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3. Foco Esta estratégia, dividida em duas versões, é diferente das demais uma vez que a empresa diminui o seu escopo competitivo, buscando atender às necessidades de um

2.3 Tecnologia de Informação nas empresas

2.3.2 TI em empresas – Estudos estrangeiros

Adria e Chowdhury (2004), Mattson, Beheshti e Salehi-Sangari (2000) e Sharif, Irani e Lloyd (2007) não foram considerados como sendo do escopo deste trabalho. O primeiro trabalho tem um foco grande em BTO e supply chain, enquanto o segundo discute modelos centralizados e descentralizados para call center e a respectiva estrutura de TI. O último dos

três apresenta uma comparação entre a Suécia e EUA, com foco nos CIOs e sua formação e atuação nas empresas.

Cao e Downlatshahi (2005) estudam a relação entre “Virtural Enterprises” (VE) e o uso de TI em empresas que empregam o paradigma de manufatura ágil. Além do impacto de cada um dos fatores (VE e TI) de forma individual no desempenho do negócio, foi estudado o impacto que um eventual alinhamento entre eles pode ter. Os resultados demonstram um impacto positivo dos fatores e principalmente do alinhamento entre eles.

O desempenho financeiro foi a dimensão de desempenho do negócio mais impactada pelo uso de TI, mostrando que o seu uso pode afetar positivamente a eficiência da empresa, diminuindo custos.

No caso da VE, o fator mais afetado pelo uso de TI foi o compartilhamento de recursos. Isso indica que o uso de sistemas de troca de informações, intranets e a própria Internet entre outros afetam positivamente a comunicação e o compartilhamento de recursos.

Gatian, Brown e Hicks (1995) discutem a relação entre clima “inovativo” da empresa, a implantação de Sistemas de Informação Estratégicos (SIS), o sucesso dos SIS e o envolvimento geral dos usuários. Uma survey mostrou que empresas mais "inovativas" tendem a investir mais em tecnologia e tendem a ver mais sucesso nos seus investimentos. Além disso, a pesquisa mostra que a razão mais importante (para as empresas) para o investimento em TI era a redução de custos.

Um resultado interessante é que, apesar do elemento mais importante para o investimento em TI ser o impulso em inovação da gerência executiva, o fator mais importante para o seu sucesso é o clima inovativo da empresa. Além disso, o suporte da alta gerência é crucial para o sucesso do SIS (GATIAN; BROWN; HICKS, 1995). Apesar da idade do artigo, parece razoável esperar algo assim hoje em dia.

Gupta, Karimi e Somers (1997) utilizam a tipologia de Miles e Snow para estudar a relação entre estratégia competitiva e sofisticação de TI. Uma survey (com empresas da área financeira) suporta a hipótese de que empresas em diferentes estratégias competitivas apresentam diferentes graus de sofisticação no gerenciamento de TI. Por exemplo, empresas que se caracterizam como prospectors se apoiam em diferentes tecnologias, mais flexíveis e novas. Por outro lado, defenders tendem a ter um controle mais centralizado, focalizando seus esforços em melhorias continuas de tecnologia.

Ainda utilizando a tipologia de Miles e Snow, Croteau e Bergeron (2001) apresentam um estudo que relaciona a estratégia da empresa, a escolha de implantação de TI e o desempenho da organização. São analisados 7 pontos obtidos de frameworks de implantação

de TI e os dados corroboram com a hipótese de que diferentes estratégias competitivas levam a diferentes implantações de TI.

Mais especificamente, dois perfis parecem emergir, sendo um mais voltado “para dentro” da empresa e o outro mais voltado “para fora”, tendo um interesse maior na exploração de tecnologias em uso na indústria. Enquanto o primeiro perfil é ligado a estratégia prospector de maneira positiva, o segundo está ligado de maneira positiva a estratégia analyser e de maneira negativa a estratégia defender.

Lai, Zhao e Wang (2006), através de uma survey em empresas de logística sobre TI e vantagens competitivas na qualidade e variedade de serviço. Os resultados mostram que após um certo ponto (quando acima da média) o uso de TI passou a ajudar numa maior vantagem competitiva tanto em variedade quanto em qualidade enquanto que em níveis mais baixos a TI não apresenta ganhos significativos.

