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O Ouvido Absoluto e a criança – uma mensagem para pais e

TRADUTOR: ISAQUE CIPRIANO

O Ouvido Absoluto e a criança – Uma mensagem para pais e professores

Introdução

Este material é um bônus adicionado ao curso original de treinamento de ouvido absoluto. Seu objetivo é mostrar aos pais e professores a importância da criança desenvolver o ouvido absoluto o quanto antes, e dar dicas de como orientá-la nesta caminhada.

O material original é dividido em três partes: duas em seqüência com todas as explicações e uma parte com perguntas e respostas. Resolvi juntas as três partes em uma só para que estas fiquem numa seqüência lógica e mais fácil de ser entendida. A série de perguntas e respostas adicionei ao final das explicações.

O ouvido absoluto e a criança

Tudo na música está relacionado à forma em que você escuta. Podemos fazer diversos treinos, desenvolver habilidades, e mais uma série de coisas para nos tornarmos melhores músicos, mas tudo isso está intimamente ligado à sua percepção musical.

E é por isso que é importante a criança ter o senso do ouvido absoluto o quanto antes, e depende dos pais e dos professores treiná-la para isso.

O ouvido absoluto pareceu, durante anos, ser algo mágico, pois as pessoas não entendiam o que ele realmente é. E se você não sabe como uma coisa funciona, não tem a chance de desenvolvê-la. Mas este curso explicou o ouvido absoluto, e agora você o conhece.

Para se ter um senso completo das notas, é necessário que você tenha o ouvido relativo e o ouvido absoluto, que escute as relações das notas, num nível mais superficial de percepção, e escute as cores das notas, num nível de percepção mais profundo. O verdadeiro ouvido de um artista musical tem ambas as habilidades trabalhando juntas.

O que iremos fazer aqui não é estabelecer regras, mas sim guiar você para que leve as crianças a escutar mais profundamente. Vou mostrar como podemos ajudar uma criança a desenvolver sua percepção logo cedo e ganhar o ouvido absoluto o quanto antes, e tê-lo para o resto da vida. E mesmo que você não tenha o ouvido absoluto, você pode guiar a criança assim mesmo, simplesmente trabalhando com a criança alguns minutos por dia, adicionando alguns minutos ao treinamento normal de seu instrumento, mas minutos para treinar o ouvido. Assim, a criança aprenderá a tocar e a escutar profundamente as notas ao mesmo tempo.

Um dos mistérios do ouvido absoluto é que ele é algo muito simples, uma percepção natural do ser humano, e está relacionado com a forma como você escuta as notas.

O mais interessante que é algo simples e essencial, mas que não é usado nas grades curriculares dos cursos de música. Música é a arte de escutar e eles excluem do treinamento a habilidade de escutar. Você encontra em aulas de percepção musical coisas rudimentares, como diferenciar um tom de um semitom.

A hora certa de ensinar uma criança a escutar é o quanto antes. Imagine a riqueza que uma criança tem ao poder logo cedo escutar corretamente.

Algo importante a se considerar quanto ao ouvido da criança é que ele é um tanto quanto inocente. Ele não escuta em termos de relações, como adultos (lembre-se que os adultos foram condicionados para isso). O ouvido não-condicionado de uma criança não vai escutar em termos de relações nem de cores. E é por isso que muitas crianças podem desenvolver o ouvido absoluto sem praticar nenhum exercício. O fato de ter um ouvido ainda inocente pode fazer com que ele adquira esse senso delicado de percepção naturalmente. Isso é ainda mais real se a criança for extremamente alerta e brilhante. Mas não significa que uma criança que não aprenda assim não seja brilhante.

Quando o ouvido perde essa inocência, ele passa a escutar horizontalmente, e é por isso que adultos precisam praticar diversos treinos para conseguir desenvolver o ouvido

absoluto. O ouvido perdeu essa inocência, e fica estagnado num nível superficial de percepção. Por isso é importante começar o quanto antes.

Uma criança, levada a escutar corretamente, aprenderá espontaneamente este nível de percepção. Elas não pensam intelectualmente, por isso, elas simplesmente escutam e sabe que soam como aquela nota. Se você perguntar como sabem, elas não vão saber dizer, simplesmente sabem que é assim. É como aprender as cores visuais. Você sabe o que é um vermelho simplesmente porque é vermelho, você não pensa no vermelho como uma cor vibrante e no azul como uma cor brilhante. É isso que chamamos de inocência da percepção, e é o que leva a desenvolvermos o ouvido absoluto.

