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Essas particularidades recorrentes em uma modalidade presencial podem também ser observada em um contexto digital, no entanto, com funções diferenciadas. A interação presencial, em termos extralingüísticos, é muito mais rica em relação à interação virtual, dado que em um monitoramento presencial os recursos extralingüísticos aos quais uma pessoa pode recorrer possibilitam diferentes formas de interação e de comunicação de forma imediata e efeciente. Na seqüência, apresentamos as categorias de andaimes encontradas no E1.

4.1.2 O processo de interação entre os participantes do E1 e as categorias de andaimes encontradas nessa modalidade de ensino

Ao analisar as transcrições dos vídeos, observa-se que a professora, ao iniciar o curso, interage com cada aluno para melhor conhecê-los. Nota-se também que há uma preocupação em familiarizar os alunos com relação ao ambiente do curso. Ao navegar, os alunos conhecem os diferentes recursos disponíveis no WE, os objetivos do curso e o conteúdo programático que será estudado por eles. Após esse momento de reconhecimento dos ambientes e de quem são os participantes, os alunos são direcionados às tarefas propostas, as quais serão realizadas através do computador.

Analisando a primeira aula, pode-se afirmar que a interação se dá, principalmente, entre professor-aluno. Para incentivar a participação dos alunos, a professora solicita a leitura oral das instruções das tarefas ou interage

individualmente com os alunos. Nessa aula, a apresentação individual e oral de cada indivíduo permite que os participantes interajam uns com os outros, buscando descobrir informações sobre seus colegas.

Além disso, na primeira aula, a professora solicita a leitura em voz alta do conteúdo das páginas acessadas ou das instruções das tarefas propostas. Essa estratégia é uma maneira de induzir os alunos a participarem um pouco mais da aula e também de fazer uso da língua que estão estudando. Esse incentivo à participação dos alunos visa oportuniza-los a engajar-se, interagir e conversar em LI na sala de aula, pois quanto mais o aluno estiver exposto ao uso da LE, maior a possibilidade de aquisição.

Assim, ao fazê-los navegar e, ao mesmo tempo ler as instruções na tela do computador, a professora tem a oportunidade de chamar a atenção dos alunos sobre a pronúncia das palavras e sobre os diferentes recursos disponíveis no curso, que podem promover a interação entre os participantes. Como sabemos, muitos alunos não gostam de ler as orientações recomendadas, então, fazê-los ler, principalmente, as instruções em voz alta, parece ser uma saída para motivá-los a engajar-se e a participar mais ativamente nas aulas.

Possibilitar essa interação entre os participantes permitiu conhecer um pouco mais os alunos e avaliar melhor o nível de conhecimento de cada um. Como o público alvo dessa primeira turma do curso WE é formado por alunos iniciantes, nessa experiência, tivemos uma turma bastante heterogênea, em que 50% dos alunos são do primeiro semestre do curso de Letras da UFSM. Esperava-se que os alunos de Letras estivessem em níveis mais avançados, ou seja, que tivessem um conhecimento lingüístico superior aos demais alunos. Esse era um fator que poderia favorecer o desempenho desses alunos no ambiente do curso no qual as instruções eram todas em LE.

Nossa expectativa original era de que os alunos de Letras precisassem de andaimes do professor para utilizar o ambiente digital (novo para eles) e menos

tanto de andaimes para solucionar problemas técnicos e do ambiente quanto de andaimes para superar problemas de natureza lingüística. Na prática, a classe revelou-se, de fato, heterogênea. Ou seja, tanto o nível de conhecimento lingüístico variou quanto o de familiaridade com tecnologia e ambientes digitais. A análise dos dados indicou que a professora, percebendo essas dificuldades, procurou facilitar a participação de todos. Quando os alunos começam a interagir com o ambiente, é mais enfática a solicitação da professora para auxiliar na tarefa a ser realizada, principalmente quando o aluno não sabe trabalhar com a tecnologia propriamente dita. Nesse momento, há a presença dos “andaimes” sendo oferecidos aos alunos, geralmente esclarecendo dúvidas com relação ao uso das tecnologias. Nesse caso, a professora procura simplificar a tarefa do aluno, através dos seguintes andaimes Redução em Graus de Liberdade (RGL) ou Demonstrando (D) os procedimentos para que o aluno conseguisse realizar a atividade.

Nesse primeiro momento, também observa-se o uso da LM como um recurso facilitador para o aluno. Tome-se o exemplo em que os alunos estão efetuando o cadastro no curso e há diferentes tipos de oferta de andaimes. Nos vídeos analisados, é notável a presença de todas as categorias de andaimes previstos pela teoria, sendo os mais recorrentes Ênfase em Traços Críticos (ETC), RGL e D.

No exemplo #6, os andaimes visam facilitar o uso da tecnologia. Esse fragmento ilustra dois desses andaimes.

#6

T – Então o que vocês vão fazer agora.? é primeiro antes de tudo.. cadastrar...o login de vocês..tá? então vamos ali em cadastro...aqui vocês vão ter sempre que logar com uma senha..que a senha que s erá de vocês particular..e que fica registrada e tudo o que vocês...fizerem dentro do curso,..ta? (RGL) (Os alunos começam a preencher o cadastro )

T- então vamos lá?...quem não tiver todos os dados completos...ahmm, todas as informações ali dos dados...só coloquem um xx

S(angelise) – Suzi, esse email aqui oh..tu vais ter acesso ou tem que ser um email que eu uso só para o curso ou o meu email particular..

T – O email que tu vais usar mais. Que tu vais usar para o curso T-Tá

S(angelise) aham... (conversas...) (alunos fazendo o cadastro)

T - Clica com o mouse... (...) T - (...) Só coloca xx

(conversas paralelas.. incompreensíveis)

T - O login é um apelido.né? (aumento da voz ) .um.nickname.. que vocês vão usar dentro do curso...

S (débora) - arroba?

T – é ALT + o número 2... aqui.. (D)

T - e anotem a senha pra vocês não esquecerem (aumento da voz) ..depois..vocês têm que acessar....