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Transdisciplinaridade no Ensino das Ciências Musicais

2.3 Plano Geral de intervenção

2.3.1 Transdisciplinaridade no Ensino das Ciências Musicais

A transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente,

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para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento (Nicolescu, 1999, p. 11).

Na génese deste projeto já estava plantada a ideia da transversalidade do tema a várias disciplinas do 11º Ano nomeadamente História da Cultura e das Artes, Filosofia e Português. Ao longo da pesquisa dos programas destas disciplinas e da pesquisa bibliográfica relativa ao tema, a sua transversalidade recorria:

[…] a essa lógica [transdisciplinaridade] quando articulam os conhecimentos das diversas disciplinas. Os temas transversais, tendo em vista um tema social, transgridem as fronteiras epistemológicas de cada disciplina, possibilitando uma visão mais significativa do conhecimento e da vida. Na medida do viável, os temas transversais resgatam as relações existentes entre os conhecimentos (Santos, 2008, p. 75).

De qualquer forma a implementação deste projeto não poderia ser transdisciplinar devido aos constrangimentos do mestrado em ensino e a dificuldade de articular com as várias disciplinas sem estar um período mais longo de tempo durante a semana escolar.

Inserido num projeto curricular com as várias disciplinas em articulação e com “empréstimo” de conhecimentos levaria com certeza a uma (…) “visão mais significativa do conhecimento e da vida” (…) (Santos, 2008, p. idem) por parte dos alunos. Privilegiando a disciplina berço deste projeto, História da Cultura e das Artes, a sua implementação poderia ser, sem afetar significativamente os conteúdos curriculares, um aprofundar da Teoria dos Afetos e do simbolismo musical do período barroco que desembocaria numa exposição dos fundamentos/ características da retórica musical e a audição de exemplos musicais durante a lecionação do período barroco, recorrendo a guias de audição e realizando análises, ambos numa perspetiva retórica.

Quanto à disciplina de Formação Musical, principalmente no ensino básico e preparatório, a lecionação passaria por mais cultura dentro da sala de aula, com exemplos “reais” e aprendizagens simultâneas destas. Balizar um dado período estilístico nos exemplos “reais” não nos parece motivador e procedente, mas a cultura da audição e da sua contextualização, seja ela de que período ou género estilístico for, nos seus mais variados aspetos deveria estar presente nas aulas desta disciplina, adequando obviamente a complexidade do pensamento ao nível de ensino.

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2.3.2 Formação Musical

Para a implementação do projeto em Formação Musical foram estipuladas duas aulas de 90 minutos para o 6º Ano/ 2º Grau, duas aulas de 45 minutos para Iniciação IV e duas aulas de 90 minutos para o 9º Ano/ 5º Grau. Como já referido anteriormente, as lecionações das aulas tiveram como matéria basilar peças de repertório do período barroco, partindo destas para uma aprendizagem simultânea.

A primeira aula foi lecionada ao 6º Ano/ 2º Grau. Para esta disciplina e para os blocos de 90 minutos optou-se por dividi-los em blocos de 45, para fazer uma planificação mais conseguida e controlada no tempo.

Recorrendo ao livro Lectures d'auteurs a chanter: pour le Préparatoiure:

transcription à 1 ou 2 voix avec accompagnement foi escolhido uma aria (Ato V, Cena

2) da ópera King Arthur de Henry Purcell (Gartenlaub, 1985, pp. 14-15), adequada ao nível dos alunos a lecionar.

O excerto da obra foi analisado quanto aos seus conteúdos teóricos como tonalidade, ritmo e compasso utilizado e intervalos mais frequentes. Estes conteúdos

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teóricos estavam bem presentes nos alunos e não foi necessário fazer uma recapitulação ou exposição destes mesmos excetuando do compasso 6

4 , em que este ainda não tinha

sido exposto aos alunos. Assim optou-se por levar a pulsação à unidade semínima e não à mínima com ponto, próprio dos compassos compostos. Foi feita uma leitura solfejada na clave de Fá da pauta inferior do sistema que não estava prevista na planificação e depois nas duas claves em conjunto.

