esta exposição de Frei Vicente e sua História do Brasil, assim como o contexto de sua época, as ideias e acontecimentos mais importantes que impactaram sua obra, partiremos para uma segunda etapa desta pesquisa, equiparada em importância à introdutória, visto que formam uma unidade.

No segundo capítulo apresentaremos a discussão sobre as possibilidades de aproximações da História do Brasil com a literatura brasileira. Neste tópico será apresentada uma breve análise dos textos de críticos e historiadores da literatura nacional que se destacaram principalmente nos séculos XIX e XX a respeito da literariedade da obra de Frei Vicente. Complementarmente, serão trazidos excertos da História do Brasil que se aproximam da escrita literária. Estes trechos escolhidos, por serem importantes para esta dissertação, funcionarão como apontamentos de histórias na História, suas intertextualidades com outros autores da época, indicações de ficcionalidades e a possibilidade de evidenciar seus trajetos, origens e como influenciaram construções temáticas no campo da literatura. Realizaremos este exercício por meio de recortes textuais na História do Brasil,

No capítulo terceiro, realizaremos um trabalho em via de mão dupla. Primeiramente, empenharemos o esforço da releitura e transcrição da obra para um contexto linguístico mais atualizado. Paralelamente a esta tentativa de atualização linguística, nos esforçaremos para apontar textos no decorrer da História do Brasil que possam ser aproximados da literatura.

Este exercício faz-se necessário e pertinente por algumas razões. Uma delas se dá em