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METHODOS GERAES DO TRATAMENTO

Exporemos n'este capitulo tão somente os methodos mais em voga, para não tornar-mos fastidioso o assumpto.

Methodo de Brand. —Brand, formulou

os banhos frios da forma seguinte : «Il faut admi- nistrer, dés le debut de la fièvre typhoide des bains de 18° a 20°, de quinze minutes de durée, répétés jour et nuit, tous lés trois heures, tant due la temperature rectale dépasse 38°,5».

Desde o começo da doença e o mais rapida- mente possível, deve proceder-se da forma se- guinte : O doente é transportado o mais cuidado- samente possível para uma banheira, de grande capacidade, e da altura quasi do doente, meia cheia de agua, de modo que o doente mettido n'ella, a agua lhe dê pelos hombros. A agua deve ser renovada todos os dias, precaução indispensá- vel, segundo Chauffard, em virtude dos acciden-

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tes cutâneos resultantes das inoculações, devi- das á agua suja, na pelle mais ou menos exco- riada do doente e cuja resistência está enfraque- cida.

O doente completamente nú, é mettido na banheira docemente ; logo que entra no banho começa a ter arripios e a sentir oppressão, mas isto em breve passa.

Faz-se-lhe uma affusão de agua fria a 10°, affusão que se continua no meio do banho e no fim, e cuja duração deve ser pouco mais ou me- . nos de dois minutos.

Segundo Tripier e Bouveret esta affusão de- verá ser continua.

Durante o banho friccionar-se-ha o doente no peito e nos membros superiores, ou melhor em todo o corpo, exceptuando o abdomen. Quando está imminente novo arrepio friccionar mais in- tensamente e administrar um pouco de vinho, o qual pôde também ser dado no principio do banho.

Logo que este arrepio se dá é bom acabar o banho e administrar-se nova porção de vinho.

Tira-se do banho, e leva-se para a cama, es- tende-se sobre um lençol bem secco e um pou- co quente, enxuga-se em seguida e docemente sem tocar no abdomen.

Envolvem-se as pernas em um cobertor de lã e friccionam-se.

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o doente já mais alliviado, veste­se e dá­se­lhe a beber algum caldo ou leite.

No intervallo dos banhos, Brand aconselha que se recubra o peito e o abdomen, com com­ pressas de agua fria, e que serão renovadas, logo que estejam um pouco aquecidas.

A temperatura tira­se iim quarto de hora de­ pois do banho, e de novo três lioras depois para ver se sim ou não é necessário banho immé­ diate.

Os banhos não devem deixar de se dar senão quando a temperatura axillar fôr inferior a 39".

Este methodo é usado para as formas beni­ gnas ou pouco graves, porém quando a forma fòr hyperpiretica, cardíaca, renal, pulmonar ou adynamica. o methodo tem uma outra techina especial, é o methodo intensivo (Juhel­Renoy). N'estes casos o banho primeiro será á tem­ peratura de 26", o segundo é de 24° e assim em seguida, diminuindo sempre a cada novo banho dois graus de modo a chegar a 18°.

A duração do banho será menor, e as fricções e affusões continuas.

O arrepio deve ser mais prolongado, para isso faz­se baixar ainda a temperatura do banho a 15°. As compressas de agua fria mudadas mais amiudadas vezes.

Quando o mal se aggravar, então os banhos serão mais approximados, de duas em duas ho­ ras pelo menos. ' - ■

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Esté raethodo, é, segundo différentes estatís- ticas o que menor lethalidade tem dado ; assim comparando as estatísticas de Brand 7,4 por 100, e 12 por 100, nos hospitaes, a de Liemssen 9,2 por 100, a Lauber 8,8 por 100, Groldtammer 13,4 por 100, Juhel-Renoy 7,92 por 100, e a Tripsier e Bouveret 7,3 por 100, e obtem-se uma mortali- dade media 8 a 11 por 100.

Method» de ISouehai'd. — O fim deste

methodo é fazer com que o doente perdendo parte do seu colorico, não soffra choque nervo- so, nem spasmos dos vasos cutâneos.

Assim Bouchard aconselha que o banho seja dado a uma temperatura inicial de 2° abaixo da temperatura do doente, e seja resfriado insensi- velmente até 30°. Banho que será dado oito ve- zes por dia.

Desde que a doença está completamente de- clarada aconselha esta medicação systematica.

Desde o principio oito banhos por dia, até á cura completa, logo que a temperatura do doen- te passe de 37°.