O segundo momento da aula teve como objeto de estudo o tema do projeto na qual foi feita uma breve exposição sobre o significado da tonalidade de Fá M no período Barroco e do andamento Allegro à luz dos princípios da Teoria dos Afetos/ Retórica Musical:

 Fá Maior: Segundo o teórico e compositor Johann Mattheson esta tonalidade tem a capacidade de exprimir os sentimentos generosidade, fidelidade ou amor de maneira natural e sem qualquer esforço.

 Allegro: consolo.

Se seguida, foi realizada uma leitura/ entoação apontada da escala de Fá M, tonalidade do excerto. De seguida os alunos entoaram a linha mais grave da Clave de Fá. Sugerido pelos alunos, foram entoadas as duas vozes por dois grupos com a ajuda do professor cooperante na voz mais grave, trocando os grupos para uma última vez.

O momento seguinte incidiu na análise do excerto obra Les Moissonneurs de François Couperin (Gartenlaub, 1985, pp. 18-19) quanto à tonalidade e compasso utilizado. De seguida, foi feita uma breve exposição sobre a tonalidade de Si bemol no período barroco e o último momento da aula foi dedicado a um ditado melódico com ritmo dado desta peça de repertório do período barroco.

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Para este ano 6º A/ 2º Grau foi lecionada também a quarta aula. Depois da audição do Minueto em Sol Maior (BWV Anh.116) e da distribuição da ficha de trabalho contendo o material a ser utilizado durante a aula, foi proposto aos alunos uma breve análise do excerto (Bach, 1993, pp. 8,9). Os alunos indicaram a tonalidade, o compasso, a escala da tonalidade, as figuras rítmicas mais frequentes como também os intervalos mais frequentes. Depois desta análise, foi feita uma exposição do significado barroco da tonalidade de Sol M e deu-se a conhecer uma edição fac-similada do Pequeno Livro de Anna Magdalena Bach (Bach, 1988). Foi também feita uma breve contextualização do compositor maior do barroco, J.S. Bach.

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O exercício seguinte foi uma leitura solfejada do excerto por todos os alunos da clave de Sol e da clave de Fá com marcação de pulsação. O desafio seguinte foi a realização do solfejo do primeiro compasso na clave de Sol e o seguinte na clave de Fá, alternando sempre até ao fim do excerto.

O momento seguinte foi dedicado à entoação do excerto. Para um aquecimento vocal, fez-se ordenações na escala de Sol Maior como também uma leitura apontada do excerto. Depois, realizou-se identificação auditiva de intervalos, estes relacionados com o excerto e de seguida, foi executada uma leitura rítmica a duas partes adaptada também do excerto.

De seguida foi realizado um ditado rítmico comnotas dadas da obra Polonaise em Sol menor, BWV Anh.119 (Bach, 1993, p. 11). A obra escolhida estava em Sol menor numa natural atenção com a tonalidade de Sol M do excerto anterior, trabalhando auditivamente e teoricamente as escalas maiores e menores. Fez-se uma breve análise e procedeu-se à audição da melodia para os alunos realizarem o ditado.

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O momento seguinte dedicou-se à realização de um ditado melódico com ritmo dado (Bach, 1993, p. 4) da obra Minueto em Sol Maior, BWV Anh.114, esta também extraída e adaptada do Pequeno Livro de Anna Magdalena Bach.

A segunda, terceira, quinta e sexta aula foram aulas lecionadas a quatro turnos diferentes, ou seja, uma aula por turno, o que tornou mais difícil a concretização do objetivo proposto para este projeto. Para a aula lecionada aos dois turnos de Iniciação Musical IV, ao primeiro turno e segundo turno respetivamente, optou-se por não

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implementar o projeto devido principalmente, ao nível de maturidade dos alunos como também ao tempo de aula disponível, 45 minutos.

A aula lecionada ao primeiro e segundo turno do 9º Ano/ 5º Grau iniciou-se com uma leitura rítmica a duas partes (Jollet, 1988, p. 29) sendo seguido por um ditado rítmico a duas partes em compasso composto. Foi também realizada uma leitura vertical e horizontal nas claves de Dó na 4ª linha, Sol na 2ª linha e Fá na 4ª linha (Jollet, 1988, p. 45 (1)).

