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Trade-offs entre manutenção de inventários e transporte

No documento Trade-offs de custos logísticos (páginas 143-146)

5 TRADE-OFFS DE CUSTOS LOGÍSTICOS

5.2 Trade-offs de custos entre as atividades logísticas

5.2.17 Trade-offs entre manutenção de inventários e transporte

O transporte influencia o tempo pelo qual os inventários permanecem na empresa, em trânsito e nos armazéns (BHATNAGAR; TEO, 2009, p. 208), e a configuração da rede logística influencia o transporte (LAMBERT; STOCK, 1992, p. 310).

Transportes tempestivos possibilitam que os estoques permaneçam por pouco tempo nos veículos (em trânsito) e oferecem condições de certeza que permitem reduzir o nível dos estoques de segurança nos armazéns (BHATNAGAR; TEO, op.cit., p. 208). Induzem, desse modo, à compensação entre elevados custos de transportes e baixos custos de manutenção de inventários. Transportes morosos exibem a situação inversa e, embora exibam custos de menor monta, acarretam a manutenção de inventários por longo tempo (em trânsito) e demandam maior quantidade de estoques de segurança (ausência de certeza durante o tempo que as mercadorias estão em trânsito).

Chow (2008, p. 40) exemplifica uma situação que ilustra o trade-off decorrente do conflito entre a tempestividade do transporte e a permanência dos inventários. As importações do leste asiático costumavam chegar à América do Norte pelos portos da costa oeste e se dirigir rapidamente ao leste dos Estados Unidos e do Canadá pelo transporte ferroviário e rodoviário. O aumento no preço dos combustíveis elevou o custo dos transportes terrestres e fez com que muitas importações começassem a entrar pela costa leste americana, via trânsito marítimo no

Panamá e no canal de Suez. Essa manobra ampliou a permanência e o custo dos inventários, mas possibilitou a redução do custo de transporte.

Num contexto similar, só que aplicado à confiabilidade do transporte contratado, Arvis et al (2007, p. 17) ressaltam que companhias formais e modernas apresentam altas taxas de fretes, mas prestam serviços fidedignos de baixa incerteza que permitem atuar com baixo nível de inventário de segurança. Companhias informais e transportadores individuais, por sua vez, exibem ínfimas taxas de frete, mas são menos confiáveis e implicam na necessidade de manutenção de mais estoques.

A decisão pela consolidação das cargas também envolve trade-offs de custos entre a manutenção de inventários e o transporte. O transporte de cargas consolidadas promove a obtenção de economias de escalas e reduz as despesas da atividade, mas requer que a quantidade total dos lotes seja formada, o que amplia a permanência e o custo de manutenção dos inventários (COSTA, 2003, p. 118).

Além de o transporte interferir nos inventários mantidos, conforme já exposto, os armazéns e seus respectivos estoques interferem no transporte. A manutenção dos estoques em uma ou em poucas instalações minimiza a quantidade de estoques de segurança (estoques não são replicados em várias instalações), mas exige transportes do e para o armazém centralizador. Em contraposição, a descentralização implica na manutenção de estoques de segurança em diversas instalações, mas promove a eliminação da movimentação vinda do e indo para o armazém centralizador, conforme exibe a Figura 33:

FONTE: Adaptada de LAMBERT; STOCK, 1992, p. 310

Jones in Napolitano (2011, p. 56) traz essa constatação à realidade ao argumentar que as empresas (dos Estados Unidos) visavam na década passada centralizar suas fábricas para reduzir seus custos de manutenção de inventários, mas, devido os crescentes custos com fretes, têm, na atualidade, preferido aderir pela maior quantidade de instalações.

Ressalta-se, todavia, que, na descentralização, o custo de transporte é reduzido até certa quantidade de armazéns. Com uma quantidade muito grande, os veículos não mais conseguem ocupar sua capacidade máxima e começam a transportar quantidade de cargas pequena que inviabiliza a obtenção de economias de escala (LAMBERT; STOCK, 1992, p. 309-310). A Figura 33 ilustrou essa situação e mostrou que, após certa quantidade de armazéns, a curva de transporte também começa a exibir inclinação positiva.

A política de estoques dos armazéns também afeta os custos de transporte. Ao se optar por uma política que controle os itens coletivamente e os agregue embasada em algum critério, decide-se diferenciar o tratamento dado a cada tipo de item. Essa distinção pode afetar os custos de transporte.

Por exemplo, dentro da classificação ABC, o controle dos itens A é priorizado e o controle dos itens B e C é menos enfático. Usualmente, os itens A são mantidos em diversos armazéns, os itens B em poucos armazéns regionais e os itens C em um único ponto central de

Figura 33 – Quantidade de armazéns, custo de manutenção de inventários e custo de transporte

Custo de transporte Custo

Total Custo de manutenção de inventários

estocagem (BALLOU, 2006, p. 77). Os itens B e C ficam centralizados e ampliam o número de movimentações do(s) e para o(s) armazém(ns) centralizador(es), e, mesmo que induzam à diminuição do custo de manutenção de inventários, incrementam o custo de transporte.

Por fim, destaca-se que o tipo de produção (puxada versus empurrada) também implica em

trade-offs de custos entre a manutenção de inventários e o transporte. Tomando como base a

explanação de Jammernegg e Reiner (2007, p. 184), pode-se inferir que a produção puxada, por implicar na fabricação de apenas o que foi demandado, tende a manter poucos estoques, sobretudo de matérias-primas. A produção empurrada, por sua vez, fabrica os produtos antes da solicitação dos clientes e tende a manter larga quantidade de estoques. Dessa forma, a produção puxada propende a exibir custos de manutenção de inventários inferiores aos custos da produção empurrada, mas, em compensação, implica em aquisições de pequena quantidade de matérias-primas que tornam inviável a obtenção de economias de escala no transporte.

CUSTO DE MANUTENÇÃO DE INVENTÁRIOS CUSTO DE MANUTENÇÃO DE INVENTÁRIOS

Custo de transporte

- Transportes morosos

- Contratação de companhias informais e transportadores individuais

- Consolidação de lotes - Estoques descentralizados - Política de não priorização de itens de

estoque - Produção empurrada

Custo de transporte

- Transportes tempestivos - Contratação de companhias formais e

modernas

- Não consolidação de lotes - Estoques centralizados - Política de priorização de itens de

estoque - Produção puxada

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