Umas das razões pode ser a existência de aplicações de TI mais simples, que não trazem ganhos estratégicos, mas que existem por necessidade (para não ser uma desvantagem competitiva). Por exemplo, a maioria dos respondentes mantém páginas na Internet que, apesar de não oferecerem serviços significativos (acabam servido apenas para indicar formas de contato e serviços prestados), são necessários para que não haja uma desvantagem competitiva (não aparição em resultados de busca na Internet, por exemplo).

Deng (2010) discute de forma sucinta o impacto da TI nas forças de Porter, tanto de forma positiva quanto negativa. Dente as conclusões estão a necessidade de se manter a par das novas tecnologias, adicionar importância ao uso de TI e ao seu potencial para gerar vantagem competitiva sustentável.

Além dos trabalhos obtidos pela revisão sistematizada, um trabalho que merece destaque é o desenvolvido por Rivard, Raymonf e Verreault (2006), onde a relação entre o suporte de TI à estratégia e às operações (mais especificamente aos ativos da empresa) têm sobre as forças da indústria (conforme o modelo de Porter) e sobre o desempenho no mercado e na lucratividade da empresa. O modelo, apresentado na Figura 5, é baseado no trabalho de Spanos e Lioukas (2001) que buscaram relacionar a teoria de organização industrial (principalmente o trabalho de Porter) e a VBR.

Figura 5. Relação entre suporte de TI e estratégia. Adaptado de Rivard, Raymonf e Verreault (2006)

Com os dados de uma survey em empresas de pequeno e médio porte, o modelo gerado apresenta dados significativos na relação entre o suporte de TI e o desempenho no mercado e na lucratividade em geral. O trabalho também indica uma forte correlação entre o suporte de TI aos ativos e o mesmo suporte à estratégia, o que pode indicar a existência de “estágios” no suporte de TI na empresa, uma vez que algumas ações estratégicas só podem ser tomadas quando há suporte em algumas operações. Por exemplo, para a implementação de um modelo de vendas e manufatura ágil pode ser necessária a existência de um sistema que indique com clareza a situação de estoques e programação de produção.

2.3.3 Resumo crítico

Dentre os estudos de empresas brasileiras, os resultados parecem apontar para um cenário onde o uso de TI vem crescendo, porém com impacto ainda limitado na estratégia. De maneira geral, as empresas ainda observam principalmente ganhos de eficiência operacional com o uso de TI.

Quando há o uso estratégico da tecnologia, alguns problemas ainda são enfrentados. Questões como o gerenciamento do portfólio de TI, o alinhamento entre os planos estratégicos e mesmo questões relacionadas a como utilizar a tecnologia para gerar elementos capazes de sustentar ganhos considerados estratégicos ainda estão presentes.

Ao se olhar para as pequenas e médias empresas, algumas questões são bastante significativas. Por um lado, parte significativa dos elementos de suporte ainda tem custos proibitivos para essas empresas. Apesar da barreira financeira ter diminuído consideravelmente

nos últimos anos, principalmente com a queda de preço de equipamentos e uma maior presença de mão de obra qualificada, a necessidade de suporte a médio prazo, a presença de equipes específicas, a falta (por parte da gerência) de conhecimento e confiança nas tecnologias a serem usadas e outras questões ainda atrapalham o uso de TI por essas empresas.

Por outro lado, empresas que fornecem sistemas computacionais e demais elementos de tecnologia para PME’s acabam, por vezes, não ajudando na resolução de parte destes problemas, por medo de perder receitas. Por exemplo, a utilização de padrões de comunicação entre diferentes sistemas e equipamentos permitiria às empresas uma implantação progressiva de diferentes sistemas (mesmo que de diferentes fornecedores) e a utilização de, por exemplo, uma empresa terceirizada de suporte, já que a necessidade de treinamento específico diminuiria.

Ao se olhar os trabalhos estrangeiros sobre o tema percebe-se um foco um pouco diferente. Na amostra de trabalhos estudada parece haver uma preocupação maior na relação entre a estratégia e a postura da empresa em relação à tecnologia. Além disso, questões relacionadas ao bom desempenho da implantação de sistemas estão presentes.

Outros trabalhos buscam identificar, de forma objetiva, o impacto que a TI tem no desempenho da empresa, seja por aumento na participação de mercado, por um maior lucro ou pela presença de um maior número de elementos considerados estratégicos.