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Curso_de_Treinamento_do_Ouvido_Absoluto_-_Curso_Completo

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Academic year: 2021

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CURSO DE

TREINAMENTO

DO OUVIDO

ABSOLUTO

TRADUZIDO DO ORIGINAL: “PERFECT PITCH EAR TRAINING SUPER COURSE” DE “DAVID LUCAS BURGE”

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Introdução

David Lucas Burge nos trás um curso onde ele descreve um dos mais polêmicos assuntos da música, o Ouvido Absoluto.

Alguns dizem que esta habilidade precisa nascer com a pessoa, e que somente alguns indivíduos a possuem. Mas ele nos mostra através de diversas lições que é possível desenvolver esta habilidade.

Todas as lições foram traduzidas do original, mantendo sempre as explicações e os exercícios. Apenas algumas partes onde o autor torna-se repetitivo para enfatizar alguns assuntos foram cortados para que o curso torne-se bem dinâmico.

O Curso foi desenvolvido há mais ou menos 20 anos e tem sido usado no mundo inteiro. Esta versão do curso utiliza-se como fonte de tradução a chamada “versão final”, que foi regravada há pouco tempo pelo autor.

Ele serve para qualquer músico que deseja desenvolver seu ouvido, seja instrumentista, cantor, etc.

Aproveitem o curso! Divirtam-se estudando! Esta é uma das recomendações do autor, que repasso nesta introdução.

E que sejam momentos únicos de aprendizado para cada um que estudar este curso. Isaque Cipriano

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Lição 01

Quantos de vocês já escutaram que você tem que nascer com essa habilidade de Ouvido Absoluto? Somente alguns raros e selecionados indivíduos tem esta unusual habilidade e eles nasceram com isso. E o resto de nós nunca poderemos ter isso.

A razão disso é que as pessoas não entendem o que realmente é o ouvido absoluto. Se você não entende o que uma coisa é, como você pode desenvolvê-la? E esta é a razão pela qual as pessoas não conseguem desenvolver o ouvido absoluto. Sim, você pode desenvolver isso. Você não pode desenvolver se não souber o que ele é. Neste curso, veremos exatamente o que é o ouvido absoluto. Desvendar todos os mistérios. E quando você ver o que é isso, você dirá: “Ei, isso é simples!”. Ouvido Perfeito é completamente simples. Muitas pessoas que vão aos seminário dizem: “Isso é tão fácil!”.

Paul Hindemith , o qual seu livro “Elementary Training for Musicians” é considerado a “Bíblia” da teoria musical em algumas Universidades, diz em seu livro, com as suas experiências, que o Ouvido absoluto pode ser desenvolvido. E os professores que o usam são os mesmos que dizem que o ouvido absoluto não pode ser desenvolvido. Descobri que ele está certo. Ele nunca mostrou como desenvolver o ouvido absoluto, mas ele estava certo.

E não é uma coisa exata e impraticável, mas uma habilidade vital na música. Por uma única razão: Música é a arte de ouvir.

E isso tem a ver com as habilidades do ouvido de escutar e interpretar tons. E o ouvido perfeito é a maior habilidade de ouvir e interpretar os tons, então não é só importante, mas absolutamente essencial e importante, porque a música é justamente isso, escutar os tons. É claro que podemos ser músicos sem a habilidade de ouvido perfeito, existem vários músicos conceituados que nunca pararam para desenvolver um ouvido absoluto (perfeito).

Mas quando gastamos um tempo desenvolvendo isso, vemos que isso nos coloca num nível de percepção de um mestre em música. Fica faltando algo sem essa habilidade de ouvido perfeito.

Se eu tocar vários sons diferentes, quantos de vocês poderão dizer qual deles é um FÁ#?

Bem, quando não sabemos estamos perdendo parte importante da música. Como pode um músico escutar várias notas e não saber qual é um FÁ #?

Existe algo preso em seu ouvido. Por isso, nas escolas e universidades de música existem os laboratórios de treinamento de ouvido. Pois parece ser muito difícil desenvolver o ouvido.

Mas desenvolver o ouvido é uma coisa muito simples. Então do que se trata essa habilidade de ouvido absoluto?

Nada mais é do que Ouvir as Cores. Somente isso. Ouvido Absoluto é Ouvir as Cores. Isso é da mesma forma que os olhos podem ver as cores e distinguir entre um vermelho, azul, verde, etc, da mesma forma que os olhos podem diferenciar essas cores, os ouvidos são capazes de ouvir as cores dos sons musicais. Todos os sons não são nada mais que Cores espectrais do som. Não há diferença entre as cores da visão espectral e da audição espectral, somente muda o tipo de sensor. Então, o ouvido perfeito é a capacidade de escutar essas cores dos sons e as reconhecer. Você é capaz de escutar os tons e os reconhecer.

É claro, que o ouvido absoluto é mais do que a habilidade de reconhecer os tons, mas uma série de habilidades. Se você acordar pela manhã e quiser cantar um LÁ, você vai conseguir sem nenhuma referência. Esse é o mais alto grau do ouvido absoluto.

Mas também temos que pensar que cada nota tem uma certa extensão. Algumas vezes você escutará uma determinada nota, por exemplo um LÁ e você dirá “Está um pouco sustenizada ou um pouco bemolizada, mas é um LÁ.” Temos que levar em conta a extensão de cada nota. Nem todos os pianos tem a mesma altura, alguns tem notas mais altas, outros mais baixas. Mas se você conseguir distinguir uma nota, mesmo sabendo que ela está um pouco alta ou baixa, essa é uma das habilidades do ouvido absoluto, a habilidade de reconhecer um tom sustenizado ou bemolizado.

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Qualquer um pode julgar a sustenização ou bemolização de uma nota se tiver algo para comparar, um diapasão, por exemplo, mas você será capaz de escutar um tom sem referência prévia e julgar se está ou não afinado.

Essa é uma habilidade, mas basicamente é Ouvir as Cores. Se conseguimos escutar a coloração de uma nota e distingui-la, então isso é o ouvido absoluto. E isso é simples, é algo que você já tem em seus ouvidos, não é algo novo a adicionar, mas algo que você já tem e vai desenvolver.

Mas por que iríamos querer esta habilidade? Bem, se queremos tocar “de ouvido”, ou improvisar, isso é vital. Tocar “de ouvido” significa que temos uma música que conhecemos e queremos tocá-la, então nós a escutamos nos ouvidos da nossa mente e a executamos. O ouvido é capaz de destravar o curso que o compositor usou. Destravar significa escutar tons e acordes e reconhecê-los. Então, você pode destravar os acordes e executar perfeitamente em seu instrumento. Agora se você quiser improvisar um pouco e mudar alguns acordes da música, adicionar melodias, etc, você vai depender do ouvido absoluto.

Quando você tem o ouvido absoluto, no seu senso você tem “olhos” interno para estes tons. Você sabe como cada um se parece.

Uma pessoa sem o ouvido absoluto não sabe como soa um Fá# até tocá-lo. Se você tiver o ouvido absoluto, antes mesmo de tocar qualquer nota, você saberá como ela soará. Isso é uma vantagem que ganhamos ao ter o ouvido absoluto.

Você pode escutar as músicas na sua mente e escrevê-las no papel. Por isso muitas escolas e universidades fazem classes de treinamento de ouvido, pois eles sabem que se você apurar seu ouvido, automaticamente você melhorará tudo o que você fizer com a música, pois a música é a arte de escutar. Mas escolas treinam o ouvido relativo, não o absoluto. As duas coisas são bem diferentes, o ideal é que tenhamos os dois desenvolvidos. O Ouvido absoluto tem suas habilidades e o ouvido relativo tem suas habilidades diferentes.

No livro a Psicologia da Música, John Booth Davis pergunta a músicos qual é a mais importante habilidade que um músico tem que ter para ser bem sucedido. E todos disseram que um bom senso de afinação. Muitas coisas são importantes, mas esta é a mais importante, pois música são tons individuais e o ouvido absoluto é uma habilidade muito desejada por este motivo.

Um músico pode tocar porque ele ouve, seja quem for e que tipo de música tocar. Um compositor só pode compor se seus ouvidos souberem exatamente como soarão as notas que ele está escrevendo.

Até mesmo um ouvinte, só pode apreciar uma música se tiver um certo grau de percepção.

Esta parte de escutar é o mais alto degrau que precisamos na música. Isso porque música é escutar, escutar, escutar.

Além de tudo que já falamos do ouvido absoluto, ele também apura o vocal da pessoa. Se você é um cantor, chegará a um estágio onde saberá a afinação perfeita das notas sem nenhuma referência, um instrumentista poderá afinar seu instrumento sem precisar de algo como referência.