Um regimen dietético composto de caldos em larga escala, e de limonada de limão addiciona- da de cincoenta grammas de glycerina.

Um purgante (quinze grammas de sulfato de magnesia) de três em três dias.

Durante quatro dias seguidos e a todas as ho- ras quarenta centigrammas de calomelanos, em

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papeis ou cachets de dois centigraramas cada vim.

Diariamente dois clysteres de agua com na­ phtol, um de manhã outro de tarde, e a mistu­ ra de que já antecedentemente falíamos (naphtol e salicylato de bismutho) todas as horas.

Reserva o quinino para quando os banhos não sejam sufficientes para abaixar, como é de dese­ jo, a temperatura. Então aconselha o modo se­ guinte, na sua administração: nos primeiros quinze dias, dois grammas, nos sete immedia­ tos gramma e meio, e nos últimos um gramma. Depois de um dia de administração aconselha a que se não renove a administração senão passa­ dos que sejam três dias, e quando a temperatu­ ra rectal for de 40" a 41°.

Além d isto, como em todos, o combater as complicações.

Com este methodo seguido bem á risca, Bou­ chard, obteve ema mortalidade de 9,74 por 100.

Methodo de Jaccoud.— O methodo de

Jaccoud repousa sobre três principaes indica­ ções: poupar e restaurar as forças do doente; combater a febre; combater as congestões pas­ sivas do pulmão.

Paia estas indicações aconselha Jaccoud: %.*■ Administração de tónicos; extracto de quina, vi­ nho; alcool; caldos, e sobretudo o leite em gran­ de quantidade.

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2.a Loções com uma esponja embebida em

agua fria, addicionada de vinagre antiseptico, cu- ja duração será de cinco a dez minutos, renova- das de duas ou de três em três horas. Em se- guida enxugar-se-ha o doente, e recobrir-se-ha com pouca roupa. Além d'estas loções o acido salicylico, altemando-se com o bromhydrato de quinino, assim: no primeiro dia dois grammas de acido salicylico, no segundo uma gramma e meia, no terceiro uma gramma; passados dois dias, administra-se o quinino pela mesma for- ma.

Quando porém a febre for muito intensa acon- selha a substituição das loções por banhos frios.

3.a Applicação de ventosas seccas de manhã

e de tarde sobre os membros, e na base do peito.

Com este methodo assim regulado e bem or- denado, Jaccoud obteve uma mortalidade de 11,16 por 100.

Methodo de Dwjardin-licaiimete, -

Consiste este methodo (expectativo) em que logo que haja suspeitas de febre typhoide se deve cercar o doente de todos os cuidados hygienicos possíveis, bem assim em todos os outros, man- dando tirar duas vezes por dia e a horas fixas a temperatura axillar, que o mais das vezes basta, posto que seja preferível a rectal.

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Vigiar bem de perto as funcçõc; do abdomen, régularisai' as evacuações administrando purgan- tes leves, purgantes salinos ou melhor aguas purgativas naturaes preferíveis aos purgantes oleosos.

Recobrir o ventre com algodão em rama e le- vemente apertado com um cinto. Este algodão evita os choques bruscos do intestino e immo- bilisa-o um pouco, o que é de grande vantagem.

Quando a temperatura não passa de 39" e não sobrevem complicação estes simples cuidados bastam, no caso contrario aconselha que se pra- tiquem loções frescas renovadas duas ou mais vezes, segundo a elevação da temperatura.

Quando a temperatura continua a subir re- corre então á antipyrina, administrada do modo seguinte: de quatro em quatro horas um gram- ma, até obter o abaixamente da temperatura a 37».

Em todo e qualquer caso dá o salol associa- do ao salicylate de soda na dose de dois a qua- tro grammas por dia.

Além disto diversas medicações no caso de complicações e das quaes nós fadaremos n'ou- tro capitulo.

Além d'estes methodos temos o de Debove, principalmente dirigido a beneficiar a diurese, fazendo ingerir ao doente grandes quantidades de liquido; o de Jurgensen, com o emprego dos banhos frios e do quinino, o de Liebermeister

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feito pelos banhos é envolvimentos frios, o de Ziemssem feito com banhos mornos, resfriados até 20\ e outros tendo todos como fundamento a boa hygiene e alimentação do doente. Moroso nos seria descrevel-os todos. Descrevemos só os mais usados hoje.

