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As Normas Regulamentadoras são um assunto frequentemente abordado por estudos acadêmicos, com autores criando formas e ferramentas para facilitar o uso e aplicação das NRs na construção civil, ajudando profissionais encarregados de fiscalizar obras a exercerem seus trabalhos de forma mais ágil e exata, com o objetivo de proteger o trabalhador e evitar possíveis multas e penalidades.

Derksen (2017) criou uma ferramenta para avaliação do atendimento do item 4 da NR 18 e cálculo da multa aplicável pela NR 28. Como objetivo, o trabalho apresenta uma ferramenta prática para avaliar em campo o item 4 da NR 18, facilitando o entendimento da norma, visando a segurança e o bem-estar dos trabalhadores, levantando irregularidades e possíveis problemas legais passiveis de multas conforme a NR 28 para áreas de vivência de uma obra.

Para a elaboração do trabalho, o autor desenvolveu um questionário em Excel na forma de checklist, uma ferramenta que auxilia a coleta de dados, em um formato de fácil entendimento e bem aceito por profissionais, devido à sua simplicidade e rapidez na aplicação. Com a planilha dividida em três etapas, para simplificação e melhor compreensão, ela é estruturada conforme a NR 18.4, com perguntas fixas.

As perguntas do questionário que se referem à norma são uma cópia fiel da NR 18, para que a distorção de texto fosse evitada, tendo sempre três respostas possíveis por item da norma: atende, não atende e não aplicável.

Como resultado, Derksen (2017) obteve a multa e a porcentagem das não conformidades calculadas de forma automática na planilha de acordo com as características da obra e exigências da NR 18.4, possibilitando uma pesquisa quantitativa dos dados, buscando levantar as condições da área de vivência no canteiro de obras.

O autor avaliou cinco empresas de diferentes regiões do Brasil, de diferentes portes e variado número de funcionários. Com base nos resultados, Derksen afirma que a ferramenta desenvolvida se apresentou de forma eficaz, atendendo ao objetivo posposto, apresentando a norma de forma simples (para facilitar a avaliação em campo) e calculando possíveis penalidades no caso de não cumprimento.

Seguir corretamente a norma proporciona ao trabalhador condições de saúde e higiene que melhoram seu desemprenho profissional. O estudo de Derksen (2017) mostrou que, em duas das cinco obras, o percentual de não conformidade foi relativamente alto, ficando acima de 32%, com um possível impacto financeiro alto para esses dois canteiros. Caso a obra receba uma visita do Ministério do Trabalho, o valor da multa estaria entra R$ 26.550,36 e R$ 41.050,85. Muitas dessas não conformidades são simples de serem resolvidas, além disso, as obras podem ser embargadas devido ao não atendimento de itens essenciais para o canteiro.

Concluiu-se que o uso da ferramenta desenvolvida por Derksen (2017) para o cálculo dos valores da penalidade pela NR28 é válido e que seria interessante a expansão para os demais itens da NR18, visto os prejuízos que podem ser obtidos em função da fiscalização, buscando o bem-estar dos trabalhadores, sua segurança e melhorando produtividade na obra.

Buzzi (2018) observou que um dos piores índices em relação a segurança do trabalho vem da indústria da construção civil, o que gera um alto percentual de acidentes trabalhistas. Por conta disso, ela realizou uma pesquisa com o intuito de elaborar uma metodologia aplicada que apresente todos os itens listados na NR 18 necessários para segurança do trabalhador e da empresa. Utilizando a NR 28, identificaram-se as devidas penalizações e custos pelas não conformidades, caso haja uma possível fiscalização.

A autora aplicou uma lista de verificações em um estudo de caso de três construtoras de diferentes portes, levando em consideração o número de funcionários por obras e as não conformidades apresentadas no canteiro. De acordo com a NR 28, foram aplicadas as devidas penas e, por fim, somou-se todas as penalidades das não conformidades. Demonstrou-se os valores em reais caso houvesse uma possível fiscalização na obra.

