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Quanto aos objetivos, esta pesquisa classifica-se como exploratória. Beuren (2008)

destaca que, a pesquisa exploratória, intenciona-se conhecer mais detalhadamente o assunto, a

fim de torná-lo mais claro ou desenvolver questões importantes para o encaminhamento da

pesquisa.

Com relação aos procedimentos, é documental.

Sendo assim, a pesquisa documental:

 é baseada em materiais que ainda não receberam uma adequação detalhada ou

que podem ser refeitos, conforme os objetivos da pesquisa (BEUREN, 2008);

 foi realizada utilizando-se os preços das ações negociadas na

BMF&BOVESPA, os Relatórios financeiros e os Relatórios de

Sustentabilidade da Petrobrás, bem como informações públicas disponíveis no

site da companhia, como fontes de dados para a análise.

3.1.1 Qualitativa

Beuren (2008) afirma que, na pesquisa qualitativa, análises mais detalhadas do

fenômeno são realizadas, com o objetivo de destacar aspectos não observados por estudos

quantitativos.

A pesquisa documental propõe-se a produzir novos conhecimentos, criar novas formas

de compreender os fenômenos e dar conhecimento à forma como estes têm sido

desenvolvidos (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009).

Neste sentido, a pesquisa realizada buscou, pela análise documental, identificar os

efeitos econômicos, sociais e ambientais dos casos de corrupção, investigados no âmbito da

Operação Lava Jato, na Petrobras.

A análise foi feita por meio da comparação das informações divulgadas nos relatórios

financeiros, de sustentabilidade e no site da empresa antes e depois da Operação Lava Jato.

Para analisar o período abrangido pela pesquisa, examinaram-se os Relatórios

Financeiros de 2011 a 2016 e de Sustentabilidade de 2011 a 2015, além de informações

coletadas no site da empresa. Os achados desta pesquisa foram descritos no capítulo seguinte.

3.1.2 Quantitativa

Beuren (2008) avalia que, na pesquisa quantitativa, a abordagem se caracteriza pelo

uso de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos dados. No caso da

Petrobras, foram utilizados os preços das ações da empresa para emprego da metodologia de

estudo de evento, a fim de obter-se o impacto financeiro da Operação Lava Jato na

companhia.

Para analisar o período abrangido pela pesquisa, examinaram-se os preços das ações

da Petrobras de 2013 a 2016, obtidos na BMF&BOVESPA.

Tratamento dos dados

Os dados referentes aos preços das ações da Petrobras, obtidos no site da

BMF&BOVESPA, foram analisados pela metodologia do Estudo de Evento. Esta técnica foi

utilizada a fim de se identificar o impacto da Lava Jato no preço das ações da companhia.

O Estudo de Evento consiste na análise do efeito de informações específicas de

determinadas empresas sobre os preços de suas ações. Trata-se de uma metodologia

amplamente usada em testes de eficiência de mercados, denominação comum a todos os testes

da forma semiforte de ajustamento de preços a anúncios públicos, sugerida por FAMA

(1991).

De acordo com Brown e Warner (1980), a maior preocupação do Estudo de Evento é

avaliar a extensão em que o desempenho dos preços de títulos em dias próximos ao evento

tem sido anormal, ou seja, a extensão em que retornos de títulos são diferentes daqueles

considerados normais, dado um modelo de equilíbrio de determinação de retornos esperados.

Para Campbell, Lo e Mackinlay (1997), a utilidade dessa metodologia deve-se ao fato

de que, dada a racionalidade do mercado, os impactos do evento refletirão imediatamente nos

preços.

Mackinlay (1997) realizou uma análise sobre a evolução da metodologia e afirma que

os Estudos de Evento não são recentes, sendo que o primeiro foi realizado por Dolley (1933),

quando examinou os impactos nos preços em dias próximos aos anúncios de 95

desdobramentos de ações ocorridos entre 1921 e 1931.

Entre as décadas de 1930 e 1960, a metodologia evoluiu, tornando-se a metodologia

que é substancialmente utilizada até os dias atuais, por meio dos trabalhos de Ball e Brown

(1968) e Fama et al. (1969).

