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A.1 Parˆ ametros da rede

3.2 Tipos de Medidas Consideradas

As t´ecnicas de localiza¸c˜ao de faltas propostas nos cap´ıtulos 4 e 5 assumem a dispo- nibilidade de medi¸c˜oes pr´e-falta e durante a falta de tens˜ao e corrente em v´arios pontos do sistema de distribui¸c˜ao. Essas medi¸c˜oes s˜ao enviadas por meio de um sistema de comunica¸c˜ao para as centrais de gerenciamento, onde s˜ao processadas para e execu¸c˜ao das t´ecnicas. No- vamente, vale ressaltar que as etapas de aquisi¸c˜ao, convers˜ao, transferˆencia e processamento das medi¸c˜oes n˜ao s˜ao objetos de estudo nesse trabalho.

As grandezas requisitadas podem ser disponibilizadas por meio de equipamentos de medi¸c˜ao com capacidade de registrar as medidas associadas aos eventos de faltas. Os registros podem ser valores dos m´odulos ou oscilografias. Nesse trabalho, essas medidas s˜ao chamadas de medi¸c˜oes convencionais. Alternativamente, os medidores podem reportar os valores dos fasores sincronizados ou n˜ao sincronizados. A defini¸c˜oes e caracter´ısticas desses tipos de medi¸c˜oes s˜ao mostradas a seguir.

3.2.1

Medi¸c˜oes Fasoriais

Na medi¸c˜ao fasorial assume-se que os medidores reportam a central de gerenciamento dos dados, as medidas de m´odulos e ˆangulos das tens˜oes e correntes, pr´e-falta e durante a falta. Para obten¸c˜ao dos ˆangulos das medidas, ´e necess´ario uma referˆencia de tempo para que todos os ˆangulos sejam obtidos a partir da referˆencia. A referˆencia pode ser global e externa ao medidor, por exemplo, via GPS (Global Positioning System). De outra forma, a referˆencia pode ser apenas local e interna, a partir do pr´oprio rel´ogio interno do medidor. A origem da referˆencia de tempo classifica as medi¸c˜oes em sincronizadas e n˜ao sincronizadas, mostradas a seguir.

Medi¸c˜ao Fasorial Sincronizada

As medi¸c˜oes fasorias sincronizadas s˜ao medi¸c˜oes dos fasores de tens˜ao e corrente co- letadas em v´arios pontos do sistema de distribui¸c˜ao, em que possuem referˆencia de tempo comum, obtida via GPS. Medi¸c˜oes sincronizadas podem ser obtidas de equipamentos cha- mados de PMU’s (Phasor Measurement Units). Entretanto, em sistemas de distribui¸c˜ao, a utiliza¸c˜ao de PMU’s ´e limitada devido ao alto custo. De outra forma, essas medidas po- dem ser obtidas via equipamentos denominados µPMU’s, que s˜ao PMU’s de baixo custo e pequena dimens˜ao (MEIER et al., 2014), (PINTE et al., 2015) desenvolvidas para sistemas de distribui¸c˜ao. As µPMU’s dispon´ıveis no mercado foram projetadas pela Universidade da Ca- lif´ornia em parceria com Power Standards Laboratory (PSL) e Lawrence Berkeley National Laboratory (LBNL) (PSL, 2015).

Medi¸c˜ao Fasorial N˜ao Sincronizada

Sabendo da capacidade de alguns medidores em amostrar formas de onda de tens˜ao e corrente, esses medidores podem ser alterados para calcular e reportar mais informa¸c˜ao, al´em dos m´odulos das grandezas monitoradas, que s˜ao os ˆangulos entre as medidas coletadas em um ponto do sistema de distribui¸c˜ao (JANSSEN et al., 2012). Para isso, basta uma referˆencia temporal local, originada do pr´oprio rel´ogio do medidor, ou tomando-se uma medida como referˆencia. Assim, cada medidor ´e capaz fornecer os m´odulos e os ˆangulos das tens˜oes e correntes monitoradas pelo medidor em rela¸c˜ao `a tens˜ao da fase a do pr´oprio medidor. Note que os diversos medidores n˜ao est˜ao sincronizados entre si.

3.2.2

Medi¸c˜oes Convencionais

Medi¸c˜oes convencionais s˜ao aquelas mais comumente dispon´ıveis pelos equipamentos de medi¸c˜ao, portanto, referem-se as formas de onda armazenadas ou apenas os valores dos m´odulos das grandezas el´etricas. Os dados das oscilografias de faltas s˜ao armazenadas na mem´oria do medidores de qualidade de energia (SIEMENS, 2016;SCHWEITZER, 2013a) ou em registradores de faltas (ABB, 2014; SIEMENS, 2015) ap´os o evento ser detectado pelo equi- pamento. No que se refere somente as medi¸c˜oes dos m´odulos, medidores menos sofisticados poder˜ao ser utilizados para a execu¸c˜ao das t´ecnicas, desde que tenham, ao menos, a capa- cidade de enviar os valores dos m´odulos das tens˜oes e correntes armazenados em mem´oria, logo ap´os a ocorrˆencia da falta (ABB, 2012).