O ditado melódico proposto foi extraído e adaptado da parte do contralto do coral de J.S. Bach Befiehl du deine Wege (Bach, 2008, p. 13 (20)). Por último foi realizado um ditado melódico adaptado a duas vozes, também de um coral de J.S. Bach, An

Wasserflussen Babylon (Bach, 2008, p. 9 (15)). Antes da realização do ditado foram feitas

ordenações e uma leitura apontada na escala de sol Maior. Relativamente à implantação do projeto, foram expostos o significado na Teoria dos Afetos/ Retórica Musical das tonalidades de Sol Maior e Ré Maior como também uma breve contextualização do compositor J. S. Bach.

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2.3.3 História da Cultura e das Artes

Para a implementação do projeto em História da Cultura e das Artes foram estipuladas quatro aulas de 90 minutos e uma de 45. Estas aulas foram divididas no tempo e dedicadas aos conteúdos do currículo desta disciplina no período barroco, excetuando a última que foi dedicada ao período clássico. Como o projeto só teria uma implementação eficaz se uma aula fosse totalmente dedicada para a exposição teórica deste mesmo, foi então reservada uma aula.

A aula iniciou-se com uma apresentação formal e uma pequena contextualização do que se pretende com o projeto de estágio e a consequente investigação. Para esta aula foi utilizada uma exposição dialogante com os alunos através dos conteúdos programados. Iniciou-se sobre a etimologia da Suite barroca e depois uma exposição das suas características gerais. De seguida, foi exposto a fixação em quatros danças por Froberger (A-S-C-G) seguido da suite para instrumento solo em François Couperin e J.P. Rameau (ordres) e em J.S. Bach (partitas, ouvertures).

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No momento seguinte abordou-se as Suites Orquestrais de Bach e o acrescentar das danças. Para a audição de uma Suite orquestral de J.S. Bach foi escolhida a Badinerie da Suite Orquestral BWV 1067.

Para expor o contexto social das mega suites de Haendel optou-se por dar a ler um texto de um testemunho da estreia da Música Aquática a um aluno e no correr ouviu-se a Abertura da Música Aquática deste mesmo compositor.

Relativamente ao tema do projeto de investigação, foi relembrada a importância da Teoria dos Afetos no meio musical barroco e como este se manifestava no género de música Suite Orquestral e como os ritmos/ compassos das danças estavam associados a propriedades afetivas (Cano, 2000, pp. 68,69).

A segunda parte da aula foi dedicada ao Concerto Orquestral Barroco. Iniciando os conteúdos planeados para esta aula, sempre numa exposição dialogante, foi abordada a etimologia do Concerto. Para isso fez-se uma recapitulação do período tardio do renascimento e da policoralidade veneziana. Enquanto se fazia esta recapitulação entregava-se aos alunos dois guias de audição.

Depois da apresentação dos antecedentes do Concerto, foi feita uma exposição das características gerais do Concerto Grosso e Solo e de seguida as características específicas do Concerto em Arcangelo Corelli com uma Audição do Concerto Grosso Op. 6 Nº 10 Dó Maior e em com uma Audição do Concerto Solo para Trompete em Ré Maior.

No momento seguinte, foi abordado o Concerto em Vivaldi e a revolução na forma com a sistematização do ritornello, enunciando as suas características específicas e o contexto social da sua composição. Após a exposição foi pedido aos alunos para fazerem uma audição seguindo o guia do primeiro andamento do Concerto para Violino em Mi Maior, Opus 8, Nº 1 – Primavera.

Por último, foi abordada a influência do Concerto italiano na Alemanha, principalmente em J.S. Bach e as características do seu tipo de concerto. Para a audição foi escolhido o primeiro andamento do Concerto Grosso Nº2 de Brandeburgo através do Guia de Audição dado no início da aula. Na finalização da aula e para um enquadramento global com o projeto foi reiterada a enorme importância que os afetos tiveram na composição musical no período barroco e da importância da retórica musical na estruturação da forma na música instrumental.

