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1. Quanto aos objetivos dos estudos

1.1. Trabalhos com objetivo de investigar

Os 22 trabalhos que tiveram o objetivo de investigar, buscaram a opinião/concepção/entendimento do professor de educação física sobre temáticas que estão distribuídas no Quadro 6.

Quadro 6: Objetivo de investigar a opinião/concepção/entendimento do professor de Educação Física

Temática/(Quantidade) Autores Tipo

O comportamento entre professor e aluno com deficiência/(1)

Costa (2007) Dissertação

As condições efetivas de trabalho e os processos para inclusão/(7)

Filus (2011) Tese

Francisco (2011) Dissertação Gomes (2011) Dissertação

Gomes (2012) Tese

Oliveira (2009) Dissertação Sanches Júnior (2009) Dissertação Souza (2009) Dissertação

Os cursos de formação/(2) Bonato (2009) Dissertação

Tebaldi (2014) Dissertação

As práticas pedagógicas/(12) Bezerra (2010) Tese

Borgmann (2013) Dissertação Cataldi (2013) Dissertação Costa (2015) Dissertação Fiorini (2011) Dissertação Frank (2017) Dissertação Mahl (2012) Dissertação Michiles (2018) Dissertação Pinto (2016) Dissertação Quedas (2015) Dissertação Seabra Júnior (2012) Tese

Valverde (2011) Dissertação Fonte: Elaboração própria

Entende-se que a superioridade do número de dissertações (18) sobre o de teses (4), com objetivo de investigar, se justifica tendo em vista os prazos limitados normalmente estipulados pela pós-graduação no Brasil, já que o tempo de formação de mestres e doutores é um dos critérios da Capes para a avaliação do programa; parte-se do pressuposto que uma pesquisa em que há interesse de intervenção, normalmente, demandaria um tempo maior para a sua execução.

De acordo com os subgrupos estabelecidos, pode-se identificar que os propósitos de pesquisas não se diferenciam muito dos apresentados no trabalho de Oliveira, Nunes e Muster (2017), apresentado brevemente na introdução desta tese. Os autores buscaram mapear e analisar a produção discente acerca da temática Educação Física e Inclusão no período entre 2002 e 2015; esta tese compreendeu o período entre 2007-2018. Ainda que os objetivos e critérios tenham sido diferentes, o banco de dados dos autores foi composto de 73 trabalhos. Dos 33 trabalhos analisados nesta tese, 8 não fizeram parte do banco de dados deles; entretanto, comparando as categorias levantadas pelos autores e a que propusemos, alguns temas se repetem, como a prática pedagógica; o processo inclusivo e a formação continuada.

A partir dos 22 trabalhos que tiveram o objetivo de investigar, 54,54% trataram da temática práticas pedagógicas; 31,81% sobre as condições efetivas de trabalho e os processos de inclusão; 9,09% sobre os cursos de formação e 4,54% sobre o comportamento entre professor e aluno com deficiência.

Os trabalhos de Souza (2009); Borgman (2013); Frank (2017); Michiles (2018) e Pinto (2016) não fizeram parte da pesquisa de Oliveira, Nunes e Munster (2017), mas tratam de temáticas similares, o que pode indicar que a área continua pesquisando sobre os mesmos aspectos, ainda que já se tenham dados produzidos que revelam as características e a realidade dos processos de ex/inclusão nas aulas de educação física. Como apontam os autores, as pesquisas permanecem com características diagnósticas e praticamente não propõem temas para ampliar as reflexões acerca da inclusão na educação física escolar e esta afirmação cabe para os resultados encontrados nesta tese. Salienta-se que isso não significa que as pesquisas investigativas não tenham seu mérito e sua importância, muito pelo contrário, mas como apontam as autoras, é preciso ampliar as reflexões e a partir dos diagnósticos realizados, propor estratégias de mudanças.

De acordo com cada categoria estabelecida, apresentamos um breve resumo dos objetivos de cada trabalho:

a) O comportamento entre professores e alunos com deficiência

Costa (2007) utilizou a base teórica skinneriana para determinar comportamento. Como participantes teve 2 professoras e 30 alunos, sendo 15 sem deficiência e 15 com algum tipo de deficiência. Analisou a filmagem de 30 aulas de educação física e criou categorias comportamentais, enfocando as interações observadas entre alunos e professores.

b) As condições efetivas de trabalho e os processos para inclusão

Filus (2011) buscou compreender como ocorre a inclusão em escolas municipais, a partir da visão de diretores, coordenadores, professores regentes, professores de educação física e professores itinerantes; a pesquisadora através da análise do discurso aponta a inclusão pelo olhar de cada um destes participantes.

