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Trajetória profissional das professoras

Metodológicos

Capítulo 4: Os sujeitos, as escolas e os encontros de formação

4.1. Trajetória profissional das professoras

Conhecer a trajetória profissional das professoras foi de grande valia para que pudéssemos perceber como cada uma delas se constituiu professora.

A PEM 1 começou a estagiar em escolas particulares desde o primeiro ano do curso de graduação em Pedagogia. Estagiou como professora e auxiliar de coordenação. Iniciou sua carreira como professora titular em uma Escola Particular de São Paulo, lecionando para alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 e 2. Saiu desta escola quando passou no concurso para trabalhar na Escola Municipal, onde leciona até hoje.

A PEM 2 ao descrever sua trajetória profissional destaca que começou a lecionar na rede Estadual de Ensino, enquanto fazia graduação em Artes numa universidade em São Paulo. Foi aprovada no concurso para professor da prefeitura de São Paulo em Artes, exercendo essa função por alguns anos e, depois, foi aprovada novamente no concurso público da prefeitura de São Paulo, porém para lecionar na Educação Infantil. Optou por essa segunda aprovação em razão de suas experiências anteriores, pois, entre um concurso e outro, teve a oportunidade de trabalhar nas Casas André Luiz e no Projeto Família da Fundação CASA com crianças vitimizadas e carentes. Ressalta que nas Casas André Luiz realizou um trabalho, Arte terapia, direcionado aos portadores de diversas necessidades especiais, que envolvia o corpo e outras formas de linguagem. No Projeto Família fez um trabalho mais psicopedagógico resgatando a criança em seu contexto social, familiar e escolar.

Quanto a trajetória profissional, PEE 3 relata que por 15 anos trabalhou no comércio na função de operadora de caixa, analista de crédito e proprietária de restaurante. Por seis anos trabalhou como auxiliar administrativo em escola pública. Nesse período passou a exercer o magistério como professor eventual. Voltou a trabalhar no comércio, sendo que depois de dois anos retornou à sala de aula e iniciou o curso de pedagogia, permanecendo na profissão de professor. Ser professora era sua última opção, por isso negou muito a profissão. Foi a partir de uma substituição

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mais prolongada em classe especial (DI16) que começou a aceitá-la. Termina dizendo que “dizer que eu sou, gosto e quero continuar sendo professora, representa uma conquista inestimável.“ (Questionário 1, PEE 3, 2011).

A PEE 4 entrou na escola como inspetora de alunos em um período e, no outro, ficou atendendo como psicóloga na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté. Estes dois extremos colocaram-na diante da permissividade da escola, sendo cobrada duramente no presídio, o que a fez optar para a classe especial – alunos com deficiências leves e limítrofes. Trabalhou por oito anos, até se tornar efetiva, condição esta que não mais permitia permanecer na classe especial. Por fim, passou a dar aula na classe comum tentando envolver os alunos com dificuldades.

A PEE 5 destaca o fato de ser filha de professora. Sua primeira formação foi em Ciências Contábeis e nesta área trabalhou com minicursos e palestras para microempresa e se encantou. Percebeu que não se interessava pela parte burocrática do processo e optou pela da área de educação. Fez licenciatura em Matemática. Iniciou como professora eventual e de recuperação. Logo em seguida, assumiu uma sala na escola, onde atualmente é diretora. Em 2005 efetivou em outra UE (Unidade Escolar) onde teve um incentivo muito grande por parte da diretora em se aprofundar na área pedagógica. Fez o curso de pedagogia e foi para a coordenação do Ensino Fundamental I. Mais uma vez, se encantou com as crianças menores e com o trabalho dos professores polivalentes. Durante este percurso verificou a dificuldade dos professores em trabalhar com a Matemática e passou a auxiliá-los em sala de aula Percebendo a necessidade de ampliar seus saberes, fez uma especialização em Educação Matemática, intensificando sua pesquisa sobre os saberes e práticas dos docentes. Hoje, exerce a função de diretora de uma Unidade Escolar Estadual, intensificando a formação dos coordenadores e professores.

Por fim, a professora PEE 6 é formada em Magistério, Pedagogia e Pós graduada em Deficientes Mentais. Sempre trabalhou com inclusão. Destaca que “são 33 anos de muita alegria junto aos alunos com deficiência.” (Questionário 1, PEE 6, 2011). Trabalhou em colégios de São Paulo, sendo que em ambos recebeu alunos com

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alguma deficiência. Foi professora voluntária em alfabetização de crianças ribeirinhas no Pantanal – Mato Grosso do Sul. Foi voluntária em uma escola na sala de deficientes, o que permitiu “um engrandecimento e vontade de lutar por eles.” (Questionário 1, PEE 6, 2011). Aponta uma preocupação com o trabalho atual em relação à inclusão, pois “os alunos são praticamente jogados na sala de aula e o professor que se vire [...] Os professores não sabem o que fazer, pois não são especializados em nenhuma deficiência e não há material pedagógico para o professor trabalhar.” (Questionário 1, PEE 6, 2011). Por ter prática, acaba auxiliando seus colegas, realizando a adaptação necessária para a evolução dos alunos com deficiência.

Apesar de trajetórias diferentes, duas das quatro professoras destacam o contato e o trabalho com alunos com deficiência. Apontam aspectos relevantes e preocupantes quanto à formação de professores para o exercício de um trabalho de qualidade. Por outro lado, uma das professoras destaca seu trabalho como formadora de professores para o ensino de Matemática, apesar de não ter formação específica em Matemática. Sua preocupação, somada à necessidade do grupo, a encaminhou por espaços de formação de modo a qualificar seu trabalho como formadora na escola em que trabalha.

É importante destacar a trajetória da professora PEE 3: ser professora era sua última opção. Hoje, se orgulha em dizer que é professora e isso se deve a um trabalho com crianças com deficiência intelectual.

Por meio da análise das seis trajetórias apresentadas é possível perceber que as docentes lecionam, em média, há 18 anos, sendo que apenas uma delas tem uma ligação mais próxima com o ensino de Matemática, porém sem focar no trabalho com alunos portadores de deficiência. Trata-se de um trabalho de formação junto aos professores da sua escola. Por outro lado, apesar de três professoras terem tido contato com o ensino de alunos com deficiência, nenhuma delas apontou indícios de um trabalho voltado para o ensino de Matemática.

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