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As duas aulas seguintes (uma de 90 minutos e outra de 45 minutos) foram dedicadas a compositores do período barroco. Como os conteúdos são inúmeros e as aulas são escassas para tanto, a professora cooperante sugeriu a lecionação de três blocos de 45 minutos dedicados ao projeto, mas a partir de trabalho realizado pelos alunos. Assim, decidiram-se os compositores a serem tratados, conceberam-se os grupos dos alunos e a cargo do mestrando as indicações para a realização do trabalho. Ficou decidido que os alunos fariam uma pequena apresentação do compositor e teriam que entregar um resumo escrito da apresentação oral. A avaliação ficou decidida em 70% para a apresentação e 30% para o resumo escrito. A apresentação deveria comtemplar uma biografia resumida do compositor e um destaque especial para uma obra desse mesmo compositor. Para a avaliação recorreu-se a duas grelhas, uma para a apresentação e outra para o resumo escrito. A avaliação final foi a soma da avaliação oral do mestrando e da professora cooperante dividida por dois, englobados nos 70% da avaliação e a avaliação do trabalho escrito era exclusivamente pelo mestrando contando 30%.

Estas aulas deram-se no início do 3º período letivo. Cada bloco de 45 minutos foi destinado para a apresentação de dois grupos, mas, na primeira aula só um grupo apresentou. Segundo explicações dos alunos, isto deveu-se à distância geográfica que existe entre eles pois quase todos vivem em diferentes concelhos limítrofes. Ficou acordado então que as seguintes apresentações teriam que ser mais breves para todos as conseguirem realizar.

Sendo assim, a apresentação da primeira do trabalho sobre o compositor J.S. Bach foi mais extensa e com mais intervenções construtivas por parte dos alunos que pela nossa parte. As outras apresentações foram mais breves, mas o trabalho pedido foi bem realizado o que se traduziu na avaliação. A implementação do projeto decorreu de forma natural, com análises retóricas breves dos exemplos musicais apresentados pelos alunos como a tonalidade escolhida, a natureza do texto se fosse uma peça vocal, o compasso e algumas figuras retóricas musicais mais evidentes.

A quarta aula (90 minutos) esteve destinada a uma explicação aprofundada do projeto de estágio e da investigação. Para a implementação do projeto e uma possível introdução deste nos conteúdos curriculares desta disciplina será sempre necessária uma aula de exposição dos seus conteúdos teóricos para obtenção de um conhecimento mais lato e profundo deste e assim, relacioná-lo com os conteúdos deste na disciplina de

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Filosofia e a de Português. Por isso esta aula foi fundamental para a consolidação do projeto de estágio.

No início da aula foi distribuído um Guia de Audição para quatro audições de diferentes géneros de composições como também de diferentes compositores. Este guia foi estrutural para a aula e poderá ser consultado posteriormente se os alunos assim o quiserem. Incluídos também neste guia está um pequeno enquadramento teórico ao tema.

De uma forma expositiva dialogante, abordou-se o tema, recorrendo sempre ao conhecimento dos alunos deste tema nas disciplinas de Filosofia e Português. Assim, começou-se por uma breve história da retórica clássica, matéria já estudada pelos alunos em Filosofia. Depois, duas breves abordagens à retórica latina e à medieval cristã e a relação da disciplina música no contexto académico medieval.

O ponto seguinte foi a relação entre retórica e música no período barroco, as fases da elaboração da retórica musical e a estrutura (dispositio) da retórica musical presente no Guia de Audição. Durante esta exposição foi-se questionando os alunos sobre a relação da retórica com a disciplina de Português, no caso específico da estrutura retórica dividida em exórdio, exposição/ confirmação e peroração (Catarino, Fonseca, & Peixoto, 2014, pp. 83,114) do Sermão aos Peixes do Padre António Vieira, conteúdo curricular desta disciplina.

Alguns pontos, como a elaboração retórica musical e a sua estrutura, foram mais demorados e recorreu-se a uma utilização de temas (peças musicais, canções) da atualidade e transportá-los, com as devidas notas, para o universo musical barroco. Segue o plano desta aula na página seguinte:

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Plano de aula lecionada nº 6

Identificação da turma

Escola: Conservatório de Música do Porto Professora:

Curso Secundário: regime integrado

Disciplina: História da Cultura e das Artes

Turma: 11º Ano

Duração: 45 m (13:35 – 14:20) Data: 28 – 04 – 2016

Caracterização da Turma

A Turma é constituída por 17 alunos, sendo uma turma heterogénea a nível de atitudes/ comportamentos. Os alunos mostram interesse e motivação.

Recursos Materiais

Caderno diário e material de escrita; computador com colunas de som; data show.

Conteúdo

A retórica Musical no período barroco, os seus antecedentes desde a Grécia clássica. As fases da elaboração na retórica musical.

As Figuras retóricas.