Por fim, foi desenvolvida uma metodologia aplicada, utilizando essa lista de verificação, para demonstrar os itens avaliados em uma possível fiscalização do Ministério do Trabalho na construção civil, que pode ser utilizado para cálculo de custos das não conformidades.

De forma a atingir os objetivos propostos, Buzzi (2018) criou uma planilha conforme as necessidades de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Construção Civil segundo a NR 18. A planilha foi aplicada em três obras de diferentes construtoras, e após a execução da lista de verificações, foram identificadas as não conformidades presentes nas obras. Após aplicação

da lista de verificação nas três construtoras, o número de empregados existentes em cada obra foi incluso no cálculo, implicando que quanto maior o número de funcionários, maior será o valor da infração.

Buzzi (2018) identificou, nas diferentes construtoras, 126, 62 e 25 itens não conformes com as obrigações da norma. A construtora de maior porte e que possuía o maior número de funcionários foi a que obteve menos itens não atendidos, já a construtora de pequeno porte e com um número de funcionários muito menor, obteve praticamente o quíntuplo de não conformidades pela norma.

Os valores gerados de multas mínimas e máximas para cada construtora pelo total de não conformidades ocorridas no canteiro foi: 126 itens não atendidos pela construtora de pequeno porte e poucos empregados, obtiveram um valor mínimo de R$ 202.651,50 e um valor máximo de R$ 249.419,70. Os 62 itens não atendidos pela segunda construtora chegaram a R$ 115.177,10 e R$ 132.981,60. Já a construtora de maior porte e que obtinha mais empregados, teve como penalidade mínima R$89.624,89 e máxima R$ 102.102,50. Todos esses valores gerados seriam as possíveis multas que as construtoras teriam que pagar caso houvesse uma possível fiscalização no canteiro.

Silveira et al. (2005) realizou um estudo sobre acidentes de trabalho na construção civil investigados durante dois anos através de prontuários hospitalares na cidade de Ribeirão Preto, SP. Foram pesquisados 6.122 prontuários, com objetivo de identificar o número de trabalhadores acidentados da construção civil, suas características pessoais e as circunstâncias dos acidentes.

De todos os prontuários analisados, 150 estavam relacionados à construção civil, todos eram do sexo masculino e a causa predominante dos acidentes foram as quedas (37,7%). As partes do corpo mais lesadas foram os membros superiores (30,7%). Em nenhum prontuário encontrou-se uma via da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

Entre os 150, Silveira et al. (2005) observou a existência de pedreiros ou ajudantes de pedreiro (55,2%), serralheiros, marceneiros, carpinteiros e seus ajudantes (17,2%), pintores (7,5%) e outros profissionais como vidraceiros, ajudantes de montagem, oficiais de serviço, operadores de betoneira, ajudantes de encanador, calheiros e encarregados de obras (18,6%).

A maior parte dos acidentes foi causada por quedas (37,3%), acontecidas em escadas, muros e andaimes (possivelmente causadas pela falta de utilização dos EPIs). A seguir, acidentes por contato com ferramentas, máquinas e aparelhos (16%). Em 19 casos (12,7%), ocorreram acidentes no trajeto do trabalho (atropelamentos, colisão, quedas de motocicletas, entre outros). Os impactos por objetos (11,3%) aconteceram porque foram lançados por outros

colegas, arremessados em discussões no ambiente de trabalho, ou por terem caído de locais inadequados ou sem proteção.

A falta de treinamento para realizar as tarefas exigidas, a falta do EPI ou seu uso de forma inadequada, além de outros fatores, podem ter contribuído para os acidentes de maneira importante. Os acidentes foram severos, pois resultaram em múltiplas lesões ao corpo.

O autor concluiu que os trabalhadores da construção civil realizam sua atividade laboral em ambientes insalubres e de modo arriscado. Quando sofrem acidente no ambiente de trabalho, na maioria das vezes, são atendidos pelo sistema públicos de saúde, que não consegue reconhecê-los enquanto trabalhadores e seus AT acabam não sendo oficialmente informados a Previdência Social, o que colabora para o quadro de subnotificação de acidentes no país.

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