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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.2 Tipos de Conhecimento

O conhecimento pode ser visto como a relação constituída em meio ao sujeito que conhece, ou deseja conhecer e o objeto conhecido. A partir disso, existem diferentes tipos de conhecimento que atuam nesta relação. O Cognitivismo apresenta 3 deles: o conhecimento declarativo; o procedural; e, o condicional.

O declarativo refere “às estruturas de conhecimento que podem ser representadas por meio de uma rede de conceitos e suas relações, ou seja, é a capacidade de associação entre os conceitos (GIACOMINI Et Al, 2011, p. 44), é o saber o quê.

O procedural compreende o saber como, ou seja, alude aos procedimentos a serem seguidos ao se executar uma determinada atividade.

Sternberg (2000) delineia o conhecimento declarativo como consciente e explícito e o conhecimento procedural como inconsciente, implícito e automático.

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O conhecimento condicional é o saber quando e por que. Ele “descreve as circunstâncias de aplicação” dos procedimentos (KRATOCHVIL, 2009, p. 218).

Boisot (1995) ao trabalhar sobre organizações menciona quatro tipos de conhecimento: Conhecimento Público; de Senso Comum; Pessoal; e, Privado.

O Conhecimento Público é codificado e de fácil disseminação.

O Conhecimento de Senso Comum é de fácil disseminação, porém menos codificado. Refere ao conhecimento que a pessoa incorpora ao longo da vida e o interioriza. Cabe ressaltar que esse tipo de conhecimento é diretamente ligado ao contexto social ao qual o indivíduo se encontra.

O Conhecimento Pessoal é de difícil articulação e difícil disseminação. Ele nasce da experiência pessoal e só está acessível para a pessoa.

O Conhecimento Privado é desenvolvido e codificado pelas próprias pessoas com o intuito de dar sentido a situações, de compreender as circunstâncias que fizeram ser necessário criar um novo conhecimento.

Com base no fato de poder ser compartilhado e explicitado, Boisot (1995) propõe uma classificação do conhecimento como codificado e não codificado, disseminado e não disseminado.

O codificado é aquele que pode ser registrado sem perda significativa de informação. O não codificado corresponde ao conhecimento difícil de ser escrito ou armazenado sem perda de informação. Já o disseminado é o de fácil compartilhamento, enquanto o não disseminado corresponde ao conhecimento individual, difícil de expressá-lo, conforme a figura 2.1.

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Figura 2.1: Tipologia do Conhecimento

Fonte: Boisot (1995)

Para Boisot (1995) estes tipos de conhecimento são de extrema importância para a análise do conhecimento interno de uma organização, pois o Conhecimento Público contém o conhecimento já codificado. O Conhecimento Pessoal é a base do conhecimento organizacional para que as pessoas executem suas atividades. O Conhecimento Privado é exclusivo da organização já que foi desenvolvido para responder as demandas específicas. Por fim, o Conhecimento de Senso Comum que é o conhecimento partilhado entre os indivíduos que promove uma noção de identidade e significado.

Neste sentido, nas organizações, o conhecimento “costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais” (DAVENPORT & PRUSAK, 1998, p.6). Devido a isso, se faz necessário definir o que é conhecimento organizacional.

Para Tsoukas e Vladimirou (2001, p. 976) em seu artigo “What is Organizational Knowledge?”, que é citado por mais de 825 artigos na literatura, o conhecimento organizacional é a capacidade que os membros de uma organização têm desenvolvido para estabelecer distinções no processo de realização do seu trabalho, em determinados contextos concretos, estabelecendo conjuntos de generalizações, cuja aplicação depende de entendimentos coletivos historicamente evoluídos.

Codificad

Não

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O conhecimento organizacional ainda pode ser entendido como o “ativo ou recurso, oriundo de indivíduos e interações sociais, incrustado em rotinas e capacidades organizacionais, para a produção de bens e serviços e criação de significado compartilhado entre indivíduos” (ISIDORO-FILHO; GUIMARÃES, 2010, p. 142).