As t´ecnicas de localiza¸c˜ao de faltas propostas consideram a modelagem est´atica do sistema de distribui¸c˜ao em corrente alternada, ou seja, requerem a utiliza¸c˜ao de fasores. Quando est˜ao dispon´ıveis medidas de m´odulos ou oscilografias, faz-se necess´ario a utiliza¸c˜ao de processos adicionais para a obten¸c˜ao desses fasores.

Medi¸c˜oes Convencionais de M´odulos

Quando medidores menos sofisticados est˜ao instalados no sistema de distribui¸c˜ao, s˜ao medidos apenas os m´odulos das tens˜oes e correntes. Dessa forma, para transformar essas medidas em fasores, atribuem-se aos ˆangulos das fases a, b, c das grandezas monitoradas, os ˆangulos de 0◦, −120, 120, respectivamente. Essas aproxima¸c˜oes s˜ao consideradas tanto para as medi¸c˜oes de tens˜ao pr´e-falta e durante a falta, quanto para as medi¸c˜oes de corrente pr´e-falta e durante a falta. Este cen´ario corresponde a um sistema equilibrado sob falta equilibrada.

Medi¸c˜oes Convencionais de Oscilografias

Sabendo-se que muitos equipamentos de medi¸c˜ao reportam oscilografias de faltas, a seguir ´e apresentado um algoritmo que tem o objetivo de extrair e sincronizar os fasores de tens˜ao e corrente, pr´e-falta e durante a falta. Esse algoritmo ´e uma das contribui¸c˜oes desse trabalho, servindo como alternativa `a obten¸c˜ao de medi¸c˜oes fasoriais sincronizadas a partir de

µPMU’s. O algoritmo proposto utiliza o pr´oprio dist´urbio gerado pela falta como referˆencia de tempo para sincronizar os fasores, bem como separar os sinais pr´e-falta e durante a falta. No momento e no local da falta ocorrem afundamentos de tens˜ao nas fases sob falta que se propagam para toda rede. Esses dist´urbios se propagam com velocidade pr´oxima a da luz (MILIOUDIS et al., 2012) e podem ser identificados nos pontos de medi¸c˜ao. Como o sistema de distribui¸c˜ao ´e pouco extenso, podemos assumir que os dist´urbios incidem nos pontos de medi¸c˜ao ao mesmo tempo. Consequentemente, as amostras de tens˜ao e corrente coletadas pelos medidores podem ser sincronizadas usando o instante de detec¸c˜ao do afundamento de tens˜ao como referˆencia temporal.

Alguns trabalhos aplicam a teoria de ondas viajantes para sincronizar amostras, o que requerem t´ecnicas de processamento de sinais ou um gerador de sinal de dist´urbio (GRILO et al., 2014) contendo componentes ativos. Nesta tese ´e usado um algoritmo sim- ples baseado nas amplitudes dos sinais de tens˜ao medidos para detectar a varia¸c˜ao brusca

nos m´odulos das tens˜oes. Para executar a sincroniza¸c˜ao das amostras ´e necess´ario que os me- didores tenham taxa de amostragem suficiente e capacidade de armazenamento dos registros da falta.

Em cada medidor, a oscilografia da tens˜ao em uma fase sob falta ´e analisada. Uma janela de meio ciclo da frequˆencia fundamental do sinal se move a cada amostra, e para cada janela ´e calculada a amplitude do sinal por (3.1), onde S ´e o valor instantˆaneo do sinal de tens˜ao e N ´e o n´umero de amostras por ciclo.

SRM Sk = v u u u t 2 N k X n=1+k−N/2 S2(n) (3.1)

A sincroniza¸c˜ao ´e feita com base no instante da amostra k, onde a condi¸c˜ao (3.2) ´e satisfeita. Em (3.2) ∆Sk = S k RM S− SRM Sk−1

. A Figura 3.2 ilustra o processo de varredura de uma oscilografia de falta, coletada no medidor com 16 amostras/ciclo, at´e a amostra de sincroniza¸c˜ao k. A amostra de sincroniza¸c˜ao k tamb´em ´e utilizada para separar o sinal pr´e-falta e o sinal durante a falta.

∆Sk> 2 × max (∆RMS) (3.2) ∆RMS = " ∆Sk−1; ∆Sk−2; ...; ∆Sk−N # (3.3) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 x 104 janela 1

janela 2 janela 10janela 11 amostra 8 amostra 9 amostra k − 1 amostra k amostras te n s˜a o (V )

Figura. 3.2: Sinal de tens˜ao.

O vetor ∆RMS mostrado em (3.3) cont´em as varia¸c˜oes de amplitude entre meio ciclos consecutivos. Essas varia¸c˜oes, ∆Sk, s˜ao pr´oximas de zero na condi¸c˜ao pr´e-falta. Portanto, o

s´ubita na amplitude do sinal. Para extrair os fasores das oscilografias em cada medidor, ´e utilizada a transformada discreta de Fourier (SMITH, 1999), executada nos sinais de tens˜ao e corrente pr´e-falta entre as amostras [k − N, k − 1] e nos sinais de tens˜ao e corrente em regime permanente da falta entre as amostras [k + 2N, k + 3N − 1].

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