Não só isso, mas se você for um vocalista e quiser sair de um MI para um LÁb, sem o ouvido perfeito, você vai se confundir, mas se você tem o ouvido perfeito, você sabe como cada nota soa e não terá problemas quanto a isso. Então a técnica vocal, a afinação vocal é melhorada com o ouvido absoluto.

Bem, o ouvido perfeito não significa que você vai sentar-se num piano e afiná-lo por completo. A afinação de piano é uma arte que exige muito estudo.

Ouvido perfeito significa que você pode escutar as cores. Se você tem um diapasão, ele soará um Lá certíssimo. Com o ouvido perfeito não significa que você cantará um lá exatamente com todas as vibrações por segundos, isso é mentira. Ouvido perfeito é uma percepção humana. Quando se canta um Lá, não significa que será um lá apurado, mas sim que ele estará dentro da extensão do Lá, sim, existe uma extensão para cada nota. Na parte visual, existe uma extensão de vermelho, cada vermelho que vemos tem uma sombra diferente, existem várias variações, mas quando você olha algo vermelho, você reconhece que

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é vermelho. É o mesmo com a música, muitas “sombras” de Lá, mas você reconhece como um Lá. Se ficar muito bemol, teremos um Láb, mas você perceberá que é um Láb, e o Láb também tem sua extensão. Acima dela é o Lá.

Um diapasão é algo duro, imutável, enquanto o ouvido humano é algo sensível, flexível, não é um computador. Isso é um mito, de que se você tem um ouvido perfeito, você tem um computador nos seus ouvidos, não, é mentira, pois o ouvido perfeito é uma percepção humana das cores, mas sim uma percepção apurada das cores das notas.

E isso constrói uma memória musical. Você já teve a experiência de tocar uma música e seus dedos irem sozinhos para as notas certas, e você não sabe como, mas eles estão indo sozinhos e estão certos ? Muitos já devem ter passado por isso. Você toca algo várias vezes e isso fica gravado no seu cérebro. Esse é um aspecto da memória musical.

E uma pessoa com o ouvido perfeito escuta todos os acordes e percebe que eles têm cores diferentes. Se é um acorde menor, não pode ser um acorde sustenido menor. Eles soam diferente. A mesma estrutura, os dois são acordes menores, mas soam diferente.

Sem um ouvido perfeito, os dois soam iguais, um é mais alto que o outro, mas soam iguais. Com o ouvido perfeito, você distinguirá cada um dos acordes.

Quando você consegue escutar as cores das notas, você escuta os acordes de uma outra forma e os diferencia.

É por isso que quem tem um ouvido perfeito desenvolve uma memória musical melhor. Ele não se perde numa apresentação, mas mesmo que isso aconteça, ele é capaz de retornar à peça mais facilmente, pois domina os tons da música.

Tudo isso trará mais confiança nas apresentações, nos sentiremos em casa enquanto tocamos. E, quando chegamos a este estágio, o ouvido ouve, e nós temos um melhor controle da arte de escutar que produz esta confiança. Isso é um aspecto importante do ouvido perfeito.

Mas eu penso que a parte mais importante de se ter um ouvido perfeito é a apreciação musical, porque o ouvido perfeito são as cores da música.

Se você ver um filme numa tv preto e branco e ver o mesmo filme numa tv colorida, você tem os mesmos personagens, o mesmo enredo, tudo é igual, mas se você ver na tv colorida, não há como descrever como o filme se torna mais rico. Isso é tudo percepção. Existe um tipo de percepção na tv colorida que não temos na tv preto e branco. E se você nunca viu um tv colorida, fica muito difícil dizer como ela é. Acontece o mesmo com o ouvido perfeito, pois ouvido perfeito é escutar as cores.

Sem o ouvido perfeito, se você for a um concerto, você certamente escutará e apreciará a música, mas com o ouvido perfeito, nós escutamos que cores são, tem um Sol maior ali, veja, tem um Mi bemol ali, eu escuto um ré bem alto, você escuta as cores, isso é uma experiência rica na música. E é muito difícil de explicar se você nunca tiver tido uma experiência dessas.

Nestas aulas, eu posso falar por dias sobre o ouvido perfeito, mas o que vai te convencer é quando você escutar por você mesmo.

E isso é interessante, por que sempre as pessoas dizem: ‘eu não acredito, eu não acredito’, e vão aos seminários, e escutam por si mesmo, e saem dizendo: ‘eu acredito, pois eu mesmo escutei’. É isso que vai te convencer, quando você escutar por você mesmo.

Mas eu acho que esta parte de apreciação é a mais importante porque o ouvido perfeito vai te dar uma rica percepção das cores.

E também, se você desenvolver um ouvido perfeito, isso te ajudará em muitas coisas. Se você quiser aprender uma língua estrangeira, isso vai te ajudar, ficará mais fácil de reconhecer as vozes no telefone, independente do que você fará, um ouvido que desenvolveu o ouvido perfeito está aberto, e mais sensível a perceber as coisas.

Quando você escutar uma música, ou pássaros cantando, som de cachoeira, coisas caindo, o ouvido é mais sensível e mais apreciativo.

Se você é músico e estuda ou estudou outra língua, tenho certeza que você sabe do que estou falando, que músicos aprendem outras línguas mais facilmente. Nós temos mestres e música e em biologia na universidade, e ambos os grupos estudam francês, digamos, por quatro anos, além de falarem sua língua nativa. Qual desses grupos você acha que terá uma melhor pronúncia de francês? Bem, serão os músicos com muita vantagem. Você até pode

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encontrar exceções, mas normalmente os músicos terão uma fala mais apurada de outra língua. Por quê? Porque estão acostumados a escutar e discriminar as distinções dos sons. Isso é um ponto muito importante.

Então, o ouvido perfeito é sim, escutar as cores, é algo que abre a percepção dos ouvidos em todas as áreas da música, mas também abre o ouvido em todas as áreas em geral, independente do que iremos fazer.

E não é algo que está distante de nós, é algo que qualquer ouvido comum só precisa conhecer como funciona e como é possível o desenvolver.

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Lição 02

O ouvido perfeito é escutar as cores. Mas qual a diferença entre escutar as cores e ver as cores? Onde elas são diferentes e onde são iguais?

Bem, na verdade, são bastante similares, a diferença está no sentido. No campo visual, digamos que eu olhe para a cor vermelha, e depois olhe para a cor azul, qual a diferença entre as duas cores? Bem, as ondas visuais do vermelho vibram lentamente, enquanto as do azul vibram bem mais rápido. E por alguma razão, os olhos percebem que as ondas rápidas é o azul e as ondas lentas é o vermelho.

O mesmo acontece com os espectros musicais. Num piano, as notas não são mais do que um espectro de sons musicais. Os olhos vêem ondas visuais, os ouvidos escutam ondas sonoras. Os olhos vêem as ondas visuais e percebemos que é um verde, um azul, um vermelho. Da mesma forma acontece com os ouvidos. Se meus ouvidos escutam as ondas sonoras de uma nota, por exemplo, Fá#, eu vou perceber que soa como um Fá#, então será um fá#. Se eu escutar uma freqüência diferente e soar como um Dó#, ele soará como um Dó#, terá a cor de um Dó #. E é isso que é o escutar as cores.

Algo interessante: o ouvido tem uma enorme extensão de percepção bem maior do que a dos olhos, pois o ouvido pode escutar diferentes oitavas de uma onda sonora. Por exemplo, um Fá. Todos os Fás tem a mesma cor de som, mas diferentes tensões. Os fás brilhantes são mais agudos e os fás escuros são os graves. Enquanto no campo visual só podemos enxergar uma oitava, falando da freqüência das ondas. Se você ver um violeta, que está clareando, você perceberá que ele está ficando mais vermelho, enquanto se escurecer, vai se tornado bem escuro. Se enxergássemos outra oitava, teríamos que ver a mesma coisa. Num piano, os 12 sons cromáticos se repetem a cada oitava; mesmo sendo a mesma coisa, soam em oitavas diferentes. Por isso o ouvido é mais sensível. Algo que o ouvido não pode ver.

E não é estranho que o ouvido tenha essa percepção das cores assim como os olhos, e essa percepção das cores é o que realmente é o ouvido absoluto.

