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Trabalho, mecanização e automação

2 SEGURANÇA DO TRABALHO

2.2 Trabalho, mecanização e automação

Fundamentam-se estudos de segurança na própria concepção de trabalho, eis que, sem a necessária segurança, o trabalho poderá resultar em insucesso, sem alcançar os objetivos de sua realização.

Assim, analisam-se a seguir os fundamentos do trabalho humano, e aspectos relativos a seu desenvolvimento, inter e transdisciplinaridade do tema, conceito e aplicação de meio ambiente do trabalho.

2.2.1 O Trabalho Humano

A cada momento, milhões de pessoas mundo afora iniciam suas jornadas de trabalho. Em sistemas economicamente estruturados ou não, isoladamente ou em grupos, o trabalho é reconhecido universalmente como real possibilidade para a sobrevivência do Homem.

Desde o conhecido registro bíblico, na maldição divina imposta a Adão, na expulsão do Paraíso “ganharás o pão com o suor do teu rosto” associa-se ao longo dos tempos o trabalho à coisa penosa, desgastante e quiçá improdutiva.

A atividade laboral, do termo latino labor, remete a laborare, o lavrar dos campos (agri) na faina da agricultura. Para os habitantes de uma região, designados incolæ associava-se, pela atividade, uma população com características agrícolas.

Segundo Illich (1976), o termo trabalho em português, em consonância com outras línguas neolatinas travail (francês), trabajo (espanhol), deriva da expressão latina tri

31 palium, espécie de trave tripla, destinada a castigos e suplícios, que alguns autores se referem como sucedâneo da cruz.

Opus, obra, plural opera em latim2 eram produzidas por cidadãos, patrícios, homens livres, em contraposição aos servos e escravos e seu labor compulsório e sem outra remuneração que não um miserável abrigo e parca comida. De opus e opera originaram-se os termos operário e operador, aquele que opera.

Ao longo dos séculos, o trabalho esteve vinculado às formas de organização social, desde a sujeição total de indivíduos a líderes pela escravidão, passando à servidão dos tempos medievais, onde a lealdade a reis e senhores se traduzia em questão de vida e morte.

Os escravos se equiparavam a coisas (res), eis que eram designados correntemente pelo gênero neutro, à semelhança de bens móveis, imóveis e semoventes.

Registra a história que, em tempos remotos, multidões imensas eram mobilizadas para atender aos desígnios reais, como os milhares de trabalhadores que construíram as pirâmides egípcias e as maias, a grande muralha da China, entre outras obras que ajudaram a cunhar a designação “faraônica”.

A superação da fragilidade humana, ao considerar-se a limitação de ferramentas e mecanismos, em locais remotos como na Ilha de Páscoa onde os gigantescos moais foram lavrados e transportados para suas posições voltadas para o oceano, sem que se conheçam as motivações de seus autores.

Apesar dos avanços tecnológicos atuais, em muitas situações ainda persiste a precariedade de condições de trabalho. Isso concorre para que operários hodiernos pouco se diferenciem do ponto de vista econômico dos servos de outrora. Já a referência aos modernos laboratórios valorizou o trabalho num contexto ao abrigo da ciência.

32 Dentre as formas de escravidão, de submeter à força o homem ao trabalho compulsório de forma cruel encontram-se, certamente, aqueles forçados nos campos de concentração e extermínio de todos os tipos e nacionalidades.

Deles soa de forma particularmente cruel a inscrição à entrada do tristemente famoso campo de Auschwitz em cujo portão está a inscrição “arbeit macht frei” no sentido de “o trabalho liberta o homem”. Muitos acreditaram que, trabalhando,

conseguiriam ser libertados, mas só encontraram sofrimento e morte. Dentre os grandes esforços realizados no chamado “pós-guerra”, período de

reorganização da sociedade após a Segunda Guerra Mundial, destaca-se a criação da ONU – Organização das Nações Unidas em 24 de outubro de 1945.

A essa agência mundial se associou à já referida OIT – ILO (Organização Internacional do Trabalho - International Labour Organization), esta fundada em 1919 pela antiga Liga das Nações. Seus argumentos fundamentais são:

 Humanitários, frente a condições injustas, difíceis e degradantes para muitos trabalhadores;

 Políticos: contra riscos de conflitos sociais ameaçando a paz; e

 Econômicos: países que não adotam condições humanas de trabalho seriam um obstáculo para a obtenção de melhores condições em outros países. A OIT proclamou em 18 de junho de 1998, por ocasião da Conferência Internacional do Trabalho em sua sessão 86, realizada em Genebra, a Declaração Fundamental Princípios e Direitos do Trabalho, considerando:

 Liberdade de associação e efetivo reconhecimento do direito coletivo de negociação;

 Eliminação de todas as formas de trabalho compulsório ou forçado;  Efetiva abolição do trabalho infantil e

 Eliminação da discriminação em respeito ao empregado e sua ocupação. Além da OIT, outra agência da ONU, a IMO – International Maritime Organization, Organização Marítima Internacional, agência especializada com responsabilidades

33 para segurança (safety and security) da navegação e prevenção da poluição marinha por navios.

A primeira atividade da IMO foi adotar em 1959 uma nova versão da Convenção Internacional para a Segurança da Vida no Mar (SOLAS em inglês), o tratado internacional mais importante sobre segurança marítima.

Uma regulação estável, acreditada internacionalmente é um requisito para atender a navegação marítima, a mais internacional das grandes indústrias e também uma das mais perigosas.

Outras importantes regulações da IMO são as normas para evitar colisões de embarcações, e procedimentos de busca e resgate; facilitação do tráfego marítimo, linhas de carga, transporte de produtos perigosos e procedimentos de arqueação. OIT e IMO têm valiosas ações para o trabalhador portuário e marítimo, referências acreditadas internacionalmente.

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