Francisco (2011) realizou entrevistas com 10 professores, buscando compreender as reais condições de realização das aulas de educação física em turmas com alunos com deficiência física, intelectual, sensorial ou múltipla; através desses depoimentos criou categorias a partir dos trechos mais significativos.

De forma similar, Gomes (2011) objetivou compreender o Imaginário Social (uma rede de sentidos e significados interiorizados ao longo do tempo) de 10 professores de educação física sobre a inclusão em turmas regulares, realizou entrevista e os dados foram discutidos a partir da análise do discurso.

Também por meio de entrevistas e aplicação de questionários, Gomes (2012) buscou compreender as principais necessidades dos professores de EF para o desenvolvimento de um trabalho satisfatório. Responderam aos questionários 88 professores e destes 9 participaram de uma entrevista. Apresenta seus resultados a partir de trechos mais significativos, a partir de análise de conteúdo.

Oliveira (2009), a partir da perspectiva sócio-histórica buscou compreender os sentidos constituídos por professores de educação física frente ao processo de inclusão. Participaram 9 professores que responderam a um questionário e entrevistou 2 deles. Os resultados foram analisados a partir dos Núcleos de Significação.

A partir de autores da antropologia, Sanchez Júnior (2009) buscou a percepção dos docentes e gestores escolares quanto ao conceito, à implementação e à viabilidade da inclusão, assim como suas dificuldades e experiências neste processo. Responderam ao questionário gestores, coordenadores e professores de educação física. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo e regras da hermenêutica.

Investigar os posicionamentos dos professores de educação física em relação às condições efetivas que lhe são proporcionadas em prol da inclusão foi o objetivo de Souza (2009). A partir do referencial teórico da sociologia crítica e utilizando a resolução do CNE n. 02/2001 que determina exigências para inclusão, tanto realizou a entrevista com 6 professores, quanto determinou os indicadores básicos para a análise.

c) Os cursos de formação

Bonato (2009) objetivou caracterizar as ações das políticas públicas de inclusão e formação continuada na área de educação física pela diretoria de ensino da região de Araraquara. A partir disso, através de um questionário, participaram 57 professores e 27 diretores e/ou coordenadores pedagógicos que se posicionaram acerca do que os mesmos pensam a respeito destes cursos e a repercussão destes na prática escolar.

De forma similar, Tebaldi (2014) questionou os professores se os cursos de formação têm correspondido às expectativas dos mesmos no que se refere à inclusão. Para tal, realizou entrevistas com 7 professores e um coordenador da educação especial. Os resultados foram analisados a partir da análise de conteúdo das fontes orais.

d) As práticas pedagógicas

Bezerra (2010), a partir da teoria histórico-cultural, buscou analisar as estratégias utilizadas pelo professor de educação física em turmas que possuam alunos

com deficiência e descrever a manifestação dos mesmos frente ao trabalho do professor. Para tal, registrou em vídeo as aulas de 4 professores de educação física cujas turmas totalizaram 14 alunos com deficiência. Além do vídeo realizou anotações em um diário. Para análise dos vídeos utilizou os pressupostos da análise microgenética.

O ensino do Goalball e do Voleibol sentado nas aulas de educação física foi o foco do trabalho de Borgmann (2013). O autor forneceu para 28 professores os materiais didáticos para ensino desses esportes e realizou entrevistas com aqueles que se propuseram a trabalhar com essas atividades – ao todo 8 professores. Os resultados foram discutidos através da análise de conteúdo.

Cataldi (2013) procurou caracterizar o perfil de 2000 professores de educação física de diversas regiões do Brasil. Para tal, a autora coletou os dados a partir de um questionário preenchido por aqueles que estão matriculados em um curso de formação continuada à distância. Posteriormente, a autora analisou a produção de 2 atividades elaboradas por 372 professores (propostas avaliativas de 2 disciplinas do curso), cujo caráter era de construção de uma prática que envolvesse e incluísse pessoas com e sem deficiência na escola. Os dados foram avaliados e a autora escolheu, categorizou e compilou as atividades que caracterizassem a construção de propostas pedagógicas práticas que poderiam representar a concepção de atividade inclusiva para os professores.