Desde adolescente, tenho percebido que os músicos não compreendem o que o ouvido absoluto é, porque quando falamos em escutar as cores, a palavra “cores” pode ser confusa. Então vamos deixar algumas coisas claras. Nós usamos a palavra cores em várias áreas da música, por exemplo, falamos da cor do tom, que nada mais é do que o timbre de um instrumento. Mas o que isso significa? A Cor do Tom é o que nos permite reconhecer um instrumento em particular. Se escutamos um piano, sabemos que é um piano. Se escutamos um violão, ou um violino, ou uma flauta, sabemos que são instrumentos diferentes e conseguimos reconhecê-los.

Mas como isso está relacionado com ouvir as cores das notas? A cor do tom é o que faz com que reconheçamos o instrumento (timbre), a cor da nota é o que nos faz reconhecer as notas. O timbre muda de acordo com o instrumento, mas a cor do som não vai mudar. Por exemplo, se eu tocar um LÁ e um Dó, mesmo que mude o instrumento, se você tiver um ouvido absoluto, você reconhecerá o Lá e o Dó.

Se eu tocar várias notas, as cores dos sons mudarão. A cor do som muda de acordo com a nota que se toca, a cor do tom (timbre) muda de acordo com o instrumento.

Quando se fala que o ouvido perfeito é escutar as cores, muitas pessoas acham que é algo como associar um Sol ao Verde, ou vermelho ao Fá#, ou amarelo ao Lá, ou qualquer coisa desse gênero.

Então, vou enfatizar que o ouvido absoluto não significa que pegaremos uma cor visual e a relacionaremos com uma nota. Essas cores de notas são Cores Sonoras que nós escutamos. Quando escutamos um Sol, ele tem um certo som, uma certa cor que nos diz que é um Sol. O Mib tem um som diferente, uma cor diferente. Isso são cores de sons.

Eu lembro que uma pessoa foi a um seminário e a primeira coisa que me perguntou era onde estava minha tabela de cores. Porque não havia nada dizendo que o lá era amarelo, que

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o Sib era azul, e se tornou um quebra-cabeças porque o ouvido perfeito é escutar as cores. E me perguntou onde estava a tabela de cores. Eu disse que não existia, pois são Cores do Som. Então, enfatizo que não iremos associar com cores visuais.

Algumas vezes vocalistas pensam que o ouvido perfeito tem a ver com o sentir o quão alto ou baixo uma nota é na sua voz. Muitos vocalistas, quando cantam um dó, podem sentir o quão alto ou baixo é esse dó, dentro de sua extensão e assim saberá que é um dó, ou um sol, que tem um sentimento diferente. Se você conhece os limites da sua voz, algumas vezes você pode estimar determinadas notas. Isso é a afinação pela tensão vocal. Isso não tem nada a ver com o ouvido absoluto. Ouvido absoluto está no escutar, no ouvido, escutar as cores, afinação pela tensão vocal está no sentir a afinação nas suas cordas vocais, e não chegará a ser um ouvido absoluto.

Conheci uma senhora que ia aos seminários que dizia saber sempre qual era o Fá, porque a extensão máxima de sua voz era um Fá. Mas de tanto treinar, ela conseguiu alcançar um Fá#, e ficou achando que todo Fá # era um Fá. Este é um exemplo que a afinação pela tensão vocal não tem nada a ver com percepção, então não é ouvido absoluto.

Outra coisa que as pessoas confundem com o ouvido absoluto, é o ouvido relativo. O Ouvido relativo é o irmão mais novo do ouvido absoluto e as pessoas sempre acham que de alguma forma eles estão relacionados. Pensam que se você tiver um excelente ouvido relativo você terá um ouvido absoluto, ou algo parecido. Canso de escutar pessoas falando “Eu não tenho um ouvido absoluto, mas eu tenho um excelente ouvido relativo”. A verdade é que o ouvido absoluto e o ouvido relativo são habilidades completamente diferentes e ambas necessárias. Ouvido relativo é o escutar a relação entre as notas, como que elas estão conectadas para formar a estrutura musical. Por exemplo, se tivermos 2 sons, eles formam uma relação, que se você tiver um ouvido relativo, perceberá, por exemplo, uma quinta justa. Se eu disser a você que o tom mais alto é um Sol, com o ouvido relativo você saberá que o tom mais baixo é um Dó.

Ou se eu disser: “aqui está um dó” e tocá-lo, e pedir “cante-me um Mi”, você usará a relação para cantar uma terça maior. Isso tudo é relacionar uma nota com a outra.

Isso é muito diferente do ouvido absoluto. Com o ouvido absoluto, você escuta uma nota e sabe classificá-lo, você não tem que relacioná-lo a nada. Um é o escutar das cores, o outro é o relacionar das notas.

Existem vários níveis de “escutar”. Escutar é complexo. Num nível mais superficial nós temos as relações entre os sons, num nível mais profundo temos as cores dos sons.

O treino do ouvido relativo é focado no relacionar os sons. O treino do ouvido absoluto já é focado nos detalhes de cada som.

O ouvido relativo é treinado usando as relações entre as notas, atento ao conjunto em si das notas, aos intervalos. O ouvido absoluto é algo mais complexo, pois temos que estar atendo àquilo que nunca havíamos escutado antes. As cores dos sons são muito delicadas, são abstratas.

Se escutarmos o som de uma nota, bem de perto, todos os dias, iremos escutar sua delicada cor. Com o ouvido relativo é diferente, nós escutamos claramente os sons, e temos que focar nossas atenções nos intervalos. Então, são dois tipos de treinamento diferente.

O ouvido absoluto não cria o ouvido relativo e o ouvido relativo não cria o ouvido absoluto. Cada um destes treinos ajuda ao outro, mas são coisas completamente diferentes.

O ouvido relativo dá a estrutura do acorde. Por exemplo, um acorde com a nona dominante. Mas que tipo de acorde com nona dominante? Isso é o que o ouvido absoluto nos diz, o ouvido perfeito nos dá as cores das notas do acorde, e assim poderemos classificá-lo.

Se voltarmos ao que falávamos das tvs, o ouvido relativo seria o foco nas figuras de um filme, na clareza da imagem. Se não tivermos o ouvido relativo, a imagem ficará um pouco embaçada. O ouvido absoluto são as cores do filme. Ele nos dá os padrões das cores dos sons.

O ouvido relativo é a troca das notas, a mudança dos intervalos. O ouvido perfeito, ou ouvido absoluto (termo técnico) significa a não-mudança. Os intervalos mudam mas as cores dos sons não mudam. Um Lá, por exemplo, sempre soará como um Lá, nunca mudará. Então,

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quando você estiver tocando ou cantando, sempre que você passar por um Lá, ele sempre soará igual. Eles são absolutos, não mudam. Por outro lado a relação entre os sons muda de acordo com a mudança dos sons.

Então esses são os dois níveis de percepção do ouvido, o nível superficial, que é o ouvido relativo, os intervalos, e o nível mais profundo, que é as cores dos sons,o ouvido absoluto.

Se você tem o ouvido absoluto não significa que você tem o ouvido relativo e se você tem o ouvido relativo não significa que você tem o ouvido absoluto. Mas se você não tem um ou outro você está perdendo uma grande parte da estrutura da música.

Os dois são então necessários. O ouvido será quatro vezes mais potente se tiver os dois juntos do que se tiver somente um deles.

Agora já temos uma idéia do que é e do que não é o ouvido absoluto. Então vamos ver os diferentes níveis do ouvido absoluto, pois o ouvido absoluto não é só uma coisa, existem vários degraus de habilidades.

O primeiro nível é a sensibilidade básica dos sons, o sentir as cores. Seria o mesmo de quando se faz a transposição de uma música, por exemplo, em Sol, para o tom de Mib. O sentimento da música muda. Isso porque cada tom tem seu próprio padrão de som, sua própria cor de som. Um Acorde de Fá tem uma cor diferente do Fá#, pois as notas são diferentes. Se você pode perceber esta diferença entre os tons esse é o básico do ouvido absoluto. Isso é o mesmo que uma criança aprendendo a diferenciar as cores. Ela pode olhar para uma cor vermelha e dizer: ‘laranja’, porque ainda não tem certeza absoluta em sua mente para dizer quais são as cores.

O segundo nível é a capacidade de discriminar as cores. Se eu tocar um Lá, você vai reconhecê-lo, se eu tocar um acorde de Sol Maior, você irá conhecê-lo na hora, este é o verdadeiro ouvido absoluto. Você pode discriminar entre as 12 cores cromáticas dos sons. A palavra cromática significa colorida.

Mas como cada uma dessas cores soam? Essa deve ser sua questão. Eu vou dizer o segredo por trás do desenvolvimento do ouvido absoluto e isso é ridiculamente simples. O fato é que o ouvido absoluto é uma habilidade natural do ouvido. Então isso precisa ser algo natural, simples. Não é complicado, é parte de nossa percepção. E é isso.