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TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES

Nós exporemos n'este capitulo as principaes complicações a que o doente está sujeito no de- curso da febre typhoide, porque fallar de todas estaria, além do impossível, visto que tínhamos de expor quasi toda a therapeutica conhecida, fora do nosso alcance e do nosso fim.

Accidentes pulmonares (Congestões, Bronchites,

Broncho-pneumonias, pneumonias e raras vezes pleuresia).

Como preventivo temos a posição do doente na cama, a qual já nós dissemos que deveria ser variada.

Declarada a congestão deita-se o doente so- bre o lado opposto, porém se ella for bilateral

aconselha-se (Duguet) o decubitus abdominal. O melhor tratamento é a applicação das vento- sas seccas, tanto a miúdo e tão abundantemente quanto a congestão é maior.

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Pura os outros accidentes os meios usuaes de tratamento, pondo completamente de parte os vesicatórios. , /

Os accidentes são pouco de temer, a não ser no caso de laryngo-typhus em que é preciso re- correr á trocheotomia.

Accidentes do tubo digestivo, (Vómitos, diarrhea,

meteorismo, perforação e hemorrhagias). Os vómitos serão combatidos pelo gelo, be- bidas geladas, limonada de Champagne e poção de Riviera ('), e quando não derem resultado es- tes meios, recorre-se á applicação local do frio por meio de bexigas cheias de gelo, pulverisa- ções de ether, chloreto d'ethyla, chloroformio sobre a região epigastrica. Em caso de ulcera só o leite nos prestará bons serviços.

A diarrhea posto que seja normal no decur- so da doença é necessário, quando eila se torna muito abundante, recorrer á administração do

l1) Acido cítrico 2 gr. Xarope simples 15 » Bicarbonato de potassa 2 » Agua 100 » Xarope de acido cítrico i5 » Faz-se dissolver o acido cítrico em metade da agua, jun- tando-se o xarope cítrico, e o bicarbonato e o xarope na ou- tra porção de agua. Dá-se uma colher de uma solução e em

salicylate) de bismutho na dose de très a quatro grammas por dia, n'a ma das formulas seguintes:

i

Salicylate) de bismutho ]

Naphtol ' , . Crê preparada ( aa 10 gr,

Phosphato de cal ., j Para 40 papeis—3 a 4 por dia.

Salicylate de bismutho \ Salol

Bicarbonato de soda ! Para 3o cachets - 3 a 4 por dia.

aa 10 gr.

Ou então o ópio em gottas, pooão ou clyste- res:

. Tintura thebaica 3 gr. Hoffman j Tintura de canella 3 »

( Tintura de noz vomica . . . 1 » 10 a i5 gottas em um quarteirão d'agua.

Carbonato de cal 3o » -p \ Agua distillada 60 » írousseau < ° . ,

I Xarope simples 40 »

\ Laudano de Sydenham 4 got. 3 a 4 colheres por dia.

Gomma adraganta 1 gr. P | Amido 8 »

I Laudano de Sydenham 20 got.

vAgua 200 gr.

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ração intestinal; para o combater, aconselha-se os pós absorventes pela via estomacal ou em clysteres. Gueneau de Mussy, que poucos re- sultados obteve com os pós absorventes, acon- selha o introduzir no rectum uma sonda grossa, tanto acima quanto se possa, e em ultimo re- curso a punção capillar do abdomen.

A perforação intestinal de todas as compli- caçõs, a mais terrível tem os tratamentos medi- co e cirúrgico. O tratamento medico consiste na immobilisação do intestino pelo emprego do gelo interna e externamente ; na administração do ópio em alta dose, podendo elevar-se até um gramma ou gramma e meio por dia, porque a tolerância para este medicamento é proporcional á intensidade das doses; por ultimo recorre-se âs injecções de morphina.

O tratamento cirúrgico consiste na laparoto- mia, e que poucas vezes tem dado resultado, porque a intervenção é quasi sempre tardia. Se se conhecesse o momento da ruptura, a laparo- tomia immediata daria bom resultado, mas infe- lizmente só tarde se reconhece.

Na Allemanha, Luche operando doze horas depois, o doente succumbia, bem como Fubrin- ger fazendo seis laparotomias nenhuma deu re- sultado.

Na Inglaterra, Weller Van Hook obteve uma cura, intervindo nove horas depois, porém em outros dois casos não obteve bom resultado.

