• Nenhum resultado encontrado

3.2 AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS

3.2.1 Tipos de avaliação de políticas públicas

As avaliações de políticas públicas podem ser classificadas segundo diferentes critérios em relação ao que se referem, tais como o momento em que são realizadas e aquele que as avalia. Nela são importantes os conceitos de eficiência, eficácia, efetividade, resultados e impactos. Aqui são apresentadas algumas classificações da literatura da área, bem como esses conceitos importantes para a sua compreensão.

Figueiredo e Figueiredo (1986) classificam as avaliações em dois tipos básicos, a avaliação de processos, que visa à aferição da eficácia, ou seja, se o programa está sendo ou foi implementado de acordo com as diretrizes concebidas para a sua execução, e se o seu produto atingirá ou atingiu as metas desejadas, e análise de impacto, que diz respeito aos efeitos do programa sobre a população-alvo, e tem a intenção de estabelecer uma relação de causalidade entre a política e as alterações nas condições sociais. Definindo as avaliações de acordo com o propósito da política ou programa, podem ser de produção de bens ou serviços públicos, cujos objetivos não vão além da própria distribuição de bens e serviços, sem preocupação específica com mudanças, e de mudanças e avaliação de impactos, que tomam por objetivo essencial de análise as mudanças pretendidas nas condições sociais.

O primeiro caso enquadra-se na avaliação de processos, e tem como objetivo acompanhar e aferir se os propósitos, estratégias e execução do programa estão sendo realizados segundo as definições previamente estabelecidas. Nele destacam-se os seguintes tipos de pesquisa: avaliação de metas ou resultados, avaliação de meios e metodologia de implantação e avaliação de custo-benefício e/ou custo-resultado. O segundo caso enquadra-se na análise de impacto da política, que pode causar impactos

objetivos, gerando mudanças quantitativas nas condições da população-alvo, impactos subjetivos, alterando o estado de espírito da população, e impacto substantivo, mudando qualitativamente as condições de vida da população (Id., loc. cit.).

Em função do momento em que se realiza e os objetivos que persegue, a avaliação pode ser classificada em ex-ante e ex-post. A primeira é realizada ao começar o projeto, antecipando fatores considerados no processo decisório. A segunda ocorre quando o projeto já está em execução ou já está concluído e as decisões são adotadas tendo como base os resultados efetivamente adotados. Diferencia-se em avaliação de processos, que determina a medida em que os componentes de um projeto contribuem ou são incompatíveis com os fins perseguidos, e avaliação de impacto, que procura determinar em que medida o projeto alcança seus objetivos e quais são seus efeitos secundários (COHEN; FRANCO, 2002, p. 108-110)

Na avaliação de resultados e de impacto, Cotta (1998, p. 112-113) apresenta os conceitos básicos a serem considerados, a eficiência, eficácia, resultados e impacto das políticas e programas. O conceito de eficiência diz respeito à relação entre os resultados e os custos envolvidos na execução de projeto ou programa e, quando podem ser traduzidos em unidades monetárias, recorre-se à análise de custo-benefício, que pretende verificar se os benefícios líquidos do projeto excedem seus custos operacionais ou a análise custo-efetividade, que coteja os custos com os produtos e o impacto da intervenção. A noção de eficácia se refere ao grau em que se alcançam os objetivos e metas do projeto na população beneficiária, em um determinado período de tempo, independentemente dos custos aplicados. Assim, aferir a eficácia de uma intervenção significa estabelecer um nexo causal entre alguns de seus aspectos e eventuais alterações na situação ou nos atributos dos destinatários. Este tipo de avaliação analisa os resultados do programa em termos de efeito e de impacto.

Um efeito é todo comportamento ou acontecimento que se pode razoavelmente dizer que sofreu influência de algum aspecto do programa ou projeto (COHEN; FRANCO, 2002), ou seja, é todo e qualquer resultado das ações a ele pertinentes. Existem diversos tipos, como efeitos procurados, não procurados, que se subdividem em previstos, positivos e relevantes, e não previstos. A avaliação de resultados busca responder se o programa ou projeto surtiu algum efeito sobre a população-alvo e como classificar tais efeitos. As análises de impacto apontam a efetividade de programas e projetos, estabelecendo o grau de correspondência entre seus

objetos e resultados. Assim, as primeiras visam aferir os resultados intermediários da intervenção e os segundos seus resultados finais.

Em função de quem a realiza, classificam-se em avaliação externa, quando realizada por pessoas alheias a organização-agente e avaliação interna, quando realizada dentro da organização gestora do projeto, avaliação mista, quando avaliadores externos realizam seu trabalho em estreito contato e com a participação dos membros do projeto a ser avaliado e avaliação participativa, que tem como objetivo minimizar a distância que existe entre o avaliador e os beneficiários. Em função da escala dos projetos, levando em consideração o número de pessoas afetadas e a magnitude dos recursos que necessitam, é possível distinguir entre avaliação de projetos grandes e de projetos pequenos (Id., op. cit., p. 111-116).

Faria (1999, p. 44-45) classifica os estudos de avaliação em quatro tipos: ex- ante, que consiste no levantamento das necessidades e estudos de factibilidade que irão orientar a formulação e o desenvolvimento do programa; acompanhamento e monitoramento do programa, que busca a adequação entre o plano e sua execução, tratando-se de avaliar sua eficiência, sendo o fazer certo as coisas; avaliação formativa, de processo ou de eficácia, que tem por objetivo fazer as coisas certas, sendo o trabalho do avaliador acompanhar, observar e testar o desempenho do programa para aprimorá- lo; e avaliação somativa, de resultado ou ex-post, que envolve estudos comparativos entre programas rivais, subsidia a decisão e avalia a maior ou menor efetividade de diferentes tratamentos oferecidos ao grupo-alvo. A autora ainda apresenta o conceito de eficácia como uma dimensão do processo de desenvolvimento e implementação do programa, e o de efetividade como uma dimensão do resultado destinado a averiguar o alcance das metas.