Qualquer criança que estuda música pode aprender a nomear notas pelo ouvido, basta ser orientado pelos pais ou professor a escutar os sons. Por exemplo, os professores de piano mostram à criança como encontrar um dó, olhando para o piano, não escutando seu som, que é o jeito que deveriam fazer.

Bem, o ponto importante é ter um tempo para tocar notas para a criança identificar. Não use muito tempo, pois cansará o ouvido da criança. 3 a 5 minutos por dia é o ideal para começar. Faça isso usando o instrumento que a criança pratica. Esta adição à prática regular do instrumento fará toda a diferença na formação da criança.

Como começar? Bem, é simples. Inicie com três tons: dó, ré e mi. Toque-os para a criança. Faça com que ela escute o tom, perceba a diferença entre eles. Você pode até falar de cores de notas, para acostumar com a idéia, mas não precisa se aprofundar nisso. Depois de tocar as notas por um tempo para a criança escutar, toque aleatoriamente os tons e peça para a criança ir nomeando.

Com isso, a criança estará fazendo duas coisas: nomeando notas pelo ouvido e estabelecendo relações entre as notas. Este simples exercício é eficiente para o treinamento do ouvido absoluto e relativo.

Pratique isso alguns dias com a criança e, quando ver que ela já pegou as três notas, aprendeu e sabe nomear sem dificuldades, vá adicionando as notas da escala diatônica aos poucos, uma a uma. Comece adicionando o fá. Pratique com as 4 notas.

Uma coisa importante: sempre que a criança cometer um erro, corrija-o. Se você tocar um fá e a criança disser: “Mi”, toque o mi e diga: “o mi soa assim, que nota é esta então?” e toque novamente a nota fá e dê uma nova chance para a criança de acertar.

Assim, continue, adicionando uma a uma as notas diatônicas que faltam: sol, lá, si, e termine com o dó agudo.

Com isso, a criança aprenderá a reconhecer as notas tendo uma como base, mas sabendo que cada uma soa diferente.

O que estamos fazendo é estabelecer o ouvido relativo, pois se o ouvido não estiver confortável para escutar na superfície, não pode se aventurar a escutar profundamente.

Adicione as notas até formar a escala de dó completa: dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.

Se a criança estiver perdida, peça a ela que cante a nota base (dó) e tente ver se acerta que nota é aquela.

É bom que a criança cante notas para ter uma base, mas não queremos que cante as notas para identificá-las, pois não queremos criar uma percepção por tensão vocal, mas sim estabelecer o ouvido absoluto e relativo.

Como exercício separado, você pode pedir para a criança cantar notas para você e você verificar se estão certas ou erradas.

Neste ponto, a criança já sabe identificar notas, mas pensa assim: esta é a 5ª nota, então é a nota sol. Esta é a 4ª, é diferente da 5ª, então é a nota fá.

Então, quando chegar neste ponto, comece a tocar duas notas ao mesmo tempo. Dê o tempo para a criança destravar as notas no ouvido e identificar cada uma, da grave para a aguda.

Agora ela tem que ir ao som de cada nota, mas também tem que penetrar no som do acorde.

Quando a criança conseguir fazer isso, adicione as notas restantes na seguinte ordem: fá#, sib, mib, dó# e láb.

Com isso, cada vez mais fica difícil usar as relações para identificar as notas, e o ouvido vai desenvolver mais claramente o ouvido absoluto, estabelecendo as cores das notas no ouvido.

Mesmo que não estamos usando nomes para cada som, podemos falar para a criança que o fá# soa nasal, o mib soa macio, pois isso é válido para a criança. Mas não quero que fiquem presos a nomes, pois não fizemos isso no curso, leve a criança a sentir as notas.

Quando ela passar a reconhecer as notas de uma oitava, você pode estender para 2, ou 3 oitavas. Aumente o campo de percepção da criança.

Veja, quando uma criança consegue nomear as notas de uma oitava, ela já ganhou a discriminação das cores, mas ainda não a estabeleceu por completo.

O teste para saber se a criança realmente aprendeu a perceber as cores é com a primeira nota. Se você tocar a primeira nota e ela acertar é porque está escutando as cores das notas, pois não escutou nenhuma outra nota para relacionar com esta.

Então, no início, o ouvido estava perdido. Nós pegamos e trabalhamos com tons simples para estabelecer o ouvido relativo. Então, quando desenvolvida esta habilidade, e o ouvido está condicionado a isso, a ter uma nota base, nós adicionamos as outras notas que não fazem parte disso tudo, que vai levar com que ela escute as cores para identificar as notas.

