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Os tipos de inovação compreendem um amplo conjunto de inovações possíveis. As inúmeras possibilidades de se construir o novo incluem as atividades de inovação. Essas atividades são etapas científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais que conduzem, ou visam conduzir, à implementação de inovações. Nesse aglomerado de atividades de inovação, algumas são em si inovadoras, outras não são atividades novas. Porém, observa- se que estas, as quais não se caracterizam pela novidade, estão presentes na criação do novo por serem necessárias para a implementação da inovação (OECD, 2005).

A maneira pela qual uma inovação pode ser implementada, o que, de modo geral, pode ser representada por uma novidade ou mudança significativa de produto, de processo, de negócio ou no nível organizacional; caracteriza o valor gerado pela inovação. A análise sob essa perspectiva apresenta o que é mudado e aponta o resultado da inovação. A identificação desses dois aspectos possibilita compreender que uma inovação pode ser mais bem percebida quando classificada em virtude dos meios utilizados para sua criação e implementação, podendo ser categorizada por meio de um ou mais tipos de inovação (OECD, 2005).

A percepção de que classificar a inovação em tipos acarreta uma melhor compreensão do que é inovar e facilita a identificação no que inovou fez com que se produzissem várias concepções e interpretações para a geração de tipologias para a inovação. A classificação da inovação, para determinar a proveniência ou para melhor reconhecer como se emprega o novo, pode ser muito bem demonstrada pelo resultado do estudo realizado e apresentado no Fórum de Inovação (SIMANTOB, 2009), consórcio de organizações criado pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), que distribuiu a inovação em quatro quadrantes: o primeiro quadrante expôs a inovação classificando esta como sendo de produtos e serviços, estabelecendo no seu conteúdo o desenvolvimento e comercialização de produtos ou serviços novos, baseados em novas tecnologias e relacionados à satisfação de necessidades dos clientes; o segundo quadrante se refere a inovação de processos, a qual compreende o desenvolvimento de novos meios de fabricação de produtos ou de novas formas de relacionamento para a prestação de serviços; o terceiro quadrante apresenta inovação de negócios, que direciona o entendimento da inovação para o fornecimento de vantagem competitiva; e, por último, a inovação em gestão, a qual associa o desenvolvimento do novo a partir de novas estruturas de poder e liderança.

O desdobramento da inovação, o que engendra uma tipologia para o novo, constitui uma possibilidade de se obter métodos diferentes de classificação, os quais permitem um diálogo ou um debate entre os diversos modos de se reconhecer a inovação. De acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2005), as inovações podem ser constatadas e nomeadas considerando quatro categorias: primeira, inovação de produto, que refere-se a um bem ou serviço novo ou substancialmente melhorado no que tange a suas características ou a usos previstos; segunda categoria, inovação de processo, a qual está relacionada a elaboração de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado; terceira categoria, inovação de marketing – implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços; e a quarta categoria, inovação organizacional – implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

As terminologias empregadas, tanto na literatura acadêmica como no contexto profissional, culminam nos diferentes modos de se conceituar e tipificar as inovações, o que, consequentemente, coopera para a não existência de um consenso que possa definir uma forma única de classificação genérica. Entretanto, pode-se constatar algumas classificações mais comuns e que são frequentemente encontradas em propostas de tipologias. Com essa percepção, se torna necessário visitar, conhecer e analisar as diversas perspectivas em que tais propostas são apresentadas. Tidd, Bessant e Pavitt (2008) utilizam uma classificação semelhante as já contempladas por outros autores para categorizar as inovações de forma abrangente, formando o que se pode apelidar de os “4 Ps” da inovação: o primeiro “P” se refere à inovação de produto, que são mudanças naquilo que uma empresa produz ou fornece(produtos/serviços); o segundo “P” diz respeito à inovação de processo que são mudanças na forma de elaboração e fornecimento de produtos/serviços; o terceiro “P” descreve a inovação de posição que são mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos; e, por último, o quarto “P” é definido pela inovação de paradigma, na qual o novo é construído por mudanças no modo de pensar e orientar o que a empresa faz e produz.

Os detalhes de pesquisas realizadas sobre as mudanças resultantes da inovação levam em consideração, em alguma medida, o novo como sendo componentes de questões que tratam do meio organizacional ou do marketing, por exemplo; mas, ainda assim, permanece o exame da aplicação do inédito levando em conta, como elementos centrais, produto e processo. A grande maioria dos autores que pesquisam sobre inovação e a maior parte das análises

realizadas sobre o emprego do novo identificam o inédito, resumidamente, em dois enfoques bem definidos: produto e processo. A distinção entre produtos e processo é fácil de ser esclarecida e sua exemplificação é simples de ser compreendida, uma vez que, sua presença está relacionada à produção de bens. Para os serviços, porém, sua elucidação pode ser menos evidente, pois a produção, a distribuição e o consumo de muitos serviços podem ocorrer ao mesmo tempo em um processo, no qual diferenciar suas partes e apontar, isoladamente, onde está a inovação pode se tornar um recurso de interpretação confuso e incompleto.

Algumas instruções apresentadas pelo Manual de Oslo (OECD, 2005) buscam esclarecer e indicar meios de diferenciar produto e processo, como: (1) quando a inovação envolve características novas ou, substancialmente, melhoradas do serviço fornecido aos consumidores; então, nesse caso, diz respeito a uma inovação de produto; (2) caso a inovação inclua métodos, equipamentos e/ou habilidades novos ou, significativamente, melhorados para a execução do serviço, então refere-se a inovação de processo; (3) se a inovação envolve melhorias substanciais nas características do serviço oferecido e nos métodos, equipamentos e/ou habilidades usados para sua execução, no caso em questão trata-se de uma inovação tanto de produto como de processo.

O conhecimento e a análise da teoria utilizada como referência, para compreender como diferentes autores agrupam e tipificam a inovação, leva a concluir que, frequentemente, as classificações são realizadas em um conjunto de quatro tipos básicos. A terminologia construída por esses autores apresenta apenas algumas pequenas diferenças na sua denominação, mas que, em geral, possui o mesmo significado. Um entendimento importante que precisa ser considerado é que uma mesma inovação, dependendo do caso, pode ser classificada em mais de um desses tipos. O quadro 1 mostra, resumidamente, as terminologias apresentadas no referencial e que são empregadas para definir tipos de inovações em relação ao resultado produzido.

Quadro 1 – Terminologias empregadas para definir tipos de definições.

Fonte: JAEGER Neto, 2010

A terminologia, inegavelmente, desperta o entendimento e permite pontos de vista diferentes para se alcançar a compreensão de algo ainda a ser muito explorado pelos diversos atores que contracenam em um contexto, no qual ora se posicionam como protagonistas e inauguram o espetáculo, ou ora são telespectadores ou coadjuvantes deixando-se levar pelas peripécias e circunstâncias do que acontece em cena. O cenário das organizações e da sociedade, como um todo, estimulam ou são estimulados todos os dias pela novidade, mudando seus conceitos, suas necessidades, dando um novo sentido para o mercado. As relações mercadológicas e as razões para o consumo se deparam com novas diretrizes que impulsionam as relações de troca e elevam o desejo pelo novo. Algumas organizações assumem a posição de instaurar o inédito, provocando ou impondo a necessidade de obtê-lo; já outras são levadas ou obrigadas a instituir a mudança, buscando atender as constantes modificações no mercado originárias do almejo de consumir o novo.