Já, nos anos 1980, destacam-se os trabalhos de Brown e Warner (1980 e 1985), que

publicaram artigos, tratando da importância do uso de dados mensais e diários para avaliar

diferentes metodologias, com a finalidade de medir o desempenho dos retornos. Estes dois

artigos são referências que figuram entre as mais citadas, quando se trata de Estudos de

Evento.

Há, ainda, autores que utilizaram modelos mais complexos, com vários fatores para

estimar o valor esperado do ativo, dentre estes, destaca-se o modelo de 4 fatores de Carhart

(1997).

Campbell, Lo e Mackinlay (1997) descrevem os procedimentos de um estudo de

evento, conforme a Figura 8:

Definição do Evento

Nesta fase, define-se o evento de interesse, identifica-se a data de ocorrência (“data

zero”) e o período durante o qual os preços das ações da empresa envolvida serão examinados

(“janela de evento”). A definição desta janela (quanto tempo antes e quanto tempo depois do

evento) envolve alguma subjetividade e arbitrariedade por parte do pesquisador e depende do

evento estudado e dos objetivos que se desejam com o uso da metodologia. Esta janela deve

incluir períodos considerados relevantes para a verificação de anormalidades no

comportamento dos preços; não deve ser muito longa, pois corre o risco de incluir outros

eventos, enviesando-se os resultados, e nem muito curta, pois pode não conseguir captar a

anormalidade nos preços. Usualmente, a análise do período anterior à “data zero” visa ao

reconhecimento dos indicativos do uso de informações privilegiadas (inside information),

enquanto a do período posterior busca o fornecimento de evidências quanto à velocidade e à

precisão do ajuste dos preços à nova informação liberada ao mercado (CAMARGOS;

BARBOSA, 2003).

Critérios de Seleção

Nesta etapa, definem-se a base de dados utilizada, a seleção do setor econômico e as

empresas afetadas pelo evento em estudo para a inclusão de uma dada empresa na amostra e

sua caracterização (CAMARGOS; BARBOSA, 2003).

Retornos Normais e Anormais

Os estudos de evento em finanças medem o desempenho anormal das ações,

subtraindo-se do retorno observado no período o retorno esperado, calculado por algum

modelo (PERERA et. al. 2007). Foram utilizadas, neste trabalho, cotações diárias das ações e

as taxas (observadas) de retorno diário foram obtidas desta forma:

kj,t = Pj,t – Pj,t-1

P

j,t-1

onde: k

j,t

– é a taxa de retorno (observada) de uma ação j na data t, P

j,t

– é o preço de

fechamento da ação j (ajustado para eventos) na data t, P

j,t-1

– é o preço de fechamento da

ação j (ajustado para eventos) na data t-1.

Campbell, Lo e MacKinlay (1997) classificam os modelos usados para calcular o

retorno esperado, ou seja, o desempenho normal das ações em Modelos Econômicos e

Modelos Estatísticos. De acordo com Perera et al. (2007), os exemplos mais comuns de

modelos econômicos são o CAPM (Capital Asset Pricing Model) e o APT (Arbitrage Pricing

Model). Dentre os modelos estatísticos, talvez o mais comumente utilizado e também o mais

simples seja o Modelo de Mercado. O modelo de mercado pode ser representado pela seguinte

equação:

k jt = α j + βjE (kMt) + Ɛjt

onde: k

jt

– é o retorno esperado no instante t da ação j, α

j

é o intercepto do modelo de

regressão, k

Mt

– é o retorno da carteira de mercado no instante t, β

j

é o coeficiente beta da

ação j, Ɛjt é o resíduo, ou retorno anormal da ação j no instante t.

Como proxy para o retorno da carteira de mercado, utilizou-se o retorno diário do

índice IBOVESPA da Bolsa de Valores de São Paulo.

Procedimento de estimação

Nesta fase, é necessário determinar a janela de evento (período durante o qual

deveriam ser observados retornos anormais, presumivelmente) e a janela de estimação

(período anterior à janela de evento, utilizado para estimar os parâmetros do modelo que será

utilizado para o cálculo dos retornos normais) e, finalmente, uma janela pós-evento

(CAMPBELL; LO; MACKINLAY, 1997).

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