Se eu tiver 2 sons, o que você pode dizer deles?A primeira coisa é que um é mais alto e outro é mais baixo. Isso é o que todos escutam, isso é o ouvido relativo, saber qual é o mais alto e qual é o mais baixo.

Bem, vejamos o som mais alto sendo um Fá# e o mais baixo sendo um Míb. O Fá# tem um sentimento um tanto nasal, enquanto o Mib tem um som mais macio e adocicado.

Fá# - vibrante, nasal; Mib – macio, adocicado.

Essas são as cores desses sons. E se você escutar cuidadosamente, você vai escutar isso.

O Fá# tem um som vibrante algo tipo wewewe, e o Mib tem um som macio algo tipo wawawa.

Pegue seu instrumento e escute isso. Você verá que realmente soam assim. É uma diferente qualidade de som.

A princípio você provavelmente só escute estes sons em seu próprio instrumento. E não pense que você vai escutar em outros instrumentos, mas sim no seu instrumento.

Cada um dos 12 tons da escala cromática tem sua própria cor de som. À medida que os sons vão crescendo, nós vemos que cada um tem sua própria qualidade, sua própria cor.

O Fá# é vibrante, wewewe, o Mib é macio, wawawa. O Láb ele também é macio, mas é um outro tipo de maciez diferente do Mib.

Essas são as cores absolutas dos sons, e isso é o que se propõe o ouvido absoluto. Não é dizer o quão alto ou baixo uma nota é. Pessoas pensam que com o ouvido absoluto você vai escutar um som e vai dizer o quão alto ele está. O Lá, por exemplo, é difícil de se descrever.

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É como descrever as cores. O vermelho é uma cor vibrante, o azul já é uma cor mais tranqüila. Mas e o verde? Como descrevemos o verde? É um pouco crescente, não sei, é bem difícil descrever um verde. E o amarelo é diferente.

É o mesmo com os sons.

O que eu quero que você faça é: vá para seu instrumento agora e escute. Escute você mesmo que estas cores de sons existem. Veja as cores dos sons acima citados (Fá# e Mib). Depois disso, continue com as aulas.

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Lição 03

Você foi capaz de distinguir a diferença entre os dois sons? O Fá# tem um som vibrante, o Mib tem um som macio. Muitos de vocês escutaram isso claramente que ficaram surpresos porque nunca gastaram tempo para escutar notas individuais. Nos seminários, 99% das pessoas saem escutando perfeitamente os sons.

Se você pensou que era algo concreto, você deve agora saber que é uma percepção muito delicada. Não é concreto.

E se você escutou uma mínima diferença, então você escutou corretamente. Nós não tentamos escutar e tornar concreto, isso nunca será concreto. Mesmo depois de desenvolvido o ouvido absoluto, isso não é concreto.

Isso permite que nós distingamos os sons pelas variações que existem nos tons. Mas eles se tornam muito claro.

Eles se tornam tão claros que podemos identificar qualquer nota da escala.

Nós conhecemos as cores dos sons. Mas nós não tentamos escutar essas coisas, nós deixamos o ouvido escutar. Mesmo que você não tenha escutado as diferenças, digamos que você foi ao seu instrumento e você não conseguiu perceber a diferença, não precisa ficar inquieto, porque o ouvido tem o hábito de escutar horizontalmente. O ouvido absoluto é o escutar verticalmente. Nós temos que pegar um tom e escutar profundamente dentro dele.

Por exemplo, o Mib, não escutamos horizontalmente, comparando com o Fá#. Não, não. Nós escutamos dentro do som e pensamos: ‘ele soa com uma qualidade macia, diferente do Fá#, que é mais vibrante’. Você pode ter ficado triste se você escutou a relação entre os dois sons, isso é bom. O que estou dizendo é que o ouvido está condicionado a escutar só as relações entre os sons. Agora o que temos que fazer é sair deste hábito e entrar no hábito de escutar dentro dos tons. Quando pegarmos o hábito permanente de escutarmos dentro dos tons então teremos as duas percepções, a percepção das cores, o ouvido absoluto, e o ouvir horizontalmente.

Para escutarmos as cores não tentamos fazer com que seja claro, nós simplesmente escutamos e notamos a diferença de qualidade, então saberemos que escutamos corretamente.

Se escutarmos profundamente, o Fá# soa claro, vibrante, se parece muito com a cor visual vermelho. Lembre-se que não estamos associando às cores, estou dizendo que lembra a cor vermelha, e não estou dizendo que você tem que pensar no fá# como vermelho. O fá# é vibrante, nítido, mais que os outros tons, assim como a cor visual vermelho, que é mais destacada que os outros tons. Por isso é que usamos o vermelho para chamar a atenção, pois ela se destaca. Isso porque o vermelho prende a atenção dos olhos, da mesma forma, o fá# prende a atenção dos ouvidos. Por isso começamos com o Fá#.

Por outro lado, o Mib, tem uma qualidade macia de som.

E se colocarmos isso uma oitava acima, algo que faremos mais tarde, continuaremos a escutar a mesma qualidade de som. O fá# continua com seu som vibrante, enquanto o Mib continua com sua qualidade macia. E assim se faz por todas as oitavas.

A diferença é que cada oitava que se sobe, o som fica mais claro, mas continua com a mesma qualidade de som, o Fá# é o som vibrante e o Mib é o som macio. Mas não temos que pensar nisso agora, porque escutar nas oitavas agudas é mais difícil. Temos que treinar na oitava central.

Se tocarmos uma escala sem o ouvido absoluto, seria como se escutássemos em escala de cinza, as notas sobem e descem, mas não sentimos a diferença. Não podemos apreciar as cores, só podemos apreciar os tons subindo e descendo. Mas não tem diferença real entre esses tons, porque todos são sombras de cinza. Mas quando gastamos um tempo escutando, como temos feito, então ficaremos surpresos, escutaremos as cores.

Depois que você começar a escutar esses sons, você vai perceber que eles soam iguais para todo mundo, o fá# vai ser o som nasal, vibrante, o mib vai ser o som macio. Cada um dos 12 tons terá sua própria cor.

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Podemos chamar de cores, ou sabores, ou podemos chamá-los sentidos, se você preferir. Cada um pode chamar como preferir, mas cores é uma discriminação apurada porque mais rápida a freqüência, mais alta a afinação. E onde quer que a freqüência esteja, ela terá sua própria cor. Isso é exatamente igual ao campo visual das cores.

Vamos analisar isso um pouco mais.

O fá# é vibrante, o mib é macio, mas vamos escutar o Láb. Quando pulamos do fá# para o láb, nós perdemos algo. Existe certa aspereza no fá# que se perde quando pulamos para o lab, ele é macio e abafado, ele lembra um pouco o Mib. Mas se escutarmos atentamente, o Mib e o Láb têm diferentes qualidades de maciez. São diferentes notas e então tem diferentes cores.

O que eu quero é que você vá para o seu instrumento e escute essas cores, você ficará surpreso de perceber que isso realmente existe.

Bem, o fá# e o láb se distinguem pelas suas cores. E se colocarmos em acordes? Quais as diferenças que notaremos? O acorde de Fá# tem um som brilhante, um som um tanto confiante, bravo. O acorde de láb é bem mais refinado, polido.

Nos seminários, quando peço para descreverem o som, todos dizem as mesmas coisas com suas palavras. Isso é para você ver que não é algo que nós iremos apelidar, mas algo que existe dentro do mecanismo do ouvido absoluto. É que nós nunca havíamos usado isso antes, nunca havíamos escutado por este lado anteriormente.

Tente agora tocar o acorde de fá e o de mib, e perceba a diferença. Lembre-se que não é uma diferença clara, mas uma diferença de sensibilidade.

Quando você toca o acorde de Fa# e pula para o Mib, alguma coisa muda. No seu ouvido algo muda, e não tem a ver com o fato do fá# ser mais agudo que o mib, não estamos falando das relações entre os dois sons, estamos falando de uma intransitável qualidade de nos atuais tons. O acorde de fá# tem um som cheio, vibrante porque o fá# é o som fundamental do acorde. O som fundamental do acorde é o som mais forte do acorde, então se o som fundamental é vibrante, ele recheia o restante do acorde com este som vibrante. O acorde de mib tem o mib como fundamental, então ele recheia, tempera, o acorde inteiro com seu som macio.

Compositores usam determinados tons para suas músicas. Se tentarmos trocar, a música ficará com um diferente sentimento. A estrutura é a mesma, mas cada acorde tem sua própria cor, sua própria característica.

