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1. Quanto aos objetivos dos estudos

1.2. Trabalhos com objetivo de investigar e intervir

Quadro 7: Objetivo de investigar e intervir Intervenção proposta pelo pesquisador /

(Quantidade) Autores Tipo Trabalho colaborativo / (3) Abreu (2009) Dissertação Ferreira (2016) Tese Oliveira (2014) Tese Formação Continuada / (5) Fiorini (2015) Tese Freitas (2012) Dissertação Mahl (2016) Tese Souza (2013) Dissertação Toloi (2015) Tese

Formação de Tutores / (1) Souza (2008) Tese

Rodas de Conversa / (1) Marques (2013) Dissertação

Vídeo Game como recurso pedagógico / (1)

Silva (2014a) Dissertação Fonte: Elaboração própria

O trabalho de Silva (2014a) está enquadrado como uma das pesquisas que objetivaram intervir, mas fazemos a ressalva de que este não é um trabalho com o objetivo de intervenção, visto que o video-game foi um recurso utilizado como estratégia; entretanto, entende-se que de alguma forma o pesquisador interferiu diretamente nas aulas de educação física. E, tendo em vista que em todo o banco de dados, nenhum outro trabalho tinha as mesmas características, optou-se pela inclusão dele no grupo de intervenção.

O número de pesquisadores de programas de mestrado, portanto com o tempo restrito para realizar pesquisa com intervenção, foi surpreendente. Como visto no quadro acima foram 5 Dissertações e 6 Teses com o propósito de intervir.

Oliveira, Nunes e Munster (2017) determinaram em seu trabalho uma única temática denominada de formação continuada; nesta tese separaram-se os trabalhos em tipos formação, o que impede uma comparação direta com o trabalho dos autores. Entretanto, entende-se ser importante salientar que os trabalhos de Ferreira (2016); Mahl (2016) e Silva (2014a) não fizeram parte das pesquisas analisadas pelos autores, mas tratam da temática formação continuada e de certa forma reproduzem a investigação daquilo que já está apresentado na realidade; entretanto, nesta categoria, estes trabalhos procuraram intervir, o que nos parece ser um dos caminhos para mudanças na realidade escolar.

Damiani (2012) defende a utilização do termo intervenção para caracterizar a pesquisa educacional em que se proponham práticas de ensino inovadoras, planejadas, implementadas e avaliadas, com o objetivo de maximizar a aprendizagem daqueles que participam. A autora afirma também que as pesquisa de intervenção em Educação especialmente aquelas “relacionadas ao processo de ensino/aprendizagem, apresentam potencial para, simultaneamente, propor novas práticas pedagógicas (ou aprimorar as já existentes), produzindo conhecimento teórico nelas baseado” (DAMIANI, 2012, p. 2883).

Entende-se, desta forma, que as pesquisas de intervenção podem se caracterizar como uma atividade coletiva e como tal estabelecer uma mudança da realidade, por meio da reflexão crítica coletiva entre os professores e professores pesquisadores, numa interferência mútua de suas práxis pedagógicas. Pode-se também considerar e retomar o conceito de zona de desenvolvimento iminente de Vigotski, visto que nestas situações coletivas de reflexão conjunta, a partir de diferentes experiências, é possível, que zonas de desenvolvimento iminente de alguns possam se tornar desenvolvimento efetivo a partir das experiências compartilhadas entre seus pares.

Para tanto, concorda-se com Dias e Souza (2017, p. 204) que alguns programas de formação de professores “abordam somente a atualização de conhecimentos científicos e técnicos, em outros, somente a metodologia para o ensino desses conhecimentos.” A partir de suas experiências, as autoras afirmam que é comum encontrar propostas de formação que reúnem professores de diferentes escolas, que planejam atividades com diferentes metodologias, “sem considerar as condições objetivas da realidade escolar em que cada professor atua, nem, tampouco, suas carências conceituais relativas aos conhecimentos que pretende ensinar e a como organizar esse ensino” (p. 204).