Então, quando ela puder nomear as notas, nós começamos a tocar duas notas de uma só vez, para estabelecer o ouvido absoluto.

E, quando a criança pude reconhecer dois ou três tons tocados ao mesmo tempo, então podemos dizer que o ouvido absoluto está estabilizado.

Perguntas e Respostas

P – As mesmas considerações que temos para os adultos devemos ter para as crianças?

R – Sim, as mesmas considerações. Em particular não devemos cansar o ouvido da criança. Ouvido de crianças podem escutar por curtos períodos de tempo. Somente alguns minutos por dia, quando você ver que a atenção dela já não está tão ligada, pare por aí. Isso deve acontecer rapidamente, pois eles só podem se concentrar alguns minutos por dia. E temos que ir par aos exercícios, eles devem fazer os exercícios. É importante que eles pensem ao nível de cores.

P – Quando a criança está aprendendo os 12 tons cromáticos no seu instrumento, ela poderá usar outros instrumentos?

R – Bem, o ideal é que a criança aprenda os tons no seu próprio instrumento. Se a criança toca flauta, esta não pode fazer acordes, mas é preferível que a criança seja voltada para aprender os tons no seu instrumento até que a discriminação das cores esteja concreta em seus ouvidos, aí sim, podem mover para outros instrumentos.

P – Quando estamos tocando acordes para eles identificarem, devemos tocar somente acordes simples ou devemos tocar alguns mais complexos também?

R – Isso depende do andamento de seu treinamento. Somente você, o pai ou professor é que pode determinar o que deve tocar ou não para a criança identificar. É claro que o certo é começar com acordes simples e, quando você perceber que a criança pode identificá-los sem problemas, então mova para acordes mais complicados. É interessante tocar acordes que tenham uma ou duas notas cromáticas.

P – Quanto tempo leva para uma criança desenvolver o Ouvido Absoluto?

R – Cada criança terá seu tempo para aprender, é difícil determinar, mas logo que virmos progresso, ficaremos satisfeitos com o resultado. Algumas crianças têm mais talento, então desenvolverão mais fácil, outras, demorarão mais um pouco.

P – Motivação pode ser um fator importante?

R – Sim, claro. É como as lições normais de instrumentos, a criança só aprenderá quando estiver envolvida com isso. Música é uma delicada arte, e muitas vezes o desafio de aprender é o que motivará a criança a se dedicar àquilo.

P – Eu fico pensando se lições para crianças muito novas são importantes ou se o ideal é deixá-las crescer um pouco.

R – Quanto mais nova a criança puder começar a aprender, melhor para ela, é claro que crianças muito novas precisam começar com algo bem simples. Lembre-se que esta habilidade é excelente, e traz muitos benefícios a quem a possui. Se a criança desenvolve esta habilidade de escutar melhor, vai se desenvolver facilmente em seu instrumento. Eu acho essencial que se integre a mente e o coração, o intelecto e os sentimentos na música, por isso é importante todo este treino para a criança.

P – O que você acha do ensino da música em escolas hoje em dia?

R – Acho isso muito bom, mas este ensino não é completo. É algo generalizado. Veja, a música é uma arte refinada. E uma das coisas que falta é desenvolver cada indivíduo. Pois oq eu você é por dentro refletirá em sua música. Você não tem como escapar disso. Um espelho só pode refletir o que está diante dele. Um músico só pode refletir ele mesmo em sua música. Por isso, tudo que pudermos fazer para desenvolvermos a nós mesmos, refletirá em nossa música. Algo que é necessário de se saber é que o ouvido absoluto é simplesmente uma parte deste imenso cenário musical. Eu espero que num futuro próximo, a música seja estudada em um diferente contexto, sendo aplicada ao individual de cada um, estudando um desenvolvimento pessoal.

P – O que você nos deu foi somente um senso de como treinar as crianças, não uma linha de exercícios e regras.

R – Exatamente. Não é possível para nós construir uma série de exercícios para as crianças. Você precisa trabalhar com ela, se adaptando à realidade dela. Use as informações e as idéias que foram discorridas. Veja, um pai que pode sentar com o filho e ir treinando as notas, estando atento aos erros e acertos, isso faz com que este seja um treinamento personalizado. Automaticamente, o professor real é você, o pai. E você precisa trabalhar com a criança, dia a dia, com todas estas bases para o ouvido absoluto.

CURSO DE

TREINAMENTO

DO OUVIDO

ABSOLUTO

Manual

TRADUZIDO DO ORIGINAL: “PERFECT PITCH EAR TRAINING SUPER

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