Esta é a beleza da percepção do ouvido absoluto. Escutar as mesmas estruturas, mas perceber que todas as cores são trocadas. Mas mais uma vez não tentamos escutar claramente. Não quero que você ache que o treinamento do ouvido absoluto é algo que você vai forçar seus ouvidos a escutar. Não é esse tipo de treinamento. Não podemos forçar o ouvido porque se tentarmos forçar, o ouvido não vai escutar. O ouvido só vai escutar se ele estiver numa situação confortável e relaxada. Aí sim, ele vai escutar.

Não fique decepcionado se você acha que escutou, depois não escutou de novo. Se você conseguiu escutar, essa é a experiência certa. Isso é algo que vai crescer graduadamente em seus ouvidos.

Então se algumas vezes você escutar e outras vezes não, sabia que a hora que você vai escutar é quando você não tentar escutar. E quando você escutar um pouquinho, você vai ficar excitado e vai dizer: “Bem, eu consigo escutar agora”. E você escuta de novo e isso evapora. É assim que essa experiência de cores é, é uma percepção apurada.

Bom, vamos falar do som vibrante do Fá#. Ele não pode ser o timbre do piano. Muitas pessoas nos seminários dizem que conseguem escutar sim, mas é o timbre do piano. Mas não é isso. Temos que escutar a Cor absoluta do Fá#. Agora e em qualquer momento, do passado ao futuro, qualquer pessoa que escutar o som do Fá# tem que escutar o som vibrante.Não é parte do piano, pois podemos escutar em todos os instrumentos. E não depende do piano ou

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de algum tipo de piano. Se fosse assim, ao ir para outro lugar, eu dependeria que o piano tivesse o som vibrante no fá#. Independente do tipo de piano, ou de instrumento, o jeito que o fá# vai soar sempre vai ser vibrante.

Nos seminários eu poderia pedir para as pessoas darem adjetivos para os 12 tons, mas não faço isso e vou dizer por quê. Eu quero que você escute estes sons por você mesmo. Não é algo que posso descrever para você e você poderá ir e escutar.

Se eu tivesse dito: “Ok, ouvido absoluto é escutar as cores, vá e escute as cores”, você nunca conseguiria. Mas eu estou dando as dicas, eu disse: “Veja esse fá#, ele tem um som vibrante”, e disse que o mib soa suave, wawawa. Eu dei algumas dicas e então você sabe por onde começar a escutar. Então seus ouvidos sabem como escutar numa direção vertical. E estando neste caminho, basta escutar. Você não pode escutar errado. Pessoas se preocupam dizendo: “E se eu escutar errado?”. Você não pode escutar errado. Como as cores são assim elas são. Você não tem que pensar nisso a nível de palavras, vibrante, suave, ou o que seja. Elas ficarão claras quando você escutar por você mesmo.

Então quando fazemos isso, nossa discriminação das cores cresce, e este é o primeiro nível do ouvido absoluto. É quando você percebe algumas diferenças, você ainda não está certo disso, mas percebe as diferenças. Pode ser quando muda a tonalidade da música. Isso é a conscientização das cores. E enquanto praticamos nossos exercícios de escutar as cores a técnica de escutar as cores cresce e se torna estável a conscientização das cores e se torna discriminação das cores. Seja qual nota eu tocar você pode dizer qual é no seu próprio instrumento.

Bem, quando você pode ouvir claramente, e quando eu digo claramente eu digo reconhecer as cores, não tornar concreto, nunca será concreto, quando puder reconhecer claramente no seu próprio instrumento os 12 tons então sua percepção será refinada. Então você terá um refinado reconhecimento das cores e esse será o terceiro nível do ouvido perfeito. Percepção refinada. Neste nível você poderá reconhecer as notas que são tocadas. E se você escutar uma nota, poderá dizer se está meio sustenida ou bemol. Não estou falando de comparar com outra nota, e sim de escutar a nota e dizer se aquela nota está um pouco sustenizada ou bemolizada dentro de sua extensão.

É assim que funciona. É da mesma foram que funciona nosso campo visual de cores. Se olharmos várias cores veremos que elas estão conectadas. Não é simplesmente dizer: “esse é vermelho, esse é laranja, esse é azul, esse é violeta”. Não. As cores estão interligadas de alguma forma. Então se você ver vermelho e laranja, qual é a cor que está no meio das duas ? Bem, é um vermelho-alaranjado. É isso porque seus olhos viram isso. Não é uma cor que você possa dizer que é vermelha ou laranja, tem um pouco das duas então você diz que é vermelho-alaranjado. Acontece da mesma forma com a percepção das cores das notas.

Digamos que eu tenho um Mi e um Fá. Se o Mi estiver um pouco sustenido, ele soará parecido com um fá, se parecerá um pouco com um fá. Da mesma forma que no campo visual se o vermelho estiver um pouco sustenido, parecerá um pouco com laranja.

Muitos acham que tendo um ouvido absoluto você terá um afinador na sua cabeça que dirá o quanto alto ou baixo vai estar uma nota, mas não é isso, é apenas percepção das cores. Se um mi estiver um pouco sustenizado, você será capaz de dizer que está um pouco sustenizado, ou se ele estiver um pouco bemol, você será capaz de dizer que ele está um pouco bemolizado. Se estiver muito alto o mi, quase um fá, você achará que é um fá, se estiver muito baixo, quase um mib, você pode achar que é um mib. Existe uma extensão. Não é algo que seja totalmente fixo. Você conhece as extensões. Isso que é uma refinada percepção das cores, quando o ouvido é capaz de escutar as notas em seu próprio instrumento e dizer se a afinação está um pouco alta ou baixa. Neste ponto, você será capaz de escutar isso no seu próprio instrumento.

Muitas pessoas chegam aos seminários achando que não tem um ouvido absoluto e dizem: “sim, se você tocar no piano eu sei exatamente que nota que é mas se você tocar no violino, eu fico completamente perdido”. Um maestro em Los Angeles disse que qualquer tom num oboé ele podia reconhecer claramente, mas nos outros instrumentos não. Ele tocava

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oboé. Isso é ouvido absoluto, porque isso é discriminação das cores. Nós podemos distinguir as notas no nosso instrumento, isso é ouvido absoluto, mas é um nível de ouvido absoluto.

Nós podemos refinar o ouvido para reconhecer as cores em qualquer instrumento. Isso é chamado de Discriminação Universal das Cores, quando o ouvido pode reconhecer claramente essas cores em qualquer tipo de instrumento. Não importa de onde o som é, somos capazes de reconhecer, seja um piano, violão, sinos, copos com água que usamos para fazer som, cantos de pássaros, vozes, qualquer coisa.

Então por que este fenômeno existe? Por que a princípio podemos escutar as cores só no nosso instrumento? O que nos impede de escutarmos as cores em instrumentos que não costumamos tocar? Bem, o timbre é a resposta. Timbre é uma consideração muito importante quando falamos de discriminação das cores. Porque timbre é a cor da tonalidade e o ouvido absoluto é a cor dos sons. Timbre é o que nos permite dizer qual instrumento está tocando. A Cor dos sons nos permite saber que notas foram tocadas.

As cores dos sons necessitam de uma percepção profunda, dentro das notas. O timbre está na superfície das notas. O timbre é óbvio, é fácil de escutar. Qualquer um pode dizer a diferença entre um piano e um violão.

Quando um pianista está estudando, ele escuta dentro da nota, bem profundamente, agora quando chega alguém com um sintetizador, o ouvido percebe o timbre diferente, o superficial. Se o som do sintetizador for meio nasal, ele pode escutar o mib e achar que é um fá#. Mas isso é apenas uma ilusão. O timbre não muda as cores das notas.

O ouvido precisa saber distinguir entre a cor do instrumento e a cor das notas. Isso é a Discriminação Universal das Cores.

Podemos ir além disso. Podemos dizer se uma nota está um pouco sustenida ou bemol em qualquer instrumento. Isso é chamado de Percepção Espectral das Cores.

Muitos acham que com o ouvido absoluto podemos dizer o quanto alto ou baixo está uma nota. Isso não é verdade. É só mesmo uma percepção humana. Podemos escutar uma nota e dizer que está alta ou baixa. O quanto? Não sei. Só está fora da afinação. Tudo é percepção humana, não nos tornamos computadores.

Mas a Discriminação Espectral não é o nível mais alto do ouvido absoluto.

O mais alto nível é a Recordação Oral. Esse é o ponto que você pensa num tom. É quando pela manhã, assim que você acorda, pensa num tom e canta ele afinado da sua própria memória.