Neste momento retorna-se para as subcategorias estabelecidas, apresentando os objetivos de investigação e intervenção de cada trabalho.

a) Trabalho Colaborativo

Através de uma pesquisa-ação, Abreu (2008) acompanhou e registrou aulas de educação física de um professor e 20 alunos, entre eles uma aluna com Síndrome de Down. O pesquisador realizou reunião com os pais e com profissionais da escola, buscando compreender os problemas percebidos sobre o processo de inclusão. A partir desse levantamento criou encontros regulares com os profissionais da escola e um grupo operativo de pais, buscando minimizar/eliminar tais dificuldades. Os dados foram coletados por meio de observação participante, diário de campo, filmagens, fotografias, entrevistas e questionário. Utilizou o método de triangulação a partir da análise de conteúdo.

A partir do entendimento de que a escola é um espaço sócio-histórico-cultural, Ferreira (2016) procurou analisar as possibilidades e desafios de um trabalho colaborativo entre a universidade e a escola na formação de professores para a inclusão. Para tal selecionou 3 alunos da graduação para que atendessem uma professora que solicitava formação em serviço. A professora e os acadêmicos responderam a um questionário; posteriormente o pesquisador observou as aulas de educação física e iniciou um programa de intervenções. Fazia reuniões regulares com os participantes e as narrativas destas também foram dados para a pesquisa.

Oliveira (2014) procurou identificar as dificuldades e possibilidades de atuação do professor de educação física no ensino colaborativo, além de avaliar os resultados deste na aprendizagem dos alunos e no desenvolvimento da prática pedagógica do professor. Para tal realizou uma entrevista coletiva com a docente de educação física, com professoras do atendimento educacional especializado e com a diretora da escola. Posteriormente, através de um grupo focal, desenvolveu experiências de ensino colaborativo como estratégia de formação das professoras com planejamentos e reflexões com o grupo e aplicação destes nas turmas de educação física da professora, registrados através de diários de campo. Ao final do processo, a pesquisadora aplicou nova entrevista. Para avaliar a experiência, a autora utilizou os dados das narrativas da entrevista e do grupo focal, da observação participante, além de informações do diário

de campo e dos questionários de caracterização da escola, da formação das professoras e das características dos alunos.

b) Formação Continuada

Fiorini (2015) objetivou planejar, aplicar e avaliar um Programa de Formação Continuada visando fornecer o acesso aos recursos e estratégias de ensino da Tecnologia Assistiva. Para tal realizou 4 estudos; no primeiro, através de Grupo Focal com professores de educação física procurou identificar as dificuldades encontradas por eles. Realizou para tal uma análise de conteúdo do tipo categorial. No segundo, realizou filmagens das turmas em que havia alunos com deficiência e com autismo, de dois professores participantes, procurando identificar as situações de sucesso do professor. No terceiro, realizou formação teórica procurando suprir as dúvidas, dificuldades e necessidades de 16 professores e, por fim, no quarto estudo avaliou a formação prática a partir do planejamento e da execução dos planos de aulas dos dois participantes do segundo estudo após a incorporação das estratégias de ensino e dos recursos pedagógicos da Tecnologia Assistiva.

Freitas (2012), subsidiada pela Psicologia para discutir atitude social, elaborou um curso denominado Educação Física na Diversidade: rompendo barreiras. A pesquisa teve como participantes 29 professores de educação física divididos em 3 diferentes grupos. O grupo 1 que recebeu a formação continuada no curso, após a realização do mesmo, recebeu acompanhamento em serviço realizado pela pesquisadora. O grupo 2, recebeu somente a formação e o grupo 3 não recebeu formação nem acompanhamento em serviço. Todos os participantes responderam a uma Escala Likert de Atitudes Sociais em relação à Inclusão (ELASI) antes e após a participação no curso. Os dados foram analisados estatisticamente.