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Hemorrhagias intestinaes.—Contra as hemor- rhagias emprega-se o gelo applicado sobre o abdomen. O gelo mettido em saccos é suspenso de modo que toque somente ao de leve sem exercer pressão a parede abdominal e separado d'ella por uma baeta ou gaze dobrada para pre- venir o erithema por conjelação que pode ir até ao esphacelamento dos tecidos.

A administração do leite será suspensa e substituída pelos caldos, dados ás colheres de sopa, de dez em dez minutos.

Egualmente tem applicação o perchloreto de ferro, a ergotina e a hydrastis canadensis, esta ultima, manejada com muito cuidado, pela sua acção sobre o coração e atrazo das pulsações.

Se porém os phenomenos geraes denotarem uma grande perda sanguínea, injectar-se-ha a cafeína, o ether, e melhor ainda o soro artificial (dez a cincoenta centímetros cúbicos de cada vez) de que nós daremos algumas fórmulas :

Í

Sulfato de soda 10 gr. Chloreto de sódio 5 » Agua distillada íoo » / Acido phenico crystalisado . . i » L Chloreto de sódio puro 2 » Chéron} Phosphato de soda 4 »

/Sulfato de soda 8 » V Agua distillada sterelisada . . 100 «

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fuzão do sangue. M. Gibert e Daréne emprega- ram este meio com successo.

Accidentes cardíacos (miocardites, endocardites

pericardites, etc).—Estes accidentes como uma das principaes causas de morte súbita, deve la- zer com que vigiemos bem de perto a circula- lação, a frequência e caracter do pulso, e aus- cultemos o coração pelo menos uma vez por dia, porque logo que elle dê signaes de enfra- quecimento ou arythemia devemos combatel-os de prompto.

Gomo primeiro recurso temos o frio applica- do localmente sobre a região precordial, e de- pois as injecções subcutanes mais ou menos frequentes de cafeina e sparteina:

Cafeína

Benzoato de soda Agua

4 a 8 injecções por dia

Sulfato neutro de sparteina 5o centigr. Agua fervida IO gr.

2 a 3 seringas de Pravaz por dia.

Além d'estas medicações a ergotina que M. Démange utilisou com grande successo, empre- gando uma injecção subcutânea de um gram- ma de ergotina n'uma doente sujeita a syncopes e com uma temperatura bastante elevada.

Quando os accidentes se aggravam a applica-

ãã 3 gr.

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ção de bexigas com gelo, fricções d'alcool sobre os membros e a administração em larga escala das bebidas alcoólicas e estimulantes, champa- gne, chá com rhum, ponche, vinho quente com canella e assucar, etc., dão bons resultados.

Accidentes do apparelho urinário (nephrites, he-

morrhagias, paralysia vesical, etc.).-Gomo uma das primeiras indicações na febre typhoïde é o pôr o rin em estado de bom eliminador, esta in- dicação é obtida pela administração dos diuréti- cos, como bagas de zimbro, digitilis, scilla, e sobre todos o leite.

A bexiga do doente deve também ser vigiada de perto, e no caso de não se esvaziar comple- tamente, em virtude da paralysia, o accidente mais ordinário, a sondagem, com todos os cui- dados e regras de antisepsia basta.

Podem ainda empregar-se clysteres frios, ou purgativos, feitos de quinze grammas de sulfato de soda em infuso de sene. Banhos mornos de vinte minutos, seguidos de fricções cutâneas ou mesmo da applicação de ventosas.

Accidentes cutâneos.—-De todos o mais usual é

a eschara, que que se evita um pouco pela mu- dança continuada de posição do doente e de cuidados hygienicos.

Se apesar d'estas precauções ella se formar, o melhor penso a fazer-lhe é o emprego das so- luções chloradas (Dujardin-Beaumetz); dissolu- ção a um por cento de chloral, fazendo repetir

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o penso varias vezes ao dia e tendo o cuidado de introduzir bem na ferida o algodão imbebido n'esta solução.

Além disto também fazem bom effeito o sa- lol e as soluções antisepticas.

Os. íleimões, e os abcessos, caracterisados pela ausência da dor, devem ser immediatamen- te abertos, evacuados e drenados com todos os cuidados antisepticos.

Accidentes nervosos (delírio, insomnia, adyna-

mia, ataxo-adynamia, etc.) — Para o delírio se o doente tolera, o banho morno progressivamente resfriado é um bom meio, ou melhor ainda o ba- nho frio conjunctainente com as compressas frias sobre a cabeça. Se apesar d'estes meios o delírio não acalma recorre-se ao chloral e sulfo- nal na dose de um a três grammas, em leite com assucar e uma gemma de ovo.