Muitos acham que isso é um método de memorização, mas não é. Muitas vezes as pessoas repetem durante um tempo a nota dó, tentando decorar. Depois de um tempo, vão cantar e cantam um Si. Então não memorizaram.

Não é assim que se desenvolve um ouvido absoluto. Ouvido absoluto não é memorização das notas, mas discriminação das cores. Você nunca lembrará de um dó se você não souber a diferença de cores entre um dó e um si. Por outro lado, se você tiver somente comparando, é fácil esse dó se tornar um si ou um dó#.

Somente com a percepção das cores é que teremos uma lembrança apurada dos sons. Então a Recordação Oral é a mais clara percepção das cores das notas. É tão claro que podemos escutar na nossa própria mente.

E é muito interessante, digamos que você queira cantar um láb, você não pensa o quão alto ou baixo é esse som, você pensa na cor deste som. Quando você tiver todos os sons na sua cabeça você naturalmente conseguirá distinguir o som que é o lab e o cantar. Quando você pensa na cor do láb automaticamente você tem o láb. Cada tom tem uma cor.

Isso é um método de escutar as cores, nada de escutar quão alto ou baixo uma nota é. Esse é o mais alto nível do ouvido absoluto.

Quero enfatizar que desde o momento que você está treinando o ouvido absoluto todos esses níveis estão sendo desenvolvidos ao mesmo tempo.

Algumas vezes pessoas tem a Recordação Oral mas não tem a Discriminação Universal das Cores.

Todos os níveis trabalham assim, separados, e todos são necessários. Todos precisam ser desenvolvidos.

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Agora faça três coisas:

1 – escute um pouco mais. Vá até seu instrumento e escute as variações de sons que estamos falando até agora. Escute as variações de cores dos sons, profundamente.

2 – leia o manual, que vai rever tudo o que foi falado e adicionar novos pontos.

3 – volte ao seu instrumento e escute novamente os tons. Lembre-se de escutar gentilmente e facilmente os tons, nada forçado. E não tente escutar as cores claramente, seja simples e natural, como uma criança.

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Lição 04

Perguntas e Respostas

P – Eu tentei escutar as cores, mas quanto mais eu tento menos eu escuto.

R – Ok, isso é uma experiência muito comum. A princípio, você escuta as cores e depois elas somem. A única forma de se escutar claramente é quando o ouvido escuta relaxado, sem se preocupar. Você não pode forçar o ouvido a escutar. Tentar escutar é um tipo de atividade. E qualquer tipo de atividade te impedirá de escutar profundamente os sons. Você não pode forçar. Então escute relaxadamente. Se as cores vierem e voltarem, está tudo bem, pois este é o caminho que você vai percorrer. Algumas vezes você escuta e outras não. Não temos que tentar escutar. Deixe que o seu ouvido escute a nota e saiba classifica-la. Deixe a nota vir até você. Você não vai até a nota. Você escuta a nota e ela produz um tipo de sentimento. Então você escutará as cores. Somente deixe que as notas venham e produzam este sentimento, que será diferente de qualquer outra nota. Nós nunca tentamos fazer com que ela seja mais. Isso é um ponto importante. Quando começamos a escutar as cores, nós começamos a sentir que o Fá# é vibrante e o Mib é suave. Com o tempo, o Fá# não vai ficar mais vibrante. Não, não. Do jeito que você escuta agora, você escutará sempre. O que acontece é que seu ouvido consegue fazer uma única distinção de cada nota. Isso é o ouvido absoluto. Você é capaz de ter um refinado nível de audição. É uma distinção fixa: Fá# vibrante, Mib suave. As notas vão e voltam mas sempre tem esta característica.

P – Eu não pude conseguir nenhum rótulo para diferenciar as notas. Você pode descrever as cores dos sons um pouco mais?

R – Cores dos sons são simplesmente estas variações nos tons. É muito difícil descrever. Não devemos nos preocupar com o que elas são. Nós temos dicas: vibrante, suave, brilhante, o que seja. Não se preocupe em descrevê-las. Somente escute e pratique os exercícios. E gradualmente elas vão se tornando claras para você.

P – O Solb tem a mesma cor do Fá# ?

R – Sim, porque ambos são iguais. Mesmo em instrumentos como o violino, que tem uma mínima diferença, eles tem a mesma cor porque são muito próximos.

P – Todos com o ouvido absoluto escutam as cores da mesma forma?

R – Nos seminários, sempre que as pessoas descrevem as cores, é uma repetição. São sempre as mesmas. Sempre usam os mesmos rótulos para descrever os tons, então posso dizer que sim, escutam da mesma forma.

P – O que faço se tentar escutar e de forma nenhuma conseguir?

R – Então não se preocupe. Continue fazendo os exercícios, pratique bastante. O ouvido está condicionado a escutar Horizontalmente. Pratique para conseguir escutar verticalmente. Não temos que nos preocupar. Simplesmente vamos praticar e gradualmente o ouvido vai conseguir escutar estas delicadas cores das notas.

P – Diferentes tons têm diferentes cores de sons?

R – Sim. Ré maior tem um som diferente de Sol Maior. Eles têm um diferente sabor, então você tem que escutar os padrões das cores e você conseguirá escutar o rádio e dizer: “ah, isso foi um Sib maior”. Os sentimentos são diferentes sim.

P – E se você tiver que fazer uma modulação na música? Uma pessoa com o ouvido absoluto pode ficar confusa em relação ao que ele escuta e ao que está escrito na partitura?

R – Não. Isso é um dos mitos do ouvido absoluto. Muitos dizem que não querem ter o ouvido absoluto porque se sentirão confusos em relação ao que está escrito e o que está escutando. Não é assim. Ouvido absoluto são as cores. Como você pode se enrolar com as cores ?

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Comprar um tv colorida e reclamar que não gostou das sombras que determinado carro tem. Bem, mesmo você não gostando, uma tv colorida é melhor que qualquer tv preto e branco. O que acontece muito é que quando as pessoas tentam desenvolver o ouvido absoluto e não conseguem, ficam frustradas e começam a dizer que não precisam dele. Isso não é real, porque uma pessoa com o ouvido absoluto pode transportar o tom de uma música muito mais fácil que uma pessoa sem o ouvido absoluto.

P – E sobre as pessoas que são desafinada ?

R – Ok, aqui está outro mito. Muitas pessoas são tidas como desafinadas porque não conseguem alcançar os tons corretos. Na verdade, se você não consegue acertar uma nota você deve ter um problema vocal, você necessita de um professor de voz para te treinar.

P – A idade interfere no desenvolvimento do ouvido absoluto?

R – É um fator, mas não um fator essencial. Tenho pessoas nos seminários bem idosas que conseguem desenvolver o ouvido absoluto. Eu digo que uma criança pode pegar essas cores mais fácil que um adulto, porque seu ouvido não está condicionado. Mas nem sempre vai ser mais rápido. Eu penso que a adolescência é uma idade boa para se desenvolver o ouvido absoluto. Mas em qualquer idade, você pode desenvolver.

P – Quanto tempo se leva pra se desenvolver o ouvido absoluto?

R – 2, 3, 6, 10, 12, meses, tudo depende do caminho que você está usando para estudar as lições.

P – Você pode perder o ouvido absoluto?

R – Não. Quando você ganha esta discriminação de cores, ela se torna permanente. Você não pode esquecer como as cores soam.

---Seção de técnica

Ouvido absoluto não é uma habilidade intelectual, mas uma percepção como de uma criança.

Vamos voltar à infância agora.

O que eu quero que você faça é conseguir um conjunto com 12 lápis de cor, hidrocor, ou algo parecido. Pegue também uma folha em branco.

Então, sente relaxadamente por algum tempo, e tenha seu instrumento ao lado e o material acima.

Seja uma criança por um momento.

Escute os 12 sons cromáticos do seu instrumento, bem lentamente, bem profundamente. Deixe sua mente escutar livremente. Vá de um Dó ao outro.

Depois de escutar, veja se você consegue encontrar uma cor que você acha que se identifica com um tom em particular. Depois de conseguir isso, desenhe qualquer tipo de tabela que você quiser, com uma cor ilustrando cada som cromático. Você pode fazer notas coloridas ou um arco-íris. Seja livre e seja original.

Uma coisa: Este exercício é para todos fazerem, até mesmo aqueles que acham que podem pulá-lo.

E por um pequeno momento seja uma criança de novo.

Esse é um dos primeiros exercícios de técnica do ouvido absoluto. Não perca ele. Depois disso, siga para a próxima lição.

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Lição 05 Pergunta e resposta

P - Já que as cores das notas não é uma associação a cores visuais, por que você começou com esse tipo de associação?

