• Nenhum resultado encontrado

Parte II – Projeto de Ensino Artístico

3. Metodologia: Intervenção

3.3. Objetivos de intervenção

3.4.1. Trabalho nas aulas

Ao colocar-se em prática esta intervenção, articulou-se o trabalho desenvolvido em cada uma das componentes da metodologia utilizada, que envolve aulas individuais e de conjunto, de forma a proporcionar às crianças uma maior amplitude de aprendizagens e experiências.

Seguindo as linhas orientadoras da metodologia Suzuki anteriormente referenciadas, as lições individuais destinaram-se à leitura e ao estudo do repertório, sendo conduzido um trabalho focado nos aspetos técnicos e na preparação das audições individuais. Complementarmente, nas aulas de grupo, além de se praticar e interpretar em conjunto as peças estudadas nas aulas individuais, foram planeadas, encenadas, ensaiadas, simuladas e discutidas as apresentações da classe de conjunto.

Esta organização e divisão de tarefas, além de ser fundamentada pelas referências levantadas no enquadramento teórico, foi planificada atendendo às características específicas de cada uma das modalidades. No caso das sessões individuais, que compreendem uma maior interação pessoal entre o aluno e o professor, foi possível dedicar mais tempo e atenção às dificuldades de cada estudante, identificando-as e solucionando-as mais rapidamente. Por outro lado, as aulas de conjunto permitiram a criação de dinâmicas de grupo, baseadas na relação entre pares, na cooperação e na competição saudável que, mediadas pelo professor, transformaram o espaço da sala de aula num local de fortes vivências sociais e exploração criativa.

Relativamente às aulas individuais, adaptando a abordagem às necessidades e ao ritmo de aprendizagem de cada criança, foram apresentados, explicados e demonstrados os conceitos base da teoria musical e da técnica do violino. Nestas lições, cada peça foi lida, empregando as competências de leitura da pauta com ou sem o auxílio do professor, e estudada, recorrendo a estratégias como a imitação, a repetição e o trabalho de mãos separadas e de coordenação de mãos.

Nas datas próximas de concertos ou de audições, o programa a apresentar em grupo era revisto e, no caso das atuações individuais, eram realizadas simulações e ensaios com a professora acompanhadora.

No caso das aulas de grupo, aproveitando as grandes dimensões do estúdio de dança onde decorriam as lições, os alunos eram dispostos em filas voltados para o professor e, seguindo as suas instruções, organizavam-se em diferentes formações consoante a atividade realizada.

Nestas sessões, era realizada uma revisão de todo o repertório estudado pelos discentes. No entanto, dada a discrepância de níveis, muitas das obras abordadas eram demasiado complexas para os alunos mais novos e inexperientes. Neste caso, os estudantes mais avançados serviam de modelo para os colegas, que podiam observar e memorizar as peças que iriam aprender no futuro. Também aos alunos que já tinham iniciado o estudo de uma obra, mas ainda não tinham dominado a sua execução, foi-lhes dada a oportunidade de exercitarem as suas capacidades em conjunto com os colegas mais capazes. Alguns discentes que se destacaram pela sua responsabilidade e capacidades musicais desempenharam o papel de líder do grupo nas aulas e em determinadas atuações. Estas atividades levaram à criação de dinâmicas de aprendizagem entre pares que, atendendo às ideologias apresentadas no segundo capítulo da segunda parte deste relatório, atuam de forma eficaz tanto no processo motivacional dos alunos como no desenvolvimento de aprendizagens

musicais e sociais, como sugerem Ausubel, Bandura e Vygotsky (e.g. Oliveira, 2010, Hallam, 2009 e Anastácio, 2013).

Além da aprendizagem e estudo das peças, as aulas coletivas foram essenciais na preparação das atuações da classe de conjunto, sendo que toda a encenação dos concertos foi negociada e ensaiada com os estudantes no decorrer destas sessões. Para cada concerto, foi anunciada a data e o contexto em que este se iria realizar, sendo depois permitido aos alunos partilhar sugestões relativas à indumentária e aos ornamentos que gostariam de usar em palco. De acordo com o espaço e com a formalidade de cada apresentação pública, era planeada e testada uma encenação mais ou menos complexa, assim como as entradas, saídas e disposição em palco.

Nas datas que antecederam audições individuais, cada estudante interpretou as obras que ia apresentar para os colegas. Para tal, as crianças foram organizadas numa fila, sentadas, libertando o espaço no centro da sala para servir de palco. Nestas simulações, cada aluno treinou a entrada e saída de palco, assim como os agradecimentos e a colocação do violino.

As aulas de grupo proporcionaram variados momentos de descontração, por intermédio de diversas atividades como concursos de identificação de notas e de figuras rítmicas no quadro, competições de interpretação de peças em pequenos grupos, apreciação de uma apresentação PowerPoint que iria ser projetada e servir de fundo para a atuação na Audição de Natal da Escola de Artes, visualização e discussão de vídeos relacionados com atuações musicais e o violino, assim como dos vídeos e fotos dos concertos anteriores da classe de conjunto.

Além das atividades mencionadas, também os ensaios da encenação dos concertos ofereceram várias situações de informalidade e divertimento.

Em relação à classe de conjunto, cabe ainda destacar a utilização da tabela de avaliação de comportamento dos alunos e das alunas como instrumento de avaliação e, sobretudo, como um meio de gerir o comportamento e a atenção das crianças nas aulas. A descrição deste método de avaliação encontra-se descrito no capítulo 3.2 da primeira parte do Relatório.

Tabela 14. Exemplo da avaliação realizada através da tabela de comportamento dos alunos e das alunas

Nome 6/05 13/05 20/05 27/05 – Aula de prémio A1 A2 A3

A estrela atribuída a cada estudante no final da lição (na sequência de qualidade encarnado, amarelo, verde, azul) era comunicada a toda a turma, fornecendo aos discentes um feedback do seu comportamento e desempenho na aula. Adicionalmente, o aluno com mais estrelas azuis no final de um número determinado de aulas era recompensado com a oportunidade escolher um autocolante oferecido pelo professor para colocar no violino. Esta estratégia funcionou como um forte estímulo para as crianças, principalmente as mais jovens, despertando o seu sentido de competitividade e provocando a adaptação da sua conduta.