Sulfonal 2 gr. Julepo gommoso 120 » Em quatro porções no espaço de duas horas.

A insomnia combate-se pelos mesmos meios e pelo ópio, xarope de morphina e pelos bro- metos.

A adynamia.—Quando o numero de pulsa- ções é superior a 90 por minuto administrate- o alcool; o vinho velho, o rhum, cognac ou a po- ção de Tood:

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Rhum ou aguardente velha. . . . 40 gr. Xarope simples 3o » Tintura de canella 4 ■ Agua i5o »

Uma colher de sopa de hora em hora.

A ataxo adynamia é combatida pelos banhos mornos; duas vezes por dia, ou também pelos envolvimentos com pannos embebidos de agua fria.

Porém de todos o melhor tratamento e o que menos produz estes accidentes é sem duvida a balneotherapia.

C A P I T U L O V

TRATAMENTO DA CONVALESCENÇA

Além dos diversos accidentes a que está su- jeita a convalescença de um typhoso (feridas e ulcerações da lingua, farfalho, gangrena, pertur- bações gástricas, diarrhea, constipação, typhili- te, hemorrhagia, morte súbita, thrombose arte- rial ou venosa, laryngo-typhos, pneumonia, pleu- resia, accidentes cutâneos, lesões musculares, nephrites, œdemas, orchite, amenorrhea, dys- menorrhea, etc.): e para as quaes se applicam medicações ordinárias, o ponto para que deve- mos ligar a nossa attenção é o regimen.

Porque o perigo primordial da convalescen- ça é o desvio de regimen, que dá em resultado uma recahida tanto de temer.

O medico deve regular o regimen do doente, com todo o cuidado e prudência, permittindo-lhe

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uma alimentação boa, mas ligeira e progressiva- mente crescente; pondo de parte todo o alimen- to indigesto e que possa offender o intestino ha pouco cicatrisado.

Assim o primeiro alimento solido que deve dar-se ao doente será um ovo aquecido.

Ao fim de dois dias um pouco de frango bem cosido, passados outros dias um pouco de vitel- la ou um pouco de bife feito na brasa.

Pode acontecer que na tarde de um dos dias em que o doente já toma alimentos sólidos, haja um augmento embora ligeiro, de temperatura. E' a febris carnis. Porém este augmento de tem- peratura em algumas horas passa.

Se o augmento de temperatura não tornou a apparecer, bem como a diarrhea, e as fezes não tem o cheiro fétido especial pode continuar-se a alimentação, podendo mesmo dar-se duas vezes ao dia refeições solidas. No caso contrario deve ser substituído este regimen pelo antigo, leite e caldos.

Ha também um outro accidente que são os vómitos, algumas vezes tenazes, que segundo Trosseau podem ter duas origens bem différen- tes. Ora se trata de que provem da alimentação mal regu ada, ou de lesões estomacaes persis- tentes, e a vclta ao regimen lácteo põe tudo no seu logar. Ora estes vómitos são devidos á into- lerância estomacal, produzida pela inanição, e então o estômago deve ser violentado por meio

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de um regimen substancial, o único que poderá triumphar da sua inércia.

Continuando; os alimentos que em seguida se podem dar, são o peixe (linguado, pescada, rodavalho bem cosidos) tendo o máximo cuida- do em engulir alguma espinha, embora pequena.

Entre os legumes o primeiro que daremos é a batata, em purée com leite, e depois os outros farináceos.

O queijo fresco, as marmeladas de fructas, formarão as primeiras sobremezas.

O pão fresco só será permittido alguns dias depois d'esté tratamento alimentar e mesmo substituído por biscoitos, pão torrado ou duro, recommendando ao doente o mastigal-o bem.

Só se permittirá ao doente o comer a horas lixas. A refeição da manhã mais abundante do que a da tarde. Se o appetite fôr imperioso en- tão dar-lhe uma ou duas taças de leite.

As primeiras bebidas serão o vinho velho, um cálix em um copo de agua a cada refeição. E' indispensável o insistir não só com o doen- te, mas com as pessoas que o cuidam sobre a gravidade de qualquer alteração no regimen.

Segundo Ziemssem, o melhor é escrever o re- gimen hora a hora, para um dia, e até ao fim da doença.

Bom será visitar o doente de vez em quando á hora da refeição, ou durante a digestão para

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ver bera o seu estado, e uma vez por outra as fezes.

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