• Nenhum resultado encontrado

Trabalho em grupo e avaliação individual

2. Introdução

2.6 Como ensinar com Casos

2.6.2 Trabalho em grupo e avaliação individual

Na opinião de Herreid (2007), as diferentes formas de conduzir o ensino com a ABC podem ocorrer tanto dividindo os alunos em pequenos grupos como trabalhando com todos eles em um grande grupo. Esta característica, segundo Herreid, torna a ABC uma estratégia de ensino

extremamente flexível para os professores de ciência e contribui para a aprendizagem dos estudantes. No entanto, ressalva que até mesmo alguns aficionados por trabalho em grupo sentem certa inquietação ao observar os estudantes em ação.

A questão inquietante costuma ser a de como saber se estão fazendo o trabalho que devem. O autor afirma que até mesmo quando os professores propõem um projeto em grupo, têm dúvidas em como avaliar a aprendizagem dos alunos, e que com a ABC não é diferente. Normalmente estabelecem apresentações individuais para a determinação de uma nota pessoal.

O professor Herreid opõe-se a esta forma de pensar. Ele afirma que grandes projetos podem ser desenvolvidos de forma eficaz por grupos de pessoas, e se o professor não valoriza o trabalho do grupo, qual o incentivo em participar? Ele ainda argumenta que empregadores relatam que a maioria das pessoas é demitida porque não conseguem se relacionar com outras pessoas no ambiente de trabalho. Nem todos são, naturalmente, bons companheiros. Ele afirma que em um trabalho realizado em grupo, inclusive o trabalho no grande grupo da sala de aula durante o debate do Caso, os grupos invariavelmente apresentam um desempenho melhor do que o aluno individualmente, mesmo para os mais capacitados. Entretanto levanta um senão, “[...] nós temos que nos precaver na avaliação por pares dos denominados ‘vadios sociais’ e ‘trabalhadores compulsivos’ que existem em qualquer sala de aula” (HERREID, 2007, p. 398).

Ao defender que o melhor modo para ensinar na ABC é organizar os alunos em grupos, faz uma ressalva, aconselhando que o professor monte um sistema para monitorar a ação dos alunos e auxiliá-los a aprender em grupo. “Em ABP é comum que haja tutores que podem realizar estas tarefas. Eu acredito que é essencial usar ações semelhantes na ABC” (HERREID, 2007, p. 398).

A forma como Herreid conduz o ensino com intuito de avaliar os alunos é fundamentada nos trabalhos de Larry Michaelsen (2002) sobre trabalho em grupos, a partir de sua experiência na Escola de Administração da Universidade de Oklahoma. As dificuldades em avaliar com a ABC e suas sugestões de solução são descritas por Herreid (2001):

No começo de todo curso explico que me valho de avaliações entre pares anônimas. Eu mostro para os estudantes o formulário que eles preencherão ao término do semestre [...]. Então lhes peço que nomeiem os colegas do grupo e atribuam para cada colega o número de pontos que reflita as suas contribuições individuais para a resolução dos Casos ao longo do curso. Digo ao grupo que têm cinco membros—cada pessoa do grupo terá 40 pontos para dar aos outros quatro membros do seu grupo. Se o estudante compreende que todos os membros do grupo contribuíram igualmente, então ele deveria dar a cada colega do grupo

pontos receberão 100 por cento da nota dada ao grupo por qualquer atividade pontuada nas atividades com ABC (HERREID, 2007, p. 397).

E sobre a avaliação com Casos conclui:

Quando eu olho para a essência dos métodos de avaliação na ABC, eu tenho que concordar que eles são uma mistura de elementos objetivos e subjetivos. Algumas coisas são facilmente quantificáveis e outras não (HERREID, 2001, p. 432).

Por sua vez, Wassermann propõe alguns aspectos que podem ser observados pelo professor para avaliar os alunos. No âmbito do desenvolvimento intelectual, das habilidades e atitudes.

DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL

 Clareza no raciocínio;

 Percepção da grande ideia do Caso;

 Demonstração de tolerância às ideias e opiniões dos demais;

 Distinção entre opiniões e fatos, entre suposições e fatos;

 Tolerância aos dados que não favorecem sua posição;

 Dá exemplos que apoiam suas ideias;

 Faz interpretações inteligentes dos dados;

 É original, inventivo e criativo em seu trabalho;

 Demonstra atitudes reflexivas. HABILIDADES

 Comunicação das ideias;

 Demonstra um pensamento de qualidade quando escreve;

 Demonstra um pensamento de qualidade quando fala;

 Habilidades para investigar;

 Reúne e ordena os dados com inteligência;

 Obtém e ordena a informação com exatidão;

 Apresenta habilidades interpessoais;

 Atento às ideias dos demais;

 Contribui e facilita a discussão nos grupos. ATITUDES

 Tem uma atitude positiva;

 Tolera a ambiguidade;

 Vê os problemas e questões desde uma perspectiva global;

Wassermann também sugere algumas atividades e produções que podem ser realizadas pelos alunos e auxiliarem na avaliação do seu desempenho nas aulas com a ABC. Propõe duas categorias de atividades, que denomina de geradoras e analíticas (WASSERMANN, 1994b, p. 223).

Atividades geradoras

O ensino com Casos insiste na formação de hábitos de pensamento, e convém utilizar materiais de avaliação que meçam a capacidade de pensar de forma ordenada dos alunos. Eis motivo pelo qual a avaliação não pode se limitar a determinar o que sabem. Deve determinar em que medida são capazes de aplicar os princípios e conceitos aprendidos na resolução de problemas.

Temos denominado geradoras as tarefas de avaliação incluídas porque requerem que os alunos apliquem o que aprenderam de um modo novo e criativo. Essas tarefas possibilitam demonstrar sua aptidão para realizar projetos escolares, estudos de campo e apresentações orais e escritas. As tarefas geradoras são facilmente aplicáveis em quase todos os níveis educativos e áreas temáticas (WASSERMANN, 1994b, p. 223).

Entre outras, a autora sugere:

Apresentação dos alunos: Uma apresentação dá aos alunos, em qualquer disciplina, a

oportunidade de expressar suas ideias e sentimentos de uma forma distinta da produção escrita. Pode ser feita por um ou vários alunos. Assumir a forma de debates, júris simulados, exposição oral individual ou em grupo, interpretações musicais, dramatizações, etc. O importante é que reflitam as investigações realizadas sobre determinados temas do Caso, sua análise e a proposta de solução.

Estudo de campo: A solução para o Caso pode demandar um estudo de campo, o qual

requer a participação ativa dos alunos na aplicação dos princípios gerais da aprendizagem escolar a situações da vida real. Os alunos podem participar diretamente em tarefas de investigação, projetos, excursões, como também em atividades investigativas no laboratório por exemplo.

Atividades analíticas

A capacidade de redigir análises inteligentes dos dados é um aspecto do pensamento crítico estreitamente vinculado a ABC. Pode-se avaliar o desempenho dos alunos referentes às seguintes funções cognitivas de ordem superior: comparações, aplicação de princípios, avaliação e formulação de juízos, interpretações, confecção de resumos, classificação, tomada de decisão,