As adaptações curriculares, empregadas ou não pelo professor de educação física, especificamente em relação aos alunos com deficiência visual, foram analisadas por Costa (2015). A autora contou com a participação de 3 professores e 4 alunos. Realizou entrevista e observou as aulas de educação física. Determinou categorias de análise à priori, para realizar o processo de triangulação dos dados.

Fiorini (2011) realizou 2 estudos para analisar as concepções dos professores sobre suas práticas. O primeiro buscou identificar quais são os subsídios teórico- metodológicos que estes professores indicam possuir, se os mesmos têm utilizado a Proposta Curricular do estado de SP e identificar quais estratégias e recursos estes professores utilizam para facilitar a inclusão. O segundo estudo objetivou elaborar um questionário a partir das concepções identificadas no estudo 1 e verificar o predomínio das mesmas. No estudo 1 participaram 6 professores que responderam a uma entrevista, cujos resultados foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo. Já no

estudo 2, elaborou o questionário (a partir das concepções do estudo 1) e aplicou a 65 professores de educação física.

Frank (2011) procurou avaliar a contribuição do Fusen (jogo que o autor denomina cooperativo) como recurso pedagógico na inclusão de estudantes com deficiência física severa em aulas de educação física, e também procurou examinar os desafios enfrentados por professores de Educação Física para incluir estudantes com deficiência. Realizou entrevista com oito professores, que em algum momento, desenvolveram o Fusen com seus estudantes com deficiência severa em suas aulas de educação física. Analisou os dados através da análise de conteúdo, criando categorias e subcategorias de análise.

As concepções e ações que norteiam as práticas pedagógicas de professores de educação física foram investigadas por Mahl (2012). A autora entrevistou 6 professores e fez 8 observações não participantes das aulas de cada um. Para analisar os dados, utilizou a análise categorial de temáticas.

Michiles (2018), afirma estar fundamentada na abordagem histórico-cultural na perspectiva de Vigotski, em seu estudo e procurou analisar as práticas pedagógicas dos professores de educação física, nos anos iniciais do ensino fundamental, relacionando suas concepções sobre o lúdico com o modo como desenvolvem sua prática pedagógica. Procurou também compreender as concepções dos professores acerca da educação inclusiva, do lúdico e da presença de alunos com deficiência nas aulas regulares, e identificar as atividades lúdicas que são desenvolvidas na rotina escolar e como são aplicadas pelo professor. Para tal, entrevistou 2 professores e realizou observação seletiva de algumas aulas dos mesmos. A autora não explicitou uma forma específica de análise, apontando somente que a realizou através de dois eixos – o professor e a educação inclusiva e o professor e as atividades lúdicas, dialogando com autores que embasam o texto.

Pinto (2016) buscou analisar as estratégias pedagógicas utilizadas pelos professores de educação física e o professor auxiliar frente à inclusão, buscando especialmente as relações e as socializações pedagógicas estabelecidas entre eles e a equipe pedagógica. A autora aplicou questionário para 30 professores de educação física e um professor auxiliar. Posteriormente realizou observações utilizando um instrumento de avaliação da interação entre alunos com e sem deficiência. Utilizou a análise de conteúdo, elaborando categorias e fazendo a triangulação entre as informações.

Especificamente sobre a inclusão de alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), Quedas (2015) buscou descrever e analisar as experiências de inclusão de professores de educação física com este público. Teve como participantes 10 professores, que responderam a uma entrevista. A autora organizou os resultados por meio de categorias.

Seabra Júnior (2012), baseado nos Princípios da Educação Inclusiva, organizados e rediscutidos a partir da Declaração de Salamanca, procurou identificar as representações e atitudes dos professores de educação física em relação à inclusão, assim como as práticas pedagógicas, as necessidades e inquietações destes professores em relação à inclusão. Fizeram parte do estudo 13 professores, que inicialmente responderam a um questionário e posteriormente participaram de um grupo focal. Analisou os dados iniciais de forma descritiva e seguiu os pressupostos da análise de conteúdo para os dados do grupo focal.

Com o objetivo de comparar as atitudes, estratégias e tomadas de decisão de professores ex-atletas e não-atletas, frente ao processo de inclusão, Valverde (2011) aplicou entrevista, utilizou uma escala tipo Lickert de Atitudes Sociais em relação à inclusão e realizou observação sistemática das aulas de cada professor. Analisou os dados através de estatística descritiva para as observações e escala Lickert e análise de conteúdo para os resultados da entrevista.