R - Isso foi só para formar uma analogia entre o campo visual e o campo auditivo. O ponto é: você leva seu ouvido a escutar algo muito abstrato, e não concreto. Não faz diferença qual foi a cor que você associou a cada som, ou se cada um fizer diferente. Nós não estamos associando as cores. Isso foi só para introduzir o conceito.

__________________________________ Seção de técnica

Enquanto você escuta os tons, você notou que seu ouvido vai se abrindo? Quando você pára e escuta profundamente um som, relaxadamente, o que você notou? A maioria deve ter percebido que quanto mais se escuta um som mais se percebe essa simples particularidade dele. E é assim que você decide que um tom tem uma cor particular, você escolheu uma cor, e para escolher esta cor, você encontrou um tipo de sentimento naquele tom, algum tipo de diferença com aquela cor, então você pôde escolher.

Você vai descobrir que desenvolver o ouvido absoluto é simples assim, escutar despreocupadamente cada som, é escutar os sons de uma forma que nunca havíamos escutado antes.

Escutamos de forma a descobrir um diferente aspecto de cada som, que deixamos passar no nosso dia a dia musical.

Você notará que dando continuidade aos exercícios, seu ouvido não poderá te dar uma ajuda, mas ele abrirá mais e mais. Isso é somente porque estamos colocando uma simples atenção naquilo que escutamos.

Se você quis pular o exercício anterior com as cores, faça-o agora, pois ele é um exercício introdutor para seu ouvido pensar e sentir em termos de cores. Lembre-se que o ouvido absoluto é uma delicadíssima percepção.

Isso nos trás à fase 1 do curso. Desde aqui até a Master Class 12 fazem parte da Fase 1 da Técnica Prática de Escutar as Cores para o Ouvido Absoluto.

Essa é uma fase perpétua, pois iremos acordar seu ouvido, iremos massagear seu ouvido, você escutará mais perfeitamente. Isso é absolutamente crítico para que possamos abrir seu ouvido para escutar as cores. Pois iremos trabalhar seu ouvido, e ele vai ficar mais vivo, mais sensitivo. Nós iremos o acordar. Essa é a coisa principal da fase 1. Depois, na fase 2 é quando a experiência do ouvido perfeito se torna cristalizada, é quando você realmente ganha o ouvido absoluto.

Veja, tem um longo caminho que você deve percorrer para que os sons venham até você. O ouvido absoluto não virá para você uma nota de cada vez, não é escutar um Dó, e depois escutar um dó#, e depois um ré, etc. Não é assim. O que acontece é que o ouvido vai acordando gradualmente.

Na fase 2, então, você será capaz de identificar os sons, todos os tons se tornarão claros para você.

É claro que poderemos identificar alguns tons mais facilmente que outros, mas basicamente, todas as cores se tornam claras ao mesmo tempo.

E depois de desenvolver o ouvido absoluto, iremos aperfeiçoá-lo na fase 3.

Mas cada coisa ao seu tempo. Vamos ver coisas iniciais que necessitamos. Você pode até fazer anotações, mas isso é tão simples que acho que não será necessário.

Este curso é escutado por pessoas do mundo inteiro, que tocam diferentes instrumentos, que tem diferentes estilos de música e diferentes graus de musicalidade. Mas todos têm algo

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em comum: todos têm ouvidos. E nós não queremos apenas ter um ouvido, mas ter um grande ouvido, porque a base da música é escutar.

Mas este método funcionará bem para todos. Eu digo isso porque sei o que estou ensinando e tenho experiências positivas sobre o assunto. Esta é a versão final do curso, que sofreu várias alterações para o aluno aprender melhor. Basta seguir o programa passo a passo. Existem até 2 Universidades que adotaram este programa também.

Até hoje ainda existem pessoas que acham que para se ter o ouvido absoluto, você tem que ter um determinado gene nos seus cromossomos. Pode até ser, mas para isso, você deveria ter desenvolvido o ouvido absoluto quando criança por conta própria. A experiência tem me mostrado muitas pessoas que não tinham o ouvido absoluto e que o desenvolveram. Então não importa como são seus genes, você pode ganhar o ouvido absoluto. Mas só quando você sabe como escutar, pois senão você não irá conseguir.

O importante é saber como seguir o programa passo a passo.

Recolhi várias histórias de várias pessoas e percebi que, quando uma não consegue adquirir o ouvido absoluto é porque não seguiu as instruções dadas ou não quis gastar tempo escutando do jeito certo.

No início, eu estudei muito como seria este programa. Eu pensei em fazer um programa diferente para piano, outro para violão, outro para iniciantes, outro para músicos avançados, etc,etc, mas quanto mais pensei em fazer isso, mais decidi em fazer tudo em um grande grupo. Percebi nos conservatórios que as Master Class de audição são feitas com todos os músicos sentados juntos, escutando, e depois, cada um vai para o seu instrumento.

Então decidi fazer um programa único. Algumas vezes vou dizer algo para pianistas, mas quem toca violão deverá estar atento também, ou direi para violonistas, mas os flautistas precisam saber também como funciona. Em resumo, esteja atento a tudo falado.

Escute cada uma das Master Class e pratique cada uma das coisas e, depois que você conseguir cumprir o que foi pedido, então passe para a seguinte.

Agora, para começarmos nossa prática de escutar as cores vamos precisar de um instrumento para praticar. Qual instrumento você vai usar? Bem, os resultados serão mais rápidos se você usar o instrumento que você toca melhor, o instrumento que seu ouvido está mais familiarizado. Você pode fazer este treinamento com qualquer instrumento, mas se você não usar o instrumento que seu ouvido está acostumado, vai demorar mais para se familiarizar com o novo tipo de som. Eu penso que um bom instrumento para se utilizar é um sintetizador, porque você pode ajustar seu som do jeito que você quiser, para o instrumento que você está familiarizado. Um vocalista pode utilizar o piano como instrumento, ou o sintetizador com o som de piano, porque o piano é um instrumento universal, e você se acostumará rapidamente com o som dele. Se você tiver um teclado também será mais fácil, porque você poderá executar os acordes propostos, algo que não pode ser feito numa flauta, mas se seu instrumento é uma flauta, basta tocar uma nota de cada vez. Não há problemas.

Observe que o treino do ouvido é uma arte, e você pode adaptar as instruções de forma a facilitar seu aprendizado. É por isso que eu digo que é para você escutar todas as instruções em todas as aulas e fazer todos os exercícios. Treinar o ouvido é um treinamento pessoal, e eu quero que você fique bem treinado com estas Lições.

Bem, quando você escolher o seu instrumento, você não vai trocar o som. Use o mesmo instrumento até chegarmos à fase 3 do curso. Para o ouvido relativo, não faz diferença o instrumento, mas para o ouvido perfeito faz.

Para aqueles que tocam instrumentos melódicos, pode se utilizar também o piano, basta gastar um tempo para sincronizar seu ouvido ao som do piano.

Você percebe como este treino não é uma ciência exata? É também uma arte, flexível, que você pode adaptar de acordo com sua necessidade, para facilitar você.

Eu quero que você entenda como funciona o ouvido absoluto, e então você perceberá tudo o que precisa desenvolver em seu ouvido. Por isso que quero que escutem todas as instruções para todos os instrumentos, e as entenda.

Muitos dos exercícios que faremos serão exercícios para escutar, outros serão para cantar. Isso significa que muitas vezes você terá um som e terá que nomeá-lo, outras vezes,

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terá o nome do som e terá que cantá-lo. O que enfatizo é que quando estiver fazendo exercícios para escutar as notas, somente ouça, não cante o tom. Nós não queremos começar a julgar as notas com nossa voz, não queremos relacionar com a Afinação pela Tensão Vocal. Nós queremos aprender os sons pelo ouvido.

Então, aqui estão as regras: quando for para escutar, escute, e quando for para cantar, cante. Fácil?

Agora teremos exercícios para todos os músicos, sem exceção. Nós teremos exercícios em 3 categorias, que são: Teclado Solo, Violão Solo e grupos. Os exercícios de solo você poderá fazer sozinho em seu instrumento. Teremos então o grupo de solos de teclado e o de violão. Os exercícios de grupo significa que você se juntará com alguém para praticá-los. O seu parceiro não precisa necessariamente tocar o mesmo instrumento que você. Prática em grupo é muito bom, porque você tem um tipo de suporte. E também é divertido trabalhar com outro, porque vocês podem se desafiar. Então se você puder arrumar alguém pra praticar, será muito bom, mas se não conseguir, não se desespere, você pode executar os exercícios de solo, que são completos. O fato é que eu mesmo fiz isso, quando eu tinha 14 anos, eu não tinha uma pessoa para praticar. Bem, eu tinha meus irmãos, e os colocava para tocar sons para mim, mas eles não podiam me ajudar nem estavam comigo todos os dias. Então tive que me sentar sozinho e descobrir como fazer meu ouvido funcionar por conta própria. Eu passarei para vocês os mesmos exercícios de solo que eu fiz para treinar o ouvido. Mas lembre-se, que mesmo que você faça as práticas de solo, eu quero que você estude as práticas de grupo, pois são diferentes e é importante você conhecê-las. Pois pode acontecer de uma hora você encontrar alguém para treinar junto.

