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Por Karin Fuchs | karinfuchs@skweb.com.br

José Otávio Sampaio

dezembro2019 revistacobertura.com.br 31

RC | O passo seguinte foi a presidência? JS | Em 2016, com a fusão da To-

wers Watson, que virou Willis Towers Watson, fui nomeado como head do Brasil, antes eu era o CEO da Willis. Eu passei a ser o head da Willis Towers Watson, das duas operações, consul- toria e corretagem.

RC | Como a companhia está estruturada? JS | Ela tem a parte de riscos e a parte

de consultoria. A de seguros tem duas linhas de atuação mais fortes, a Cor- porate Risks & Brokers, de ramos ele- mentares, e a HCB, Human Capital & Benefits, de benefícios: Saúde, Vida e Odontológico.

Ao todo, são mil colaboradores no Bra- sil, em seus sete escritórios: duas uni- dades em São Paulo (SP), Belo Horizon- te (MG), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Volta Redonda (RJ).

RC | Além de contar com o know how de outros países

JS – O mercado de corretagem é mui-

to dinâmico, ele apresenta oportunida- des a todo momento de crescimento e para trazermos novos produtos. A nossa empresa é globalizada, presente em mais de 120 países do mundo, com uma troca de know how para podermos implementar uma série de práticas globais que podem adicionar valor aos nossos clientes.

Nós sempre estamos procurando jun- tar a parte de consultoria, de capital hu- mano, nisso tudo. Nós temos uma es- trutura e uma expertise global aplicada localmente, que chamamos de Glocal. De um lado, nós lidamos com o risco e de outro, com o risco de capital huma- no. Nós conseguimos fazer um balanço nessas duas atividades, pensando nas duas juntas.

RC | Em sua opinião, quais foram as principais mudanças no mercado nos últimos anos?

JS | O mercado de seguros se profis-

sionalizou muito, tem uma faixa que consegue atrair muita gente que estava indo somente para o mercado finan- ceiro, atraindo pessoas muito capaci- tadas para serem treinadas e atuarem no nosso mercado, que tem ainda uma

participação pequena no PIB e que tem muito a crescer em todos os aspectos.

RC | É um mercado dinâmico... JS | Sem dúvida. Mesmo quando a eco-

nomia não está bem, ele é o mercado mais estável, pois os clientes querem se proteger dos infortúnios e de aciden- tes que podem acontecer. Uma perda muito grande pode afetar a saúde fi- nanceira deles. E a abertura do merca- do de resseguros, em 2008, melhorou muito a questão de outros entrantes no Brasil, com a vinda de investimentos para abrir o mercado. O que era muito importante, justamente para diferen- ciar a proporção de valor para o cliente.

RC | E mais recentemente, a tecnolo- gia está revolucionando o mercado

JS | Há muitas ferramentas digitais e

a inteligência artificial só vai melhorar o nosso mercado. Tem uma área que está começando a ser desenvolvida no Brasil e que lá fora é mais evoluída, chamada de Risks & Analytics, que é fantástica. Com ela, você consegue fazer mode- lagens através da inteligência artificial para os clientes poderem se precaver, para que possam tomar as medidas ne- cessárias, fazerem os investimentos e verem o que precisam reter e o que pre- cisam transferir de risco. Tem uma série de ferramentas que a tecnologia irá aju- dar muito nesta parte de grandes riscos. No seguro de pessoas, a tecnologia vai melhorar a penetração do seguro no Brasil. Hoje em dia se faz tudo pelo celular e as pessoas terão acesso ao digital para comprar seguros. Porém, a intermediação do corretor sempre exis- tirá, pois você precisará de alguém para te assessorar a fazer a melhor escolha.

RC | A tecnologia vem para complementar JS | O fator humano sempre terá na

corretagem, o nosso mercado é de re- lacionamento. Quem é profissional não tem com que se preocupar, sempre ha- verá espaço para ele. A tecnologia vem para complementar a corretagem. Hoje, você tem um tripé para a sobrevivência de uma empresa como a nossa: pesso- as, bons recursos humanos, processos. É preciso um processo simples e claro para conseguir gerenciar tudo, e tem

que ter sistemas, a tecnologia. Sem este tripé é muito difícil prestar um bom serviço.