Nonaka e Takeuchi (1997) postulam que o conhecimento organizacional é a capacidade da organização em criar um novo conhecimento e difundi-lo incorporando-o em produtos, serviços e sistemas. Ele pode ser divido em tácito e explícito.

Binz-Scharf (2003) em sua dissertação de mestrado apresenta uma taxonomia dos conhecimentos tácito e explícito.

Quadro 2.2: Taxonomia do Conhecimento

Conhecimento Explícito Conhecimento Tácito

Polanyi (1966) Conhecimento que é verbalizado, escrito, desenhado ou de outra

forma articulado

Conhecimento que não é verbalizado, intuitivo e

desarticulado Nonaka (1994) Discreto, capturado em

registros

A atividade contínua de saber

Spender (1996) Objetivo Coletivo

Winter (1987) Simples, ensinável, observável

Complexo, difícil de ser ensinado e observado Anderson

(1983)

Declarativo Procedural

Ryle (1949) Sabe o que Sabe como

Hedlund (1994) Conhecimento bem definido incorporado em produtos, serviços ou artefatos Conhecimento mais cognitivo na forma de constructos e preceitos mentais Kogut & Zander

(1992)

Informação Sabe como

Weiss (1998) Conhecimento racionalizado (Weber [1921] 1968)

Conhecimento incorporado (Granovetter,

1985) Fonte: Binz-Scharf (2003, p. 8, tradução nossa)

O conhecimento Tácito refere ao conhecimento individual, pessoal e, é de difícil formalização, comunicação. Ele possui duas dimensões: a Técnica e a Cognitiva.

49  Técnica: Inclui o Know-how concreto, as técnicas e habilidades informais do indivíduo. Os "insights altamente subjetivos e pessoais, as intuições, os palpites e as inspirações derivam da experiência" e estão enquadradas nesta dimensão (NONAKA; TACKEUCHI, 2004, p. 19).

Cognitiva: Inclui as "crenças, percepções, ideais, valores, emoções e modelos mentais" do sujeito. Esta dimensão do conhecimento tácito reflete a forma que percebemos o mundo (NONAKA; TACKEUCHI, 2004, p. 19).

Já o conhecimento Explícito é formal e sistemático, de fácil compartilhamento. Nesse tipo, o conhecimento organizacional é explícito e está decodificado em manuais, memórias e relatos, pesquisas e relatórios (GROTTO, 2003).

Quadro 2.3: Características marcantes entre tácito e explícito

Características Conhecimento Tácito Conhecimento

Explícito

Conteúdo (Polanyi, 1967; Hu, 1995; Nonaka e Konno, 1998)

Não codificado Codificado Articulação (Spender, 1995) Difícil Fácil

Localização (Polanyi, 1958, 1967)

Cérebro Humano Computadores e Artefatos Comunicação (Ambrosini e

Bowman, 2001)

Difícil Fácil

Mídia (Boje, 1991; Connell et al, 2003; Johannessen et al , 2001)

Contato face a face, Storytelling Tecnologia da Informação e outros arquivos Armazenamento (Boiral, 2002; Connell et al, 2003) Difícil Fácil

Estratégia (Hansen et al, 1999) Personalizada Impessoal Propriedade Organização e

Membros

Organização Fonte: JASIMUDDIN; KLEIN; CONNELL (2005, p. 110)

As principais diferenças entre o conhecimento tácito e explícito são a codificabilidade e os mecanismos de transferência; os

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métodos de aquisição e acumulação; e, o potencial para ser coletado e distribuído (IPÊ, 2003). Contudo, segundo Nonaka e Takeuchi (1997), eles não são excludentes e nem separados, eles são mutuamente complementares, interagem e realizam trocas para a criação do conhecimento dentro de uma organização.