O aluno deverá estar apto a:

 Descrever e enquadrar a evolução da retórica desde a época clássica até à retórica musical.

 Relacionar com a disciplina de Filosofia os conteúdos comuns (retórica e argumentação; retórica e democracia; o racionalismo de René Descartes).  Relacionar com a disciplina de Português os conteúdos comuns (a elaboração

retórica do Sermão aos Peixes do Padre António Vieira).  Identificar as fases da elaboração retórica musical.  Identificar a disposição/ estruturação retórica musical.

Metodologia:

1. O professor inicia explicando como decorrerá a aula e quais serão os conteúdos abordados (5m).

2. O professor, numa exposição dialogante, responde às questões sobre a génese da Retórica (15m).

3. O professor expõe a relação entre retórica e música no período barroco (10m). 4. O professor expõe as fases da elaboração da retórica musical (8m).

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Avaliação:

Tendo em conta a metodologia utilizada – exposição dialogante – o docente tomou boa nota/ reteve: 1) a atenção de cada aluno e 2) a participação espontânea ou solicitada.

Bibliografia:

Bartel, D. (1997). Musica Poetica: Musical-Rhetorical Figures in German Baroque

Music. Nebraska: Nebraska University Press.

Buelow, G. J. (s.d). Rhetoric and music – 2. Baroque. Em G. G. Stanley Sadie, The New

Grove Dictionary of Music and Musicians online. Obtido em 23 de abril de 2016.

Cano, R. L. (2000). Música y Retórica en el Barroco. Ciudad Universitaria: Universidad Nacional Autónoma de México.

Grout, D. & Palisca, C. (2007). A História da Música Ocidental, 5ª edição. Lisboa: Gradiva.

Hill, J. (2008). La Música Barroca. Madrid: Ediciones Akal.

Mccreless, P. (2002). The Cambridge history of Western music theory. (T. Christensen, Ed.) Cambridge: Cambridge University Press.

Michels, U. (2003). Atlas de Música Vol. I, Lisboa: Gradiva. Michels, U. (2007). Atlas de Música Vol. II, Lisboa: Gradiva.

Reboul, O. (2004). Introdução à retórica. (I. C. Benedetti, Trad.) São Paulo: Martins Fontes.

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O segundo momento da aula foi dedicado de forma exaustiva ao projeto de estágio. Como foi supramencionado, este projeto não se desvia dos conteúdos presentes no currículo da disciplina. Para a disciplina de História da Cultura e das Artes neste caso com incidência maioritária da História da Música Ocidental, os conteúdos curriculares da história da música ocidental balizam-se no período barroco e no clássico. Neste projeto de estágio foi feita uma leitura crítica do período barroco musical sob o enfoque da retórica musical. Para isso, tornou-se fundamental dar a conhecer análises retóricas de várias composições de diferentes géneros e de diferentes compositores. O momento anterior foi para expor o tema de forma aprofundada de modo a ser possível compreender e fazer uma analise retórica de uma composição.

Assim, consagrou-se na audição, análise e comentários sobre os vários exemplos musicais. O primeiro exemplo foi Dominus Deus, Agnus Dei do Gloria de Vivaldi (RV 589) (Rodrigues, 2006). Depois da audição orientada através de um guia numa perspetiva retórica foram feitas considerações sobre a análise quanto ao inventio, dispositio e figuras retóricas utilizadas.

A análise da peça seguinte, de outro género e compositor diferente, foi a fuga em Ré Maior de J.S. Bach. Desta peça, também orientada pelo Guia de Audição, destacamos a gravação escolhida não ter sido a mais acertada, devendo ter sido uma gravação ao piano e não ao cravo, instrumento mais familiar para os alunos e com maior expressão retórica. A última peça a ser analisada (Persone, 1996) foi o Preludio n° 13 em Fá Maior

“tombeau” de Louis Couperin (1626-1661). Esta análise teve um impacto profundo nos

alunos, pois não conheciam a peça como também não conheciam os prelúdios non

mesurès. Foi assim alargado o repertório conhecido dos alunos a um tipo de um género,

pouco abordado nas aulas e foi feito através de uma análise retórica. Por falta de tempo o último exemplo (Mateus, 2016) teve só uma breve consideração e uma recomendação para ouvirem em casa seguindo o Guia de Audição.

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