RC | Qual é o segredo para cons- truir uma carreira longeva na mes- ma empresa?

JS – É como um casamento com pai-

xão. Se você é apaixonado pelo que faz, num lugar que te dão todas as condi- ções para você fazer o seu trabalho, não há motivo para mudar. Eu tenho muitos desafios dentro da companhia e o próprio ambiente externo tem nos desafiado e me desafiado muito. En- quanto eu for desafiado e apaixonado pelo que faço, pelas condições que te- mos e o apoio na companhia, não há por que não continuar.

RC | E vendo a empresa crescer... JS | Hoje em dia, nós somos uma fa-

mília. Quando comecei na companhia eram 100 funcionários, hoje são mil aqui no Brasil. Eu sou uma parte da his- tória, tem gente lá atrás que fez a outra parte. Para se ter uma ideia, tem pes- soas que trabalham conosco há mais de 25 anos, que começaram muito jovens, e que hoje estão na faixa de 40 anos. Graças a Deus, eu tenho o apoio do meu chefe, da organização e de todas as pessoas que me cercam, até porque, não fazemos nada sozinhos.

RC | A motivação principal é o desafio? JS | Exatamente. Eu sempre gosto de

me desafiar, cada vez mais, nós temos que colocar a companhia em uma posi- ção de liderança, estamos sempre bus- cando isso, e também estando no radar dos nossos principais clientes. Estamos sempre buscando isso com excelência de serviços, com foco no cliente, com todos os nossos valores, para poder- mos defender a empresa nesse mundo competitivo que vivemos.

Nós temos um país e uma economia desafiadores, que já passou por altos e baixos, e nós esperamos que agora ela volte a um ritmo mais acelerado de crescimento. A ideia é eu continuar co- laborando com a companhia da melhor maneira, abrindo espaço para os jovens e criando sucessões para que eles ve- jam a carreira que terão pela frente.

A

ssunto em voga no mercado de seguros, principalmente en- tre os corretores de seguros, o anúncio da Medida Provisória 905/19 deixou os profissionais temerosos.

Isso porque a proposta da Presidência da República vislumbra a derrubada da exigência de registros profissionais de diversas categorias, dentre as quais, a de corretagem de seguros. Publicada em novembro, a MP tem um prazo de 120 dias para ser sancionada.

Diante disso, o mercado de seguros tem reagido em algumas frentes para, além de esclarecer as questões que en- volvem a MP aos profissionais, garantir a permanência do corretor de seguros no exercício pleno de sua profissão.

Após a publicação da medida no Diá- rio Oficial da União, a Fenacor reuniu-se

com a superintendente da Susep, Solan- ge Vieira, para a discussão do assunto.

O presidente da federação dos corre- tores, Armando Vergílio, e os vice-pre- sidentes Alexandre Camillo e Robert Bittar, manifestaram o inconformismo da categoria diante de algumas ques- tões que cercam a MP, como a possível revogação da Lei nº4.594/64, que re- gulamentou a profissão de corretor de seguros e pode sofrer com alterações e atualizações para os dias atuais.

Os líderes da entidade também deixa- ram exposta a preocupação com a re- vogação de dispositivos do Decreto-Lei nº 73/66, por discordarem da exclusão dos profissionais do Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP).

Em nota, a CNseg ponderou que a Me- dida Provisória gerou diversas dúvidas em todo o mercado de seguros. Entre- tanto, a confederação das seguradoras defende que as relações comerciais en- tre seguradoras e corretores não devem ser abaladas e interrompidas pela pos- sível lei, uma vez que a MP não deixa de considerar a existência do corretor como intermediador dos contratos de seguros. “E, por essa razão, permanecem váli- dos todos os contratos por eles inter- mediados, assim como contratos que vierem a ser doravante firmados. As relações comerciais entre seguradora e corretor de seguros não serão altera- das, não devendo haver, por conseguin-

te, preocupações quanto à interrupção dessas relações”, esclarece a nota.

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