Procurando analisar se um programa de formação continuada contribui para a construção e reconstrução de saberes sobre inclusão escolar, Mahl (2016) realizou uma pesquisa-ação, através de um curso de formação para 5 professores. Os encontros de formação foram filmados e também algumas aulas de educação física dos participantes que se disponibilizaram para participar da pesquisa. Os dados foram produzidos a partir

de um questionário no início e outro ao final do programa de formação, das falas extraídas das filmagens da formação e das aulas de EF. Utilizou-se a unidade de análise do conteúdo semântico dos discursos apresentados pelos participantes.

Souza (2013) procurou conhecer e analisar a prática pedagógica de professores de educação física, por meio de suas narrativas, em uma ação de formação continuada. Para tal, o autor criou um grupo de estudos com 4 professores e, baseado nos princípios da pesquisa-ação, produziu os dados a partir das narrativas, diário de campo, memorial e entrevista. Para a análise, elencou categorias.

Através de 4 estudos, Toloi (2015) se propôs a planejar, aplicar e avaliar um programa de formação de professores de educação física proporcionando o acesso aos recursos da Tecnologia Assistiva. No primeiro estudo, a autora procurou identificar as dificuldades encontradas por 15 professores, através de um grupo focal. No segundo, procurou caracterizar as aulas de educação física, verificando as ações de 3 professores. O terceiro estudo constou do planejamento e execução das aulas de formação para 16 professores e, por fim, o quarto estudo constou da análise da intervenção de 1 professor, utilizando recursos e serviços da Tecnologia Assistiva.

c) Formação de Tutores

Souza (2008) procurou planejar, implementar e avaliar um programa de treinamento de tutores em relação à participação de um aluno com deficiência nas aulas de educação física. Participaram do estudo a professora de educação física, 5 estudantes que passaram pelo programa de tutoria e um aluno com deficiência intelectual associada ao autismo. A análise dos dados considerou a frequência relativa de ocorrência das categorias comportamentais propostas no pré-teste, considerando-se o comportamento do tutor, mudanças esperadas no comportamento do aluno com deficiência e evidências que as mudanças correspondem à manipulação experimental da intervenção.

d) Rodas de Conversa

Marques (2013) buscou investigar o processo de inclusão de alunos com deficiência, as dificuldades encontradas na atuação profissional do professor de educação física e, através de Rodas de Conversa, trocar experiências e conhecimentos relacionados ao cotidiano das aulas, levando em consideração as habilidades e vivências pessoais dos professores. Participaram do estudo diretores de escolas municipais de ensino básico, professores das salas de recurso e os professores de educação física. Os dados foram analisados sob a forma de unidade de significado.

e) Vídeo Game como recurso pedagógico

Diferenciando-se dos trabalhos anteriormente abordados, Silva (2014a) procurou analisar a contribuição dos jogos de vídeo game como recurso pedagógico na aula de educação física, através das opiniões dos alunos da turma sobre as atividades realizadas, do professor sobre a contribuição das aulas para a participação do aluno com deficiência e do aluno com deficiência sobre a sua participação na aula de educação física após o uso do vídeo game. Os dados obtidos por meio de entrevistas receberam tratamento segundo a análise de conteúdo e posteriormente foram complementados com informações do diário de campo para a triangulação dos dados.

Retomando as colocações de Dias e Souza (2017) ao defender uma formação que considere as condições objetivas da realidade escolar, entendemos que os trabalhos de Abreu (2008) e de Oliveira (2014) tiveram um maior cuidado em entender essa realidade. Abreu ao ouvir outros profissionais da escola, pais, além do professor de educação física e dos alunos da turma e Oliveira ao entrevistar a docente de Educação Fisica, as professoras do atendimento educacional especializado e a diretora da escola.

Ferreira (2016), Fiorini (2015), Freitas (2012), Mahl (2016), Souza (2013), Toloi (2015), Souza (2008) e Marques (2013) buscaram o reconhecimento da realidade

escolar somente através dos professores de educação física, de suas demandas específicas, e Silva (2014a) que intervém através do vídeo game como estratégia pedagógica, não faz nenhum reconhecimento da realidade escolar.

Até este momento, os dados foram apresentados separados por Dissertações e Teses; a partir de agora, os trabalhos estarão agrupados por critério temático.