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2.2 PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS

2.2.3 Tipos de serviços ambientais

Para montar uma estrutura de PSA é necessário identificar e definir quais são os tipos de serviços ambientais prestados, para que haja uma clareza do que será pago, conforme salienta o relatório do IPEA (2010).

Com base na síntese do Relatório de Avaliação Ecossistêmica do Milênio, elaborado pelo programa das Nações Unidas de pesquisas sobre mudanças ambientais e suas tendências para as próximas décadas, o Millennium Ecosystem Assessment, o IPEA (2010) elencou os principais tipos de serviços ambientais que poderiam estar associados a propostas de PSA:

Quadro 1 – Tipos de serviços ambientais.

Tipos de Serviços Serviços Prestados

Serviços de Suporte Ciclagem de nutrientes, formação de solo, produção primaria etc.

Serviços de Provisão Alimentos, água doce, combustível, madeira e fibras etc.

Serviços de Regulação Clima, fluxo hídrico, doenças etc. Serviços Culturais Estético, espiritual, educacional,

recreativo, etc.

Fonte: IPEA (2010). Elaboração própria (2014).

O IPEA (2010) aponta que, apesar dessa classificação de serviços ambientais ser possível do ponto de vista teórico é muito difícil ser verificada dessa forma na prática. Isto ocorre, pois quando essas atividades geram produtos ou serviços a serem comercializados não se consegue de modo claro separar o valor de mercado desses, do valor correspondente ao serviço ambiental prestado.

Conforme levantamento feito pelo IPEA (2010) a maioria das experiências de PSA, estão relacionadas ao uso do solo e nesse contexto os serviços ambientais prestados normalmente estão ligados à conservação da biodiversidade, captura de carbono, proteção de bacias hidrográficas e beleza paisagística. Contudo como apontado no relatório o conceito de serviços ambientais pode ser entendido a partir de outras perspectivas.

Seguindo essa direção, de estender o conceito de serviços ambientais, e visando tipificar diversas iniciativas de PSA através dos seus focos prioritários, Damásio (2011) faz um quadro sobre as principais abordagens dos pagamentos e os serviços ambientais prestados como seguem abaixo:

Quadro 2 – Abordagens dos pagamentos de serviços ambientais.

Foco Motivação Exemplos

Pró-Mercado Ganhos de Eficiência Wetlands (US)

Desenvolvimento Econômico Biodiversidade (Austrália) Conservação Conservação de Recursos

Concessões (Belize, Guyana)

Sustentabilidade Conservação (US)

Desenvolvime nto Social

Melhores Condições de Vida para os

Provedores de Serviços Ambientais PES (Peru, Guatemala) Integração Social Famílias de Baixa Renda em

Altitudes (Ásia) Política De

Governo

Motivações Diversas, inclusive Redistributivas

Conservação de Taludes (China)

Pró-Ambiente (Brasil)

Fonte: WWF apud Damásio (2011). Adaptado pelo autor.

Como a abordagem do presente estudo está relacionada com os ecossistemas urbanos faz-se necessário entender os serviços ambientais sob essa perspectiva.

Utilizando a análise do IPEA (2010) o mesmo aponta os possíveis serviços ambientais associados a atividades no meio urbano que geram externalidades positivas ou minimizam as externalidades negativas, e podem ser resumidas da seguinte maneira:

Quadro 3 – Tipos de serviços ambientais urbanos.

Tipos de Serviços Serviços Prestados

Disposição correta de resíduos sólidos

Melhoria na qualidade da água, diminuição da emissão de gases de efeito estufa, minoração do risco de doenças

infectocontagiosas.

Reciclagem de resíduos urbanos

Redução do consumo de água e energia, diminuição da

necessidade de matéria-prima virgem renovável e não renovável (celulose, minério de ferro, bauxita, petróleo etc.), minoração da poluição hídrica, menor área urbana despendida com aterros, maior estabilidade climática devido à menor emissão de gases de efeito estufa, menor impacto ao patrimônio natural.

Tratamento de

esgoto Melhoria na qualidade da água. Manutenção de áreas

verdes

Aumento da permeabilidade do solo, diminuição do risco de enchentes e deslizamentos.

Transporte coletivo Redução da emissão de gases de efeito estufa.

Fonte: IPEA (2010). Adaptado pelo autor.

Estes serviços elencados no quadro anterior são claramente ações que mitigam os efeitos nocivos da urbanização sobre os ecossistemas urbanos. Iniciativas como estas, conforme defendem o IPEA (2010) e Damásio (2011), devem ser valoradas e remuneradas da mesma maneira que outras iniciativas de PSA são em outros ecossistemas não urbanos.

Dentre os diversos atores no contexto urbano que desenvolvem ações que geram benefícios para toda a sociedade, os catadores e catadoras de materiais recicláveis estão entre aqueles que mais se destacam. Organizados em cooperativas ou atuando de forma autônoma essa categoria de trabalhadores e trabalhadoras, vêm durante anos tirando seu sustento através da catação daquelas mercadorias que perderam seu valor de uso para a maioria da sociedade, contudo ainda possui valor de troca suficiente para garantir sua subsistência.

3 OS DESAFIOS DA RECICLAGEM

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT define os resíduos sólidos urbanos – RSU como: “resíduos nos estados sólido e semissólido, que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola de serviços e de varrição.” (NBR 10004/2004).

Conforme números apresentados anteriormente sobre geração e destinação dos RSU; fica claro o tamanho do desafio ambiental que as cidades brasileiras possuem, em que pese à Bahia que tem apenas 2% de seus municípios com destinação satisfatória para os resíduos sólidos (BAHIA, 2007).

Ribeiro et al (2010), aponta que este desafio está diretamente associado à exaustão da vida útil dos aterros sanitários e a inexistência de áreas para a construção de novos aterros; a poluição gerada pela disposição inadequada dos resíduos como: o lançamento de gases de efeito estufa – GEE na atmosfera, a produção de chorume que pode contaminar rios, lagos, mananciais subterrâneos, etc., a contaminação do solo próximo aos aterros e lixões; a desvalorização dos imóveis no entorno dessas áreas de disposição dos resíduos; e a propagação de vetores de doenças.

Além dessas dificuldades que os resíduos sólidos trazem para os gestores municipais, existem outros aspectos a serem considerados, seja sob a ótica legal quanto a respeito da problemática social que normalmente envolve a temática.