Para os que tocam instrumentos melódicos, seria muito bom se juntar com alguém, e se não conseguir, praticar muito as técnicas de meditação do treinamento de ouvido. É uma técnica simples, mas não a subestime. Na verdade, todas as técnicas são simples, mas eficientes. O fato é que elas funcionam por serem simples.

Eu descobri que pessoas que tocam diferentes instrumentos tem diferentes tipos de ouvido. Os que tocam violino, viola, cello, tem um ouvido mais apurados, pois precisam escutar cuidadosamente cada um dos sons. Eles criam os sons por sua conta, não tem nada marcado. Uma enorme sensibilidade é necessária para se tornar um bom instrumentista.

Os que tocam estes instrumentos estão acostumados a focalizar o ouvido em uma nota por vez, os que tocam piano já escutam muitas notas ao mesmo tempo. Normalmente quem toa um instrumento melódico adquire mais rápido o ouvido absoluto, pois entende o exercício e logo o pratica no instrumento e consegue definir as cores das notas. Mas o importante para estes instrumentistas é entender como o ouvido absoluto fica caracterizado no seu ouvido.

Às vezes basta falar sobre o ouvido absoluto e mostrar como ele é que estes instrumentistas conseguem desenvolvê-los. Por isso é importante que estes pratiquem as Técnicas de Meditação Notas, que será descrita na fase 1 e melhor detalhada na Lição 13. Não esqueça que é essencial que se estude todas as técnicas ensinadas neste curso.

Eu quero que você escute, no máximo, 1 master class por dia, não quero que faça mais que isso. E vá com calma, demore o tempo que você precisar para passar de uma para a outra.

Não pense que você conseguirá fazer tudo em 1 ou 2 dias, você pode demorar a conseguir realizar alguns dos exercícios. Por isso, não se apresse. Pode acontecer de você precisar usar uma ou duas semanas para cumprir aquilo que for pedido, então não se preocupe em demorar.

No início vai parecer simples demais, mas depois vai começar a ficar mais complicado. Por isso que temos que ir passo a passo. As pessoas que tentam fazer tudo muito rápido, não conseguem desenvolver o ouvido absoluto.

Mas é divertido, é como um quebra-cabeça que seu ouvido tem que montar. E você ficará admirado de como seu ouvido vai se desenvolver dentro disso.

E não praticamos muito tempo por dia. Uma sessão pequena, mas diária fará com que seu ouvido se desenvolva rapidamente.

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Para as partes de solo, recomendo escutar 10 ou 15 minutos por dia e só. E para a prática de grupo, cada um treinará o outro 10 ou 15 minutos e trocarão de lugar.

Então treine todas as coisas, faça o que foi proposto para se fazer e depois de conseguir realizar bem, passe para a próxima etapa.

Se chegar a um ponto que não sabe como passar, não se desespere, foi preparado um a parte especial para isso, chamado de “Pontos Importantes”, que tem as partes mais comuns onde as pessoas ficam paradas. Mas só escute se você estiver mesmo estagnado, deixe para depois se estiver indo bem.

Bem, agora vou dar o exercício de hoje.

Muitos vão dizer “oras, mas só isso que tenho que fazer?”, outros vão achar que podem passar direto, mas todos precisam praticar isso. Passe por isso e depois siga para a lição 6.

- Para o grupo de teclado solo, simplesmente pegue seu instrumento e toque qualquer duas notas brancas separadas por uma nota branca, como MI e Sol, Fá e Lá, etc. Toque as duas notas juntas e as escute cuidadosamente. Tente escutar individualmente, para identificar os dois tons. Normalmente se escuta a nota superior, então temos que escutar cuidadosamente para escutar a nota mais grave. Deixe seu ouvido entrar nos sons de maneira a escutar o som mais grave tão claramente quanto o som agudo. Agora, para provar que estamos realmente escutando os dois tons, nós os cantamos. Cante os dois tons do grave para o agudo. Quando conseguimos cantar os tons, isso prova que estamos escutando os dois tons. Faça isso usando vários tons separados por uma nota branca, vamos usar só as notas brancas agora. Se você não conseguir escutar o som mais grave, toque-o separado e depois junte com o mais agudo. E então seja capaz de cantar os sons, sem se preocupar em falar os nomes deles, somente cante os sons. Não estamos nomeando os sons. Então escute e cante do mais grave para o mais agudo.

- Para o grupo de Violão Solo, se eu tocar uma corda num violão, você sabe que corda estará soando? Você trabalha com cordas o tempo inteiro, você sabe reconhecê-las se as escutar (cordas soltas )? Bem, o que eu quero que você faça é: aprenda as cordas do violão pelo ouvido, somente as cordas soltas. Aqui está como você vai praticar. Toque uma corda aleatoriamente e tente identificar que corda é esta, pelo ouvido. Pode parecer muito simples para alguns, mas para desenvolver o ouvido perfeito a primeira coisa que quero dos violonistas é que aprendam a identificar as cordas pelo ouvido. Essas 6 cordas são básicas, você tem que reconhecê-las. Não se preocupe em dizer a cor de cada tom. Não se preocupe em relacionar cada corda, simplesmente aprenda cada corda. É tudo que quero que você faça como exercício: aprenda as cordas.

Agora se você está passando por um treinamento de ouvido relativo, você saberá tocar uma terça maior nos instrumentos. No violão, você toca, por exemplo, uma corda solta, e anda quatro casas para conseguir a terça maior deste som. Então quando tivermos dois sons separados por 4 casas, temos uma terça maior. Se forem separados por 3 casas, temos uma terça menor.

Toque duas cordas de forma a conseguir escutar terças maiores e terças menores (para isso você deverá ter um prévio conhecimento das notas no violão) e identifique as notas. Cante-as da mais grave para a mais aguda. Tenha em seus ouvidos a diferença entre uma terça maiôs e uma terça menor.

Você sabe reconhecer uma terça maior e uma terça menor pelo que ele soa? Se você está levando a sério este treinamento de ouvido é importante que você saiba reconhecer os intervalos, isso é conseguido pelo treinamento do ouvido relativo e fará seu ouvido ficar mais forte.

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- Para os instrumentistas Solo, o que você tem que fazer é bem mais fácil. O que eu quero que você faça é escutar cuidadosamente o Dó e o Ré e os cante, como uma meditação. Então é isso, escute o Dó em seu instrumento, deixe o som entrar em seu ouvido, escute gentilmente, então escute a afinação em sua mente, imagine o som. Então cante o tom e escute o som de novo. Repita isso com o Ré. Só iremos usar o Dó e o Ré por enquanto, nenhum outro tom, e use-os no seu próprio instrumento.

Não estamos preocupados com o Dó e o Ré de concerto. Caso você toque clarinete em Bb, por exemplo, seu Dó soará como Sib, não tem problema. Use Dó e Ré no seu instrumento, independentes de como eles soarão.

Os que não tocam nenhum instrumento podem fazer os exercícios de teclado. Todos os músicos podem praticar mais de um exercício descrito nesta sessão. Para os que querem praticar a parte em grupo, iremos iniciá-la na próxima sessão.

E mais uma coisa que quero lembrar a você sobre este Curso de Treinamento do Ouvido Absoluto: se divirta, aproveite o seu treinamento. Não seja uma dessas pessoas que leva tudo muito a sério e muito profissionalmente.

Ouvido absoluto não é profissionalismo, mas uma natural percepção humana.

Eu acho que você vai gostar deste treino, que irá desafiar seus ouvidos a se abrir por completo.

Então lembre-se de apreciar o que você está fazendo. Examine todas essas atividades musicais, porque a música é a linguagem do coração.

Temos que lembrar de não fazermos isso mentalmente estagnados, mas sim como se fôssemos uma criança desenhando notas num papel. Temos que fazer os exercícios sem pressa. Esse é o caminho para progredir. E esta costuma ser a razão pela qual adultos não ganham o ouvido absoluto, pois você tem que ter um sentimento como de uma criança, para que seu ouvido realmente se abra.

Referências

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